segunda-feira, 27 de abril de 2020

Saga BBB20, Parte IV: No Final, Sempre Vence Quem se Inscreve...

Cantora tinha postura aguerrida no confinamento, porém prioridades da direção eram outras e mijada na sala não ajudou... Ops!!!...


























Depois que a dinâmica horizontal do jogo diminuiu de intensidade com as saídas de Pyong e Felipe, o “reality” começou a fazer a depuração das favoritas do jogo... A fórmula para um maior sucesso de público e crítica era colocar na final uma “favorita-favorita”, uma “contra-favorita” e um azarão, tirado do time de aliados, antagonistas e avulsos... No primeiro grupo, Thelma despontava como a preferida da direção, por ser consciente, mas não fanática... No segundo, Rafa levava vantagem não só pelo discurso conservador de forte inspiração religiosa – “ver verdade” era sua “pós-verdade” e mesmo o Festival da Boa Vizinhança com Babu tinha inspiração na estratégia de acolhimento das igrejas evangélicas (ou, para ficar no universo do “reality”, na acolhida de Lia Khey a Marcelo Dourado no BBB10...) – e pela postura mais “padrão” e “low-profile” na comparação com as brigas e discursos inflamados da outra componente do grupo, Flayslane... No terceiro, Babu representava o legado de Felipe e Manu era cacifada pelo resultado extraordinário  do paredão em que ele saiu... Mais ou menos como se Ana Clara Lima tivesse desbancado  Kaysar Daddour na prova de resistência que durou 43 horas no BBB18, garantindo lugar na final, onde ela e seu pai Airton fariam companhia a Gleiciane Damasceno e, provavelmente Paula Amorim Barbosa, que era a eleita da direção para ser finalista antes da prova que terminou empatada...  Para ninguém pensar que Ivy e Mari eram carta fora do baralho, os artistas da edição começaram a trabalhar forte no retrato de ambas as duas como concorrentes competitivas, engajadas no jogo... Não à toa o esforço começou com Ivy, que tinha mais rejeição acumulada, muito porque ela e Daniel serviam de escudo para Marcela, enquanto a direção julgou necessária sua permanência no programa... Por esse motivo, Ivy pegou fama de perseguidora de Babu... Nada melhor então do que alcançar a liderança sozinha e fazer diferente na indicação... O problema é que para poupar Babu, Ivy mirou em Thelma, trazendo de volta toda a controvérsia do Monstro, num momento em que a produção lutava para dar mais assertividade ao jogo de Thelma... Assim, ganhou destaque a crítica que fez a Ivy de não ter sido coerente ao não emparedar Babu depois de votar tanto nele, apesar de não fazer muito sentido, já que o pessoal de fora da Igrejinha trocou votos entre si e a Líder, desempatando entre Babu, Gizelly, Manu e Rafa, indicou Babu... A princípio, a contradição não incomodou muito a direção, que tinha outra prioridade, resolver a rivalidade latente entre Flayslane e Rafa... O que não foi tão difícil, bastando mostrar nas entrelinhas outro ardil de Rafa, que emprestou um vestido para Mari, apresentada numa eterna luta por aceitação no grupo, ainda fruto do VIP de Gabi que Guilherme montou,  usar na festa Havaí, o que enfureceu Flayslane e levou as duas a brigarem, justamente quando a proximidade das duas poderia contar pontos a favor de Flayslane no paredão... Paradoxalmente, Rafa, que disse ter sua religiosidade atingida ao ser chamada de capeta por Flayslane, não teve pudor de desestabilizar a adversária com um vestido de pomba-gira... Ops!!!...  A estratégia foi tão eficiente que a edição de televisão aberta se deu ao luxo de apresenta-la por meio de uma fonte secundária – um comentário feito por Babu no dia seguinte à festa... Sequer houve necessidade de mostrar a constrangedora cena em que Flayslane fez xixi na sala depois da festa Mil e Uma Noites e foi arrastada por Ivy – o apresentador mencionou apenas a punição, e na edição de televisão aberta apareceu apenas a cuspida na mesa do VIP, para o aborrecimento de Mari... A saída de Flayslane desobrigou a direção de mostrar suas “jantadas” em Rafa – embora a crítica no sentido contrário tenha sido repetida a exaustão na última semana... A eliminação também definiu qual “contra-favorita” seguiria no jogo e, por tabela, concedeu a Babu a exclusividade sobre o legado de Felipe... Não que já não tivesse herdado a popularidade de Felipe quando ele saiu, mas, enfim... A direção deu a entender que Felipe saiu, entre outros motivos, pela agressividade excessiva, o que na reta final do “reality” não ajudaria em nada a explosiva Flayslane... A força de Babu junto ao público geraria um enorme contratempo para a direção na votação seguinte... Sim, fazer os grupos votarem abertamente entre si era para incendiar o parquinho, domingo à noite era o dia mais problemático da atração em termos de audiência há uma década... Manu saiu fora dessa encrenca ao descobrir que tinha talento para encaixar bolas em canaletas e vencer a prova do Líder, aproveitando para levar ao paredão sua interminável DR com Mari... Que colocada no grupo de Ivy e Gizelly, teve direito a um “contragolpe branco” e puxou Gizelly... Porém, o caldo entornou na vez de Babu, Rafa e Thelma votarem... Rafa deixou de lado o “pacto do videogame” e votou em Babu, priorizando a Igrejinha, a essa altura composta por ela, Manu e Thelma, que substituiu Gabi... Thelma, que se revelou mais fiel a Igrejinha na hora do voto do que Gabi, também escolheu Babu... Resultado: duas punhaladas nas costas do “Paizão”... Além de acabar com o “Festival da Boa Vizinhança” com que Rafa tentou apropriar-se de Babu – que fiel a seus princípios, votou em Rafa – Thelma viu cair por terra toda a sua argumentação contra Ivy... Era demais para a direção ver duas favoritas estratégicas para a audiência desmoronarem com apenas um voto... De sorte que ainda era preciso cobrar de Gizelly a conta da eliminação de Felipe, pois a poeira das acusações de violência sexual havia baixado... Gizelly também era demasiado humana em relação a sua companheira de favoritismo, Thelma, e como era preciso concluir a triagem das “favoritas-favoritas”, Gizelly foi eliminada... De qualquer forma, os artistas da edição fizeram questão de retratar Ivy  como a única que acusou a traição a Babu... E Ivy não conta... Ops!!!...  Depois da votação, a produção iniciou um esforço desesperado para tirar as  toneladas de terra que a votação despejou no algodão-doce de Rafa e Thelma...  Não que Rafa não tenha empreendido isso por moto próprio, a base de muito VT e palestrinha, e Thelma desde o CAPS LOCK tenha mostrado que sabe pegar as deixas da direção, porém os editores do “reality” se tornaram os melhores amigos de ambas as duas, mais ainda quando chegaram a final... Tudo para compensar a falta de tato no calor do momento... Bastaria elas trocarem votos e Babu ficaria com o ônus da decisão – era exatamente o que havia acontecido no outro grupo quando Mari foi indicada por Manu... A bomba estouraria na mão de Babu, só que não, porque tinha compromisso apenas com Thelma e não veria o menor problema de dar seu voto a Rafa...  Que ia dar mais um passeio no paredão, já que a tendência era a saída de Gizelly... Igualmente o resultado final do “reality” não mudaria... A única diferença é que não haveria necessidade de abafar o caso, diminuindo a indução em favor de Rafa e Thelma... 






















Não é verdade que passagem da modelo pela casa não acrescentou nada ao jogo, pois rendeu excelente imitação de Marcelo Adnet...




















Na reta final do “reality”, a direção trabalha forte para construir uma narrativa de que todos têm chances de serem campeões, mesmo os competidores mais improváveis... É preciso fisgar a maior parcela possível do público, o que é mais verdade  em tempos que a pandemia de Covid-19 aumentou a audiência televisiva da atração... É aquilo, tem quem curte os favoritos enquanto outros nutrem ódio por eles, o chamado “povo do sofá” pensa diferente dos ratos de internet, nas últimas semanas  os “barraqueiros” perdem popularidade enquanto parte das pessoas corre para os competidores “padrão”... Então é por isso que Tiago Leifert começou a fazer a “contagem regressiva” dos tops na casa, Top 6, Top 5, Top4, Top 3... Também por esse mesmo motivo,  Mari venceu a prova do Líder realizada após a eliminação de Gizelly, depois dos artistas da edição retratarem ela e Ivy como duas garotas divertidas e determinadas a conquistar a liderança e fugir de uma eliminação quase certa...  Nesse ponto Thelma deu uma forcinha ao demorar quase um quarto de hora para cumprir a prova do Líder, enquanto Mari  venceu a disputa em menos de dois minutos... Vitória que representou o aviso prévio de Ivy, votada por toda a casa... Como Líder, Mari mostrou assertividade e ignorou a “tour” do vestido emprestado, indicando Rafa com o argumento de que não haveria outra forma de emparedá-la... Ivy teve direito ao contragolpe e até pensou que suas divergências contra Babu pesariam, porém acabou puxando exatamente Thelma, com quem entrou em conflito quando cansou de votar em Babu... Ano passado, Paula Von Sperling perseguia abertamente os pretos da casa – e era exaltada nas entrelinhas pela direção por isso – mas no caso de Ivy, não houve a mesma complacência criminosa, pela popularidade dela ser menor e porque Thelma não faz a linha “lacradora”, logo desta vez as declarações racistas, mesmo não ganhando muito destaque nas edições de televisão aberta, mas numa ignoradas nas redes, levariam a eliminação sem sequer serem minimizadas pela produção... Ainda mais quando Rafa, em mais um gesto oportunista, puxou palmas para Babu porque tinha ficado de fora do paredão... Ivy e Mari, por sua vez, jogaram a iniciativa de Rafa no vazio ao “montarem” Babu, que virou Bubu, um momento muito mais icônico... Claro que a direção não abriu mão de suas prioridades... Ivy saiu, como era esperado, e mesmo o trabalho de “redução de danos” após a eliminação de Gizelly não reduziu a rejeição acumulada desde os tempos de Daniel, vide a insinuação cínica do apresentador de que deveria ter se afastado de Marcela antes, e Rafa, vejam só, ganhou a prova do Líder e, diferenças resolvidas à parte, indicou Mari... Thelma, também inserida em um trabalho forte de resgate de imagem, teve a chance de se redimir do voto em Babu escolhendo Manu para ir ao paredão... Uma sorte que Manu não teve, já que a fidelidade à Igrejinha a fez puxar Babu no último contragolpe da temporada... Um recurso que somado às provas Bate Volta deu mais dinamismo à dinâmica horizontal do jogo... O terceiro paredão de Manu foi o que ela correu o maior risco de eliminação, porque o “hate” aumentou depois da eliminação de Felipe, o voto em Babu pesava contra e o público começou a acreditar na versão da direção de que Mari tinha chances de ser campeã... Felizmente, a disposição de levar o mais longe possível os dois convidados que mais “quebraram” a internet na temporada – que acabou “esticada” em quatro dias – preservou Manu, ajudada por doses generosas de cenas em que ela e Babu pareciam a reedição de “Detona Ralph”, para não dizer de “A Bela e a Fera”... Sequer lembraram o papel fundamental de Mari nessa temporada, o de ter sido o pivô, junto com Boca Rosa, do levante feminino...  Nem o mérito de ter desencadeado a principal dinâmica horizontal da edição foi dado a ela, que acabou eliminada seis dias antes da finalíssima, com outras concorrentes sendo exaltadas pela participação no episódio...  
























Pivô da principal história da temporada, influenciadora saiu seis dias antes da final, depois de briga mal resolvida com Manu, tananã...























A saída de Mari adiou a clivagem dos dois azarões mobilizadores da temporada e deixou claro que ela não seria feita em um confronto direto... Tanto que Manu teve seu momento de exaltação – em termos, conforme será visto mais adiante - com a “live” de Dua Lipa e venceu a prova do Pódio, tornando-se a primeira finalista do “reality”... Sim, eram 17 perguntas, ela desbancou Thelma na sexta questão, sempre contrariando a produção, mas, enfim... Em compensação, Babu compareceu ao seu décimo paredão – de 17 realizados no ano – e acabou eliminado, exatamente como no caso dos recordistas anteriores, Ana Carolina Madeira no BBB9 e Marcelo Zagonel no BBB14... A fatura do engajamento finalmente foi cobrada pela direção... Quem sabe o resultado seria outro caso não seguisse fiel às suas convicções e votasse em Thelma... Ou não usasse o pente de garfo em seu cabelo “black” durante os paredões... Ficasse apenas no entretenimento das brigas, no mau humor, nas dancinhas... Diante de duas concorrentes “padrão”, que algumas vezes pareciam dois lados da mesma moeda – o que era “ver verdade” para uma virava “intuição” para outra – o contraste era ainda mais evidente e o “quem lacra não lucra” ia prevalecer de novo...  Valeu até usar o velho expediente de jogar uma causa contra outra, com a produção pautando uma retrospectiva focada na dinâmica horizontal do jogo, e mesmo sendo impossível esconder alguém que esteve em quase dois terços dos paredões disputados na temporada, conseguiram resgatar a narrativa que guiou todo o jogo, o levante feminino, esquecido e desvalorizado desde a eliminação de Lucas pelo interesse de segurar a audiência... O pessoal de mídias sociais de Babu também não ajudou em nada com suas críticas a Thelma, o vínculo entre os dois o favorecia (isso foi bastante usado pela própria direção na fase da edição com Prioridade...) e servia para atenuar as críticas de que era “vitimista” dos negacionistas do racismo estrutural... A eliminação era o coroamento do esforço de resgatar  Rafa e Thelma, ambas as duas comprometidas desde o polêmico voto em Babu, que gerou momentos constrangedores e ridículos, por exemplo o “fan service” da anatomia de Rafa durante um dia de spa, pouco antes da última prova... Uma diretiva que prosseguiu até a final, porque a despeito de todo o “buzz” nas redes sociais que causou ao longo da temporada, mesmo quando não se considerava que ela rendia na casa, afora ter quebrado a internet Manu era “lacradora” demais para uma campeã – sororidade ainda é um palavrão pecaminoso para a produção...  Também é preciso considerar o fator ego do Bofinho... Manu sempre teve fama de insubmissa à direção, a partir da constatação que a grama da casa era sintética - normal, o pai dele num primeiro momento detestava quando Renato Aragão esculhambava os cenários de “Os Trapalhões”, cacos que só começaram a ser valorizados graças ao gênio Maurício Sherman, que colocou uma câmera só para pegar esses improvisos – mais ainda quando se recusou a despedir-se de Hadson no Raio-X, encurtou o Monstro do QB batendo o botão, descobriu que a foto de Gizelly no quarto do Líder era de uma festa que comemorava 2 milhões de seguidores nas redes sociais...  A direção não deixava por menos,  com vídeos explicitando o lado “VTzeiro” de Manu (sumiram após a saída de Felipe, mas, enfim...)  e o apresentador criticando a falta de assertividade em um jogo da verdade ou ironizando a falta de reação diante de uma “live” de Dua Lipa, inspiração para a coreografia do “tamborzinho”...  Forçando um pouco, dá até para psicologizar a coisa, ela é a filha famosa de uma pessoa conhecida – Babu mesmo gostava mais do Zé Luiz do que da própria Manu – e ele é o filho da pessoa mais poderosa da televisão brasileira por trás das câmeras durante três décadas... Portanto, o esforço para valorizar Rafa e Thelma foi estendido até a finalíssima, vide anúncio antecipado do terceiro lugar de Manu... Rafa passou a ser mostrada como a grande liderança do levante feminino, mesmo tendo sido a primeira a tentar abafar o caso e depois tramado abertamente para jogar Thelma contra Gizelly e Marcela... A tarefa com Thelma era mais simples, bastou lembrar que era a única finalista inscrita em um “reality-show” cuja premissa básica é canalizar em forma de jogo as tensões que surgem do convívio de pessoas não necessariamente desconhecidas, que de preferência não queiram fazer carreira artística depois do programa, mas que não se conhecem...  Pode-se considerar também que o protagonismo feminino tem predominado na última década de programa (mais por fadiga de material entre os protagonistas masculinos....), todavia a prova de que esse argumento tem força é que ele convenceu até mesmo as “fanbases” das duas convidadas que compareceram à final... Nesse ponto, e na comparação com a vergonhosa vitória de Paula Von Sperling no ano passado, o triunfo de Thelma foi excelente... Melhor final de uma temporada que começou muito bem, pois embora a direção quase tenha perdido o “timing”, no afã de atender a parcela mais ampla possível da audiência, o “happy end” permitido pela produção aconteceu no último momento... Apesar de Tiago Leifert ter dado “spoiler” do resultado anos antes, ele pensa que esta no Oscar © ou no Miss Universo para se perfazer, mas, enfim... 























Porcentagem à parte, vitória de Thelma pelo menos serviu de compensação para a pavorosa final da temporada anterior do "reality"...

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