segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Lançadas Saúdam Volta do Luis Inácio com Editorial...

18 de outubro: "na verdade foi o Crispiniano, faz tempo que ele quer que eu venha no Flow"...

 














Igor Coelho, apresentador do Flow, agradeceu: "Pô, então obrigado, Crispiniano, fez força aí"...



























EDITORIAL: Pelas Barbas do Luis Inácio de Novo com a Força do Povo

Luis Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito para a presidência da república pela terceira vez neste domingo, com 60.345.999 votos (50,90%), enquanto seu adversário, o presidente Jair Bozo, do Partido Liberal (PL), que tentava a reeleição, obteve 58.206.354 votos (49,10%)... Uma votação “curtinha” (Bofinho, corre aqui...), como já era esperado, a virada até veio um pouco mais cedo, com 67,76% das seções totalizadas, no primeiro turno aconteceu com 70%, entretanto Luis Inácio superou os 57.259.504 votos conseguidos em 2 de outubro com 95,96% das urnas apuradas, enquanto a confirmação matemática da vitória ocorreu apenas com 98,91% e ao final da apuração, o candidato do PT recebeu apenas 3.086.495 votos do que na rodada anterior, e novamente, os votos do Nordeste, em especial da Bahia, foram a salvação da pátria, compensando a vitória apertadíssima em Minas Gerais e a ajuda pouco além do suficiente em São Paulo, onde a liderança na região metropolitana neutralizou de forma tímida o apoio ao presidente no interior, o que garantiu também a vitória de seu protegido Tarcísio de Freitas, do Republicanos, sobre o petista Fernando Haddad, com 13.480.643 votos (55,27%), enquanto o ex-prefeito de São Paulo conseguiu 10.909.371 votos (44,73%), embora algumas pesquisas antes do pleito colocassem a disputa em situação de empate técnico... No dia 2, quando o TSE apontou, com 96,93% das seções apuradas, que a disputa entre Luis Inácio e Bozo iria para o segundo, era o sinal de que mais um mês de sofrência estava por vir... A começar pelo retorno do horário eleitoral, em 7 de outubro, onde o principal do trunfo do candidato do PL era a apresentadora Carla Cecato, que fazia a recepcionista Raquel na primeira temporada de “Palhação”, em 1995, e que colocava toda a sua experiência como apresentadora de noticiários da Record TV, apoiadora de primeira hora do presidente, a serviço da campanha... Cinco dias depois, em 12 de outubro, apoiadores do Bozo arrumaram briga e hostilizaram o bispo de Aparecida em plena Basílica Nacional, e no dia 14, em entrevista ao podcast “Paparazzo Rubro Negro”, o presidente declarou que “pintou um clima” num encontro com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos na região de São Sebastião, no Distrito Federal, e que segundo seu relato, estavam “se arrumando” para “ganhar a vida”... Esses dois fatos arranharam a imagem do Bozo, porém trouxeram para a campanha a chamada “pauta moral”, narrativa que ele domina nas redes sociais, e somada a interpretação errônea, como “censura” de uma decisão do TSE em 19 de outubro, que proibiu a rádio Jovem Pan, exatamente a emissora onde Carla trabalhava antes de aparecer no horário eleitoral, de mencionar que o Luis Inácio foi condenado pela justiça, pois os processos foram anulados e o ex-presidente foi considerado inocente, isso sem contar a influência do debate realizado pela Band em 15 de outubro, onde o presidente conseguiu acuar o adversário no gestual, tocando nele com insistência, fizeram a candidatura do PL ter um leve crescimento nas pesquisas de intenção de voto... Um processo que começou a ser revertido a partir da revelação pela “Folha de S. Paulo”, também no dia 19, de que o ministro da Economia do Bozo, Paulo Guedes, planejava acabar com a correção do salário mínimo e das aposentadorias pela inflação em caso de reeleição do presidente, o que permitiu a campanha petista trazer o foco da campanha de volta para a questão econômica, que apesar da adesão tácita de quase toda a mídia empresarial às políticas neoliberais do ministro, é algo que depõe contra o candidato do PL... Somado ao episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson, um apoiador do presidente com várias fotos ao seu lado, investiu contra policiais federais com tiros e granadas, resistindo à prisão, em 23 de outubro, a repercussão permitiu ao Luis Inácio recuperar o terreno perdido nas pesquisas, mesmo com as críticas a decisão do TSE de conceder 116 inserções a título de direito de resposta para o PT, tomada no dia anterior, e com a denúncia do ministro das Comunicações, Fábio Faria, de que rádios no Nordeste estariam omitindo inserções da propaganda eleitoral do Bozo, em 24 de outubro, arquivada por falta de provas pelo TSE dois dias depois... Apesar desses fatos, do bom desempenho do petista no debate da Globo no dia 28, quando ele manteve distância do presidente, não querendo ele por perto, e do “cosplay” de Kate Mahoney em “A Dama de Ouro” com que a deputada Carla Zambelli, do PL, fiel aliada do Bozo, investiu contra um jornalista negro em São Paulo na tarde de 29 de outubro, e das críticas ao trabalho forte da Polícia Rodoviária Federal para tentar impedir eleitores nordestinos de votar, o bozismo conseguiu estreitar nas urnas a diferença apontada pelas pesquisas em favor do Luis Inácio, novamente graças a combinação de dois fatores, a fidelidade bovina ao presidente e o Orçamento Secreto, que turbinou a verba de campanha das candidaturas dos aliados do candidato do PL no primeiro turno, inclusive vários ex-ministros em busca de foro privilegiado, e o fez vender caro a derrota no segundo... No entanto, a vitória do Luis Inácio tem méritos, e um dos mais importantes foi o engajamento da candidata do MDB, Simone Tebet, derrotada no primeiro turno (é assim que se faz, Ciro Gomes...), muito além da sugestão para o petista usar branco no horário eleitoral, o qual reforçou uma característica essencial para o retorno do PT à presidência, que é a sensibilidade para com os problemas da população, em especial no que diz respeito a economia e a pandemia... Nesta eleição presidencial, quem falou grosso se deu mal, porque quem aprecia candidatos com essa característica já era muito bem servido pelo presidente entre um “imbroxável” e outro, dessa forma, o discurso do Luis Inácio no horário eleitoral sempre foi crítico ao governo, mas sem levantar a voz, num tom esperançoso, uma posição reforçada pela adesão de Tebet, que na reta final agregou mais do que Geraldo Alckmin durante toda a campanha, pois o candidato a vice, político de expressão regional, apesar das duas campanhas presidenciais disputadas em 2006 e 2018 e da evidente intenção de acenar ao empresariado liberal, atraiu menos eleitores do que as outras opções pensadas para completar a chapa petista, como o pastor Henrique Vieira ou a empresária Luiza Trajano, e de apoios que vieram desde o início da campanha, como Guilherme Boulos e Marina Silva, ficando abaixo do esperando inclusive quanto a intenção de impulsionar no interior paulista a candidatura de Fernando Haddad ao governo do Estado de São Paulo, derrotada por Tarcísio de Freitas, do Republicanos, partido que se capilarizou na região a partir dos cargos obtidos nas gestões do próprio Alckmin, restando a Haddad dizer, durante a comemoração da vitória do PT na eleição presidencial, que “começou um namoro” com o eleitorado interiorano... Voltando a questão do discurso, muitos apontam que a participação do deputado federal André Janones, que seria o candidato a presidente pelo Avante, teria sido decisiva para o petismo virar o jogo, não necessariamente, era preciso falar as verdades sobre o governo Bozo, em especial sobre corrupção, economia e pandemia, na linguagem das redes sociais, que o deputado domina, como “Rei do Spam” que foi durante seu mandato no Congresso, porém não podia ser o foco principal da campanha, pois como já foi exposto, quem estava acostumado a levar porrada do presidente e aceitar numa boa não ia abrir mão dele... De qualquer forma, a campanha petista conseguiu avançar no campo minado das mídias sociais,  o que é simbolizado pelo comparecimento do Luis Inácio no “podcast” Flow, que mesmo sem o Monark ainda é considerado um reduto “anarcocapitalista”, em 18 de outubro, e aqui cabe um agradecimento pessoal a um colega nosso, dos tempos de faculdade (William Bonner, corre aqui...), que trabalhando com o candidato do PT o incentivou a comparecer no “podcast”, ou como o agora presidente eleito disse, “na verdade, foi o Crispiniano, faz tempo que ele quer que eu venha no Flow, faz tempo”, apontando para ele nos bastidores, o que mereceu um elogio do próprio apresentador do “podcast”, Igor Coelho... A rigor, a única coisa que faltou ao PT foi conseguir uma declaração pública de apoio da campeã do BBB21, Juliette Freire, para exibição no horário eleitoral e nas mídias sociais, porque além de ser simpatizante do partido, Juliette é a única personalidade brasileira que consegue ser uma unanimidade positiva em todo o país, praticamente sem rejeição, admirada até pelos minions, apenas o técnico da Seleção Brasileira, Tite, consegue chegar perto, e ela exerceria, com a força que tem como “digital influencer” nas redes sociais, a mesma função agregadora de Simone Tebet na campanha do segundo turno, numa intensidade muito maior, o problema é que Juliette é agenciada pela empresa da cantora Anitta, que depois de enfrentar várias vezes o presidente nas redes sociais, deixou de mencionar seu nome dentro da lógica de não lhe dar cartaz, focando, da mesma forma que a ex-BBB, em ações mais genéricas, como o apoio do Manifesto pela Democracia e limitando seu apoio ao Luis Inácio a uma foto vestindo vermelho em seu avatar nas redes sociais, Juliette até foi um pouco além, participando do vídeo em que diversos artistas engajados no apoio do candidato petista cantam uma versão de “Não Quero Dinheiro”, claramente inspirada na que foi feita pela torcida corinthiana, incentivando os eleitores a irem votar, um clipe que tem duas versões, porque a primeira contava com a participação de Rafa Kalimann, ex-BBB e “influencer” cujos vínculos com o bozismo foram reconhecidos pelo próprio filho do presidente, Eduardo Bozo, obrigando a produção de um novo vídeo, sem Rafa e com Juliette aparecendo logo no início, o que não acontecia na versão original...


Capa do Site – “Goiás e Timão empatam em jogo agitado pelo Brasileirão, e Timão equipe corinthiana segue fora do G4”. 0 a 0 na Serrinha sábado, véspera da eleição, vide Cantillo carimbando a trave e o gol anulado de Yuri Alberto (OG) aos 46 minutos do segundo tempo, Paulo César Zanovelli da Silva... Alis, algumas horas antes... “Menguinho bate o Fhuracão com gol de Gabigol (OG) e é tricampeão da Libertadores”. 1 a 0 em Guaiaquil (público não divulgado...), gol de Gabriel Barbosa (OG, 49/1º), vide substituição de Filipe Luis com 20 minutos de jogo por Ayrton Lucas, que levou o carrinho que causou a expulsão de Pedro Henrique aos 44, Patrício Lostau, a jogada de Everton Ribeiro no gol de Gabigol (OG) e o Bozo se apropriando da taça na volta do Urubu ao Brasil, com a eleição em andamento, Marcos Braz, é como dizem, “tá na hora do Jair, tá na hora do Jair, já ir embora”... Alis, a seguir, tem  a festa da vitória e o que o Luis Inácio falou...


Quanto o TSE anunciou no domingo, às 19h56, que o Luis Inácio estava eleito presidente da república, havia uma única atitude a ser tomada: comparecer a região da Avenida Paulista para comemorar a vitória e ouvir as palavras do presidente que retorna ao cargo com nosso voto, seja para reviver uma emoção sentida em 2002 ou, em muitos casos, vivenciar um sentimento de esperança e resgatar a bandeira brasileira e suas cores raptadas há seis anos, desde o “impeachment” de Dilma Rousseff, pelos pretensos patriotas de camisa da CBF, esses que nos conduziram ao desastre humanitário que foram os quatro anos do governo do Bozo... No caminho para a Paulista, dentro do Metrô, as pessoas perdiam o medo de cantar o “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e serem confundidas com minions, e principalmente soltavam a voz para repetir o indestrutível refrão, “olê, olê, olê, olá, Luis Inácio, Luis Inácio”, também muito tocado em saxofones, trompetes e outros instrumentos de sopro, dando ainda alguns recados para o presidente derrotado nas urnas, “ei, Jair, o sigilo vai cair”, e um de seus principais apoiadores, “ei, Neymar (OG), vai ter que declarar”... Luis Inácio era conduzido de carro até um hotel próximo a Paulista, para fazer o primeiro pronunciamento e conceder a primeira entrevista coletiva como presidente eleito, e ao mesmo tempo seus eleitores tomavam as duas pistas da avenida...  O “esquenta” para o ato com o Luis Inácio acontece nos trios elétricos colocados em frente ao Museu de Arte de São Paulo, o MASP, que animam a galera com a música do Madeirada, “tá na hora do Jair, tá na hora do Jair, já ir embora” e “Vai Dar PT”, de Léo Santana, até o momento que um dos coordenadores da campanha do Luis Inácio, o ex-ministro Gilberto Carvalho, fala ao público: “ei, pessoal, eu ouvi falar que o Brasil tem um novo presidente, como é que é o nome dele, dentro de mais um pequeno tempo, o presidente Luis Inácio, o vice-presidente Alckmin, estarão aqui no palanque, o presidente Luis Inácio acaba de fazer um pronunciamento pra nação e pro mundo, fez uma coletiva de imprensa, agradeceu a presença de mais de 200 convidados internacionais, e em nome da coordenação da campanha, nós viemos nos desculpar com vocês pelo atraso, houve na verdade um problema, porque só tivemos a licença pra encostar os caminhões aqui na Paulista depois que saísse o resultado, porque se o resultado fosse deles, eles estariam aqui, mas não aconteceu!!!”... A multidão vibra e Gilberto começa a cantar o refrão “Olê, olê, olê, olá, Luis Inácio, Luis Inácio”, prosseguindo com seu discurso, “milhões de brasileiros estão com a alma lavada, aqueles cujas famílias sofreram com as mortes desnecessárias da Covid, aqueles que nesse tempo perderam seu emprego, aqueles que perderam o direito ao pão, perderam o direito a terra, ao trabalho, nesse momento a eles dedicamos essa vitória do povo brasileiro, antes de passar a palavra ao nosso querido companheiro Boulos, o deputado federal mais votado de São Paulo, quero lhes informar que nós teremos então aqui poucas falas, quando o presidente Luis Inácio chegar vai falar o nosso vice-presidente Alckmin, vai falar o presidente Luis Inácio, e em seguida a nossa companheira Daniela Mercury vai nos brindar com um show e também com o companheiro Madeirada, portanto eu só quero que vocês fiquem aí no pique, no ânimo porque a vitória mais apertada é mais gostosa, graças a Deus, a esperança se abre para o povo brasileiro, com vocês, portanto, o nosso querido Boulos”... O deputado eleito começa a falar às 22h30 no trio elétrico posicionado em frente ao vão livre do MASP, que está isolado pela polícia, deixando um espaço estreito entre a calçada e o trio, onde o povo, inclusive a pessoa que segurava um Zé Gotinha, se aperta para ouvir: “obrigado Gilberto, boa noite, Avenida Paulista!!!, boa noite Brasil, porque agora a manhã vai raiar, o Gilberto pediu desculpas pelo atraso, porque ele é muito educado, o que é que é algumas horas pra quem aguentou quatro anos de pesadelo, a gente aguentou o que fosse, tá aqui do meu lado a Ediane Maria, deputada estadual eleita de São Paulo, mulher preta, trabalhadora doméstica e guerreira, olha, gente, é muita emoção, hoje foi um dia de fortes emoções pra gente, e a gente, no dia de hoje, pela vontade de mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, a gente acabou com essa noite sombria que foi o pior governo da nossa história, antes da gente iniciar uma outra página, tô ouvindo um olê, olê, olê, olá, é isso mesmo”... Boulos puxa o coro e prossegue: “o Brasil tem um novo presidente, um presidente que vai tratar nosso povo com humanidade, um presidente que vai combater a fome, um presidente que vai falar de livro e não de arma, nós temos um novo presidente, mas antes da gente recebe-lo daqui a pouco aqui, eu queria fazer um pedido pra todos e todas vocês, porque hoje, Gilberto, a gente que cravou 13 na urna, a gente votou por nós, mas a gente também votou em homenagem e a memória de 700 mil brasileiros e brasileiras, não só vítimas do vírus, vítimas do descaso, vítimas do genocídio, e eles gostam muito de silêncio, silêncio não é a nossa praia, tanto é que dia primeiro vai cair sigilo de 100 anos, e por isso eu não quero pedir um minuto de silêncio em memória dessas vítimas, eu queria pedir que a Avenida Paulista fizesse a homenagem de um minuto de aplausos em memória das vítimas da Covid, do genocídio e do Bozo”... Depois dos aplausos, Boulos acrescenta, “acabou o pesadelo, o Brasil vai voltar a ter esperança, hoje é dia de festa, daqui a pouco é momento de ouvir o Luis Inácio, e vamo que vamo, olê, olê, olê, olá, Luis Inácio, Luis Inácio... Em seguida, Ediane Maria discursa brevemente, mas de modo eloquente: “é Luis Inácio!!!, gente, eu tô tão emocionada, eu sou migrante do sertão do Pernambuco, e quando eu cheguei aqui, vi bandeiras do Brasil e falaram que o Nordeste ia salvar o país e nós salvamos!!!, salve, salve, o povo nordestino, que constrói o Estado mais rico do país, e que hoje celebra aqui na Paulista a nossa grande vitória, foram quatro anos de retrocesso, e a agora é Luis Inácio, e agora é Luis Inácio, aqui, Luis Inácio lá, brilha uma estrela, Luis Inácio Lá, renasce a esperança, Luis Inácio lá, do Brasil criança, esse Brasil que nós merecemos, um Brasil de esperança, um Brasil de sonhos, um Brasil de cultura, um Brasil que as mulheres não sofram violência, e esse Brasil o Luis Inácio vai nos oferecer, simbora e obrigado, gente!!!”...  A expectativa pela presença do presidente eleito aumenta a temperatura da multidão, amenizada levemente pelo vento gelado que chega pelo vão livre do museu até a Paulista, e às 22h49, Luis Inácio chega ao alto do trio elétrico colocado em frente à entrada principal do MASP, próximo ao vão livre, agitando a multidão, que ergue os braços, acena, faz o L, filma o presidente eleito com seus celulares, ele responde retribuindo os acenos, e o povo volta a entoar o refrão cantado e tocado durante todo o percurso até a Avenida Paulista, “olê, olê, olê, olá, Luis Inácio, Luis Inácio”, emendando com um “Luis Inácio, guerreiro, do povo brasileiro”, e vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, acompanhado pela esposa Lu, também faz o “L”, o que é a deixa para a galera meter um “ei, Bozo, vai tomar no c...”, no mesmo ritmo do “ei, Neymar (OG), vai ter que declarar”, ouvido no caminho até o MASP, e por fim, Luis Inácio, junto com a esposa Janja,  Alckmin e Lu, ergue os braços para saudar o povo que lota as duas pistas da Avenida Paulista... O presidente eleito pega o microfone, ergue o braço e fala: “alô, Avenida Paulista!!!, eu estou esperando o companheiro Fernando Haddad chegar aqui, porque o Haddad é fundamental na nossa vitória, gente, eu não vou fazer discurso ainda, mas vocês sabem que vocês merecem ganhar um Oscar da resistência e da competência, porque vencer essa luta que nós vencemos, têm duas coisas importantes na minha vida, a primeira é Deus, a segunda é o povo brasileiro, eu vou aguardar um pouquinho, só pra ver se o Haddad chega, pra começar, eu, o Alckmin e o Haddad falar”... Durante a espera, no trio atrás do que estava Boulos, é tocado nos alto-falantes “Apesar de Você”, de Chico Buarque, “Tributo a Martin Luther King”, de Wilson Simonal, também reabilitado nesta noite por meio da canção que escreveu com Ronaldo Bôscoli, “El Pueblo Unido Jamás Será Vencido”, escrita por Sérgio Ortega e gravada pelo grupo chileno Quilapayún durante o governo de Salvador Allende em 1973, além de uma canção cubana dançada com um entusiasmo que os bozistas apontariam como prova de que o Brasil se tornou uma Venezuela, assim que conseguirem localizar o país no mapa, digo... A música tocava quando Luis Inácio retornou ao alto do trio elétrico e ergueu os braços de Fernando Haddad, às 23h06, e logo depois, fez acenos para o povo na Paulista, saudando a todos os presentes juntamente com Haddad e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin... Na sequência, os três conversam em particular e quem vai para a frente do palco fazer coração com a mão para a multidão é Marina Silva, eleita deputada federal pela Rede em São Paulo, recebendo uma grande quantidade de aplausos, e a canção cubana ainda não terminou... O ato começou para valer às 23h11, num trio estacionado atrás daquele onde falaram Boulos e Ediane Maria, mais alto e com uma visão mais ampla da Avenida Paulista preenchida pelo povo ao longo de vários quarteirões, de onde os humoristas Mônica Iozzi e Paulo Vieira, que estavam no hotel onde Luis Inácio fez seu primeiro discurso como presidente eleito, acenavam para a multidão... Pelo comparecimento de Paulo, valia até um "ei, Paulo, vai tomar no c...", porém a gente lembrou que ele é o provável responsável pela reviravolta mais surpreendente desta eleição, a virada de voto da ex-minion Rafa Kalimann... Ops!!!... Foram feitos agradecimentos a Fernando Haddad, muito aplaudido, e Geraldo Alckmin, aplaudido com moderação, e enquanto era citado o comparecimento de Simone Tebet, Marina Silva e Guilherme Boulos, o deputado mineiro André Janones, do Avante, agitava uma bandeira brasileira no alto do trio, arrancando aplausos do público que o reconheceu do trabalho forte em favor da candidatura petista nas redes sociais, Eduardo Moreira, corre aqui... Na sequência, é citada a presença do senador do Amapá, Randolfe Rodrigues, do PSOL, da vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, do PC do B, do presidente do PSOL, Juliano Medeiros, da deputada fluminense Jandira Fehgali, do PC do B, do senador de Pernambuco, Humberto Costa, do PT, de Janones, do deputado fluminense Lindbergh Farias, do PT, que trinta anos atrás passou pela Paulista liderando, como presidente da UNE, os protestos estudantis pelo “impeachment” do presidente Fernando Collor, hoje no PTB e apoiando o Bozo, do deputado paulista Paulo Teixeira, do PT que reconquistou sua cadeira na Câmera dos Deputados depois de mais uma cassação do “coach” bozista Paulo Marçal, do PROS... Assim que é feito um aviso de que Alckmin, Haddad e Luis Inácio vão falar andando pelo palco do trio, para dar conta de toda a gente que ocupa a Paulista, o primeiro discurso é de Fernando Haddad, que apesar da derrota na eleição de governador para Tarcísio de Freitas, preferiu fazer um balanço positivo do desempenho do PT no Estado, apontando sua importância para a vitória do Luis Inácio: “Viva São Paulo!!!, cara, não tenho como agradecer o que vocês fizeram por esse Estado, por este país, nós tivemos uma jornada longa, presidente Luis Inácio, foram quatro anos desde a eleição de 2018, em que essa gente toda prometeu não largar a mão de ninguém, e ninguém quis largar a sua mão, Luis Inácio, nós quisemos ir pras ruas, quisemos ir pros bairros, nós tivemos, nós ganhamos a eleição na periferia de São Paulo, nós ganhamos a eleição na capital, nós ganhamos a eleição na região metropolitana de São Paulo, e nós começamos um namoro que vai dar certo com o nosso interior, e eu vou dizer pra vocês uma coisa, eu agradeço o interior de São Paulo, porque se não fosse a virada de voto, hoje nós não estaríamos celebrando Luis Inácio presidente da república, esse é um dia feliz nesse país, é um dia que um metalúrgico do povo, retirante do Nordeste, volta a presidência da república, pra redimir esse país do fascimo (segundo consta, nesse ponto, a transmissão da Globo foi interrompida...) com o Luis Inácio, eu vou ajudar a reconstruir este Brasil, com Luis Inácio, com Alckmin e com todos que foram eleitos para o Congresso Nacional, à luta, São Paulo, viva São Paulo, viva o povo brasileiro!!!”... Luis Inácio pede a palavra para saudar o ex-prefeito, “viva Haddad!!!”, e após mais algumas menções aos presentes no trio, quem fala é o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, que exaltou o cabeça de chapa e fez graça para tentar ganhar crédito com uma multidão ainda desconfiada de alguém que até pouco tempo era adversário do PT: “Companheiras, companheiros, quero dizer ao presidente que, Luis Inácio, só ele e sua liderança teria condições de vencer a indústria da mentira, das fake news, do ódio e da violência, só Luis Inácio teria condição de enfrentar o uso e o abuso da máquina pública jamais vista neste país, obrigado presidente Luis Inácio, a segunda palavra é um obrigado, Fernando Haddad, ele, prefeito de São Paulo, o melhor ministro da Educação, obrigado Lúcia França e governador Márcio França, obrigado Lu e a minha família, olha, presidente, a Lu trabalhou mais nessa campanha do que nas minhas, fiquei até com ciúmes, mas especialmente obrigado a cada um e cada uma de vocês, vocês fizeram a diferença, pela democracia e pelo Brasil, agradecer ao povo brasileiro, e o presidente Luis Inácio ganhou por seus compromissos, democracia, combate a fome, combate a desigualdade, emprego, saúde, educação, conte conosco, presidente Luis Inácio, para ajuda-lo, viva a democracia!!!”... A aclamação a Alckmin, mais discreta durante o discurso, aumenta ao final de sua fala, entretanto, as pessoas que lotavam todos os espaços da avenida explodem em aplausos quando é mencionada a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff, exclamando “Dilma, Dilma, Dilma!!!”... Após a citação ao comparecimento de Benedita da Silva e Fabiano Contrarato e de um comentário que “a festa está bonita”, Luis Inácio começa a falar às 23h20, no alto do trio elétrico posicionado na esquina da Avenida Paulista com a Rua Professor Otávio Mendes, a pouca distância da entrada principal do MASP, no vão livre, onde está a pedra com a placa de inauguração do prédio do museu, acontecida na presença da rainha da Inglaterra, Elizabeth II, em 1968, e um poste que sinaliza a localização do MASP, onde uma multidão se espremia à espera do presidente eleito, inclusive pessoas subindo em árvores ou fazendo "pole dance" nos postes para ouvir o presidente eleito falar, começando seu discurso falando para as pessoas que ocupavam a Paulista na direção da Rua da Consolação, saudando seus eleitores e os colaboradores de campanha mais próximos, em especial Simone Tebet, Marina Silva e Fernando Haddad... “Olha, eu queria apenas dizer pra vocês que essa não é uma vitória minha, não é uma vitória só do PT, essa foi uma vitória de todas as mulheres e homens que amam a democracia, e querem liberdade, e querem um país mais justo, essa foi a vitória das pessoas que querem mais cultura, que querem mais educação, que querem mais fraternidade, mais igualdade, essa vitória é de todos os homens e mulheres que resolveram libertar este país do autoritarismo, então é por isso que eu quero dizer que eu tô com dificuldade, porque eu teria que fazer três discursos, um aqui na ponta, outro naquela ponta, e aqui, eu vou tentar dizer aqui apenas algumas palavras, eu tenho que agradecer a cada pessoa que me ajudou nessa campanha, a senadora que foi candidata à presidência da república, Simone Tebet, uma companheira de valor, de qualidade e de competência, da nossa senadora do Estado do Maranhão, a Eliziane, foi uma companheira dedicada nessa campanha, e a nossa companheira Marina Silva, e eu quero dizer, tem figuras muito importantes nessa campanha, este senador Randolfe do Amapá foi um grande nome da campanha também, ele foi muito grande, quem mais que eu não falei ainda, o nosso companheiro senador de Pernambuco, Humberto Costa, eu não tenho uma nominata aqui, mas eu queria dizer ao companheiro Haddad, eu acho que a campanha do Haddad foi fundamental pra gente chegar até onde nós chegamos, vocês sabem que eu tô num misto de alegria por dentro, porque foi a campanha mais difícil que eu fiz na minha vida, não foi uma campanha de um homem contra outro homem, de um partido contra outro partido, foi uma campanha de um conjunto de pessoas que ama a liberdade, a democracia contra o autoritarismo que gastou mais dinheiro e usou mais a máquina do que qualquer campanha e qualquer governo na história, então eu quero dedicar esta vitória a democracia e ao futuro do Brasil, eu, eu, agora vou me dirigir ao povo naquela ponta, porque aquelas pessoas que tão de lá contribuíram pra gente ser eleito também, mas eu vou voltar aqui ainda, eu tenho que ir naquela ponta, naquela ponta, pra depois voltar aqui, tá bem, eu vou naquela ponta...” Muito aplaudido, o presidente eleito se movimenta no alto do trio elétrico para falar com a multidão que toma a Avenida Paulista na direção da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, terminando o discurso com um abraço em Dilma Rousseff, que no local onde aconteceram algumas das maiores manifestações que pediram seu “impeachment”, vestia a mesma roupa vermelha com que deixou o Palácio do Planalto no dia de seu afastamento da presidência, em 2016... “Alô, povo brasileiro, gente, creio que a razão da minha vitória foi a dedicação, o trabalho de cada um de vocês, de cada homem e de cada mulher que acreditava na liberdade, que acreditava na possibilidade da gente recuperar esse país para o povo brasileiro, esta vitória não é a minha vitória, é a vitória do povo brasileiro e da democracia, eu quero agradecer a cada companheira e a cada companheiro que participou dessa campanha, e dizer pra vocês que eu gostaria de estar só alegre, mas eu estou metade alegre e metade preocupado, porque a partir de amanhã eu tenho que começar a me preocupar, como é que a gente vai governar este país, eu preciso saber se o presidente que nós derrotamos vai permitir que haja uma transição para que a gente tome conhecimento das coisas, eu quero dizer pra vocês que eu tenho dois meses apenas, pra montar o governo, pra conhecer a máquina, como está, e eu preciso escolher bem cada pessoa que vai participar da nova democratização do nosso país, eu, eu talvez tire dois dias para descansar e aí eu vou começar a trabalhar, porque eu já fui presidente, eu já ganhei a primeira vez, e dessas vitórias que eu tive, essa é a vitória mais consagradora porque nós derrotamos o autoritarismo, o fascismo, e a democracia está de volta no Brasil, e o povo vai sorrir outra vez, o povo vai voltar a ter cultura, porque a cultura vai voltar muito forte pra este país, e a educação vai voltar muito forte pra esse país e as pessoas que estão dormindo debaixo da ponte, vão voltar a comer, vão voltar a ter moradia e vão voltar a ter uma vida digna, e essas são as tarefas que vocês me deram, espero nunca trair o sonho que levou vocês a acreditarem que era possível reconstruir este país, muito obrigado, gente, muito obrigado, que Deus abençoe a todos vocês, agora eu peço licença que eu vou fazer o discurso do outro lado, mas antes eu quero dar um abraço em uma pessoa especial, que é a companheira Dilma Rousseff, agora nós vamos do outro lado pra falar, eu falei com a esquerda, eu vou falar com o centro e vou falar com a esquerda outra vez”...  Luis Inácio se volta para a multidão em frente ao vão livre do MASP e discursa durante 13 minutos, sendo interrompido pelos aplausos quando saudou a ex-presidenta Dilma Rousseff, um pouco depois de ter agradecido ao vice da chapa, Geraldo Alckmin, no momento em que falou da esposa, Janja, e quando prometeu criar o ministério dos Povos Originários: “Pera aí, gente, pera aí, agora eu vou pra esquerda do lado de lá, atenção, atenção, atenção, atenção, atenção, dá licença, dá licença, atenção povo de São Paulo, atenção povo do Brasil, eu já falei pro centro, eu já falei pra esquerda e agora eu tô falando pra esquerda outra vez, queridos companheiros e queridas companheiras, eu acho que hoje é dia de nós, que moramos em São Paulo, agradecer, a um povo extraordinário, a um povo que foi ofendido pelo meu adversário, que é o nosso querido povo nordestino, e depois desta vitória extraordinária, eu quero agradecer a 215 milhões de habitantes, mas o povo do Nordeste merece uma palavra especial, porque acreditou no primeiro, no segundo, na eleição da Dilma, na minha eleição, e vai ser muito porreta pra ajudar a gente a governar este país, gente, eu não tô muito em condições de fazer muito discurso, porque a emoção está me comendo aqui, foi uma vitória muito difícil, não foi uma campanha do Luis Inácio contra o Bozo, foi uma campanha da democracia contra a barbárie, foi uma campanha daquelas pessoas que amam a educação, daquelas pessoas que amam a tecnologia, daquelas pessoas que amam a cultura, daquelas pessoas que querem mais cultura, daquelas pessoas que querem trabalhar e ser remuneradas de forma decente, daquela mulher que quer um salário igual ao homem, essa foi a vitória das mulheres que não querem ser tratadas como objeto de cama e mesa, que querem ser tratadas como sujeito da história, a mulher ela pode e ela deve estar aonde quiser, então é por isso, companheiros, como todos vocês sabem, o que nós já fizemos neste país, eu jamais imaginei que a pobreza ia voltar e ela voltou, eu jamais imaginei que eu voltar a ver nesse país mães e pais carregando criança no colo, pedindo comida porque não tem o que comer, esse país é o terceiro produtor de alimentos no mundo, o que falta na verdade é vergonha na cara das pessoas que governam este país, eu volto a prometer pra vocês, eu volto a prometer pra vocês, eu tenho muitos compromissos, muitas tarefas, mas a mais essencial é garantir que cada criança, que cada mulher, que cada adolescente, que cada homem possa todo dia tomar café, almoçar e jantar as calorias e as proteínas necessárias, eu quero que vocês saibam que nós vamos recuperar o ministério da Cultura e vamos recuperar a cultura, que está estagnada, para que a cultura se transforme numa coisa que toda pessoa tenha acesso, para que a cultura se transforme numa indústria que produza emprego e de gerar renda, quem tem medo de cultura é quem não gosta do povo, é quem não gosta de liberdade, é quem não gosta de democracia, e nenhuma nação do mundo será uma verdadeira nação se não tiver liberdade cultural, e o país vai recuperar a cultura, eu quero dizer a vocês que eu tô muito emocionado porque foi a guerra mais difícil que eu enfrentei, nunca na minha vida nós enfrentamos uma batalha e um adversário que jogou tão sujo, com tantas mentiras, com tantas, que usou uma verdadeira indústria de fake News que mentiu 24 horas por dia e que não trabalhava mais, eu e a Dilma, quando fomos candidatos a reeleição, a gente trabalhava o dia inteiro, a gente só ia fazer campanha de noite, então é por isso que eu quero homenagear a companheira Dilma, eu queria agradecer ao meu querido companheiro Alckmin pela ajuda que me deu e pela ajuda que irá me dar no governo deste país, eu volto a dizer pra vocês que eu fui eleito para governar para 215 milhões de brasileiros, eu vou governar pra todos, sem distinção, se o cabra é rico ou se é pobre, se é de esquerda ou de direita, mas as pessoas tem que saber que embora eu vá governar pra todos, são os mais necessitados que irão receber as políticas mais importantes do meu governo, nós temos que recuperar a educação das nossas crianças, porque as famílias mais pobres perderam dois anos com a pandemia, e nós precisamos fazer um mutirão para tentar educar essas crianças para elas chegarem no nível onde elas tem que estar, nós vamos voltar a fazer uma revolução, vai ter Pronui outra vez, vai ter Ciência sem Fronteiras, e ninguém venha dizer que a gente não pode colocar dinheiro na educação porque é gasto, investir em educação não é gasto, é investimento no futuro do país, o Brasil, gente, eu quero agradecer a vocês, mas eu não poderia deixar de agradecer à minha cara metade, a companheira Janja, eu, eu, quase que fui enterrado vivo nesse país, eu considero o momento que eu tô vivendo quase como uma ressurreição, eu me recuperei, eles pensaram que tinham me matado, eles pensaram que tinham acabado com a minha vida política, eles me destruíram, me destruíram contando mentiras a meu respeito, e graças a Deus eu estou aqui, firme, forte e amando outra vez, com a minha esposa, e eu quero dizer que não há nada nesse mundo que vá me fazer esmorecer, não há nada nesse mundo que vá proibir o que eu tenho que fazer por este país, esse povo tem que voltar a sorrir, esse povo tem que voltar a comer, esse povo tem que voltar a sonhar, e eu vou outra vez recuperar o Brasil diante do mundo, o Brasil não vai ser mais pária da sociedade, o Brasil vai ser protagonista internacional, porque a gente vai voltar a receber os presidentes e visitar os presidentes, e eu devo tudo isso a vocês, a generosidade de vocês, eu digo sempre que Deus foi muito generoso comigo, porque sair de onde eu saí, não morrer de fome até completar um ano de idade, e viver, e ser presidente duas vezes, e voltar aos 77 anos, e ganhar outra vez com a ajuda do povo brasileiro, e vocês podem contar com a minha fé, e eu vou dizer que eu vou fazer tudo o que eu puder, até mais do que eu puder, porque o que vocês me deram, um voto de confiança, exige de mim respeito a vocês, admiração a vocês, e quero dizer a vocês que nós vamos voltar a criar as conferências nacionais, todas as políticas públicas serão emanadas do povo e para o povo, em conferências nacionais, municipais e estaduais, por isso, gente, do fundo do meu coração, obrigado, meu Deus, e obrigado ao povo brasileiro pela glória que vocês me deram de vencer essas eleições, então é por isso que eu não posso faltar, e eu seu que eu posso contar com vocês, porque somente com a participação de vocês, é que eu tenho certeza que vamos cumprir todas as tarefas que nós assumimos com vocês, eu acho que o povo já chega de sofrer, não é possível, um povo tão bondoso, um povo tão carinhoso, um povo que gosta de música, um povo que gosta de samba, um povo alegre, sofrer tanto com um governo fascista, que não gostava do povo, que não gostava de negros, que não gostava de indígenas, e a minha resposta para os indígenas é que nós vamos criar o ministério dos Povos Originários, para que eles sejam respeitados e nunca mais sejam tratados como cidadãos de segunda categoria e nós vamos ter uma luta ferrenha contra o preconceito e o racismo, o racismo é uma pedra que nós precisamos extirpar do nosso país, não é possível não sermos iguais, não é possível que alguém seja como inferior só porque não tem a cor branca, não há nenhum branco melhor que nenhum negro e não há nenhum negro melhor que nenhum branco, nós somos iguais, o que nós precisamos é oportunidades iguais, pra gente provar que todo mundo tem competência, meus companheiros a minha esquerda na Avenida Paulista, um beijo no coração de cada um, de cada uma, eu vou descansar um pouquinho e logo estarei de novo, para entrar no governo e apresentar o que nós vamos fazer, um beijo no coração, um beijo no coração, se eu fosse feito de ouro, eu ainda não poderia pagar o que vocês fizeram hoje pela democracia brasileira, pela cultura, pela liberdade, um abraço, gente, um abraço!!!”... Porém, descendo do trio, cujo nome, estampado em neon vermelho, era “Demolidor”, Luis Inácio tinha mais a falar, “essa vitória é de vocês, essa vitória é do grito de vocês, essa vitória é para o mérito de vocês, porque é a vitória da democracia, da liberdade, é a vitória de reconquistar o direito de sorrir e de andar de cabeça erguida neste país, obrigado povo brasileiro, obrigado povo de São Paulo, obrigado Nordeste maravilhoso que nos deu mais uma vitória da vida, e aqui está a Daniela Mercury representando o Nordeste, um beijo no coração, eu agora vou falar aqui outra vez, me deram microfone em quatro lugares para falar, eu não paro mais de falar, é mais um discurso, Janja, venha cá, Janja, por favor, Janja, faz favor, gente, deixa eu falar uma coisa, gente, eu falei que não ia falar e já falei três vezes, eu quero pedir pra vocês, eu quero dizer pra vocês que um novo amanhã está surgindo, não será uma tarefa fácil, eu quero que vocês saibam que o governo será montado com a cara da minha vitória, com aqueles que participaram, com gente da sociedade que pode contribuir, vocês sabem que a gente vai ter que ter um governo pra conversar com muita gente que tá com raiva, em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado pra mim reconhecendo a derrota, ele até agora não ligou, não sei se vai ligar e não sei se vai reconhecer, de qualquer forma, eu quero que ele saiba o seguinte, eu devo grande parte da minha vitória à coragem e à atitude das mulheres brasileiras, e quero terminar a minha fala dando um beijo no coração de cada um de vocês e dando um beijo na minha querida Janja”... Beijada a esposa, o presidente eleito prossegue, “não chegou a ser um beijo de novela, mas um beijo, obrigado gente, que Deus abençoe vocês, porque o nosso sonho, porque nós vamos recuperar o direito de sorrir deste país, o direito de ser alegre, o direito de estudar, o direito de comer e o direito de continuar sonhando, que Deus abençoe a cada um de vocês, um beijo no coração de todos vocês, tchau, gente, até a posse”... Logo depois dos aplausos, Luis Inácio acrescenta, “ô gente, pera um pouco, a Daniela Mercury, eu acho que vai cantar aqui, Daniela Mercury, ô Dani, cê veja a intimidade, tô chamando de Dani”... Vestida de vermelho com brilhos, a cantora, que se projetou nacionalmente em um show ali mesmo no vão livre do MASP, em 1992, exclama, “viva Luis Inácio, viva nosso presidente”, e começa a cantar um de seus maiores sucessos daquela época, “O Canto da Cidade”, seguida de um “pot-pourri” com o “O Que É, O Que É”, “Isso Aqui o Que É”, o samba-enredo “É Hoje”, “Aquarela do Brasil” e o Hino Nacional Brasileiro... Faltando poucos minutos para a meia-noite, chega o momento de voltar para casa, com a satisfação de ouvir mais um trompetista tocando “olê, olê, olê, olá, Luis Inácio, Luis Inácio”, de pegar um adesivo novo para substituir o que caiu da camiseta devido ao suor que lavou a alma durante o discurso do novo presidente, superando seis anos de provações, de ver as pessoas batucando e dançando sobre uma imensa bandeira do Brasil, marcando com seus pés a reconquista de um símbolo de todo o povo que estava na mãos de uns poucos, de rever rostos conhecidos e compartilhar com um abraço a alegria que o nosso voto conseguiu proporcionar, tendo em mente as palavras do Luis Inácio, de que novos desafios vão surgir em busca de um país mais justo...














Festa no Ato...

Do alto do trio elétrico Demolidor, Luis Inácio falou para multidão que lotava a Avenida Paulista...


























Na mesma Paulista onde tramaram o impeachment, Dilma Rousseff foi aplaudida duas vezes...


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