sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Diário de Los Angeles (III): Da caixa d’água dos Animaniacs as roseiras do Rose Bowl...

Prédio do "tour" tem Batman, Harry Potter e "Friends" na fachada, mas curtimos mesmo a casa dos Warners...

 


































Hoje é o primeiro dia do grande diferencial desta viagem, a visita aos estúdios de cinema de Hollywood,  começando pela Warner Bros.... Também é a primeira de uma série de longas viagens pela "infinita highway" de Los Angeles,  porque o estúdio fica em Burbank, ao norte do centro, e em certo período,  quando abrigou também a Columbia, que tinha o seu "rancho" nas proximidades,  o nome do complexo era The Burbank Studios, e nosso hotel fica em Anaheim,  beeem ao sul da região central da cidade, o que nos colocava a uma caminhada do Valdisnei,  mas obrigava ao Uber em destinos mais distantes... Não que essa fosse nossa preocupação ao acordar, é claro que precisava ficar atento ao horário,  os estadunidenses prezam muito a pontualidade (e a ordem nas filas...), o tour começa às 11 horas da madrugada, porém é necessário estar no local 15 minutos antes... Portanto,  bati na porta do quarto da minha mãe faltando um minuto para as 9 horas, quando ela teve a ideia de usar meu copo de refil do Knott's Berry Farm para levar o suco de abacaxi com coco made in México que comprou no Walmart, concordei, saímos do quarto, descemos a escada do segundo andar, atravessamos o estacionamento,  pedimos o Uber Español,  que é o mesmo preço do Uber X, localizaram o motorista, ele desistiu, pedimos novamente a viagem,  o preço subiu de 44,92 dólares para 55,92 dólares,  Jesus chegou... No caso, o condutor de uma minivan Toyota Sienna, careca, de bigode e roupa social,  com o rádio sintonizado no AM, 1020 KHZ, frequência que deve ser desligada no Brasil na virada do ano,  os locutores falavam em espanhol,  pelo tom de voz era algo no estilo dos noticiários da Jovem Pan (bate na madeira, toc, toc, toc...), não faltou o aviso de que a opinião dos comentaristas não necessariamente refletia a da emissora... O trânsito nas vias expressas de Los Angeles era intenso,  especialmente próximo do centro,  mas não chegamos a ficar parados na pista, e a chegada ao prédio do Studio Tour, prevista para 10h30, aconteceu 10h24, descemos do carro e do outro lado da rua, no número 3.400 da West Riverside Drive, estava um prédio moderno, de fachada adesivada com os grandes êxitos da Warner, “Big Bang, A Teoria”, “Friends”, o Super Homem do Christopher Reeve ao lado da Arlequina de Margot Robbie... Uma olhada para a direita, após o cruzamento com a rua Avon, nos mostrou algo que consideramos muito mais interessante, a caixa d’água onde durante décadas ficaram presos os irmãos Warner – não os fundadores do estúdio, “sino” Yakko, Wakko e Dot Warner, os Animaniacs do desenho produzido por Steven Spielberg e lançado em 1993... A música de abertura do desenho veio a cabeça e foi parar na legenda da foto postada no Instagram ©, “seus bichinhos, os Animaniacs, somos demais!!!” e a origem dos personagens já define sua iconoclastia, porque a caixa d’água era um símbolo importante, pois identificava de imediato o estúdio para quem passava por perto, para o público do restante do planeta havia outros sinais de identificação, quem via os desenhos mais antigos da Warner, a gente diria “nativos” da produtora,  tipo “Merrie Melodies Show”, sabe que eles usavam, além do escudo com o WB, a vista aérea dos estúdios de Burbank... Voltando ao prédio do “tour”, havia uma estátua da Mulher Maravilha moldada às feições de rosto e compleição física de Gal Gadot, tão comentada nesses dias por ser israelense e ter servido no exército, devido ao conflito na Palestina, e que minha mãe não fotografou, preocupada que estava em entrar no prédio no horário previsto, passamos pela porta pesada – e ela desenvolveu uma implicância igualmente pesada pelas portas dos Estados Unidos – entramos, a nossa esquerda, um Starbucks ©, no meio, a loja do estúdio, com a frente tomada por produtos do filme “Wonka”, a ser lançado no Brasil em 7 de dezembro, a direita, a entrada do ‘tour”, e no meio, a segurança fardada e os aparelhos de Raio-X... Perto desse acesso, painéis contavam a história centenária do estúdio, fundado em 1923, num ambiente com estátuas do Pernalonga e do Patolino fazendo o número de sapateado que abria o show de televisão do Bugs Bunny, anunciado pelo locutor Dirceu Rabelo em uma chamada da Rede Globo em 1972, “e depois, novas aventuras, novos desenhos animados de Pernalonga, o coelho maluco”, sem dúvida um destaque maior, por exemplo, do que os brinquedos comemorativos vendidos com o Mc Lanche Feliz ©, que privilegiaram os personagens do Cartoon Network, a maioria deles surgidos em outros estúdios, voltaremos a esse assunto mais adiante, os painéis com fotos abordavam os “100 Anos de Vida no Estúdio” – James Dean no intervalo das filmagens – “100 Anos de Histórias Importantes” – o par romântico de “Podres de Ricos” (2018) – “100 Anos de Tour do Estúdio” – a conferir, daqui a pouco – “100 Anos de Televisão” – destacando, de cima para baixo, “Living Single” (1993 a 1998), “Gilmore Girls” (2000 a 2007) e “Friends” (1994 a 2004), uma sutil indicação de que o seriado de cima, com elenco negro, inspirou o de baixo, com atores brancos – “Celebrando Todas As Histórias” – nesse caso, o filme “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (2007) e a série “All American” (desde 2018), nessa ordem, protagonistas brancos e atores negros – “100 Anos de Animação” – com o Scooby-Doo, criado pela Hanna-Barbera em 1969, em cima dos Looney Tunes, pratas da casa, a primeira delas, o Gaguinho, surgido em 1935, e os Animaniacs lááá em baixo, ao lado do Batman da série de 1992, que no Brasil teve Márcio Seixas dublando o Homem-Morcego, cabe lembrar que os personagens da Hanna-Barbera só entraram no rolê da Warner em 1996, quando ela incorporou as empresas do grupo Turner, que anteriormente adquirira a MGM, origem de Tom e Jerry, e a própria HB, colocando tudo dentro da Cartoon Network – “100 Anos de Música” – cenas dos filmes “Em Um Bairro de Nova York” (2021), “Elvis” (2022) e o “Nasce Uma Estrela” (2018) da Lady Gaga, “juntos e shallow now”, como diriam Luan Santana e Paula Fernandes – e “100 Anos de Risos” no topo, “Banzé No Oeste” (1974), de Mel Brooks, melhor comédia, com cenas que mostram a entrada dos estúdios da Warner, além do talk-show “The Ellen DeGeneres Show” (2003 e 2022), a série “Big Bang, A Teoria” (2007 a 2019) e o filme “Os Fantasmas de Divertem” (1988), cuja continuação deverá ser lançada em 6 de setembro do ano que vem... Seguimos para a revista, um negro de dreads passou a bolsa da mãe e a minha mochila e fez a revista corporal delicadamente, sem pressa, e outro negro, um gigante tipo Kareem Abdul-Jabbar, perguntou em tom enfático se éramos do “tour” em espanhol, embora a sala de espera seja a mesma do pessoal da visita guiada em inglês, como chegamos no horário estipulado, pudemos dar uma olhada tanto na lojinha do estúdio quanto na exposição montada na sala de espera, com uma réplica da caixa d’água dos Animaniacs ao centro e nas paredes os painéis “A Família Warner” – fundadora do estúdio todo, representado por uma fileira de roteiros encadernados que pertenceram a Jack Warner –  “Inovação” – coube a Warner a primazia do cinema sonoro, ainda que só as canções, por meio da Vitaphone, no filme “O Cantor do Jazz”, de 1928, citado na exposição, sem maiores menções ao “blackface” de Al Jonson, junto com inovações de outra ordem, como “Blade Runner”, ambientado na própria Los Angeles, e os filmes “Banzé no Oeste”, com o protagonismo negro de Cleavon Little, e “Selena”, de 1997, com Jennifer Lopez trazendo o protagonismo latino, e sim, o nome da Selena de “Corpo Dourado” vem dessa personagem, desse filme - “Animação” – em que “Tom e Jerry”, criado por William Hanna e Joseph Barbera na Metro, em 1939, ou “Os Jetsons”, que a dupla lançou em sua própria produtora em 1962 - tem maior destaque do que, por exemplo, “Tiny Toon” ou o primeiro desenho que reuniu a dupla Frajola e Piu-Piu, “Tweetie Pie”, que ganhou o Oscar de Melhor Curta-Metragem de animação em 1947, o primeiro dos cinco ganhos pelos Looney Tunes até 1958, o detalhe é que nesse desenho o gato é chamado de Thomas, o Sylvester veio depois, inspirando o nome em espanhol do personagem, Silvestre, nesse idioma o passarinho é conhecido como Piolin, “barbante”, como o palhaço brasileiro – “Televisão” – com o chapéu e as botas de caubói do JR de “Dallas” (1978 a 1991), produção da Lorimar, empresa incorporada pela Warner no início dos anos 1980, e que também produziu “Três é Demais” (1987 a 1995), Dirceu Rabelo, corre aqui, “Rede Globo Apresenta Dallas”, uma foto de Will Smith e James Avery em “Um Maluco no Pedaço” (1990 a 1996), “distribuição Warner Brothers Televisão”, e no espaço dedicado ao “boom” das minisséries na televisão dos Estados Unidos nos anos 1970, um cartaz de “Pássaros Feridos” (1983), haja desenho da Pantera Cor-de-Rosa para o SBT passar antes do capítulo da novela “Roque Santeiro” (1985) terminar na Globo -  e “Classics to Contemporary” – musicais dos anos 1930, como “Belezas em Revista”, de 1933, "A Vida de Emile Zola" ganhando o primeiro Oscar melhor filme do estúdio, em 1937, “Casablanca” o segundo, em 1943, os melodramas de Bette Davis que tanto influenciaram os vilões das novelas de Silvio de Abreu, “Warner Brothers anos 1940”, dizia, o cartaz de “Minha Bela Dama” (1964), excelente episódio do Chapolin, as luvas da personagem de Hillary Swank em “Menina de Ouro” (2004), junto do cartaz de “Perseguidor Implacável” (1971), protagonizado por “Dirty Harry” Callahan, ou melhor dizendo, Clint Eastwood, o diretor do filme vencedor do Oscar de melhor filme em 2004, e o destaque dado ao também ator não é fruto de nenhuma fixação por um boneco de papelão, como a Selena da novela, Antonio Calmon dando uma de Carlos Lombardi, mas porque dos oito filmes da Warner premiados com o Oscar, dois foram dirigidos por Clint, o outro é “Os Imperdoáveis” (1992), um faroeste bem ao gosto da filha da dona Catifunda, digo, Camila...

























Carrinhos que levam os visitantes do "tour" da Warner são aquela frota de veículos elétricos que você respeita...

































O segurança sósia do Kareem Abdul-Jabbar avisa que está chegando a hora do início do "tour", seguro o braço da minha mãe para ela não seguir o pessoal da visita em inglês,  porque o coordenador da fila do passeio em espanhol já está colando um adesivo na nossa camiseta, "Español 11:00 AM", apesar de serem dois grupos distintos, ambos são levados para o mesmo local, uma sala de projeção onde assistimos um filme, apresentado pelo Aquaman, quer dizer,  por Jason Momoa, que aborda a história da Warner,  com seus 25 hectares de estúdio e séries dubladas em 46 idiomas, terminada a exibição,  o grupo em inglês sai com seu guia e o pessoal do "tour" deixa a sala na companhia de Raul, o guia que nasceu em Nova Iorque mas foi criado no  México... Ele próprio dirige o carrinho elétrico em que o grupo embarca, novo em folha, com o logotipo do centenário da Warner, tão vistoso que fizemos várias fotos da frota percorrendo as dependências do estúdio, o nosso veículo atravessa prédios administrativos e a sede da "Warner Brothers Televisão" para chegar ao quarteirão cenográfico que reproduz a cidade de Nova Iorque,  onde foram rodadas cenas de "Friends", conforme apresentado no monitor colocado no teto do carro, e mais recentemente,  da série "Jovem Sheldon", esta última com adaptações para que se parecesse com uma cidade alemã, a produção que é "prequel" de "Big Bang - A Teoria" foi muito citada pelo guia por dois motivos, está chegando a última temporada, a despeito dos pedidos para que continuasse, mostrando o protagonista na idade adulta adulto (piadinha de cinéfilo,  eu sei, não foi boa...), e porque uma das integrantes do grupo adora a série,  Raul pede para descermos do carro e percorrermos a pé a Rua Hennesy,  que tem esse nome porque sua feição atual foi concebida pelo diretor de produção do filme "Annie" (1982), Dale Hennessy,  servindo de locação, além de "Friends", para as séries "Sex And The City" (1998 a 2004) e "Entourage" (2004 a 2011), a qual o SBT agregou o subtítulo "Fama e Amizade", o guia passa por um ponto de ônibus com linhas modernas, só falta a propaganda,  e para num prédio com fachada de tijolos aparentes onde Stanley Ipkiss residia num apartamento alugado quando se transformou no Máskara (filme de 1994),  a intenção do guia era mostrar que os edifícios da Hennesy eram apenas fachada, então é por isso que ele pediu para uma menina do grupo entrar, dentro do edifício havia apenas um pequeno espaço para simular o movimento de pessoas adentrando e deixando o local,  a caminhada prossegue até uma rua estreita sem saída, basicamente um beco, onde foram filmadas cenas de filmes do Batman, Homem Aranha e até a comédia musical "Rent - Os Boêmios" (2005), apesar do local ser um pouco sombrio, Raul aproveita para perguntar quem são e de onde vieram os membros de seu grupo, temos eu e a minha mãe,  de São Paulo, Brasil,  um jovem casal de Austin, no Texas, uma família da Guatemala,  o pai, ao saber que éramos brasileiros,  lembrou que há um Pantanal em seu país, ou seja, se ele não conhece a novela da Cristiana Oliveira,  pelo menos ouviu falar da versão com a Alanis Gullien, a mãe é a já citada fã de "Jovem Sheldon", e por fim, um casal do Amapá,  ela uma loira que o guia não hesitou em comparar a Anya Taylor-Joy, para em seguida perguntar a todos se poderia falar mais "despacito", mais devagar, e a  resposta da minha mãe foi afirmativa, eu me limitei a cantar "Despacito"... De volta ao carrinho, o guia nos conduz põe casas e prédios que na maior parte do ano abrigam setores da administração,  mas que eventualmente servir como cenários,  e eis que chegamos ao local conhecido como A Selva, outro excelente episódio do Chapolin, uma área de mata fechada onde em torno de um lago agora seco foram filmadas sequências de "O Último Samurai" (2003), "Menina de Ouro" e da série  "Pretty Little Liars" (2010), que faz Raul lembrar das vilãs das novelas mexicanas, eu canto o tema de "Maria do Bairro" (1996), ele cita "A Usurpadora" (1998), e como eu acompanhei a exibição do Viva, com a abertura original,  pude cantarolar, "La Usurpadora, esperando por tu amor", e ao fim da floresta nos esperava a "Midwest Street", uma pracinha do interior dos Estados Unidos, uma foto do livro sobre os estúdios da Warner demonstra que James Dean passou por aqui, perto da igrejinha, os Gremilins também,  perto do Natal, Norbit igualmente compareceu, no meio da praça há um coreto, parecido com o de Pirassununga, terra natal da minha avó materna e onde fiz fotos com a filha dela, minha mãe,  o prédio do Fórum já apareceu em "Jovem Sheldon", e as casas de madeira próxima foram o cenário de "Gilmore Girls", nesse ponto, para complementar ...as explicações do guia sobre a série das "Chicas Gilmore", comentei que no Brasil o SBT nomeou o seriado como "Tal Mãe,  Tal Filha", traduzindo para o espanhol,  "Tal Madre, Tal Hija", nome que Raul considerou pertinente,  antes de entrarmos na casa que foi a residência da mãe de Rachel em "Friends", ele voltou a falar de "Pretty Little Liars" e de outra série que apreciava muito,  "Revenge", a "Avenida Brasil" estadunidense,  dentro do imóvel,  vazio de móveis e sem o andar de cima, a sensação é que estávamos naquelas casas antigas à venda que precisavam reformar  que eu vi com a minha mãe no Tatuapé antes de encontrar meu endereço atual, na região da Rua Santa Virgínia, o quintal da casa, com celeiro aparece no filme "Rebeldes Sin Causa" (1955) que não é outro senão "Juventude Transviada", com o mesmo que  James Dean posou na igreja, e antes de seguirmos viagem, quando Raul falou que "The Dukes of Hazzard" também foi filmado ali, narramos o titulo em português,  "Rede Globo apresenta Os Gatões", traduzindo logo depois para o espanhol,  "Los Gatones", o guia ri, a gente até pensou em ser guia aqui, melhor que isso, chamar o Pancada, que ficaria muito a vontade com o seu conhecimento sobre as séries da Warner exibidas pelo SBT na madrugada e que vem resgatando no "Cata Zorra", estamos na estrada de novo, pisando fundo entre funcionários em pleno expediente, no meio dos estúdios de pé-direito alto,  com paredes na cor bege, teto em arco, cada um com uma placa indicativa de que filmes foram feitos no local, o guia nos promete levar para uma exposição com todas as versões do Batmóvel, menos a do Adam West,  que está no Canadá (e a série de 1966 foi produzida na Fox...), e por fim chegamos ao Estúdio 48, aquele do cenário de "Friends" que também é um lojão de artigos sobre a série,  e por trás da fachada do café Central Park, fotografada a exaustão por um grupo de turistas chineses,  há uma cafeteria de verdadinha, com banheiro do lado, onde nossa mãe foi enxugar a bolsa ao perceber que tinha vazado suco do copo de refil,  ficamos esperando e vendo o balcão do café,  decidimos comprar uma cerveja de raízes, que custou 3,50 dólares  feita com cana de açúcar,  mas sem álcool,  para experimentar o sabor, que era horrível, parecia que tínhamos bebido lavanda,  minha mãe voltou e fomos conferir a loja-cenário,  apesar dela não ser fã da série, ela ficou curiosa para abrir a velha geladeira Frigidaire da cozinha, estava vazia, e achou que a fantasia de  tatu usada pelo Ross no episódio "Aquele com o Tatu das Festividades", na falta de uma roupa de Papai Noel, poderia servir muito bem como mascote dos shoppings situados junto a estação Tatuapé do Metrô,  a esquerda de quem entra no café há uma exposição sobre o processo de produção dos filmes, que começa com uma sala repleta de cartazes, figurinos e fotos de desenhos animados, filmes e séries alusivos ao Natal, pode escolher, ...tem o Conto de Natal dos Flinstones, de 1994, sempre a comemoração mais anacrônica, o Quebra Nozes do Scooby-Doo, de 1984, que passava todo ano no "Xou da Xuxa", o cartaz do filme "Férias Frustradas de Natal" (1989), uma foto da animação em "stop-motion" "O Natal do Pinóquio" (1980),  a roda de "Chrisnukah", combinando o Natal cristão com a Hanukah judaica,  da série  "The OC: Estranhos no Paraíso" (2003), os figurinos natalinos de "Gilmore Girls", todos esses itens dando razão ao Bart Simpson quando disse ter aprendido com a televisão que milagres acontecem com garotinhos pobres no Natal, vide Pequeno Tim,  Charlie Brown e os Smurfs, a sala da produção tem a redação,  uma gigantesca pilha de roteiros e desenhos de "storyboard" na parede, a escolha de elenco, um escritório com murais cheios de fotos dos mais diversos tipos humanos, figurino, com roupas da série "Bob Ama Abishola", dos filmes “Elvis”, "Podres de Ricos" e três vestidos usados por Jennifer Lopez em "Selena", Chico e Billy, corram aqui, a animação se faz presente com uniformes de "Space Jam" (1996) e um conjunto de mesas de luz com artes originais dos desenhos nativos da Warner, Gaguinho, Ligeirinho, o sapo que cantava "Hello My Baby", Perninha, Animaniacs, Pinky e Cérebro, com outros que vieram dos estúdios Hanna-Barbera, Jetsons, Flintstones,  Scooby-Doo e até Maguila Gorila e Peter Potamus,  o hipopótamo roxo em trajes de caçador que viajava o mundo com seu balão, tendo a seu lado o ajudante Tico Mico, afora a dublagem de José Soares  na AIC São Paulo, a sala seguinte tem um "set" de filmagens de "Friends" sem loja, para fotos profissionais pagas a parte, e outro de "Big Bang A Teoria", com a mesma finalidade,  a comida do refeitório dá até fome de tão verossímil que é,  o salão subsequente é o dos clássicos da Warner, o piano de "Casablanca", um modelo infantil, mas, enfim, figurinos em tom de cinza de "Minha Bela Dama", insistimos, excelente episódio do Chapolin,  os ternos e chapéus de Jimmy Cagney e Edward G. Robinson,  que se revezavam no protagonismo dos filmes de "gangsters" que viraram especialidade do estúdio nos anos 1930, e uma respeitável fila de vestidos de Elizabeth Taylor,  Joan Crawford, Olivia de Havilland, Lauren Bacall e Bette Davis, a próxima sala é a dos efeitos especiais,  onde basta um fundo verde para dizer "e lá vamos nós" e voar de vassoura que nem o Harry Potter, o GExperience em São Paulo tem uma atração semelhante,  que por meio do "chromakey" insere o visitante na novela "Um Lugar ao Sol" e na série "Detetives do Prédio Azul", e também da sonorização, com um projetor do sistema Vitaphone, que usava discos, uma vitrine com os objetos usados pelo sonoplasta ("foley") para criar os mais variados tipos de ruídos, cabines de "dublê você mesmo" e uma justa homenagem a Mel Blanc, o maior dublador de desenhos animados de todos os tempos, sem esquecer do Orlando Drummond... De volta ao nosso veículo, fomos até a fonte de "Friends" com sofá em frente, onde os visitantes fizeram fila para tirar fotos,  não no meu caso e da minha mãe, porque ficamos olhando para um sobrado cenográfico e pensando como ele era parecido com a Casa da Marquesa de Santos,  na região do Pátio do Colégio, em  São Paulo,  até pesquisamos fotos na Internet para comparar,  mas aí já estava na hora de voltar ao carro para a última etapa do "tour", a exposição sobre os sucessos mais recentes da Warner, que na entrada tem uma galeria de fotos de super-herois e dos protagonistas da saga de "Harry Potter", olha a Hermione aí,  no interior do recinto encontramos os Batmóveis prometidos pelo Raul,  além de outras parafernálias pertencentes ao Homem-Morcego, vestimentas que são autênticas armaduras, moto, avião, Homer Simpson diria,  "Batman é cientista???", até descobrir que o laboratório é do Aquaman, tem as asas da Mulher Maravilha,  onde fiz foto da mãe maravilhosa que tenho, a vitrine de "Game of Thrones" celebra o êxito da série da HBO e mostra porque Emily Clark, a Daenerys Targaryen, é como diriam no Chapolin, "a rainha do meu coração", os uniformes dos super-heróis são apresentados na configuração atual do universo cinematográfico da DC Comics e nas versões que surgiram quando tudo era mato, os trajes da Mulher Maravilha de Linda Carter,  do Super Homem de Christopher Reeve e do Batman de Michael Keaton, os "Potterheads" tem todo um "Wizarding World" a disposição,  com o carro do Harry no teto, amplo sortimento de  varinhas mágicas,  laboratórios, estufa de plantas carnívoras, salas de aula, e o item mais realista de todos, o quartinho do Harry Potter embaixo de uma escada,  passamos pela seção "tapete vermelho", com o "backdrop" do Oscar e as estatuetas do estúdio, que não são as da Piazza, porém fariam Silvio Santos cantar, "você já provou que é o bom, ganhou o Troféu Imprensa, o troféu dos campeões", como na premiação de 1976, isso sem contar os objetos das produções vencedoras da categoria Melhor Filme, como as roupas de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em Casablanca,  e o passeio termina nos fundos da loja do estúdio,  em meio a artigos alusivos ao filme "O Mágico de Oz", porém a nossa prioridade eram os livros, deixamos de lado os guias de episódios de "Friends" e "Gilmore Girls" e fomos direto para a obra oficial do centenário do estúdio,  "100 Years of Storytelling", aquela expressão da moda, mas com fotos de todos os filmes da série "Férias Frustradas", o livro sobre o estúdio e o guia do "tour" que nos subsidiaram na produção deste texto,  além de dois livros sobre os irmãos Warner que não são os Animaniacs, digo, e uma enciclopédia da DC para meu sobrinho,  e lá se foram 175 dólares em livros que no Brasil custariam até o dobro do preço...













O guia Raul demonstrou o ponto de ônibus cenográfico e soube que no SBT,  Gilmore Girls é Tal Mãe, Tal Filha...



































Terminado o "tour", na saída do estúdio, a mãe queria almoçar, eu queria ir no estádio Rose Bowl, em Pasadena, que é perto de Burbank, a conexão faz sentido, a Warner foi uma das grandes incentivadoras da expansão do "soccer" nos Estados Unidos, junto com Henry Kissinger, que saiu de cena na quarta-feira, João Saldanha o considerava um "pé-frio", compareceu no Brasil e Holanda de 1974 e a Seleção perdeu, alguns documentos que produziu, retirada a confidencialidade, ajudaram a provar que o governo brasileiro consentia e permitia a repressão e a tortura de opositores durante a ditadura militar, minha mãe perguntou se tinha comida por lá, respondi que sim, chamei o Uber, veio Pedro com um Honda Insight cinza, modelo parecido com o Toyota Camry, 25,96 dólares,  a mãe tentando fotografar as montanhas que via na "freeway", perguntando ainda a distância de Los Angeles a São Francisco,  onde esteve em 2010, pesquisei na Internet e respondi, 370 quilômetros, comecei a recordar a campanha do tetra da Seleção em 1994, 2 a 0 na Rússia, 3 a 0 em Camarões, 1 a 1 com a Suécia, 1 a 0 nos Estados Unidos, aquele gol chorado – literalmente – de Bebeto – 3 a 2 na Holanda – aqui ele marcou e fez o “nana nenê” para o filho recém-nascido – 1 a 0 na Suécia, gol de cabeça de Romário, minha mãe jurou que viu a final em Descalvado, no interior de São Paulo, onde estava para o enterro de um tio, expliquei que nesse dia foi o jogo das quartas-de-final, 3 a 2 em cima da Holanda, golaço de falta de branco, a final a gente assistiu com meu pai e meu irmão na casa que morávamos na região de Itaquera, 0 a 0 no tempo normal, o corinthiano Viola (OG) entrando na prorrogação e carimbando a trave, 3 a 2 nos pênaltis,  o italiano Baggio chutando a bola longe e Galvão Bueno gritando, abraçado ao Edson (OG), "acabou, acabou, é tetra, é tetra, é teeetraaaa!!!", eram 15h10 quando o motorista nos deixou no portão H do estacionamento do estádio,  que apesar da profusão de equipamentos em frente à entrada,  estava fechado,  sua localização lembrou a do Pacaembu, no fundo de um vale, cercado de morros, com casas de alto padrão,  o movimento também é similar ao Paulo Machado de Carvalho nos dias sem jogos e nesta fase de reformas, umas poucas pessoas corriam ou passeavam com o cachorro, me aproximei do portão A do estádio,  que tem o patrocínio da Honda, tremenda coincidência com o carro que nos trouxe,  e ao ver a mãe fotografando as roseiras que inspiram o nome do estádio,  pedi o seu celular emprestado para registrar a rosa mais importante de todas, a da fachada, que tem nos portões referências ao seu arquiteto, Myron Hunt, ao "Jogo das Rosas", uma tradicional partida de futebol estadunidense jogada no estádio, construído para essa modalidade, mas nenhuma referência a conquista da Seleção Brasileira em 1994, isso tivemos que puxar pela memória,  recordando dos plantões do "Casseta e Planeta na Copa", os humoristas entrevistando o Jorge Kajuru quando concentrava sua atuação no rádio, Bussunda cantando a "Era de Romarius", opa, isso foi em São Francisco,  diante dos portões fechados, e sem opções de alimentação por perto, o jeito era voltar ao hotel, porém meu celular não dava sinal,  tive de instalar o aplicativo do Uber no celular da nossa mãe,  colocando o meu cartão de crédito como meio de pagamento,  para conseguir chamar o Rolo,  não o da Turma da Mônica,  pois era careca, e veio num Lexus ES preto, para iniciar uma viagem de uma hora e meia, ao custo de 81,90 dólares,  até aqui o recorde da viagem, num carro que ficou apertado com as sacolas de livros e a separação anti-Covid, o problema nem era tanto  o tráfego,  intenso, mas que não fica parando, como na Via Dutra ou na Marginal do Tietê nos finais de tarde, tudo bem que o sol se põe às 17 horas, momento em que minha mãe tentava registrar o colorido por do sol que se via da "infinita highway", o fato é que eu estava tão envolvido com os livros sobre a Warner e nem percebi uma marca pessoal,  já estive em quatro dos cinco estádios onde o Brasil ganhou a Copa do Mundo,  Yokohama em 2012, Nacional de Santiago em 2014 e 2019, Azteca na Cidade do México em 2015, e agora o Rose Bowl na Califórnia,  só falta Estocolmo,  não devo ter notado isso pela seleção musical no rádio do carro,   com "Take On Me", "Girls Just Wanna Get Fun", "Eye of Tiger" e "Dance With Myself", do Billy Idol,  também queria fazer um registro do crepúsculo precoce,  que consegui com a silhueta do estádio de beisebol de Anaheim, sinal de que a viagem estava chegando ao fim, que aloquei no Outback da Harbor Boulevard,  pensando em ir no Red Robin, mas minha mãe não quis se arriscar, ainda mais depois de ver um japonês escarrando na calçada,  e decidiu ir pela primeira vez no Outback, escolhendo o prato da noite, fetuccine Alfredo com camarão e brochetes de carne, implicando com a quantidade de gelo no refil de Coca Zero e pagando finalmente a conta com dinheiro vivo, 58 dólares,  deu 60, pode ficar com o troco, e fomos embora para o hotel num BMW X4 preto, dirigido pelo Manuel,  10,95 dólares, que diferença dos HB20, Kwid e Mobi do Brasil,  num momento onde percebemos que o japonês cuspidor estava andando em círculos pelo  quarteirão, e nos mandamos antes que o pior acontecesse, mas com disposição para ir no Liquor, minha mãe precisava de achocolatado,  levou uma garrafinha de Nesquik, eu peguei uma Coca Zero de 2 litros por 3,50 dólares,  preço de padaria e pizzaria no Brasil, para enfim retornar ao quarto do hotel às 19h20, porque o anoitecer às 17 horas nos leva a dormir cedo...


























Portões do Rose Bowl estavam trancados, porém conseguimos sentir toda emoção do Casseta e Planeta na Copa...


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