sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Todas as Copas (1970): Quando Era Melhor Ver o Filme do Edson (OG)...

Preparador físico Parreira, massagista Mário Américo e técnico Zagallo sabem porque estiveram lá no México...







































(Ou como diz o documentário, "em 1970, México foi cenário do Campeonato Mundial de Futebol e compartilhou deste evento globalmente com as técnicas de televisão mais avançadas do momento, e esses mesmos avanços técnicos tornaram possível transmitir para todo mundo um eclipse total do Sol desde a Serra de Guajaca...) A Copa do Mundo de 1970 aconteceu no México... O Brasil voltava a disputar Eliminatórias depois de doze anos... Enquanto o marechal Castelo Branco era sucedido pelo General Artur da Costa e Silva – o Minhocão – em 1967, João Havelange tentava uma solução tipicamente tecnocrática, bem ao gosto do governo da época, para reformular a Seleção... Criou a COSENA... Comissão Selecionadora Nacional... Não confundir com Bozena, daí... Que não funcionou... O jeito foi chamar um entendido... Em futebol, o jornalista João Saldanha, que já havia dirigido o Foguinho em 1957, vide o livro “Os subterrâneos do futebol”... Saldanha chegou anunciando a equipe titular e dizendo que colocaria em campo “11 feras”... Que apenas venceram os seis jogos disputados, garantindo a classificação brasileira em 31 de agosto de 1969, mesmo dia em que o presidente Costa e Silva foi afastado por problemas de saúde... Tudo noticiado na primeira edição do “Jornal Nacional”, no dia seguinte... Enquanto isso, no México, por trás da organização do Mundial estava o Tele-Sistema Mexicano, o conglomerado de mídia da família Azcarraga... Que se transformaria na Televisa (de TELEvsion VIa SAtelite) apenas em 1973, após incorporar a Television Independiente de Mexico (TV TIM), canal 8... Ela mesma, a emissora que lançaria em 1971, como um dos quadros do programa “Chespirito”, “El Chavo Del Ocho”... Notem que em alguns episódios do “Chaves” aparecem flâmulas de seleções que disputaram a Copa no México, como Bélgica, Israel, Peru e Romênia, na parede da casa do Seu Madruga... No começo de 1970, porém, Roberto Gomez Bolaños ainda não tinha seu programa... Fazia um esquete no programa “Sabados de La Fortuna” chamado “Los Supergenios de La Mesa Cuadrada”... Onde fazia um médico chamado “Chespirito Chapatin”... Pela primeira vez a Copa do Mundo seria transmitida ao vivo, via satélite, pela tevelisão para todo o Brasil... Bem, a Região Norte, o Piauí e o Maranhão ficaram de fora, e algumas regiões brasileiras só assistiriam o Mundial ao vivo em 1982... Mesmo assim, o Tele-Sistema Mexicano pensou em tudo... As transmissões chegariam prontinhas ao Brasil, devidamente narradas (Paulo Planet Buarque, sempre ele, seria o locutor, pois já tinha trabalhado com os mexicanos nos Jogos Olímpicos de 1964...) e principalmente já patrocinadas, graças aos excelentes contratos conseguidos junto às grandes agências de publicidade dos Estados Unidos, abrangendo toda a América Latina... A TV Tupi achou interessante a proposta intermediada pela Organização de Televisão Iberoamericana (OTI), na época a detentora dos direitos de transmissão, e já foi fazendo o acordo... A Globo, comandada por Walter Clark, não aceitou... Afinal, sua emergente emissora não ficaria com a parte do leão do faturamento publicitário... Recusou a proposta, pois queria uma posição exclusiva nos estádios e o direito de negociar com os patrocinadores que quisesse... Os mexicanos, alegando questões técnicas, não abriram mão de uma única cabine para a televisão brasileira... O que obrigou às emissoras do Brasil a formarem um pool, batizado de Rede Brasileira de Televisão...  Ou como era narrado antes de casa jogo ao som do tema do filme "The Big Valley"... "Atenção emissoras componentes do 'pool' brasileiro de televisão, atenção para o 'top" de oito segundos, e neste momento, a televisão se prepara para a ligação México-Brasil, para oferecer o espetáculo que todos esperam, ao vivo, México 70" - os ingleses preferiam um instrumental da canção de John Shakespeare, "The World At Their Feet", depois aproveitada no filme oficial da Copa, mas, enfim...  Em cada jogo, a equipe de uma das redes da época faria a narração... A Rede Globo teria como locutor Geraldo José de Almeida – aquele do “Olha lá, olha lá, olha lá, no placar!!!” – e no posto de comentarista o ex-técnico da Seleção, João Saldanha, que classificou o Brasil para a Copa... A Rede Tupi - sempre com o comando dividido entre Sâo Paulo e Rio de Janeiro - escalou o narrador Walter Abrahão – o inventor do “OXO” – e o comentarista Rui Porto... Em algumas partidas, atuaria Oduvaldo Cozzi, a título de despedida... E a Rede de Emissoras Independentes, que contava com a Record e a Bandeirantes, entre outras, contaria com a narração de Fernando Solera – o próprio – e comentários de Leônidas da Silva... O tema das transmissões, patrocinadas pela Gilette, Souza Cruz e Esso, era a marchinha composta por Miguel Gustavo, o mesmo autor do tema do programa do Chacrinha... “Duzentos milhões de votos... Como assim Bial... Roubo na votação... Bofinho manipulando... Como assim Bial... BBB é armação...” Ops!!!...

















Tudo na Copa era motivo de debate na Mesa Quadrada, primeira participação do Marrocos, bola Telstar da Adidas (C)...
















































João Saldanha classificou a Seleção Brasileira, porém não compareceu ao Mundial... Os atritos com a CBD, especialmente devido ao Edson (OG), principal chamariz dos contratos publicitários fechados pela entidade, desgastaram o coronista... Ser militante comunista em época de intensa repressão – o AI-5 estava em vigor desde 13 de dezembro de 1968 – não ajudava... Alguns maus resultados em amistosos e uma controvertida declaração sobre a escalação de Dario e o presidente Médici – que realmente foi feita, professor, para a TV Gaúcha, vide o livro “Porque derrubaram João Saldanha” – precipitaram a queda, em março de 1970, mais ou menos quando a editora Abril lançou a revista “Placar”... Seu substituto seria o técnico do Foguinho, Mário Jorge Lobo Zagallo, em uma comissão técnica comanda e com maciça presença de militares – e de profissionais formados na Escola de Educação Física do Exército, Parreira... Temia-se a altitude mexicana, embora o Brasil tenha sido alocado em Guadalajara, sede de todos os jogos de seu grupo na primeira fase... A estreia aconteceu no Estádio Jalisco, contra a Tchecoslováquia – que havia sido sacudida pela intervenção da União Soviética em 1968... E o gol de Petras, que abriu o placar, foi comemorado com o sinal da cruz, aos 12 minutos do primeiro tempo... O Brasil, porém, conseguiu virar, com Rivellino do Timão, aos 24 minutos – gol de falta que levaria os mexicanos a apelidá-lo de “Patada Atômica” - Edson (OG), aos 15 minutos da segunda etapa e Jairzinho do Foguinho aos 19 e aos 37, também se benzendo para comemorar... Edson (OG) ainda se deu ao luxo de tentar um gol do meio do campo, ao perceber o goleiro Viktor muito adiantado... A partida seguinte seria a mais difícil do grupo, contra a Inglaterra, então campeã mundial, e que venceu a Romênia na estreia por 1 a 0, gol de Geoffrey Hurst... O “English Team” resistiu bravamente, vide a cabeçada do Edson (OG) defendida pelo goleiro Gordon Banks... Uma longa troca de passes levaria ao gol de Jairzinho e a vitória por 1 a 0, aos 15 minutos do segundo tempo... Muitos consideraram a vitória uma conquista antecipada, mas ainda tinha a Romênia, que venceu a Tchecoslováquia por 2 a 1, de virada, depois de Petras abrir o placar... Outra partida difícil... Edson (OG) e Jairzinho fizeram 2 a 0 com 20 e 22 minutos de jogo... Dumitrache – que marcou o gol da vitória sobre os tchecos – descontou aos 33... O ex-marido da Assíria Lemos fez o terceiro do Brasil aos 21 do segundo tempo... E Dembrowski diminuiu aos 37, pensando em um empate que não aconteceu, pois os brasileiros venceram por 3 a 2... Lemyr Martins estava mais preocupado com o decote de uma torcedora romena... Nas quartas-de-final, o Brasil enfrentaria o Peru... Que além de ter desclassificado a Argentina nas Eliminatórias, era comandado pelo brasileiro Didi, bicampeão em 1958 e 1962 como jogador... Na primeira fase, os peruanos venceram a Bulgária por 3 a 2, o Marrocos – primeira seleção africana a comparecer a um Mundial desde 1934, beneficiada com a criação de uma vaga fixa para o continente preferido do internauta Pedro Henrique – e perderam para a Alemanha por 3 a 1, sempre em Leon... O Brasil era a referência dos peruanos, inclusive em telenovelas – ao mesmo tempo, fizeram versões de “Irmãos Coragem” e “Nino, O Italianinho”... Por isso a Seleção não perdeu tempo, fazendo 2 a 0 em 15 minutos, com Tostão das Marias e Rivellino... Gallardo diminuiu aos 28 da primeira etapa... O mesmo Tostão aumentaria a vantagem brasileira com 13 minutos da etapa final... Teófilo Cubillas, principal jogador da equipe peruana, fez 3 a 2 com 25 minutos, internauta Pedro Henrique... Porém Jairzinho não poderia deixar de marcar seu gol, aos 30, garantindo a vitória por 4 a 2... Para a Inglaterra, depois de vencer os tchecos por 1 a 0, gol de Clarke, de pênalti, restou enfrentar a vice-campeã de 1966, a “Lemanha”...Que venceu o Marrocos de virada na estreia por 2 a 1 - os marroquinos tinham o calor a seu favor, Assaf – a Bulgária por 5 a 2 e os peruanos... Os tedescos aproveitaram muito bem o fato do goleiro Banks ter sido substituído por Bonetti – “Mal de Montezuma”, segundo consta – e venceram os ingleses por 3 a 2, de virada, com Gerd Muller definindo o jogo na prorogação... Enquanto isso, em Tá Louca, Está Onde Mexe, os anfitriões eram eliminados pela Itália,campeã europeia, sofrendo uma goleada de 4 a 1... Os mexicanos tinham jogado como nunca na primeira fase, no estádio dos Aztecas.. . Depois do empate com a União Soviética por 0 a 0 – jogo que teve as primeiras substituições e os primeiros cartões amarelos da história dos Mundiais – fizeram 4 a 0 em El Salvador – classificada para a Copa depois da “Guerra do Futebol” com Honduras – e 1 a 0 na Bélgica... A Itália fez sua típica primeira fase em que não empolgou ninguém em Tá Louca e Puebla – no estádio Cuhaltemoc, aquele que queimaram os pés - vencendo a Suécia por 1 a 0 e empatando em 0 a 0 com o Uruguai – campeão sulamericano e com a seleção estreante de Israel – que conquistou a recém-criada vaga cativa da Ásia nas Eliminatórias, depois de superar duas equipes da Oceania, Nova Zelândia e Austrália... De sorte que o México perdeu como sempre nas quartas-de-final... Fase completada pelo jogo entre União Soviética e Uruguai... Os soviéticos tinham vencido a Bélgica por 4 a 1 e El Salvador por 2 a 0...Os uruguaios se classificaram graças a vitória por 2 a 0 sobre Israel... Já que perderam por 1 a 0 para a Suécia, que havia empatado com os israelenses em 1 a 1... A equipe sul-americana sustentou o 0 a 0 e conseguiu levar o jogo para a prorrogação, vencendo com um gol de Esparrago no penúltimo minuto...Ainda que a bola tenha saído pela linha de fundo na hora do cruzamento, Van Ravens...















Para enfrentar a União Soviética, uruguaios não precisaram usar uniforme vermelho e vestiram azul...










































A semifinal em Guadalajara – deveria ser na Cidade do México, mas o Brasil deu um jeitinho - marcaria o reencontro do Brasil com o Uruguai em Copas do Mundo... A Celeste esperava que o “Fantasma de 50” trabalhasse forte... Até teve a sorte de abrir o placar aos 19 minutos, quando Luis Cubilla aproveitou a falha do goleiro Félix numa cobrança de tiro de meta...O peixeiro Clodoaldo (OG) só marcaria o gol de empate no último minuto da primeira etapa... A virada só aconteceria aos 31 minutos, com Jairzinho, outra vez... Rivellino fez 3 a 1 aos 45 do segundo tempo... Depois do Edson (OG) tentar o gol em cima do goleiro Mazurkievicz com o drible do Sérgio Rodrigues... A bola só entrou no comercial da Volkswagen, internauta Pedro Henrique... A outra semifinal, entre Alemanha e Itália, é considerada o “Jogo do Século”... O tempo normal terminou empatado em 1 a 1... Os italianos abriram o placar com sete minutos de jogo e os alemães empataram aos 45 minutos do segundo tempo, com o experiente Uwe Seeler, em sua quarta Copa do Mundo... Na prorrogação da partida apitada pelo Mestre da arbitragem Arturo Yamazaki, Fran Beckenbauer jogou com uma tipoia na clavícula, que estava fraturada... Gerd Muller fez com 5 minutos, Burgnich empatou com 8, Gigi Riva desempatou aos 13 do primeiro tempo, Muller empatou novamente aos 5 minutos da segunda prorrogação e Gianni Rivera decidiu aos 7, fazendo 4 a 3 para os italianos... Aos alemães, restou fazer a decisão do terceiro lugar com o Uruguai – e vencer por 1 a 0, gol de Overath... Com os dois gols na semifinal, Muller chegou a 10, se isolando na artilharia do torneio... A final da Copa entre Brasil e Itália também pode ser considerada inesquecível, dependendo do ponto de vista... Quem vê a edição do filme oficial do torneio – e o jogo ocupa quase metade do tempo de exibição – tem a certeza de que assistiu uma epopéia no gramado do estádio dos Aztecas... Já os coronistas que anos depois resolveram assistir o jogo na íntegra, preferem o filme do Edson (OG)... Quer dizer, acham a partida um porre, com jogadas em ritmo muito lento, pouca movimentação dos jogadores... O Brasil abriu o placar com Edson (OG), aos 18 minutos da primeira etapa, recebendo a bola de Rivellino e acertando uma cabeçada indefensável para o goleito Albertosi... A Azzurra lembrou que todas as finais de Copa até então tinham sido ganhas de virada... Quem marca o primeiro gol nunca ganha... Ops!!!... Bonisegna conseguiu o empate aos 37 minutos, aproveitando que Félix estava muito adiantado... Edson (OG) marcou no final da primeira etapa, porém o juiz alemão Rudy Glockner anulou... “É um indivíduo mal-intencionado”, reclamou Valter Abrahão... O desempate só viria aos 20 minutos do segundo tempo, com um chute de fora da área de Gérson, o “Canhotinha de Ouro”... Jairzinho fez o terceiro gol aos 25, aproveitando a bola escorada por Edson (OG) e colocando “no barbante deles”, Fernando Solera... O quarto gol, aos 41 minutos do segundo tempo, mereceu a enlouquecida narração de Fernando Solera... Clodoaldo (OG) enfileirou três italianos no meio de campo, tocou para Rivellino, que fez o lançamento, Jairzinho recebeu na entrada da área, passou para Edson (OG), que segurou a bola até a chegada de Carlos Alberto Torres (OG) vindo de trás e chutando forte para a frente, fazendo 4 a 1 para o Brasil... “Acabou a Copa!!!”... Tricampeão do mundo e detentor em definitivo da Copa Jules Rimet... Os torcedores mexicanos invadiram o campo do estádio dos Aztecas e carregaram nos ombros os triunfantes jogadores brasileiros... Muitos ficaram sem os uniformes... O que não preocupou o internauta Pedro Henrique, muito pelo contrário, afinal se deixassem o Edson (OG) inteiro tudo bem, até seria melhor pois estaria já despido... Ops!!!... Coube ao capitão brasileiro e autor do quarto gol da Seleção, Carlos Alberto Torres (OG), a honra de erguer a taça ao alto, como dizia aquela música dos Golden Boys... O feito brasileiro motivaria um recorde histórico de tiragem de “A Gazeta Esportiva”, 534.430 exemplares... De volta ao Brasil, os jogadores foram recebidos em Brasília pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, que teria ganho o bolão da final no Palácio do Planalto, cravando sozinho o palpite da vitória por 4 a 1... O governo autoritário da época capitalizou como pode o título mundial, encobrindo a violenta repressão aos opositores, armados ou não, e incluindo a conquista entre as grandes realizações do “Milagre Brasileiro”... E tome “Ame-o ou deixe-o”, “Eu te amo meu Brasil”... Em São Paulo, o prefeito Paulo Salim Maluf ofereceu um Fusca para cada jogador campeão – adquirido com dinheiro público, evidentemente... Assim, todos os atletas poderiam utilizar uma de suas maiores obras à frente da prefeitura – o Minhocão... Dizem que Zé Maria da Burra – que depois fez carreira no Timão – tem o seu Fusquinha até hoje, garante o internauta Pedro Henrique... Zagallo daria sua versão dos acontecimentos daquele Mundial no livro "As Lições da Copa", que o coronista Geraldo Brêtas, da TV Tupi, teve de engolir... 















Depois da vitória do Brasil na final, muitos queriam ficar com uma lembrança do Edson (OG), ou com o próprio...

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