sexta-feira, 7 de outubro de 2022

No ar, Décimo Prêmio Melhores do Horário Eleitoral "Andrea de Cesaris"...

Aqui começa a décima edição do Prêmio Melhores do Horário Eleitoral “Andrea De Cesaris”, onde a decisão é sempre no primeiro turno, alcançando a maioridade, 18 anos apontando o melhor (e o pior...) da propaganda eleitoral televisiva, mostrando seu valor para os que desprezam sua importância ou acreditam que hoje tudo se resolve nas redes sociais, e este ano não dá para reclamar, as pistas do resultado das urnas estavam todas na propaganda partidária... No início do horário eleitoral,  em 26 de agosto,  chamou a atenção a ausência de nada menos que cinco candidatos a presidência da república,  Roberto Jefferson, do PTB,  por pendências na justiça, depois substituído pelo Padre Kelmon, originalmente candidato a vice, Sofia Manzano, do PCB, José Maria Eymael, do PSDC, Vera Lúcia, do PSTU e Léo Péricles, da UP, por não possuírem representantes no Congresso,  o que limita o acesso tanto a propaganda eleitoral quanto aos recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário... Em São Paulo, além dos candidatos de PCB, PSDC, PSTU e UP, uma das principais candidaturas ao Senado,  a de Janaína Paschoal,  do PRTB, também ficou de fora,  pela mesma restrição... Surgida na época das "pautas bomba" de Eduardo Cunha,  que hoje disputa o controle do PTB com Roberto Jefferson e o voto dos paulistas com sua filha Cristiane Brasil, e que também limita enormemente o tempo da propaganda eleitoral...  Combinadas, as duas normas aumentam a obsessão dos partidos em formar coligações para ter mais tempo de antena, o que vai favorecer os partidos com mais congressistas e recursos, os quais tendem a fazer campanhas esteticamente muito semelhantes, em que o diferencial se faz presentes em detalhes que não costumam ser notados pelo eleitor comum... Isso aumenta o peso da ausência das candidaturas impedidas de estarem no horário eleitoral, e todas poderiam trazer novidades a campanha... O PCB e o PSTU, donos de um estilo próprio,  bastante contundente nas críticas à conjuntura, o PCB com uma história centenária e o PSTU marcado pelo slogan inconformista "Contra Burguês Vote 16", o PSDC do experiente José Maria Eymael,  cuja contribuição às campanhas eleitorais nos quase 40 anos de redemocratização do país é imensa,  do jingle  "Um Democrata Cristão", de 1985 ao slogan "Sinais, Fortes Sinais"  de 2018, e a Unidade Popular,  recém-criado partido de esquerda,  e que sem o horário eleitoral perde uma chance de se tornar mais conhecido do eleitorado...

No Brasil, a esquerda uniu-se um pouco menos do que deveria, a bolha bozista se mostrou um pouco mais resistente do que poderia e a terceira via revelou ser menos viável do que parecia, resultando no segundo turno... Neste ano, a bolha bozista que se formou em 2018 manteve um tamanho considerável,  mesmo não contando mais com a adesão de vários dos grupos e lideranças surgidas com os protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff,  e que se aproximaram do atual presidente há quatro anos atrás para tirar proveito eleitoral de sua ascensão meteórica,  literalmente... Apesar da permanência da bolha, houve um momento, assim como em 2020, que as candidaturas de oposição perderam o medo de bater diretamente no presidente,  pois as críticas à situação do país,  especialmente sobre a fome, a inflação e o desemprego,  sempre estiveram presentes... Os oposicionistas começaram a dar nome aos bois com a divulgação das denúncias sobre compra de imóveis em dinheiro vivo pelos familiares,  a repercussão do pronunciamento nas comemorações de 7 de setembro,  com coro de "imbrochável"  e tudo,  e a estagnação do presidente nas pesquisas... Lentamente,  foi se erodindo a ideia de que bozismo e petismo são faces de uma mesma moeda,  ideia que deu grande impulso ao presidente por muito tempo,  também limitando o espaço de candidaturas ditas de "terceira via", desde um nome já conhecido,  como o de Ciro Gomes, até novidades como a "dupla sertaneja"  Simone Tebet  e Soraya Thronicke... Candidaturas que, com a exceção de Simone e acompanhadas por Luiz Felipe D'Ávila, do NOVO, posicionaram-se de forma raivosa,  num momento em que as consequências da crise econômica e da pandemia enfraqueceram  o discurso agressivo,  de guerra permanente,  do atual presidente,  ao passo que a questão da corrupção,  usada com habilidade na conquista do poder em 2018, perdeu força com a libertação do Luis Inácio e depois com a anulação das condenações da Lava Jato,  que somada a falta de efeitos visíveis a população da alegada recuperação da economia,  favoreceram um resgate positivo do desempenho do PT na presidência, ressaltando diferenças significativas em relação ao atual governo, até onde a bolha que sustenta o presidente (e orçamento secreto, esse misterioso financiador da campanha...) permitiu, lembrando que a campanha do Bozo disparou munição pesada contra a oposição nos últimos dias de campanha...

Em São Paulo, na eleição para governador, a união da esquerda e a bolha da direita, somadas, decretaram o fim da dinastia tucana que comandava o Estado, e vão se digladiar num segundo turno que vai influenciar e ser influenciado pela eleição nacional... Havia uma candidatura forte a direita, a de Tarcísio de Freitas, que se sustenta na bolha bozista, e uma candidatura com a força à esquerda, a de Fernando Haddad, que se reforçou graças a alianças que superaram as divergências das campanhas entre 2016 e 2020... Ao centro, restava a Rodrigo Garcia, a paradoxal situação de ser o candidato da situação com discurso de terceira via, e ser a alternativa a uma disputa polarizada foi algo que teve um sucesso abaixo do esperado nacionalmente e nem isso regionalmente, levando ao fim de uma hegemonia de 28 anos do PSDB no comando do Estado de São Paulo... O esforço da campanha tucana para tentar salvar o mandato que controlou por três décadas levou a um diferencial que impediu o seu horário eleitoral de ser distinguido dos concorrentes apenas pela paleta de cores...

Na disputa pelas vagas paulistas no Senado, o pragmatismo venceu a acomodação... A aliança das esquerdas deu a Márcio França uma vantagem enorme na largada, aumentada pelo fato de uma forte concorrente de direita, Janaína Paschoal, ter ficado de fora do horário eleitoral e que durante a campanha, se manteve graças ao fraco desempenho nas pesquisas da candidatura de Edson Aparecido, o candidato de Rodrigo Garcia... Entretanto, ainda restava um concorrente à direita impulsionado pelo bozismo, Marcos Pontes, que no fim da campanha assumiu que esperava os votos numerosos de quem sempre deixa a escolha para o Senado por último... Todos esses fatores levaram a um conjunto de campanhas fraquíssimas no horário eleitoral, levando a uma dificuldade para escolher a melhor e selecionar qual é a pior, alis, não seria nenhum absurdo deixar de atribuir o prêmio de melhor campanha e colocar as cinco candidaturas com tempo de antena como as piores...










MELHOR CAMPANHA PARA PRESIDENTE – Simone Tebet (MDB)

















Nesta eleição, uma série de coincidências fez com que houvesse duas candidaturas com semelhanças em seus perfis: mulher, sul-matogrossense, senadora, defensora da terceira via na política (e a confusão também acontecia porque o objetivo velado de ambas as duas candidaturas era de ajudar a manter o peso de seus respectivos partidos no Congresso,  leia-se no Centrão,  supondo com acerto que o Orçamento Secreto ia beneficiar principalmente os apoiados do presidente...)... A senadora Simone Tebet, sul-matogossense de Três Lagoas, candidata do MDB, acreditou que seu diferencial estava no toque feminino, representado pelo slogan “Amor e Coragem”, como alternativa ao atual governo, mais do que o discurso de terceira via, o que era um discreto aceno a esquerda (a Globo também, pois a entrevista ao “Jornal Nacional” foi repetida a campanha toda...) e uma cortina de fumaça a participação de seu partido no Centrão... Dessa forma, a campanha evocou a atuação da CPI da Covid, porém a prioridade foi manter um tom alegre, de alto astral até, tentando agregar carisma a candidata, e nesse ponto, o “cameo” de José Serra nos programas não é mera coincidência (assim como da maior fã dele, Soninha Francine...), com dois temas musicais, pouco comum numa época de propaganda televisiva com tempo reduzido, visando atingir um público o mais amplo possível, um samba cantado por mulheres no Beco do Batman, em São Paulo, e o piseiro “Vote na Mulher”, com paredão e tudo – “Vote na mulher!!! Simone é 15, ela é guerreira, Simone é 15 a força da mulher, Simone é 15 ela tem coragem, Simone é 15 e nela eu vou votar, É 15, é 15, é 15, é 15, É Simone nela eu vou votar, É 15, é 15, é 15, é 15, É Simone vote na mulher” -  inspirado numa peça do mesmo ritmo da campanha petista, mas, enfim... A propaganda eleitoral “light” de Simone Tebet agradou o público, especialmente diante do discurso do “imbroxável” do presidente e do tom agressivo mantido por alguns adversários... O maior senão da candidata foi uma campanha pouco propositiva, sim, não era preciso muito, a concorrente direta tinha um projeto só, porém o plano mais específico foi a construção de 1 milhão de casas populares, porque ensino médio profissionalizante, reajuste da tabela do SUS e fim da taxa do lixo em Guarulhos todo mundo prometeu... Ao fim e ao cabo, a terceira via com cara de mulher desbancou o homem que não largava o posto de jeito nenhum, pois Simone Tebet foi a terceira colocada na eleição presidencial, com 4.915.423 votos (4,16%), a frente de Ciro Gomes, que teve 3.599.287 votos (3,04%)...

Luis Inácio não abriu mão do apelo emocional do "recall" dos dois mandatos – e do “Lula Lá” de 1989 - indo direto ao assunto na parte principal das inserções, falando de covid e principalmente de custo de vida, desemprego e fome, fazendo sucesso ao alegar que em seu tempo o salário dava para o churrasquinho do final de semana... Não deixou de fazer propostas, ainda que menos específicas que o necessário, e repetidas mesmo em programas temáticos, como Bolsa Família de 650 reais mais 150 reais por filho, salário mínimo forte, Empreende Brasil e principalmente, Desenrola Brasil, um programa de refinanciamento de dívidas de crédito pessoal claramente decalcado do “SPCiro”... As críticas mais diretas e pesadas ao governo ficavam para o fim do espaço do candidato, no melhor estilo "nota de rodapé", e o pepino de lidar com o antipetismo ficou com o chuchu,  quer dizer, com o candidato a vice Geraldo Alckmin, não por acaso, pois suas falas criticando o PT foram veiculadas com vagar na propaganda eleitoral... Quando passou o medo de bater de frente com o Bozo, os petardos contra o presidente começaram a abrir o espaço do candidato petista, com destaque para a série “A Verdade Sobre Bozo”, conduzida de forma convincente pela atriz Thalma de Freitas, sobrou até para o ministro Paulo Guedes, o mais “blindado” de críticas do atual governo, em especial da parte da mídia empresarial, que apoia tacitamente a política econômica do governo, mesmo que fosse recomendável subir um pouco mais ainda o tom, os noticiários tendem a ser menos críticos com o ministro e suas ações, quase uma blindagem, isso e o fanatismo das bolhas explica porque a mexida no bolso chega a urna num fluxo menor que poderia se esperar,  o bom desempenho nas pesquisas também tirou o receio de usar os apoios de artistas e personalidades, e passamos do monólogo lido em “off” por Marieta Severo a uma sequência de letras “L” feitas com a mão, até pelo ex-apresentador do jornalismo global, Chico Pinheiro, só faltou Juju Freire, digo... Ausência sentida de fato,  porque a bolha bozista ainda teve fôlego para levar a disputa ao segundo turno...

Em 2018, o Bozo, hoje candidato a reeleição, usou astutamente as redes sociais para compensar o pouco tempo de antena e alcançar a vitória, agora, o maior espaço disponível serviu a alguns esforços de “humanização do mito” para tentar aumentar o eleitorado, em especial o feminino, como falar baixo nos programas, resgatar suas raízes familiares na região de Registro e até deixar a primeira-dama falar como a transposição do Rio São Francisco vai beneficiar as mulheres do Nordeste, mas principalmente com o objetivo de mobilizar a bolha, quer dizer, as bases bozistas, insistindo em pegar carona na apropriação do patriotismo feita pelos protestos contra Dilma Rousseff e propondo pouco, acreditando na superação da pandemia e da crise econômica como resultado de sua política de liberdade econômica, defendida por uma versão anarcocapitalista da Dona Lúcia que escrevia cartas para o Felipão na Copa de 2014 e materializada no Pix... Apesar do candidato estar em segundo lugar nas pesquisas, a campanha do PL acreditou que as comemorações do 7 de setembro marcariam o início da “arrancada para a vitória” do Bozo (num processo semelhante ao da facada em 2018, digo...), e logo no dia seguinte a propaganda do candidato estava lotada de imagens adulteradas de manifestações pró-governo, as originais já tinham sido bastante superestimadas pela publicidade gratuita que receberam nos telejornais, “Jornal Nacional” à frente, repetindo o equívoco de quatro anos atrás, além de várias imagens de crianças pedindo aos pais que votem no Luccas Neto, quer dizer, no presidente que defende a família... Tudo isso já não fazia muito sentido para parte do eleitorado com as denúncias de compra de imóveis com dinheiro vivo por familiares do presidente, o que tornaria risível a exaltação ao Pix, que foi concebido na gestão Temer, e caiu por terra quando Bozo fez seus apoiadores puxarem um coro de “imbroxável” ao lado da esposa... A partir daí, a prioridade era reforçar a busca pelo voto feminino, fazendo das falas de mulheres o eixo dos programas temáticos, outra lacuna a ser preenchida no horário eleitoral, seja falando de agronegócio ou de transportes (a segurança ficou para o vice, general Braga Neto e na educação, o Graphogame apareceu como substituto do Pix...), aumentando ainda o tempo dado a primeira-dama e também levando elas a verbalizarem as críticas ao PT... Sem esboçar reação nas pesquisas, a propaganda do PL voltou a bolha, enumerando as realizações que só ela dá crédito, mesmo que seja a retirada de 6.000 radares das rodovias federais ou o retorno das ferrovias, e batendo pesado no Luis Inácio, associando-o ostensivamente a corrupção (algo que já vinha sendo colocado nas entrelinhas,  vide associação com ladrões de celular...), dando espaço a delações descartadas e condenações anuladas, tudo para evitar a dispersão de seu gado, quer dizer, de seu eleitorado mais fiel, impedindo que parte dele não comparecesse às urnas, quem mandou ficar criticando o voto eletrônico, digo... E esse eleitor, marcado com os recursos do orçamento secreto, não escapou do curral (eleitoral...), dando fôlego ao presidente para chegar ao segundo turno...













PIOR CAMPANHA PARA PRESIDENTE – Soraya Thronicke (UB) e Padre Kelmon (PTB)
































A senadora Soraya Thronicke, sul-matogorssense de Dourados, deu mais ênfase ao discurso de “terceira via”, num tom bem mais raivoso que o da rival direta, alis, incentivada pelo desempenho no debate na Band em agosto e no êxito da versão global da novela "Pantanal", a propaganda eleitoral da candidata começou a mostrar imagens de onças e arranhões de garras na tela... No que dizia respeito a propostas, possuía uma única vantagem sobre Simone Tebet, o projeto de “um imposto só”, que rendeu um jingle o qual, literalmente, é um samba de uma nota só – “Soraya 1 imposto só, Pro Brasil ficar melhor, A mulher chegou agora e já tem a solução, Sem imposto na comida, Mais dinheiro pro povão” - mesmo sendo uma bandeira histórica do candidato a vice, o economista Marcos Cintra, que em outras épocas defendia o imposto único posando ao lado de um leão no horário eleitoral... Ops!!!...  No entanto, a proposta virou problema, a começar por ser a única, e também por ser uma mal-disfarçada reedição da CPMF, além da questão dos cortes de impostos serem pouco eficazes na redução de preços no Brasil, que o programa tentou disfarçar incluindo no pacote a isenção de imposto de renda e do pagamento ao INSS para quem ganha menos de 5 mil reais por mês,  porém a candidata, para defender a ideia, optou por criticar os programas de renda mínima propostos pelos adversários, algo que nem o presidente abriu mão... A insistência em “fazer a braba” o tempo todo também comprometeu a campanha, especialmente quando o discurso do “imbroxável” levou a comparações desfavoráveis com o Bozo, e Soraya, lançada por um partido que é a fusão do PSL que elegeu o presidente em 2017 com o Demo, a União Brasil, respondeu continuando a falar grosso, porém com aquele ar de quem pisca para o lado, no caso, para a “bolha” bozista, apesar de garantir que a governabilidade não era problema, pois estava no que dizia ser o maior partido do país, para fazer o certo e o certo... O resultado é que enquanto Simone Tebet começou a disputar o terceiro lugar com Ciro Gomes, Soraya estacionou nas pesquisas, quase na mesma proporção que o próprio Ciro e Bozo, também adeptos de uma retórica enfurecida, mas que cansou parte do eleitorado diante dos acontecimentos dos últimos anos... E o eleitorado mais afeito a esse tipo de discurso não saiu da bolha bozista, fazendo Soraya ter uma votação muito abaixo de sua concorrente direta, de Ciro Gomes, e pouco superior a de outro pretendente da vaga de terceira via, o candidato do NOVO... A candidata do União Brasil ficou em quinto lugar na eleição presidencial, com 600.955 votos (0,51%), um pouquinho a frente de Felipe D’Ávila e seu programa sobre nada, com 559.708 votos (0,47%)...

Padre Kelmon era o vice de Roberto Jefferson, impedido de se candidatar pela justiça, e que assumiu a cabeça da chapa do PTB, tendo a companhia do Pastor Galmonal como vice, ambos os dois estreando no horário eleitoral dez dias depois de seu início, salientando uma inédita união entre católicos e evangélicos... Logo em seguida, a dupla passeou pelas manifestações pró-governo de 7 de setembro e Kelmon veio com um discurso onde alertava para os riscos do Brasil se tornar uma Nicarágua ou uma Venezuela, que costuma convencer aqueles que não sabem diferenciar Daniel Ortega e Ivo Holanda... Depois, os candidatos e presidente e vice andaram por uma fila de pessoas com os olhos tampados, alertando para os riscos da destruição das famílias... Resumindo, um pacote completo do discurso de extrema-direita, não muito diferente da retórica agressiva do presidente, uma campanha vista como “linha auxiliar” do Bozo por uns e “comedy-relief” por muitos outros, mas aí a culpa não é do horário eleitoral, mas de quem deixou Kelmon participar dos debates no SBT e na Globo, onde Soraya Thornickle, antes de ser identificada com ele, não perdeu a piada e o chamou de “padre de festa junina”... A propaganda eleitoral do candidato do PTB pouco acrescentou no geral, servindo mais como munição para os críticos do tempo de antena, apesar do candidato presidencial do NOVO, Luiz Felipe D’Ávila, que também passou quase em brancas nuvens no horário eleitoral, ter preferido tentar ser a terceira via na marra, como os candidatos do PDT e da UB, com a desvantagem de não ter feito nenhuma proposta a campanha toda, confiando apenas na própria brabeza... Que garantiu uma boa dianteira... Em relação a Kelmon e os presidenciáveis que não apareciam no horário eleitoral... Deve ser por isso que o partido não pede mais o fim da propaganda partidária, digo... Quanto a Kelmon, foi o candidato que aparecia no horário eleitoral menos votado, em sétimo lugar, com 81.129 votos (0,07%), não muito mais que os esquecidos da propaganda partidária, Léo Péricles, da Unidade Popular, com 53.519 votos (0,05%), Sofia Manzano, do PCB, com 45.620 votos (0,04%), Vera Lúcia, do PSTU, com 25.625 votos (0,02%) e Constituinte Eymael, da Democracia Cristã, com 16.604 votos (0,01%)...
















MELHOR CAMPANHA PARA GOVERNADOR – Rodrigo Garcia (PSDB)  


























Por estar no cargo há apenas cinco meses, candidato quase que por acaso, pois João Dória, o governador eleito em 2018, renunciou ao cargo para tentar ser candidato a presidente, e sem espaço no PSDB, não conseguiu a indicação e nem pode voltar ao governo do Estado, Rodrigo Garcia apresentou-se no começo do horário eleitoral como “o novo governador de São Paulo”, uma tentativa equivocada e pouco original (Márcio França usou o mesmo mote em 2018...) de resolver o mesmo problema que afligia o saudoso Bruno Covas em 2020, o fato de ser o vice desconhecido de João Dória...  Em parte, seguiu o exemplo do antecessor de Ricardo Nunes na prefeitura de São Paulo e fez Doria sumir de sua campanha, mas sem a história de vida do neto de Mário Covas, procurou se fazer conhecido pelas raízes interioranas, vide Fusquinha, mesmo que o uso do carro de estimação fosse um presságio de que a candidatura não aceleraria nas pesquisas de intenção de voto... Isso para o eleitor mais experiente, aos mais jovens,  recomendou uma busca no Google ©,  sem medo do "merchan" ou de encontrarem o jingle "Federal é Kassab,  Estadual é Rodrigo" e até os vínculos com Dória... Também colocou no ar frases de efeito ditas em podcasts para posicionar sua campanha como de "terceira via" entre os candidatos do PT e do Republicanos, o que resultou até na veiculação, por algum tempo, do slogan “Aqui Não”, uma releitura do incompreendido “Ele Não” das esquerdas em 2018...  Alis, a campanha ficou tão fascinada com os podcasts que criou um para ser apresentado no horário eleitoral pelo candidato, o "SP pra Frente", com edições temáticas sobre educação, saúde e segurança pública, entre outros temas, com especialistas nas respectivas áreas...  Que rejuvenesceu a estratégia cara a Geraldo Alckmin de ficar enfileirando números de realizações do governo por horas a fio, como 50 bilhões de investimentos em obras, 11.500 quilômetros de estradas vicinais, 8.000 obras em andamento, mutirão de 530 mil cirurgias, etc, etc, etc...  O “SP pra Frente” também deu um "upgrade" nos projetos utópicos de típicos de outras campanhas tucanas, casos do Cartão Bom Prato de 300 reais, “Dinheiro de Volta” – uma mal explicada restituição de impostos a população mais pobre – Hospital Dia nas AMEs, MEDIOTEC, colocar um milhão de alunos no ensino integral, e por aí vai, tudo para disputar o eleitor jovem e mais acostumado a tecnologia com Haddad, quem sabe até arranhando a bolha de Tarcísio nas redes... E que na verdade continuaram conectadas aos dois concorrentes, mesmo com a “campanha negativa” nas inserções durante a programação, e que canibalizaram o espaço do candidato ao Senado da coligação, Edson Aparecido, apesar do formato de “podcast” ter sido copiado sem a menor cerimônia pelo candidato ao Senado pelo PSB, Márcio França, com o “Papo França”, que reuniu ele, o candidato a governador do PT, Fernando Haddad, e o vice do Luis Inácio, Geraldo Alckmin, junto com suas esposas... O jeito foi Rodrigo trocar o fusquinha pelo ônibus Caio Apache Vip IV do “Governo na Área”, reedição do “Governo Itinerante” de Paulo Maluf em seu mandato como governador, e correr atrás das bases interioranas, com programa temático sobre agronegócio e tudo, evocando o apoio de 500 prefeitos e contando com o impulso da grande coligação partidária tão essencial em outras vitórias tucanas, mas que nessa vez não socorreram o PSDB, que deixará o governo paulista após 28 anos no poder, entre outras razões, porque Tarcísio de Freitas fez a lição de casa no que diz respeito ao interior... Sendo que Rodrigo acabou em terceiro lugar no pleito, com 4.296.293 votos (18,40%), bem distante dos 9.881.995 votos (42,32%) de Tarcísio de Freitas e dos 8.837.139 votos (35,70%) de Fernando Haddad, que farão o segundo turno em São Paulo...

Tarcisio de Freitas, do Republicanos, veio com uma campanha esteticamente bem feita, contando com algo raro nas campanhas televisivas atuais, dois jingles, um que parecia a versão do comercial natalino do Shopping Center Norte – “Já trabalhei nesse Brasil de sul a norte, Construí, transformei, levei água, dei transporte, Vivi por todo esse país de gente forte, Graças a Deus de muitos mudei a sorte” – e outro a versão da música “Me leva”, de Latino,  feita pelo próprio – “Tarcísio me leva, Me leva que eu te quero me leva, Me leva que o futuro nos espera, Tarcísio é 10 e com ele eu vou” -  que no início da campanha aparecia com uma animação do candidato em estilo Minecraft,  um aceno ao público infantil,  que não vota porém influência nas escolhas dos adultos, e a própria campanha presidencial tentou isso logo após o 7 de setembro...  Uma exceção em uma campanha que começou falando para sua própria bolha, acreditando ser grande o bastante para levar ele ao governo do Estado, e que já sabe de sua fidelidade ao presidente e suas alegadas realizações como ministro da Infraestrutura, sem se preocupar em contornar questões como o fato do candidato não ser paulista, levando a gafes como dizer, “o que fizemos na Dutra vamos fazer em São Paulo” e o próprio jingle "Me Leva" acabava expondo esse problema... O discurso do candidato era tecnocrático, “eu sou engenheiro, mão na massa” e de ordem, na linha do doutor Paulo Maluf, lado a lado com o apelo excessivo ao Auxílio Brasil, que já não funcionou em 2020, embora nesse caso dê para culpar Celso Russomanno, que sempre derrete na reta final, e a questionável recuperação econômica do país... Após o “imbroxável” do Bozo, constatada a falta de resultado na exploração do 7 de setembro pela via do patriotismo de camisa da CBF para toda a família, a campanha do Republicanos tentou resolver seus problemas e o do presidente colocando SP no nome de todos os seus programas, inclusive o SP Mulher, não faltando nem uma visita a favela muito parecida com a de Russomanno em 2020... Nos últimos dias, houve o retorno a bolha (algo que também ocorreu nacionalmente, patrocinado pelo Orçamento Secreto...), com a volta do discurso “técnico”, ajudado por um anúncio em que supostamente está reunido com seus assessores, e reiteradas manifestações de fidelidade bovina, quer dizer, canina, ao presidente, o suficiente para obter nas urnas uma liderança que não apresentava nas pesquisas, junto com o fato de ter acreditado na capilaridade do Republicanos no Estado,  que ocupou cargos estratégicos para a articulação com os municípios nas gestões de Geraldo Alckmin,  e a despeito do eterno derretimento de Celso Russomanno na capital,  administra cidades importantes do interior,  como Campinas e Sorocaba...

A campanha de Fernando Haddad contou com o impulso inicial da frente de esquerda em torno de sua candidatura e trabalhou forte os seus vínculos com o Luís Inácio, o que dada a evolução das pesquisas, permitiu manter uma posição confortável na disputa, embora tenha se revelado insuficiente nas urnas... O programa do candidato do PT sustentou-se no tripé de apresenta-lo como candidato da "mudança segura", mote que, com algumas variações, tem usado desde 2012, o "recall" de suas realizações, mais como ministro da Educação do que como prefeito de São Paulo,  com ênfase no Prouni, ou seja, um aceno ao eleitorado jovem que tem se afastado do antipetismo, e propostas entre o factível e o mirabolante, seguindo o modelo de programas temáticos com depoimentos de pessoas do povo... Assim, tivemos na propaganda eleitoral o Bilhete Único Metropolitano, Bom Prato Dia e Noite, Círculos de Segurança, imposto zero para cesta básica e carne, Institutos Estaduais, os programas Braço Amigo, Força pela Paz e Oportunidade Já, além  do Salário Mínimo Paulista de 1.580 reais, um pouco mais do que o valor proposto pelo PCO... em 1998!!!... Para atrair o eleitorado do interior, sempre um “calcanhar-de-aquiles” das campanhas petistas no Estado, pelas três décadas de fidelidade ao PSDB, além dos vários depoimentos de Geraldo Alckmin, tivemos propostas específicas como CEUs SP, 70 Hospitais Dia, Programa SP Irrigado, SAMU em todas as cidades, porém, como demonstrou o resultado da eleição, o problema continua, agora mais a direita, e o segundo turno está aí...

Cabe aqui uma menção honrosa a campanha de Elvis César, do PDT, que poderia ser melhor,  falta de recursos não é desculpa, hoje em dia a tecnologia de CGI é acessível a ponto de ser possível colocar um fundo melhor do que o azul do estúdio... A abordagem dos problemas do Estado era até criativa, o bebê falante comentando da falta de creches nem tanto, porém as propostas eram pouco originais e muito anacrônicas, vide “Programa Emprego Já”, “Programa Força da Mulher” – mais um pretexto para a candidata a vice falar, não repetindo um equívoco da campanha de Ciro Gomes – “Programa São Paulo Tec” e a revisão dos pedágios – Maluf prometia isso em 1998!!! -  todas elas anunciadas pelo candidato num tom de comercial de loja de eletrodomésticos, casos de quando falou do desconto de 50% do IPVA para motociclistas ou repetiu o plano de Ciro de oferecer smartphones em 36 vezes sem juros ... Mas o pior de tudo foi a dancinha,  realizada no centro histórico de Santana do Parnaíba,  cidade da Grande São Paulo onde foi prefeito e cuja gestão era sempre citada como exemplo de sua própria eficiência, local facilmente reconhecível por ser uma habitual locação das Câmeras Escondidas do "Programa Silvio Santos",  o maior problema é que nos momentos mais trágicos da história brasileira nos últimos dez anos, sempre há uma dancinha envolvida, afora que com esse nome, o candidato deveria ter feito uma campanha muito mais “rock and roll”, digo...













PIOR CAMPANHA PARA GOVERNADOR – Vinícius Poit (Novo)
















O Novo é o "upgrade"  do Prona, onde praticamente todos os candidatos imitavam o jeito de falar do saudoso Enéas Carneiro,  no caso do Novo eles repetem o tempo todo que não usam dinheiro público na campanha ou, quando são detentores de mandatos,  sempre os há,  por algum motivo, abrem mão dos "extras" da remuneração parlamentar, a diferença fundamental é que o Prona deve sua existência e expansão a uma regulamentação mais inclusiva da propaganda eleitoral,  o Novo é simplesmente contra a existência do  horário eleitoral... A lembrança do Prona veio com a propaganda eleitoral de Poit,  em que o discurso habitual do partido é oferecido com um tom de voz acima do normal e um olhar neurótico... Então é por isso que os melhores momentos da campanha são quando o candidato não aparece,  em especial nas poucas vezes em que deram voz a candidata a vice,  pena que para cutucar os concorrentes... Outra boa sacada foi trazer a vaca inflável da campanha de rua, reforçando a ideia de que o partido se sustenta com as contribuições de seus filiados, certo, em alguns casos elas são melhor representadas por um rebanho inteiro,  mas, enfim, aonde a vaca vai, o boi vai atrás... Ops!!!... Assim, o candidato do Novo ficou em quarto lugar na disputa para o governo do Estado de São Paulo, com 388.974 votos (1,67%), na frente de Elvis Cezar, que recebeu 281.712 votos (1,12%) – nós avisamos que a campanha podia ser melhor – e dos candidatos sem tempo de antena, Carol Vigliar, da Unidade Popular, com 88.767 votos (0,38%), Gabriel Colombo, do PCB, com 46.727 votos (0,20%), Altino, do PSTU, com 14.859 votos (0,06%), Antonio Jorge, da Democracia Cristã, com 10.778 votos (0,05%) e Edson Dorta, do PCO, com 5.305 votos (0,02%) – sendo que o partido do “quem bate cartão não vota em patrão”, apoiou o Luis Inácio na disputa presidencial...













MELHOR CAMPANHA PARA SENADOR – Ricardo Mellão (NOVO)
















Num ano de campanhas fracas para o Senado,  com o perdão do chiste, o candidato do NOVO, rasgando a cartilha do próprio partido, fez do melão uma omelete... Com pouco tempo de TV e  recursos,  basicamente contando com a própria voz, conseguiu fazer uma campanha propositiva – dar andamento a projetos parados, buscar redução de impostos, fiscalizar o STF -  bem diferente dos companheiros de partido,  que se mantém no "loop" da recusa do financiamento público de campanha e da renúncia a verbas de gabinete nos mandatos, posicionando-se no limite entre a indignação e a irreverência, mencionando que é Mellão com dois, L, pedindo que o vasculhem na internet, e dizendo que o Senado não é lugar para bananas, um estilo diferente do pai, o Mestre João Mellão Netto,  melãozinho pistola a parte,  porém é preciso lembrar que o Mellão pai foi assessor e secretário de Jânio Quadros,  um Mestre da retórica, o único senão da campanha é o uso de cinza e preto como fundo em alguns programas, não que o laranja do NOVO ajude muito, mas, enfim... Ele ficou em quinto lugar na disputa pela vaga paulista no senado, com 311.321 votos (1,44%), atrás de Janaína Paschoal, do PRTB – a própria -  que sequer aparecia no horário eleitoral e conseguiu 447.550 votos (2,07%), longe demais do vencedor Marcos Pontes, com 10.714.913 votos (49,68%), do segundo colocado Márcio França, com7.822.518 votos (36,27%) e até de Edson Aparecido, do MDB, com 1.655.224 votos (7,67%)...













PIOR CAMPANHA PARA SENADOR – Aldo Rebelo (PDT)
















Quando fazia parte do PC do B, antes de ser ministro, Aldo Rebelo era adepto da comunicação direta com o eleitor, uma conversa indignada no melhor estilo de José Maria de Almeida, que foi candidato a presidência pelo PSTU... Depois de sair do governo e mudar de partido, tornando-se um ferrenho nacionalista, o diálogo continua, porém o ruído aumentou, num dia, falava de Ayrton Senna, no outro do Edson (OG), depois da Amazônia, mas com foco em exigir prestação de contas de ONGs estrangeiras e não no desmatamento e nas queimadas... Tinha um jingle bonito, “Minha terra prometida, São Paulo meu amor, Terra de tanta esperança, Merece Aldo senador, Aldo Rebelo é o meu senador”, mas com final pouco inspirado, “1, 2, 3, é com Aldo que eu vou”, e que por uma infeliz coincidência, também era o “slogan” da campanha...  O chapéu Panamá tentava lhe dar um ar estiloso, como o do ex-senador gaúcho Paulo Brossard, que hoje em dia ninguém conhece e acabaria confundindo com algum personagem do Jô Soares, e uma aura respeitável, mas de grande fazendeiro, não de pequeno roceiro... Em resumo,  uma campanha que foi do nada a lugar nenhum, em que as maiores mudanças foram os dias em que Aldo não usou chapéu, ou para lembrar do bicentenário da independência, colocou um agasalho do Time Brasil e pôs um boné para falar na região do Ipiranga, em termos de uniformes o eleitor ainda prefere a camisa da CBF... Aldo foi apenas o sétimo colocado na eleição para o Senado, com 230.833 votos (1,07%), atrás de duas candidatas excluídas do horário eleitoral, Janaína Paschoal e Vivian Mendes, da Unidade Popular, que recebeu 280.460 votos (1,30%), que coisa, não... Professor Tito Bellini, do PCB, obteve 59.449 votos (0,28%), Doutor Azkoul, da Democracia Cristã teve 19.337 votos (0,28%), Mancha Coletivo Socialista, do PSTU, recebeu 14.958 votos (0,07%) e Antônio Carlos, do PCO, 13.280 votos (0,06%), embora sua candidatura conste como “anulado sub judice”...

O candidato do PL, Marcos Pontes, começou fazendo uma campanha sobre si mesmo,  investindo no próprio carisma, a partir da evocação constante de sua história de vida – no caso do jingle, abusando das rimas, “Menino pobre do interior que sonhava em ser alguém com futuro promissor, desde cedo com os livros na mão, entendeu que estudar era a melhor solução, seu sonho foi realizado, se tornou piloto dedicado, ganhou o céu com estudo e coração, foi para o espaço com a bandeira na não”, Jooji Hato, corre aqui - e da construção da imagem de um sujeito “boa praça”, trabalhando forte na vinculação ao presidente e de sua trajetória como  astronauta ao patriotismo de camisa da CBF e, por algum motivo, colocando em segundo plano as realizações como ministro... Alis, o candidato também esteve sujeito às oscilações do bozismo na campanha, depois de um início viajando dentro da bolha, quando o presidente começou a sentir as repercussões da fala do “imbroxável”, ele tentou ser propositivo, de ampulheta na mão para não ser “palestrinha”, falando de educação, saúde, ciência e tecnologia, nessa ordem, porém com ideias não tão avançadas, como um projeto de Escolas Distritais que é mera reinvenção do SENAI, sem mostrar como isso levaria o Brasil a ter, por exemplo, outros astronautas além do primeiro... Na reta final, com o presidente patinando nas pesquisas, a campanha do PL resolveu torcer para um “sprint” final como o que deu a vitória ao saudoso bozista José Olímpio em 2018, voltando a fase da bolha (fazendo vista grossa às críticas do presidente ao processo eleitoral e mobilizando a base bozista para votar...), e recorrendo a força do hábito do eleitor, que normalmente escolhe o candidato ao Senado em cima da hora, pedindo por buscas no Google que associassem os concorrentes a corrupção... A aposta no pragmatismo deu certo, também graças a soberba com que o principal adversário conduziu sua campanha...

Márcio França começou a campanha para o Senado numa posição privilegiada, fruto do acordo entre os partidos de esquerda, que o liberou de disputar os votos para o governo estadual com Haddad, e além do mais, os concorrentes no campo progressista (PCB, PCO, PSTU e UP) ficaram de fora do horário eleitoral, e a direita havia uma ausência de peso, Janaína Paschoal, do PRTB... No entanto, tudo isso fez o ex-governador realizar uma campanha acomodada, o slogan era pouco original – “o senador de todos os paulistas” – o jingle começava bem, em ritmo de rap, “Pro nosso estado voltar a crescer em paz, É preciso ter alguém experiente, Que nos represente no Senado, Pois Márcio França já provou que é capaz, Meu Senador é 400, Com Haddad,  Lúcia, Luis Inácio e Geraldo”, mas quando caía no sertanejo universitário, descambava para as rimas forçadas que são quase uma marca registrada do candidato, “Da balconista,  da lojista e da ciclista, Márcio França 400, O Senador de todos os paulistas, Do economista,  do estudante à diarista, Márcio França 400, O Senador de todos os paulistas”... No horário eleitoral, as propostas deram lugar a falas aborrecidamente didáticas sobre a função dos senadores e a um apelo recorrente a experiência do próprio candidato para resolver crises, confiante em seu perfil de “raposa felpuda”, embora gerando uma contradição ao falar em paz e usar seu espaço para ataques aos concorrentes, voltando a dar vigorosas cutucadas em João Dória... Os projetos apareciam sem muita criatividade, apenas para não passar batido diante da concorrência, como o reajuste da tabela do SUS e o ensino técnico profissionalizante, num contraste com a “loja de apps” da campanha de 2020 para a prefeitura de São Paulo... Assim, o eleitor, entre um político matreiro e um astronauta boa-praça, optou por Marcos Pontes...

Edson Aparecido, o candidato do MDB, apesar do apoio do governador Rodrigo Garcia, enfrentou as maiores dificuldades na largada, era menos conhecido que seus principais adversários e visivelmente ocupou o lugar que nomes mais experientes, como José Aníbal e José Serra, que não tentou a reeleição mas se candidatou a deputado federal, não quiseram estar.... Porém, com mais tempo e recursos, lutou como pode, trouxe um jingle afinado,  sem rimas fáceis, porém menos tocado do que poderia – “O senador de São Paulo tem de ser respeitado, Tem de ser independente, Manda o Edson pra lá, Lá em Brasília pra São Paulo brilhar” -  colocou Zé, o próprio cachorro, para falar de questões tributárias e concentrou suas propostas na área da saúde  porém perdeu tempo fazendo ataques em nome do candidato a governador, direcionados aos seus adversários, e havendo tempo, aos dele... Críticas às vezes válidas, como lembrar as críticas de Geraldo Alckmin e Márcio França ao PT, ou recordar que Marcos Pontes foi filiado ao PSB, porém nem sempre consistentes, como mostrar uma foto de Tarcísio de Freitas com a camisa do Menguinho, ou chamar as ideias de Marcos Pontes de “lunáticas”, sem alusões aos presentes, nem mesmo insistir no mote do “Senador da Saúde”, lembrando das ações de combate a covid com Bruno Covas, ou fazer de Zé o protagonista de um programa temático sobre proteção animal (que serviu mais para dar uma forcinha ao ramo tucano da família Tripoli...) fizeram a candidatura reagir nas pesquisas, o que trouxe prejuízos também para Rodrigo Garcia...













MELHOR CAMPANHA PARA DEPUTADO FEDERAL – Coligação “São Paulo pra Frente”
















A obsessão da campanha de Rodrigo Garcia em tentar estabelecer um diálogo com o eleitorado jovem por meio da tecnologia levou a uma solução criativa para um velho problema da propaganda eleitoral, que é a participação nas inserções dos candidatos a deputado federal de postulantes a outros cargos e também de pessoas que nem estão disputando as eleições... Assim, o governador introduzia o programa dos partidos coligados como se fosse fazer uma chamada no celular para eles, e uma vez que as agremiações adotavam o mesmo visual, um “cubo mágico” da bandeira de São Paulo em tons pasteis de azul e verde, o candidato a governador mandava mensagens específicas para cada partido, que também se revezavam conforme os programas...  Por exemplo, “Nada de mudar sua ideologia, vamos melhorar a sua vida, conheça os nossos candidatos e candidatas”, “A união faz a força, bora eleger as nossas deputadas?”, “O caminho do nosso Estado é pra frente. Vote em quem ama São Paulo”, “Conheça nosso time de candidatos”... Claro que nem tudo foi amor, entre a coligação que apoiou Garcia, o MDB não usou as mensagens, substituídas pelo pronunciamento de Baleia Rossi, presidente do partido e candidato a deputado federal, em compensação, era o único que colocava na tela o apoio a Simone Tebet para presidente... Apenas a frente formada por PSDB e Cidadania usava os recados do governador diariamente, no caso do Podemos e Avante ele era eventual, e no do Progressistas, ele se revezava com as palavras de Maurício Neves, outro presidente de partido candidato à Câmara, alis, alguns dos concorrentes do partido sequer exibiam na tela os nomes de Rodrigo e Edson Aparecido, apoiadores que eram do Bozo e de Tarcísio de Freitas, Coronel Telhada, corre aqui, dando a peça com Rodrigo o “status” de uma figurinha brilhante da Copa, difícil de encontrar... Também era um pouco estranho ouvir Garcia falar para deixar a ideologia de lado e ver em seguida os candidatos da União Brasil ligados ao MBL, declaradamente antipetistas, porém uma inovação na propaganda eleitoral para deputado é sempre bem-vinda, ainda mais respeitando o espaço dos candidatos ao cargo... Apurados os votos, a federação PSDB-Cidadania elegeu cinco deputados federais, três  tucanos, enquanto a União Brasil elegeu seis e o Podemos três... Dos partidos que dispensavam a vinheta com Rodrigo Garcia, o MDB fez cinco deputados e o PP quatro – um deles, Maurício Neves, que apresentou a grande maioria das inserções do partido...














PIOR CAMPANHA PARA DEPUTADO FEDERAL – PROS





















O PROS começou a campanha com um cenário bonito, tendo a bandeira de São Paulo tremulando ao fundo, mas com um problema técnico recorrente, a fala dos candidatos se sobrepunha a audiodescrição dos mesmos, produzindo um vozerio incompreensível para o público... Além disso, aparecia na tela a imagem dos candidatos a presidente e vice do partido, Pablo Marçal e Fátima Aparecida dos Santos, cujas candidaturas tinham sido retiradas pelo próprio PROS em 15 de agosto, em favor do apoio a candidatura do Luís Inácio... Marçal insistiu em aparecer pessoalmente no programa do partido até o TSE indeferir sua candidatura, em 6 de setembro, quando a campanha tinha adotado um novo cenário, muito pior que o anterior, um fundo branco com alguns retângulos roxos para tentar quebrar a monotonia... Com o presidenciável convertido em candidato a deputado federal, mandando ver um “para, para, para!!!” no melhor estilo João Kleber, o PROS acabou aderindo a fórmula do “slideshow de candidatos”, em alguns casos, apenas exibindo suas fotos em sequência, ao som de uma peça de música erudita, sem ao menos uma narração do nome e do número, uma forma meio mesquinha de economizar com o intérprete de Libras... A teimosia de Marçal acabou premiada com sua eleição para a Câmara por média, ao obter 243.037 votos, superadas as contestações na Justiça, com a primeira suplência ficando para Doutora Nise Yamaguchi, a própria, que teve 36.690 votos...














MELHOR CAMPANHA PARA DEPUTADO ESTADUAL – PSD e PSOL







































Nosso critério para avaliar campanhas proporcionais, consolidado ao longo de 18 anos de premiação, é bastante simples, os candidatos precisam ter vez e voz, com variedade de nomes, seja mantendo um visual padronizado ou dando liberdade aos concorrentes fazerem as inserções como quiserem, independente de posicionamento ideológico... Dessa forma, entre os partidos que adotaram um visual padronizado, o PSD adotou um esquema eficiente, fundo branco, nome e número do candidato a esquerda, rosto a esquerda, e mesmo dando a eles tempo para se pronunciar, indo além do nome e número, o partido conseguia mostrar dois a três candidatos diferentes por dia, sempre encerrando com a imagem do candidato a governador apoiado pelo partido, Tarcísio de Freitas... Alis, sua coligação não padronizou o visual, cada agremiação teve o seu, o PR veio com um cenário virtual bem elaborado, mas que fazia a imagem do presidente e de Marcos Pontes “brigar” com os candidatos, sem contar o privilégio dado a candidatos ligados ao setor de segurança nas aparições televisivas, inclusive de quem abriu mão do visual padronizado, como Kátia Sastre, deputada federal e candidata a reeleição, que preferiu repetir de forma ilegal a execução de um criminoso que a tornou conhecida em 2018 - ajudando na sua eleição para a Câmara, o que não se repetiu este ano - com poucas exceções, principalmente na campanha para deputado federal, como o pastor Paulo Freire Costa, o advogado do presidente, Frederick Wassef (o homem que escondeu Fabrício Queiroz, o próprio, candidato no Rio de Janeiro...), Carla Zambelli e... Tiririca, que teve de ceder o número 2222 a Eduardo Bozo, fato que não deixou de ironizar em suas inserções numa balada e imitando Roberto Carlos discutindo com a plateia... A mudança de foco foi tanta que Tiririca, antigamente um puxador de votos para o PL, foi o último eleito do partido, e por média... O Republicanos veio novamente com o fundo meio branco, meio azul, de outras eleições, colocando os candidatos a direita da imagem de Tarcísio dentro de um mapa estilizado de São Paulo e fechando ora com a fala do candidato a governador, ora com a de Celso Russomanno, candidato a deputado federal... Conforme visto anteriormente, o PSD optou pelo branco, numa abordagem mais minimalista, que agradou os candidatos, tanto que poucos fugiram do esquema, caso de Marco Bertaiolli e seu “jingle” sofrível, e o PSC, bem, o partido do peixinho também foi premiado, mas isso não é uma boa notícia... Assim, o PSD conseguiu colocar quatro deputados na Assembleia – entre eles o Mestraço Rafael Silva – muito menos que os 19 eleitos do PL e os 8 do Republicanos – uma lista que vai de Edna Macedo a Vitão do Cachorrão – porém muito mais que os dois do PSC, o qual, insistimos, não foi muito feliz em sua campanha...

Quando o PSOL anunciou que formaria uma federação partidária com o PT, houve um receio de que a união tirasse da campanha do partido a criatividade e a identidade visual singular, o que felizmente não aconteceu... Houve espaço para todos os candidatos se pronunciarem, tanto no formato padronizado, com fundo amarelo, quanto em inserções personalizadas, algo particularmente benéfico no caso das candidaturas coletivas, que ficam muito engessadas no esquema tradicional... Entre os outros partidos que apoiaram o Luis Inácio e Haddad, o PC do B, com um cenário decorado por plantas, deu espaço a toda a chapa proporcional, ainda que muitas vezes dividindo espaço com a dobradinha Orlando Silva Júnior e Leci Brandão, candidatos a Câmara e a Assembleia Legislativa... O PV começou com cenário branco, com o candidato a esquerda de um coração formado por mãos entrelaçadas e acima do nome e número, não muito legíveis, porém no conjunto o visual era bonito, mais do que o cenário que o substituiu, um fundo verde chapado, com os candidatos tendo que dividir o tempo com três dirigentes do partido, Marcos Belizário, José Luis Penna, o próprio, e Roberto Tripoli, interressado em ajudar a candidatura coletiva que apoiava, o Mandato Animal... O PSOL, em federação com a REDE, elegeu seis deputados – a reeleita Marina Helou representa a REDE – enquanto o PC do B, federado ao PT e ao PV, reelegeu Leci Brandão, a única dos 18 eleitos que não pertence ao PT, digo... 














PIOR CAMPANHA PARA DEPUTADO ESTADUAL – PSC
















A propaganda eleitoral do PSC costuma ser reconhecida facilmente por sempre adotar uma identidade própria, entretanto nesta campanha o verde característico do partido foi mal utilizado no cenário de fundo dos programas, criando um visual que somado a inserção dos candidatos em tamanho muito reduzido, dava a impressão de que havia uma cédula de dinheiro focalizada pela câmera... O uso de verde inspirou a adoção de uma solução vinda diretamente do WhatsApp ©, as falas dos candidatos em velocidade 2.0, o que permitia apresentar três candidatos diferentes falando por dia, mas sacrificando a compreensão do público... Para contornar isso, o partido reeditou os programas, fazendo eles aparecem dizendo apenas o nome e o número, revelando os cortes ao manter a legenda com o restante das falas, e faltou muito pouco para o PSC recair no “slideshow de candidatos”, ao que os dois eleitos do partido, Helinho Zanatta e Doutor Elton, agradecem... 

Tão ruim quanto partido que não mostra os candidatos a deputado, NOVO, corre aqui, é aquele que enfileira seus postulantes a Câmera e a Assembleia numa sequência de fotos, tal como uma exibição de “slides”, sem que tenham direito ao menos de dizer nome e número... Este ano, os principais adeptos dessa prática desaconselhável foram o Solidariedade, este com a agravante de condenar ao “slideshow” principalmente as candidatas mulheres, uma tentativa infame de mostrar que cumpre a cota de 50%... O PTB também lançou mão do expediente, especialmente antes da candidatura presidencial de Roberto Jefferson ser indeferida, em 1º de setembro, uma vitória para o grupo de Eduardo Cunha, apoiador do Bozo, antes disso, a disputa com o pessoal de Jefferson tirava espaço dos outros candidatos, e para disfarçar, cada concorrente “silenciado” aparecia com duas fotos diferentes... Então é por isso que o PTB não teve votos suficientes para eleger um único deputado federal ou estadual... MDB e PDT começaram a campanha mostrando um número pequeno de concorrentes... Para deputado federal, o MDB vinha sempre com Promotora Gabriela Manssur, Simone Marquetto (“Santo dia!!!”), Janaína Lima (Aqui tem coragem!!!), Delegado Palumbo, Fábio Teruel, Enrico Misasi, Alberto Mourão, João Cury, Taka Yamauchi, e para estadual, entravam no “loop” Itamar Borges, Jacqueline Coutinho, Maria do Carmo, Caruso, Leo Oliveira, George Hato, Cássio Navarro e Diego Del Rio... Na reta final, ambas as duas legendas começaram com o “carrossel de candidatos”, o PDT ainda alternava com alguns falantes e permitia que eles se movimentassem enquanto o locutor lia seus nomes e números, ainda assim conseguiu colocar 14 candidatos distintos em cada inserção, inclusive um certo Tarcísio A Voz dos Nordestinos que simplesmente não falava, ao mesmo tempo, Gilvandro movimentava-se, enquanto seu nome e número era narrado, como se fosse Silvio Santos (!!!), mas o MDB metia o piseiro da campanha de Simone Tebet e trabalhava forte em sequências de até 18 candidatos diferentes, que baixaria, meu... Na Assembleia, o MDB terá quatro deputados estaduais, três deles do “loop”  - Itamar Borges, Caruso e Léo Oliveira – e o PDT apenas um, Márcio Nakashima, um dos campeões do tempo de tela em seu partido, bem como seu suplente imediato, Cézar, pai do candidato a governador da legenda, Elvis Cézar...














MELHOR SLOGAN – “Um, Dois, Feijão com Arroz, Comida Boa no Prato” (Neudes, PDT)
















Em campanhas eleitorais, muitas vezes o melhor a se servir para o público votante é o feijão com arroz, mais ainda quando a questão da fome volta perigosamente a pauta de discussões, e Neudes Ribeiro de Carvalho, candidata a deputada estadual pelo PDT, representando a Bancada Trabalhista, dizia, “Um, dois, feijão com arroz, comida boa no prato”, simples assim, mas não menos substancioso... Em outra inserção, ela explicou seus planos, “crédito fácil a juros quase zero para os pequenos e médios, para os que precisam e os que quase nada têm”... A vitória de Neudes tem ainda mais sabor porque na campanha de 2020, ela, candidata a vereadora, simplesmente se apropriou do bordão que consagrou Henrique Meirelles nas eleições de 2018  e repetia na propaganda eleitoral, “chama a Neudes”... Desta vez a candidata conseguiu 3.512 votos, constando como “suplente” no resultado oficial do app do TSE, sendo que o partido só fez um deputado estadual e há nove nomes a sua frente na linha sucessória, pois em tese, se um partido elegeu deputados, todos os não eleitos são suplentes... Ainda na linha da segurança alimentar – que a onça, quer dizer, a Soraya não nos ouça, digo – temos as frases dos também candidatos a Assembléia Flor Pinheiro, do PSB, “quem tem fome tem pressa, não dá para esperar, agricultura familiar já”, Leide Mengatti, também do PSB, “quem tem fome não se move”, Cláudia do Alimenta SP (PV), “comida na mesa, floresta em pé”, e Chiquinho Noventa (PSD), “o fim da fome é o início da justiça social”... Numa linha mais identitária, temos Ariadna Arantes, do PSB, “nada sobre nós sem nós”,  Érika Hilton, do PSOL, “uma travesti no Congresso Nacional para TRANSformar a política e AFROntar o CIStema”, concorrendo para a Câmara, e na disputa pela Assembleia, Paolla Miguel, do PT, “troque um deputado racista por uma feminista”, e Mariana Conti, do PSOL, “para derrotar os fascistas, eu tô com as feministas”... Contemplando uma proposta mais personalista, Solange Moraes, do Progressistas, “sua voz é a minha voz e essa nunca ninguém vai poder calar”, Bianca, do Progressistas, “Chama que eu resolvo” – ou seja, o mesmo problema de Neudes em 2018, Paulão Cayres, do PT, “olá, eu sou o Paulo Cayres, o Paulão das lutas, de todas as lutas”, Claudete Alves, do PT, “vote nessa preta”, Elaine Neves, do MDB, “eu não deixo pra depois, comigo é no ato”, Enfermeira Maria Lúcia, do Podemos, “confie em quem já cuida de você”, Doutora Hérica, PSC, “quem já faz pelas mulheres, vai fazer ainda mais por todas as pessoas”, Liliane Ventura, do PL, “a esquerda que me aguarda, hein”, Eclair Pires, do PSB, “eu sou você no Congresso”, Cida Costa, do PSDB, “Cida Costa 4504, quem conhece, gosta”, Silvia Santos, do PSDB, “Silvia Santos vem aí” – temos uma campeã de originalidade aqui – e Kamila Garcia, do Patriota, “5199, é o número da transformação”... Doutora Érika, do Republicanos, candidata a deputada estadual, ousou ao declarar, “luto por políticas públicas e pela saúde mental, porque tá tudo mundo biruleibe” – um dos apelidos dados ao presidente da república, apoiado pelo partido – Dani Rodrigueiro, do PDT, deixou a modéstia de lado, “a deputada estadual que vem primeiro”, Luiz Cláudio Marcolino do PT veio com “teu direito é minha luta”, Agripino Magalhães Júnior, do MDB, foi de “juntos somos mais fortes, unidos somos imbatíveis”, Bispa Maria Vilma de Cristo, do Podemos, disse, “estou aqui para defender quem não tem voz”, Tabata Manzoli, do Podemos, afirmou, “a responsabilidade é nossa”, Thania Abrantes, do Podemos, “você topa encarar essa jornada e fazer a diferença comigo”, Renan da Mata, do PSC, “sua vida é a minha luta”, Castelo Branco, do PL, “juntos, vamos fazer São Paulo decolar”, Valéria Bozo, do PL, “minha família trabalhando pela sua” – mas não é parente do presidente – Ana Carolina Serra, do Cidadania, “que nessa eleição, cada um possa ser uma Ana Carolina Serra, e com amor cuidar da nossa cidade e de todo o Estado de São Paulo”, Professora Maria José, do PSB, “vamos transformar a educação”, Lisete Neves, do PSB, “aqui não tem política de promessas, vou lá e faço”, Anna Rosa de Saron, do PSDB, “a força da mulher que não te deixa na mão”, Patrícia Bezerra, do PSDB, “mulher, pra te defender, quero ser a sua voz”, Erikão, do PSDB, “a voz do Vale do Paraíba sou eu”, Maria Constantino, do PSD, “eu vou trabalhar por você”... Como tendência geral, os slogans rimados seguem sendo uma forma simples dos candidatos fixarem seus nomes junto ao eleitorado que acompanha a propaganda partidária, entre os postulantes à Câmara dos Deputados tivemos Arnaldo Salvetti, do MDB, “para deputado federal, vote Arnaldo Salvetti, 1587”, Doutora Fabres, do Podemos, “se você quer mudança na educação, 1902 é a solução”, Doutor Davi Rufato, do PSC, “a política se faz com o coração, menos discurso e mais ação”, Tiririca, do PL, “vote no Tiririca, o melhor remédio para política”, Nino Mangatti, do PSB, “é a vez da região Central no Congresso Nacional”, Japa, do União Brasil, “Pra ficar legal, Japa federal”, Delegado André Moron, do PSD, “fique on, vote Moron”, Alessandro Fattioli, do PSD, “Para deputado federal não se enrole, vote Alessandro Fattioli”, o mítico Carlos Adão, do Avante, “7024, deputado federal Carlos Adão, pátria família e religião”, Dinei, do Avante, “para deputado federal, vote em quem tem Mundial” – um apelo direcionado a todos que não torcem pelo Verdinho, digo –  Sandrinho Santos, do Solidariedade, “por Cotia e  região, chegou a hora da renovação”, e de olho numa vaga na Assembleia Legislativa, Neto Bota, do Progressistas, “11333, chegou a nossa vez”, Dani Rodrigueiro, do PDT, “esse é o seu voto certeiro, Dani Rodrigueiro, a deputada especial que vem primeiro”, Felipe D’Avila, do MDB, “inove, Felipe D’Ávila 15019”, Léo Oliveira, do MDB, “conto com vocês, deputado estadual 15123”, Jorge Caruso, do MDB, um clássico, “para deputado estadual, não fique confuso, vote Jorge Caruso”, Fernanda Moreno, do MDB, “pela causa animal, Fernanda Moreno deputada estadual”, Eliana Conrado, do Podemos, “quer seu voto honrado, vote Eliana Conrado”, Deise Duarte, do Podemos, “faça terapia ou arte, vote Deise Duarte”, o inspiradíssimo Permínio Monteiro, do PSB, “para São Paulo inteiro, vote Permínio Monteiro”, Sérgio Olivetti, do PSDB, “45377 Estadual Sérgio Olivetti”, Coronel Roja, do Patriota, “51133 pra fazer o que ninguém fez”, Israel Schumarker, do Avante, “Contra a corrupção, Schumarker é a solução”...













PIOR SLOGAN – “Prefiro Ciro” (Ciro Gomes, PDT)
















O slogan trouxe para a campanha a intransigência do candidato na mídia, algo arriscado quando a situação do país e postura do atual governo recomendava moderação e conciliação no discurso (repetindo um erro primário já cometido em 2018, quem bate no Luís Inácio dá voto pro Bozo...)... A propaganda eleitoral, embora muito bem feita e propositiva,  parecia o programa do PT com menos tempo, João Santana, corre aqui, repetindo ideias como a movimentação constante do candidato fora do estúdio, inclusive jogando bola com crianças num campinho de terra, algo tão forçado quanto Ciro “rasgar” uma “cortina” de notícias sobre corrupção... O estilo dos marqueteiros petistas também se via na embalagem exótica de algumas propostas, vide “Internet do Povo” com venda de “smarphones” em 36 vezes, "Lei Anti Ganância", algo que se tenta desde a Idade Média,  sem sucesso, agora, o "Programa de Renda Mínima Eduardo Suplicy" é o fim... Tanto quanto uma vice que não falava, preterida pela esposa do candidato, que basicamente anunciava o programa do candidato na internet, e Ana Paula foi ser lembrada apenas na condução de algumas entrevistas e na reta final da campanha... Estava aberto o caminho para os adeptos da “terceira via" caírem nos braços de Simone Tebet, enquanto Ciro amargou um pouco relevante quarto lugar na eleição presidencial, com 3.599.287 votos (3,04%)...

Com relação aos slogans, um dos grandes problemas é a falta de originalidade, por exemplo, este ano nós contamos oito candidatos que repetiram na telinha o bordão do saudoso repórter Goulart de Andrade, “vem comigo”:  Jussara Moro (deputada federal, Progressistas), Maria Joaquina (deputada federal, PDT), Habacuque (PTB) – que disfarçava com um adendo, “vem comigo que você não erra o caminho” - Cris Abreu (deputada federal, Podemos), Adriana Zink (deputada federal, PSDB), Alexsandra Eloah (deputada estadual, PSC), Grace Carreira (deputada estadual, PSB) – outra que dissimulava, “vem comigo e vamos juntas” – e Ivan Rolim (deputado estadual, Avante) – que ia de “vem comigo, São Paulo”... Outros, são a mera repetição de frases já ouvidas em campanhas anteriores, ditas por outros candidatos, ou de bordões que estão na moda ou nem tanto, “Deus, pátria, família e liberdade” (Guilherme Piai, deputado federal, Republicanos), “Deus. Pátria, Família”, (Eduardo Cunha, deputado federal, PTB) – Plínio Salgado, corre aqui - “o nome da esperança é emprego” (Ana Goffi, deputada federal MDB), “coragem muda tudo” (Janaína Lima, deputada federal, MDB), “do jeito que está não pode ficar” (Jair Balada, deputado federal, Podemos) – Tiririca, corre aqui - “somos um só povo” (Sérgio Camargo, deputado federal, PL), “vamos endireitar o Brasil” (Eduardo Bozo, deputado federal, PL) – sdds Levy Fidélix – “Deus me usou como escudo em defesa da família” (Pastor Marco Feliciano, deputado federal, PL), “por um governo que pensa em Deus, Pátria, Família e Liberdade” (Wesley Ros, deputado federal, PL),  “lembre-se, a melhor ideia, 4051” (Elias de Mococa, deputado federal PSB), “aperte o verde depois” (Thame, PV) – evocando aquele “jingle” de Francisco Rossi, “aperte no um, aperte no dois, aperte no verde depois” - “pra frente Brasil!!!” (General Peternelli, deputado federal, Podemos), “receba aí!!!” (Fábio Magalhães, deputado federal, PSDB), “compromisso com você” (Doutor Kuramoto, deputado federal, PSDB), “Brasília prejudica São Paulo” (José Aníbal, deputado federal, PSDB), “o Brasil não pode parar” (Talma Nonaka, deputada federal, PSD), “cadeia neles” (Karina Soltur, deputada federal, PSD), “lugar de bandido é na cadeia” (Delegado Hélio Bressan, deputado federal, PSD), “Zona Leste somos nós” (Cleomenes Júnior, deputado federal, Avante) – nome de um samba-enredo da Nenê de Vila Matilde – “Deus, pátria e família” (José Bittencourt, deputado federal, Avante), “vamos colocar São Paulo nos trilhos” (Caíque Mafra, deputado estadual, Republicanos), “lugar de bandido é na cadeia” (Danilo Campetti, deputado estadual, Republicanos), “você já me conhece” (Fernando da Ótica Origianl, deputado estadual, Progressistas), “se apruma Jão” (Luh Pinheiro, deputada estadual, Progressistas), “não desista do Brasil” (Cris Godoy, deputada estadual, PTB), “conto com você” (Itamar Borges, deputado estadual, MDB), “me dê a mão, me abraça” (Ernesto Teixeira, deputado estadual, MDB) – usando o samba-enredo que cantou na Gaviões da Fiel em 1995 – “na vida, tudo tem seu tempo” (Palito, deputado estadual, Podemos), “vote 19619 porque juntos podemos” (Guto José, Podemos) – um  dos vários candidatos que reciclou “slogans” com o nome do partido - “o futuro chegou” (Cida Kosta, deputada estadual, Podemos), “a covid mostrou que a saúde deve estar em primeiro lugar” (Doutor Elton, deputado estadual, PSC), “aqui é trabalho” (Irmão Ozelito, deputado estadual, PSC) – Muricy Ramalho, corre aqui – “o pai chegou” (Leandro Basson, deputado estadual, PSC), “o cidadão de bem está refém dos criminosos” (Major Mecca, deputado estadual, PL), “está escrito, feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Carlos Cezar, deputado estadual, PL), “Rota nas ruas” (Capitão Conte Lopes, deputado estadual, PL) – ah, o discurso de ordem - “lugar de bandido e agressor de mulher é na cadeia” (Delegada Raquel, deputada estadual, PL), “defenderei a família e os valores cristãos” (Dani Alonso, PL),  “não vamos desistir de São Paulo” (David Santana, deputado estadual, PSB) – “aqui tem trabalho” (Caio França, deputado estadual, PSB) – vem logo. Muricy – “é a força do esporte, valeu!!!” (Felipe Franco, deputado estadual, União Brasil), “o que já está bom tem de melhorar” (Edmir Chedid, deputado federal, União Brasil), “trabalho e respeito por você” (Maria Lúcia Amary, deputada estadual, PSDB), “saúde é coisa séria” (Doutor Estanislau, deputado estadual, PSDB), “com trabalho a gente melhora tudo” (Carla Morando, PSDB), “defenderei a família” (Ozéias de Madureira, deputado estadual, PSD), “quem disse que não dá para melhorar” (Doutora Núbia Silvério, deputada estadual, PSD), “Rozana Barroso é o povo no poder” (Rosana Barroso, deputada estadual, PC do B), “avante, Brasil” (Adonai, deputado estadual, Avante) – usando o nome do partido é fácil, digo... Não podemos esquecer de Liliane Ventura, candidata a deputada federal pelo PL, que se apropriou de uma frase do “jingle” da campanha do Bozo, “é o capitão do povo, que vai vencer de novo”... Claro que as vezes a originalidade não traz bons resultados, caso do Sargento Oliveirinha, candidato a deputado pelo PSDB, que veio com o “Sargento Oliveirinha, 4538, deputado federal, 453 oitão”... Ops!!!...












MELHOR JINGLE – “Luis Inácio Lá” (Luis Inácio, PT), “Simbora Meu Povo” (Renata Abreu, Podemos)
































O “Luis Inácio Lá” premiado é o original de 1989, uma canção icônica que ganhou uma pequena mudança na letra – “o Brasil merece outra vez oportunidade pra sorrir e brilhar nossa estrela” – e ao lado de uma versão mais recente e de um piseiro, “E faz o L, faz o coração grandão, e desenrola, o Brasil tem jeito” (depois dele, a campanha de Simone Tebet lançou um “jingle” no mesmo ritmo...), se encaixando perfeitamente com o clima emocional e esperançoso pretendido pela campanha do candidato do PT, que funcionou um pouco menos do que deveria nas urnas... Luis Inácio venceu no primeiro turno, com 57.259.504 votos (48,43%), o que não foi suficiente para liquidar a fatura de primeira, garantindo mais um mês de sofrência para o eleitor na disputa com o Bozo...

O outro “jingle” premiado pertence a categoria das músicas que os candidatos a deputado usam para personalizar suas inserções no horário eleitoral, curtas, com letras simples, muitas vezes rimadas, feitas para se fixarem no inconsciente da audiência... A questão é que muitos candidatos não conseguem ir direto ao assunto e abusam das palavras rebuscadas e das rimas fáceis, criando “jingles” que apenas irritam o público... Não é o caso desta peça, feita para a candidatura a reeleição da deputada federal Renata Abreu, do PODEMOS, alguém que tem o rádio no sangue, filha e neta de radialistas, e que soube incentivar a produção de uma música a altura das tradições familiares, “Simbora meu povo, O Brasil pede socorro e quer ficar legal, Renata Abreu 1919, deputada federal”... Daí se explica a condição de deputada federal mais votada do Podemos em São Paulo, com 180.247 votos, sendo que o partido elegeu mais dois representantes para a Câmara, Bruno Ganem – “pelos autistas, pela causa animal” – e Rodrigo Gambale – cujo número era 1977, ano do fim da fila do Timão... Fazer um tema original é melhor, embora sempre se possa dar um jeito com uma versão, como é o caso da campanha de Cláudia Carletto, candidata a deputada federal pelo PSDB, que transformou “Andar com Fé”, de Gilberto Gil, em “Cláudia Carletto eu vou”... Ruim mesmo é o tempo cada vez menor das campanhas, que acaba deixando de fora músicas excelentes, caso da versão de “Malandragem Dá um Tempo”, de Bezerra da Silva, feita por Advogado Ewerton, candidato a deputado estadual pelo PC do B, “Vou apertar 65000 agora”, disponível nas redes sociais...














PIOR JINGLE – “4425 é Ele” (Alexandre Leite, União Brasil)
















Ter um “jingle” só seu ajuda o candidato a deputado a se diferenciar dos demais, porém é preciso ter muito cuidado, porque o tempo é curto, razão pela qual as campanhas majoritárias na televisão normalmente tem economizado com música (no rádio ela segue firme e forte...), então um passo em falsete, digo, em falso, pode ser fatal... O que deveria arrebatar o eleitor algumas vezes acaba por arrebentar seus ouvidos, por exemplo, a música de Marco Bertaiolli, candidato a deputado federal pelo PSD, “É Bertaiolli, é federal, 5500, Bertaiolli é federal, Lutar por São Paulo, Mudar o Brasil, 5500, Bertaiolli é federal”, repetição de frases nem sempre é criativo, dá um certo ar preguiçoso a canção, e o pior é que a música completa não é tão ruim, mas quem vai se dar ao trabalho de ir no Youtube © para conferir... De sorte que o tema musical tocava apenas eventualmente no horário eleitoral, ao contrário do vencedor desta categoria, que executava o jingle todos os dias: “4425 é ele, aperte o verde e confirme é ele, pra deputado federal, Alexandre Leite sempre em frente é ele”... E a vergonha alheia era maior porque quando a canção era executada, a interprete de Libras começava a dançar, apesar da qualidade duvidosa da música... O pior é que até o irmão dele, Milton Leite Filho, candidato a deputado estadual também pelo União Brasil, tinha um jingle muito melhor: “Quando se fala em trabalho a gente pensa, 44250, tem atitude tem coragem pra vencer, é quem vai fazer o nosso Estado crescer, ajude o Milton Leite a ajudar você”... Apesar de ambas as duas músicas terem ganho um “remix” durante a campanha, a letra do tema de Alexandre Leite permaneceu a mesma, apenas eventualmente substituída por inserções onde o candidato falava sobre construção de estradas, um alívio apenas momentâneo para o ouvido do pobre eleitor... Certamente o “jingle” não foi a razão da reeleição de Alexandre Leite, herdeiro do senhor do Sul de São Paulo, o vereador Milton Leite, o terceiro candidato a Câmara mais votado do União Brasil, com 192.806 votos, atrás de Kim Kataguiri, que para além do antipetismo e da ruptura com o presidente, também focou no voto dos descendentes de japoneses, um nicho seguro e que vem sendo pouco ocupado, e de Rosângela Moro, a “conje”, ficando a frente de Felipe Becari, Marco Bertaiolli, Cezinha de Madureira e Marangoni, que representavam a causa animal, a região do Alto Tietê, a Assembleia de Deus Ministério Madureira, Samuel Ferreira, corre aqui, a região do Grande ABC e a área da habitação, inclusive assessorando Rodrigo Garcia... Ah, sim, falando no Líder do MBL, tem o jingle que Kim Kataguiri, do União Brasil, sacou na reta final da campanha, “4433, vote sempre no seu japonês”, mas esse aí precisa melhorar muito para ser considerado péssimo, ele poderia mirar-se no exemplo de seu colega de chapa proporcional, Kid Bengala, que ousou parodiar a canção antifascista “Bella Ciao”, “Kid Bengala, lá em Brasília, vai dar pau, vai dar pau, vai dar pau, pau, pau” – que o Professor não saiba, digo... 












TROFÉU PINÓQUIO – Graphogame (Bozo, PL), SP Mulher (Tarcísio Freitas, Republicanos)
































As duas lorotas, quer dizer, as duas criações pertencem a uma fase em que as campanhas bozistas, para presidente e governador, sentiram o risco da bolha murchar e tentaram acenar para quem estava do lado de fora... No caso do Bozo, após a mal sucedida tentativa de associar o Pix a seu ideário de liberalismo econômico (comprar imóveis em dinheiro vivo definitivamente não ajudou, digo...), a campanha resolveu aproveitar a propaganda gratuita feita pelos noticiários dos atos de 7 de setembro e direcionou o fetiche da tecnologia às crianças, que não votam, porém influenciam a escolha dos papais e mamães, com um jogo didático que a princípio o Ministério da Educação vai adotar como complemento a alfabetização escolar, mas que deram um talento e apresentaram como todo o processo, há quem acredite em “homeschooling”... Rapidamente, porém, o pessoal da propaganda bozista percebeu que contar histórias de bicho-papão protagonizadas pelo Luis Inácio ainda é mais eficaz do que aliciar a criançada... No que diz respeito a Tarcísio, não ser paulista de nascença nem ter feito carreira política no Estado em certo momento começou a ser um incômodo, e como a campanha do presidente também tentava parecer palatável ao eleitorado feminino, uniram o útil ao agradável com o SP Crédito e o SP Mulher, uma embalagem conveniente para as promessas de financiamento para empreendedores e principalmente empreendedoras e de fazer as delegacias da mulher funcionarem 24 horas, como já era pretendido pelo PT em 2002... Por fim, é preciso ressaltar que as campanhas majoritárias dos grandes partidos, que tanto se assemelham na forma, acabam seguindo um mesmo padrão de promessas mirabolantes, e nesse ponto, todos os principais candidatos tinham algo a ser apontado... O caso mais notório era o “1 imposto só” de Soraya Thronicke, dos mesmos produtores de “a culpa do aumento da gasolina é dos impostos estaduais”, mas também tínhamos a “Lei Anti Ganância” de Ciro Gomes, que o padre Kelmon não nos ouça, algo que remete as leis contra usura da Igreja Católica na Idade Média, e que não tiveram êxito, o “Desenrola Brasil” do Luis Inácio, uma imitação da proposta de refinanciamento do crédito pessoal feita por Ciro Gomes em 2018, apelidada na época de “SPCiro”, a promessa de construir 1 milhão de casas populares feitas por Simone Tebet, com a escritura em nome da mulher, algo que parece novidade mas é feito desde o Projeto Cingapura de Paulo Maluf, o “Graphogame” do Bozo, quase uma versão do Pix para crianças, digo... Felizmente, a bolha é grande e conseguiu levar o Bozo para o segundo turno das eleições presidenciais, com 51.072.345 votos (43,20%), mesmo que seja na condição de primeiro presidente ocupante do cargo que perde a eleição... No plano estadual, havia o SP Mulher de Tarcício de Freitas, seja lá o que for, o WiFi de Elvis Cezar, que Marta Suplicy já propunha para a cidade de São Paulo em 2008, os “Círculos de Segurança”, uma fixação por câmeras de vigilância já vista nas campanhas do saudoso Romeu Tuma, e Salário Mínimo Paulista de R$ 1580 de Fernando Haddad, 80 reais a mais que o valor defendido pelo PCO para todo o Brasil em 1998, cartão Bom Prato de 300 reais e o programa “Dinheiro de Volta” de Rodrigo Garcia, uma espécie de “Nota Fiscal Paulista” para as classes mais pobres... Também os candidatos a deputado se arriscavam em promessas como castração química (Jussara Moro, Progressistas), inclusão do tempo de trabalho doméstico na contagem para aposentadoria das mulheres (Vereador Leandro Dourado, PDT), Constituinte soberana e democrática (Lili, PT), legalização da maconha (Mateus Moro, PT), décimo-quarto salário para aposentados (Vicentinho, PT, e Paulinho da Força, Solidariedade), fim do assédio moral nas polícias (Sargento Alexandre, Podemos...), CPI da verdade  (Augusto de Arruda Botelho, PSB), remédios atualizados aos diabéticos  (Marcelo Bezerra, PSB), “check-up” geral anual para mulheres (Sandra Tadeu, UB), número único para o cidadão (General Peternelli, UB), pílula do câncer (Alessandra Stringheta, Patriota), renda básica universal (Valéria Monteiro, PSD), auxílio de 600 reais para os alunos do ensino médio (Dudu Siviski, Avante), ozonioterapia (Doutor Coimbra, Avante), um milhão de castrações em animais (Edson da Paiol, Podemos), fraldários nas estações de trem e Metrô  (Edson Cury, PSB), e, claro, Metrô em Guarulhos (Gileno Gomes, Patriota), seguindo o exemplo dos candidatos que prometiam Metrô na região do Grande ABC em 2014...


 












PRÊMIO IPHG – Chucks (PSDB)

















Logo que o horário eleitoral começou, no dia 26 de agosto, ficamos preocupados com a escolha do internauta Pedro Henrique, pois vimos a propaganda do candidato a deputado estadual Guto Zacarias, do União, que se declarava contra as cotas raciais, uma política pública de inclusão que tem apresentado resultados significativos nos últimos anos... Felizmente, alguns minutos depois, nosso colega de rede entrou em contato para avisar que tinha acabado de encontrar seu escolhido, o advogado Chuks Iloegbunam, nascido na Nigéria, candidato a deputado federal pelo PSDB e que se apresentou com uma mensagem singela, mas que tocou o internauta do fundo do coração, “Sou o Chuks. Vou representar você”... Apenas no caso dos suplentes a sua frente vierem a faltar, porque ele teve apenas e tão somente 2.915 votos, e a federação PSDB-Cidadania, da qual fazia parte, elegeu apenas os tucanos Paulo Alexandre Barbosa, Vitor Lippi e Carlos Sampaio, e representando o Cidadania,  Alex Manente – responsável pelo raro programa com visual fora do padrão da coligação, que destacava o símbolo do partido - e o Mestre Arnaldo Jardim, ambos os dois reeleitos e com redutos consolidados na Grande São Paulo e no interior, respectivamente... Só para esses nomes já constam como suplentes o Professor Marco Antônio Villa, o ex-prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, José Serra, que dispensa apresentações, e os experientes Vanderlei Macris e Samuel Moreira... Assim como em outras campanhas, durante o horário eleitoral, vários nomes tentaram ganhar o coração do internauta, para deputado federal tínhamos Delegado da Cunha (Progressistas), Douglas Belchior (PT), Welder Douglas (PTB), Daniel Faria (MDB) – “agora é a nossa vez”, dizia, erguendo o punho – Professor Rodney Vicente – “sua voz no Congresso Nacional” – Kauê da Gente (MDB) – apoiado por Netinho de Paula – Mortadela (Podemos), Doutor Nevton Oliveira Rocha (Podemos), Juarez Juvêncio (Podemos) – Marcelo King (PSC) – sendo que a velocidade 2.0 do programa do partido impedia a melhor apreciação de sua imitação do barulhinho da urna eletrônica – Sérgio Camargo (PL) - preferimos não comentar – Wesley Ros (PL) – idem – Normandy Pantera Negra (PSB) – “revolução já!!!” – Kid Bengala (União Brasil), Fernando Mestre Sala (PSDB) – “a vez e a voz do povo” – Ivan Lima (PSDB) – “o amigo do povo” – Fábio Mello (PSOL), Marcinho Buchcecha (PSOL), Alvaro Jeronymo Coletivo QAE ASE (PSOL), Dyego Sérvolo (PSOL),  Valdiney Negrão (PSD) – “o candidato do povão” – Orlando Silva Júnior (PC do B) – para o internauta, um Mestre – Cosme Félix Coletivo da Diversidade (Avante), Agnaldo Araújo (Avante), Dinei (Avante), Walter Brito (PROS)... Tentando uma vaga na Assembleia Legislativa e no coração do Pedrinho, Paulinho Floriano (PDT), Alex Minduin (PT), Garry do Povo (PT) – nascido no Haiti – Carlão do PT (de que partido ele será, hein...), Mizito Negão da Saúde (PT), Bombeiro Tenente Lessa (PTB), Cláudio Augusto (PTB), Samuel do Povo (MDB), DJ Negro Rico RZO  (MDB)– “a mudança tem nome” – André Curi (MDB), Dika Xique Xique (Podemos) – “juntos podemos mais” – Pastor Kebom (PSC) – “quem nesta política já se sentiu mal, vote no Pastor Kebom” – Tio Anderson Negrão (PSC) –  que dizia, usando quimono de judoca, “quer mudar sua região, chame o campeão” – Cido da Yá Farma (PSB) – Abidan Henrique (PSB) – de Embu e região – Paulo Cezar Quadros (PSB) – “quero representar os vidraceiros e dar dignidade aos moradores de rua” – Jaiminho O Xerife da Saúde (PSB), Júlio do Quilombo Periférico (PSOL) – “por um SP sem racismo” – Advogado Ewerton (PC do B), Gérson dos Troféus (PC do B), Geraldo da Carne (Avante), Pastor Matias Muniz (Avante), Professor Ozéias  (Avante) – “educação é a solução” - Rubinho Coletivo Raízes (Solidariedade), Michel (PROS), Adão Silva (PROS)... No entanto, nosso colega de rede manteve a tradição de ser sempre o primeiro a indicar um nome para nossa premiação, porque com ele existe amor a primeira vista em São Paulo... Ops!!!...

















Mestre – Eduardo Suplicy (PT), Ivan Valente (PSOL) e Luiza Erundina (PSOL)

















































Pela primeira vez na história do prêmio, temos três agraciados numa mesma categoria, e isso acontece na premiação de Mestre por uma razão bem específica, a saída de cena dos dois últimos premiados na categoria, Arnaldo Faria de Sá, vencedor de 2018, em 16 de junho deste ano, e Toninho Paiva, ganhador de 2020, um mês depois, em 27 de julho, o que nos levou a aumentar o número de contemplados para dar mais abrangência ao quesito, ressaltando seu caráter de homenagem... Mesmo que a resiliência seja uma característica em comum entre os três premiados, inclusive Eduardo Suplicy, premiado na categoria Múmia em 2020, quando apresentou a mesma dificuldade para falar vista na campanha atual, e no entanto continua a ser uma referência para aumentar a votação do PT, ainda que às vezes tratado como uma figura “excêntrica” dentro do partido, recebendo o reconhecimento por sua presença revolucionária na propaganda eleitoral das eleições para prefeito de São Paulo em 1985 (não tanto nas eleições seguintes, ao contrário, mas, enfim...) de onde menos se poderia esperar, da campanha de Ciro Gomes, que propôs um “Programa de Renda Mínima Eduardo Suplicy”, uma inusitada homenagem a sua proposta de “renda básica de cidadania, universal e incondicional”... A mesma inovação que foi trazida por Luiza Erundina ao horário eleitoral na campanha em que se elegeu prefeita de São Paulo em 1988, e que se mantém na ativa mesmo com sua administração a frente da capital paulista sendo alvo de críticas injustas e com pouco fundamento... Erundina é ainda uma das últimas representantes daquela categoria de candidatos que falam frente a frente com o público no horário eleitoral, trazendo em suas palavras o inconformismo do próprio povo, assim como Ivan Valente, que mais do que um representante da corrente do “voto de opinião”, uma figura que eleva o nível do debate na propaganda eleitoral com seu discurso crítico... Eduardo Suplicy foi o candidato a deputado estadual mais votado da federação PT-PC do B, com 807.811 votos, no topo de um pódio que divide com dois candidatos do PSOL, Carlos Gianazi e Paula da Bancada Feminista... Luiza Erundina é uma das eleitas da federação PSOL-Rede para a Câmara dos Deputados, com 113.983 votos, depois de Guilherme Boulos, o campeão da eleição (1.001.472 votos), Erika Hilton (256.903 votos), Marina Silva (237.526 votos), Sâmia Bonfim (226.187 votos) e Sônia Guajajara (156.966 votos), todos do PSOL, com a óbvia exceção de Marina, que é a expoente máxima da Rede... Ivan Valente, com 44424 votos, está na segunda suplência, atrás de Luciene Cavalcante (49.131 votos), que fez dobradinha com Carlos Gianazi na campanha, inclusive ela aparecia mais nas inserções de Gianazi do que nas próprias, e as demais vagas ficando com o cientista Ricardo Galvão, da Rede (40.365 votos), João Paulo Rillo, do PSOL (39.603 votos), o filósofo Vladimir Safatle, do PSOL (17.644 votos) e Henrique Parra do Cardume, também do PSOL (6.849 votos), encabeçando o Movimento Cardume (simbolizado por um conjunto de peixes, PSC, corre aqui...) na região de Jundiaí... 

















MUSA – Mariana Janeiro (PT), Thainara Faria (PT)

































Durante a exibição da propaganda eleitoral, elaboramos uma lista de potenciais candidatas ao prêmio, entre as candidatas a deputada federal, como Daiane Mello (Progressistas) – “conservadora, contra o aborto” – Maria Giovana (PDT), Márcia Pará (PTB), Juliane Gallo (MDB), Simone Marquetto (MDB) – “santo dia” – Wanessa Bonfim (Podemos) – “a mulher sábia edifica o lar, vamos nos unir” – Vanessa Ferreira (PSB) – “quero ser a voz das mulheres e das famílias” – Cláudia Carletto (PSDB), Natália Massi (Avante) – “a mulher pode mais” - Ana Flávia (Avante) – “por um Congresso mais coerente”, Andreia Toffolo (Solidariedade) – e para deputada estadual, Dani Rabelo (PDT), Ale Bezerra (PDT), Evelyn do PT (PT), Miriam Algarra (PT) – “quer um rolê diferente na política” – Giovana Aguiar (PTB), Ester Coscarelli (Podemos), Kelly Luiza (Podemos) – “acredite na força da mulher” – Pitty Passos (PSC), Dani Alonso (PL) – “defenderei a família e os valores cristãos” – Ana Carolina Serra (Cidadania) – a Jade Picón do horário eleitoral – Isabela Rahal (PSB), Talita Cadeirante (PSB), Mayara Torres (PSB), Camila Tapia (PSB), Amanda Vettorazzo (União Brasil) – a Larissa Manoela da propaganda partidária – Danielle França (PSDB) – “mãe e empreendedora” – Ana Santiago (PSDB), Patrícia Andalfat (Patriota) – “pela saúde animal e educação de qualidade inclusive” – Maria Constantino (PSD) – “eu vou trabalhar por você” – Carina Vitral (PC do B), Keila Pereira (PC do B), Kelly Vesco (Avante), Enfermeira Alexandra Mota (Solidariedade), Professora Valdineia (Solidariedade)... Houve até quem nos sugerisse nomes como Cristiane Brasil (PTB), Carla Zambelli (PL), Rosângela Moro (União Brasil) e Nise Yamaguchi (PROS), porém dispensamos a gentileza... Tabata Amaral, do PSB é até uma sugestão mais razoável, mas aí lembramos que ela já levou o prêmio em 2018... Alis, ao revisarmos a relação das vencedoras nesta categoria, percebemos que havia uma grande lacuna, que preenchemos agora ao premiarmos duas candidatas do PT, Mariana Cergoli Janeiro, que tentou uma cadeira de deputada federal, da região de Jundiaí, atuante nas áreas de comunicação, filosofia e semiótica, além do ativismo, tanto que concorreu com o nome de urna “Mariana Janeiro Chapa das Pretas”, “pela vida das mulheres que vão reconstruir o Brasil e o Estado de São Paulo”, e Thainara Karolina Faria, advogada e vereadora em Araraquara, com foco em direitos sociais, “por emprego, renda, moradia e educação para pessoas em todas as idades”... Ambas conseguiram dar seu recado no modelo misto adotado pelo PT, e já adotado pelo partido em outras eleições, metade do tempo com candidatos falando sob fundo branco, ora com o nome de Haddad, ora com os rostos dos candidatos a presidente, governador (esses com seus vices...) e senador apoiados pelo partido, a outra metade com os “candidatos voadores” em meio à multidão nos comícios e a execução de um trecho do “jingle” da campanha de Fernando Haddad, “eu quero 13 aqui, eu quero 13 lá”, em geral, quem falava no programa da tarde, “voava” à noite, e vice-versa... Thainara está entre os 19 eleitos para a Assembleia pela federação PT-PC do B, com 91.388 votos, um excelente décimo-primeiro lugar... Mariana ficou com a suplência, recebendo 22.464 votos, com uma fila de nomes à sua frente, encabeçada por Paulo Teixeira do PT (122.800 votos), Orlando Silva Júnior do PC do B (108.059) e Deputado Alfredinho do PT (97.063), simplesmente o primeiro, o terceiro e o quarto candidatos a Câmera mais votados entre os que não se elegeram e só pegaram suplência...














MÚMIA – Doutor Getúlio Serpa (PSB)


















Mais do que uma simples múmia fazendo a egípcia, o vencedor da categoria neste ano está sintonizado com a moda do momento, que são os zumbis, vide terno de risca de giz estilo tio Jacinto (o defunto será maior...), a mão no abdome no melhor estilo Tancredo Neves e o dedo em riste com o qual fazia um discurso que parecia de outro mundo, “Vamos restabelecer a democracia, não quero ser um oportunista, sou a diferença!!!”, relógio “cebolão” de ouro no pulso à parte... O PSDB também apresentou fortes concorrentes nessa categoria, como os candidatos a deputado federal Doutor André Sacco e Harold Thau (“vou representar o mercado acionário e de capitais”...) e o concorrente a deputado estadual Parron (nada a ver com o conhecido repórter de rádio...), isso sem contar o próprio José Serra, que optou por fazer campanha usando fotos antigas de si próprio, com a imagem mais recente surgindo como um “easter egg” no programa de Simone Tebet... O parceiro de federação do PSDB, o Cidadania, tinha Roberto Moraes, candidato a deputado estadual, o MDB apresentou o Professor Walter Vicioni e o experiente radialista Luiz Lauro como candidatos a deputado federal – seu colega de profissão Paulo Lopes era candidato pelo PL - o PSB trazia o Doutor Ubiali da região de Barretos, sempre de jaleco e com o número 4080, o PSD tinha o veteraníssimo Rafael Silva, Dr. Del Vale, o preferido dos pó-de-arroz (!!!), Chico Neto, Efaneu, Rossi e Juvenil Silvério na disputa por uma vaga na Assembleia, o Democratas tentava eleger Fubá do Depósito para deputado estadual e o Avante queria levar para a Câmara dos Deputados o Dr.Coimbra, defendor da ozonioterapia – Nise Yamaguchi, corre aqui... Não costumamos premiar mulheres dessa categoria, entretanto, Deomerce de Souza Damasceno, candidata a deputada estadual pelo União Brasil, inclinando-se para ler seu texto, se revelou um “upgrade” da Vovó Naná, personagem criada pelo saudoso Jô Soares, “olá, sou a Deomerce, primeira-dama de Araçatuba, para melhorar a nossa região, vote 44018”, porque a audição, segundo consta, se foi nas carreatas que promoveu em sua cidade... O PSB foi outro partido que apostou no fundo branco em suas inserções, apresentadas quase sempre por Márcio França (muito de vez em quando por sua esposa Lúcia, vice na chapa de Fernando Haddad...), o cenário não comprometeu, já o apresentador... O fato é que o PSB fez o básico, deu vez e voz a todos os integrantes das chapas proporcionais, elegendo para a Câmara dos Deputados Tabata Amaral, de Vila Missionária e região, e Jonas Donizette, ex-prefeito de Campinas, ficando a suplência com Rodrigo Agostinho, ex-prefeito de Bauru, e o advogado Augusto de Arruda Botelho, aquele mesmo que propôs a CPI da Verdade do governo Bozo... Doutor Getúlio, no entanto, teve apenas 538 votos – mais do que os 408 votos de Jussara Moro, do Progressistas, outra forte concorrente na categoria caso fossem consideradas candidaturas femininas - um indício que a abstenção entre as múmias e zumbis é muito alta, digo...















ESTAILE – Renata Gouvêa (Patriota), Dulce Rita (PSDB)
































Nesta categoria, o elemento surpresa é uma estratégia válida, e foi muito bem aproveitada pela psicóloga Renata Gouvêa, candidata do Patriota a deputada estadual, que começava declarando, “o povo está cansado de ser fritado”, e de repente, sacava uma... panela de pressão!!!, exatamente porque queria dizer, “agora é na pressão!!!”... Uma maneira simples e eficaz de captar a insatisfação popular manifestada nos panelaços contra o presidente durante a pandemia, assunto que, a propósito, foi pouco citado nas campanhas como um todo, Edson Aparecido não conta... Quem sabe por isso o Patriota não fez nenhum deputado estadual – o partido não alcançou a votação mínima, apesar de ter o quinto não eleito mais votado do Estado, Everton Sodário (35.882 votos), prefeito de Mirandópolis, advogado, membro da CCB, “direitista, armamentista, capitalista, anti-comuna e bozista” (aí não vai dar “match” de jeito nenhum, digo...)  – e Renata Gouvêa teve apenas 272 votos, o que ao mesmo tempo é mais do que alguém que tentou faturar o prêmio nesta categoria com seu nome de urna, Juninho Stylo (252 votos), porém ficou de fora do horário eleitoral porque seu partido, o tradicional PMN, não tem representantes no Congresso... O estilo de Dulce Rita Chaves de Andrade Dabkiwicz, vereadora em São José dos Campos, postulante a Assembleia pelo PSDB, é na linha da saudosa Nair Bello, uma voz fortemente trabalhada no cigarro, “Minha missão é garantir direitos e dignidade a todos, deputada estadual é Dulce Rita, 45192”... O eleitorado curtiu, pois Dulce conseguiu 30.302 votos, tornando-se a décima-segunda colocada entre os suplentes do PSDB, que em federação com o Cidadania, elegeu exatamente onze deputados, o pódio só de mulheres, Ana Carolina Serra (do Cidadania...), Bruna Furlan e Carla Morando, a esposa do prefeito de Santo André, a filha do prefeito de Barueri e a mulher do prefeito de São Bernardo do Campo...  As mulheres trouxeram muito estilo para a campanha, Zu Santoro, do Podemos, candidata a deputada federal, erguia o braço e proclamava, “mudança e renovação”, mesmo gesto de Renata Mello Pokas, do mesmo partido, vide camiseta “Juntas Podemos”, “na luta pelas crianças, mulheres e idosos da periferia, vote 1992, é Pokas”, Luciana Inclusão, do PSB, se aproximava com sua cadeira de rodas, enquanto era narrado, “um país democrático se faz com a inclusão de pessoas com deficiência na política”, Zezé Santos, também do PSB, era enfática, “em prol do social para mais um dia de sol”, Mônica Calazans, do PSDB, ressaltava, “quem tem dor, tem pressa”, Gláucia Máximo, do Patriota, adotou o X na palma da mão, símbolo da campanha contra o feminicídio, “minha luta é pela sua paz”, Isa Penna, do PC do B, fazia o gesto do coração coreano, Dona Vera, do Avante, erguia o braço e bradava, “da dor a luta”, Professora Jacqueline Prôjacque, também do Avante, lembrava, “a esperança é a educação”, outra que levantava o braço, acrescentando um sorriso, era Laine Daniel, do Solidariedade, “por educação e emprego, professora Laine Daniel, 7712, unidos pela mudança”, e no mesmo partido, Helô da Empatia se destacava pelo estilo que trazia no nome, Letícia Aguiar, candidata a deputada estadual pelo Progressistas, colocava um capacete de construtor na cabeça e afirmava, “Letícia Aguiar, candidata a reeleição, este capacete amarelo simboliza o trabalho de todos na reconstrução do Brasil, junto com Bozo” – também foi ao ar um discurso sem capacete, também citando o presidente, defendendo colégios públicos militares e terminando com um mote original, “Deus, pátria, família e liberdade” – Jandira Uehara, do PT, declarava, “a vida começa com as mulheres, e as lutas também, votem em uma mulher trabalhadora”, Anadethy Caravanista, do MDB, também marcou um X em sua mão, “pela defesa e segurança das mulheres”, Patrícia Calvo, do MDB, dizia, “incluir é cuidar e mudar é preciso”, Marizete Gomes, do Podemos, não só apenas erguia o braço como mandava beijinho e fazia coração com a mão, “Hortolândia tem mulher na política sim, um beijo da Mari”, Renata Falzoni, do PSB, com sua indispensável bicicleta, chamava, “quer chegar a um estado melhor, vem com a gente, vem de bike, vem a pé, de coletivo, Renata Falzoni, 40400”, no mesmo partido, Shirlei Moura erguia o braço “por um Estado menos violento e preconceituoso” e Cynthia Michels abria os braços, “chega de desperdiçar potenciais, São Paulo merece mais, vamos juntos”, Cristiane Mendes, do PV, bradava ao erguer o braço, “toda mulher pode e deve!!!”, Inês Paz, do PSOL, inovou, “é hora de esperançar!!!”... Outros estilosos dignos de nota são aqueles que discursam encarando e questionando o eleitor, como Sargento Nantes, candidato a deputado federal pelo Progressistas, que dizia do alto de seu bigode à Nietzsche, “você gosta da sua liberdade, você cultua a sua liberdade, então vote em quem tem coragem para defende-la, não se apruma não, viu, Jão”, Wilson Paiva, do PDT, “se você recebe o Auxílio Brasil, ou está no CadÚnico, eu sou o seu candidato, Wilson Paiva, 1234”, vide número contado nos dedos e a camiseta “Bancada do Povo”, José Lemes Soares, do Podemos, também fitava a câmera, embora seu recado fosse um pouco mais específico, “PCC, torça para que eu não vença a eleição, isso não é uma ameaça, é uma certeza”, Douglas Viegas, do União Brasil, dava um enquadro, “ao invés de você ficar só assistindo esse vídeo, reclamando que as coisas não mudam, seja você a mudança, dia 2 de outubro, vote deputado federal, Poderosíssimo Ninja, 4434”, o experiente Goulart, do União Brasil, era disciplinador, “nem a nova, nem a velha, mas sim a boa política, não caia no papo dos candidatos engraçadinhos ou polêmicos, valorize este momento democrático” – avise o Kim Kataguiri e o Kid Bengala, digo – Antônio Ocilio, do PSOL, advertia, “não marque tôca!!!”, dos concorrentes à Assembleia, no Progressistas, Fubá do Depósito, do Progressistas, era outro que apontava o dedo para o eleitor, “meu compromisso é com você”, Neto Bota erguia o braço, Caio Luz, do MDB, ia direto ao assunto, “seja luz”, Doutor Edson da Paiol, do Podemos, segurando um cachorro, era taxativo, “pela proteção animal, castração é a solução, já fiz mais de 50 mil e vou chegar a um milhão”, Bioto NPN, do PSC, prometia, “policial civil, professor de judô, vem representar a família Nós por Nós, e vamos com garra absurda, vote 20020”, Fábio Jabá, do PSB, segurava um microfone e dizia, “você pode ter tudo, mas, sem segurança, você não tem paz, Fábio Jabá, 40111, a palavra é minha melhor arma”, alis, Agente Piva, do PSD, era mais específico, “policial penal vota em policial penal”, e Pascoal, do Avante, era outro do time dos que apontam o dedo para o eleitor, “toda mudança na sociedade somente através do poder político”... Levando em conta mais o estilo que o discurso, Esnar Ribeiro, candidato do Republicanos a deputado federal, com seu chapéu de caubói, arriscava uma inflexão de locutor de rodeio, com rima e tudo, para dizer, “estou aqui pra dizer procêis, para deputado federal, vote 1063”, Rafael Putovisky, do PDT, fazia estilo com a sonoridade do próprio sobrenome, Claudete Alves, do PT, apontava para seu número na tela, 1388, e o experiente Vicentinho, também do PT, levantava um papel com o número dele, 1390, Mortadela, do Podemos, “junto com as comunidades”, tinha um nome de urna estiloso, Professor Luciano Silva, também do Podemos, deixava por apontar para a câmera, “a comunidade agradece”, Marcos Papa, outro do Podemos, preferia um “slogan” diferente, “sinceramente, Papa”, ainda no Podemos, Paulo Vieira – sem alusões ao BBB - aparecia trabalhando forte na Libras, aproveitando que os programas são legendados, “por São Paulo e pelo Brasil, Paulo Vieira, o candidato a inclusão, vote 1985”, Dêfo, do PSB, usando camiseta vermelha com estampa psicodélica, óculos e “dreads”, afirmava, “ainda bem que a gente tem a gente, pela música eletrônica e pela cannabis medicinal”, Chiquinho dos Padeiros, também do PSB defendia “pão, emprego, dignidade e democracia”, Júnior Orosco, do União Brasil, deixava por um “hang loose” e um “tamo junto!!!”, Carlos Sampaio, do PSDB, assegurava, “minhas campanhas não têm um caminhão de dinheiro, mas contamos com um caminhão de amigos”, Marcinho Buchecha, do PSOL, dava dois “likes” no Facebook © e dizia, “não esquece, 5017!!!”, Zidane, do Avante, socava o ar, “Com a força do povo, pra cima!!!”, Rubinho do Ipiranga garantia, “vai chegar notícia boa”, entre os candidatos a deputado estadual, Jeferson Modesto, Jé, do Progressistas, propunha uma conversa amigável, “olá, eu sou o Jé”, seu colega de partido, Arquiteto Davi, apesar da proposta não muito original – “alinhado com as pautas conservadoras em prol da família”, desenhava seu número, 11007, no ar, Márcio Nakashima, do PDT, contava nos dedos o seu número de urna, “12345!!!”, Alex Minduin, do PT, era claro, “torcedor organizado vota em torcedor organizado”, Cowboy Edimar, do MDB, deixava pelo chapéu de vaqueiro, Douglas D&F Car, do Podemos, pedia, “mete marcha, Mauá e ABC”, Missionário Anderson Freitas, do PSB, segurava uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em madeira e declarava, “cristão vota em cristão, vote em mim!!!”, Joel Júnior, do PV, fazia seu número em Libras, “garra, juventude e representatividade, meu nome é Joel Júnior, 43773”, Silvano Sales, do PSDB levantava o dedo indicador, “periferia em manutenção”, Engenheiro Postigo, do PSDB, prometia, “vou transformar São Paulo em 3, 2, 1” – seu número era 45321 – Waguinho Animal, do PSD, por sua vez, era outro adepto dos chapéus de caubói, rangendo os dentes depois de se proclamar “o candidato do interiorzão”, no PC do B, Advogado Ewerton falava, “vote em quem tem a cara da quebrada”, Gérson dos Troféus ia na mesma linha, “sou do povão, sou da quebrada”, e Pastor Zetti, do Avante, sem medo de ser confundido com o ex-goleiro, era sagaz, “mais emprego, menos pobreza, simples assim”...















HERDEIRO – Daniela Curiati (PSB), Fábio Faria de Sá (Podemos)









































Aqui a prioridade é que o candidato mostre que faz jus à sua herança... Por exemplo, Edinho Filho e Maurício Gasparini, candidatos a deputado federal pelo MDB e a deputado estadual pela UB apareciam ao lado dos respectivos pais, o prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo, e o ex-prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini... Douglas Giglio, que disputava uma vaga para a Câmera pelos Progressistas, dizia, “Osasco precisa de um candidato que representa a cidade com um DNA osasquense, sou o novo Giglio, é Giglio por Osasco”... No mesmo partido, Ricardo Mutran, também pretendente a uma cadeira na Câmara dos Deputados, lembrava do pai, o ex-vereador Wadih Mutran, para o eleitor da região da Zona Norte de São Paulo, “quero continuar o legado Mutran”, no Progressistas, Tuco Bauab recordava da atuação do avô, Waldemar Bauab, na região de Jaú,  no Podemos, o candidato Jorge Maluly Neto, se declarava “o candidato da Constituição de 1988”, com um exemplar da carta magna na mão, pois seu avô, Jorge Maluly Neto, foi um dos deputados constituintes, e no PSD, Laura Kamia, candidata a deputada estadual, defendia a continuidade de seu sobrenome na política... Havia algumas dobradinhas de pais e filhos, como Fábio Teruel, candidato a deputado federal pelo MDB, e Ataíde Teruel, tentando a reeleição para a Assembleia pelo podemos, Roberto e Giovanna Tripoli, do PSDB, Bruno Ganem e Clarice Ganem, do Podemos, e a já clássica dupla Ricardo Silva e Rafael Silva, do PSD...  O PDT apresentou aos eleitores a dinastia dos “Cezares”, diretamente da região de Santana do Parnaíba, o pai, Marmo Cezar, foi candidato a deputado estadual, o filho, Elvis Cezar, disputou a eleição para governador, e o neto, Wesley Cezar, tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados... Aline Teixeira, candidata a deputada estadual pela UB, apesar de ser filha do vereador paulistano Ricardo Teixeira, preferia se identificar como “neta da saudosa Vó Marlene”... Nenhum desses herdeiros, no entanto, chegou perto do impacto causando quando a advogada e dentista Daniela Curiati, candidata do PSB a Câmara, disse no horário eleitoral, “Minha luta é pela SAÚDE”, essa ênfase e o sobrenome deixaram clara a herança que recebeu do tio, o médico e ex-prefeito de São Paulo, Antonio Salim Curiati, nascido em Avaré como a candidata e afastado da política há quatro anos... Fábio Faria de Sá perdeu o pai, Arnaldo Faria de Sá, ex-deputado federal, ex-membro da bancada do “Jornal da Tosse”, digo, “Record em Notícias”, e ex-presidente da Burra do Canindé em 16 de junho, e como candidato a deputado estadual pelo Podemos, o filho prometeu continuar o trabalho forte do pai pelos aposentados no escritório político que herdou dele, onde uma plateia agitou bexigas brancas e azuis e exclamou, “Vai Fabinho”, ou seja, um herdeiro com muito estilo... Daniela Curiati ficou bem longe de conquistar uma vaga na Câmara, com 1.247 votos, embora a força de seu sobrenome tenha lhe dado uma ligeira vantagem sobre uma ex-global, no caso, Valéria Monteiro, do PSD, que teve 1.225 votos... Fábio Faria de Sá conquistou a primeira suplência do Podemos na Assembleia Legislativa, com 51.948 votos, pouco a frente de Tenente Nascimento, do Republicanos (51.765 votos), um dos candidatos chancelados por Silas Malafaia, o próprio, e do colega de partido Doutor Edson da Paiol (51.680 votos), rumo a um milhão de castrações (Ops!!!)... Sendo que os eleitos do partido foram Gerson Pessoa, de Osasco e região, Ricardo França, vereador em Indaiatuba, Clarice Ganem, que fazia dobradinha com o filho, Bruno Ganem, eleito deputado federal, e Doutor Eduardo Nóbrega, de Taboão da Serra e região...
















PEZINHO – Zé Amiguinho (Podemos)





















O discurso raivoso pautado pelo presidente e seus aliados cansou uma parte do eleitorado, que ansiava por um pouco mais de delicadeza dos candidatos no horário eleitoral, demanda essa que acabou atendida por José Wanderley de Andrade, vereador em Carapicuíba, nascido na região de Carnaíba, em Pernambuco, que se apresentava ao público eleitor da seguinte forma, “para um país melhor, vote deputado federal Zé Amiguinho, 1962, eu disse 1962”... Uma graça de pessoa, que virtualmente não teve concorrentes entre os demais candidatos a Câmara dos Deputados, mesmo quem dizia ser “defensor da família” pegava pesado em outras questões e gêneros... E o desempenho eleitoral de Zé Amiguinho prova que ele tem ressonância entre a garotada, pois conseguiu 5.202 votos, mais por exemplo que nomes muito mais notórios como seu colega de partido Mário Covas Neto (4.954 votos), Doutor Bactéria, do MDB (4.587 votos), Emerson Kapaz, do PSD (3,793 votos) e até o advogado da família Bozo, que sabia o tempo todo onde estava o Queiroz, Doutor Frederick Wassef, do PL (3.628 votos)... No que diz respeito a sensibilidade, quem chegou mais perto de Zé Amiguinho foi Abner Tofanelli, do PDT,  candidato a deputado federal, que afirmava, “eu sou fruto da arte de rua”... E o Solidaridade bem que tentou ao apresentar um de seus candidatos a deputado estadual como Carlão dos Trabalhadores (as)...
















REVELAÇÃO – Ediane Maria (PSOL)





















O apelo urgente que  Ediane Maria do Nascimento fazia em sua fala era ressaltado pela agitação dos braços e dos cabelos, “sou Ediane Maria, candidata a deputada estadual, 50110, tô com Luis Inácio e Boulos, simbora!!!”... Em outra inserção, ela ressaltava, “vai ter sim, empregada doméstica deputada estadual”, mais que isso, como relata no vídeo “Não sou eu, somos todas nós!!!”, disponível no Youtube ©, “sou retirante do sertão de Pernambuco, sou uma mulher preta, periférica, mãe solo, sou coordenadora estadual do MTST, o maior quilombo urbano da América Latina, não sou seu, somos todos nós, simbora!!!”... Falando no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Ediane Maria fez dobradinha com sua principal liderança nacional, Guilherme Boulos, candidato a deputado federal, cujo slogan tinha aquele toque de emoção das narrações futebolísticas, “pra cima deles!!!”... Numa campanha dominada pelos candidatos ligados à área de segurança e a igrejas,  com um discurso nem sempre inclusivo (contra cotas raciais, atacando o que chamam de "ideologia de gênero",  criminalizado o campo progressista,  etc, etc, etc...) é uma revelação muito bem vinda... Vitão do Cachorrão, candidato a deputado estadual pelo Republicanos, foi uma novidade digna de nota, “filho de pedreiro e vendedor de cachorro-quente, vou ser o deputado estadual do povo, peço seu voto, Vitão do Cachorrão”, também com potencial para disputar o Troféu Catho ®...  Ainda na área da segurança alimentar, o PT revelou Macarrão, candidato a deputado federal, “sou do povo, sou da favela, sou um de vocês”... Entre as candidaturas femininas, tivemos Janaína da Bancada Ecossistema, candidata a deputada federal pelo PT, Dorinha Alves, “a loira dos cachorros”, candidata a deputada estadual pelo PV, e o Solidariedade, que buscou a representatividade com Carlão dos Trabalhadores(as) para deputado estadual, trouxe Helô da Empatia como candidata a deputada federal, um nome muito bom, de impacto altamente positivo, que se destacava dos demais,  tendo sobrevivido a dura prova de ter feito parte de um dos "slideshows" de candidatos feitos pelo partido... O Podemos tinha a dobradinha Mortadela para deputado federal e Palito para deputado estadual, que serviam de aperitivo para a proposta do partido... E um nome conhecido apenas regionalmente, por meio do horário eleitoral,  pode se tornar uma revelação em um plano mais amplo,  como por exemplo,  Thiago Surfista,  vereador em Guarulhos e candidato pelo PSD,  imagina quando souberem que esse nome de urna é de uma pessoa que reside numa cidade sem praia... Ediane Maria ficou em vigésimo lugar na lista de deputados eleitos, com 175.617, no PSOL é pódio com Carlos Gianazi e a Bancada Feminista – a federação com a rede elegeu também Mônica do Movimento Pretas, outra candidatura coletiva, Marina Helou, da Rede, e Guilherme Cortez - e no cômputo geral superou, por exemplo, Valéria Bozo, do PL (131.557 votos), que nem parente do presidente é... Ah, sim, Vitão do Cachorrão também conseguiu eleger-se, pegando a última vaga do Republicanos, com 56.729 votos...













VIRA-CASACA – Campos Machado (Avante)


















Nesta categoria havia um favorito bastante óbvio, Geraldo Alckmin, que trocou o PSDB pelo PSB para ser vice do Luis Inácio, também podemos citar Aldo Rebelo, uma liderança histórica do PC do B, que saiu candidato ao Senado pelo PDT, alis, mesmo Ciro Gomes, não escondeu em sua campanha que se elegeu deputado estadual pelo PDS, hoje Progressistas... Porém, nenhum “plot twist” se compara ao cataclismo que é a mudança de partido do advogado Antônio Campos Machado, 83 anos, um homem que, do alto de sua peruquinha, era sinônimo de PTB desde a refundação da legenda em 1980... Janista raiz, Campos Machado teve que abandonar o partido em 2020, por razões de aproximação com o presidente, deixando a legenda para Eduardo Cunha e Roberto Jefferson se digladiarem, e viu-se no dever de dar uma explicação aos eleitores: “Meu número mudou, agora é 70140, mas os meus compromissos são os mesmos, por São Paulo, por você”... No mesmo partido, tentando uma vaga para deputado federal, está Vacarezza, muito popular nos tempos de PT por ter como “jingle” uma paródia de “Macarena”, que não aparecia na televisão, mas bombava nos trios elétricos pelas ruas... Ainda no Avante, também pleiteando uma cadeira na Câmara dos Deputados, está o ex-jogador do Timão, Dinei – “Para federal, vote em quem tem Mundial” – que trabalha forte em uma característica comum a outros futebolistas candidatos, a troca de camisas, quer dizer, de partidos,  pois já concorreu por PDT, Solidariedade e Republicanos... A mudança de partido pôs fim a uma trajetória de 35 anos como deputado estadual, apesar de Campos Machado ter conseguido 39.393 votos, indicando a falta de quociente eleitoral do Avante, pois o futuro ex-deputado foi o quarto colocado entre os candidatos não eleitos (sempre levando em conta que todos os candidatos de partidos que elegeram parlamentares mas ficam de fora da composição do legislativo são considerados suplentes...), atrás de Dalben, do Cidadania (93.397 votos), cuja candidatura foi “anulada sub judice”, Nezio Monteiro, do PROS (66.755 votos) e Samurai Caçador, do PRTB (39.393 votos), de Monte Azul paulista e região, servindo de consolo o fato de que o antigo partido não elegeu ninguém, sendo que o candidato mais votado do PTB foi Paulo Kogos, o próprio, que teve 33.109 votos...












COADJUVANTE – Palhacinho dos Boletos (Novo)


















“Sabia que ali na esquina tem um palhacinho que é muito engraçado”... A frase dita pelo Seu Madruga ao Chaves serviu de inspiração para a criação de um coadjuvante predestinado a roubar a cena por conta da ausência anunciada dos protagonistas, pois o Novo insiste em fazer campanha para Câmara e Assembleia escondendo seus candidatos na Internet - Fernando Holliday, corre aqui... Apesar do encolhimento do tempo de propaganda eleitoral ter limitado as aparições de não-candidatos nos últimos anos, nosso simpático palhaço que andava pela rua de sacola na mão e boletos para pagar no bolso da calça, triste porque “a cada 100 reais que a gente gasta, mais de 30 são impostos”, tinha uma razoável concorrência: Zé, o cachorro tributarista do Edson Aparecido (quase o Dogbert brasileiro...), a vovó anarcocapitalista que prefere ensinar a pescar do que dar o peixe do Bozo, Mamãe Falei... Mas é aquilo, cachorro já está muito manjado em campanhas eleitorais, não é todo mundo que morde a isca da Dona Lúcia bozista e Arthur do Val fazendo cara de paisagem ao lado do candidato a deputado estadual Renato Battista, do União Brasil, estava mais para “Mamãe Calei”... Assim, nosso palhacinho se manteve forte na peruquinha laranja, da cor de seu partido, a despeito do surgimento de novos oponentes, o fantasminha antipetista do programa do PT, o menino que Tarcísio de Freitas levou para comemorar o aniversário nas obras do monotrilho da Linha 17-Outro, a fila de gente com os olhos vendados do Padre Kelmon, os dois ladrões num banco de praça do Ciro... Teve até “fogo amigo” do próprio novo, com a vaquinha de Vinícius Poit e o velho político que começou a dividir as inserções da chapa propocional (e conseguia aparecer mais do que a mulher representante do partido, cortada em alguns anúncios...), no entanto nosso palhaço que não é o coringa, o Joker, se manteve firme no propósito de acreditar que “os deputados do Novo querem reduzir os impostos”, estampando no rosto pintado um sorriso ingênuo, muito melhor do que candidatos que sequer dão as caras... Ops!!!... E mesmo assim, graças ao voto de legenda, eles conseguem eleger parlamentares, na Câmara, Adriana Ventura (109.474 votos) e na Assembleia, Leo Siqueira (90.688 votos)...


 











TROFÉU CATHO ® - Marta Sobral Coletivo Esporte (PT)

















A lista de candidatos destas eleições comprova que a política é a opção preferida de recolocação profissional entre policiais e militares, é um tal de coronel pra cá, delegada pra lá, muitos deles mirando no exemplo do presidente (apoiando ele também, militar que teve a expulsão do Exército trocada por uma aposentadoria, ou como se diz no jargão das forças armadas, pela reforma...) e de Kátia Sastre, do PL, que voltou a repetir em suas inserções a cena que execução que ajudou, de forma ilegal, a conquistar uma vaga de deputada federal em 2018 – mas ela não reelegeu-se este ano, felizmente... Falando no partido do presidente, o Astronauta Marcos Pontes está aí para mostrar que a luta pela sobrevivência não está fácil para ninguém, nem para os garotos-propaganda de travesseiros e jogos de tabuleiro... Também para os ex-BBBs a carreira política é uma alternativa para a forte concorrência entre os egressos do “reality” no setor dos influenciadores digitais, e dessa forma tivemos na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados, a trans Ariadna Arantes, do BBB 11, pelo PSB, e Adrilles Jorge, do BBB 15, pelo PTB... Adrilles também pertence a outra categoria que trabalhou forte para se reposicionar no mercado de trabalho, a dos ex-comentaristas da Jovem Pan, onde figuravam também o professor Marco Antônio Villa, do Cidadania, candidato a deputado federal, e José Carlos Bernardi, do PTB, candidato a deputado estadual – “vamos despetizar a Alesp”... Entre os atores, tivemos David Cardoso Junior, Luis Felipe Folgosi e Mário Frias, Solange Theodoro tentava a reeleição para a Assembleia pelo PDT, isso sem contar os preferidos do Merval, Alexandre Frota (PSDB) para deputado estadual e Kid Bengala (União Brasil) para deputado federal...  As telejornalistas estavam representadas por Liliane Ventura, do PL, Solange Freitas, do União Brasil, Solange Moraes, do Progressistas, e Valéria Monteiro, ex-apresentadora do “Fantástico” e do “Jornal Nacional”, do PSD – Rosana Vale tentava a reeleição pelo PL e Audrey Kleys, do Progressistas, já contava com a experiência de dois mandatos como vereadora em Santos... Na música, o sertanejo estava representado por Dalvan, candidato a deputado federal pelo PROS, e o pagode por Claudinho de Oliveira Soweto, candidato a deputado estadual pelo PDT... O experiente radialista Paulo Lopes, “o amigão das mulheres”, jurado do Troféu Imprensa, tentou se eleger deputado estadual pelo PL...  Na área da saúde, além do Doutor Bactéria, já experiente na política, tanto que trocou o PSD pelo MDB, e o seu congênere, Doutor Raphael, o Doutor Previdência, do Progressistas, tivemos a candidatura da enfermeira Mônica Calazans,  a primeira pessoa vacinada contra a Covid no Brasil, pelo PSDB, todos os três tentando uma cadeira na Câmara dos Deputados... Mesmo um simples dogueiro, como Vitão do Cachorrão (Republicanos),  quis mudar de profissão entrando para a política... No esporte, área em que a necessidade de se reinventar é mais urgente, além dos persistentes Maurren Maggi, do Republicanos, e Dinei, do Avante, tínhamos a ex-jogadora de vôlei Tandara Caixeta, que concorria a uma vaga de deputada federal pelo MDB – “Tandara Caixeta é esporte e dedicação” – porém, nada se compara ao impacto causado pela candidatura a Câmara dos Deputados pelo PT de Marta Sobral, campeã mundial de basquete pelo Brasil em 1994, representando o Coletivo Esporte e Minorias, pedindo ao eleitor que entre para o seu time, “venha jogar com a gente!!!”... Uma das figuras mais icônicas do esporte brasileiro não poderia deixar de ser premiada ao tentar a vitória em outro campo de atividade, embora no caso da eleição, a bola tenha batido no garrafão sem entrar na cesta... Marta conseguiu 13.839 votos e não se elegeu, porém ela conseguiu o feito de se posicionar imediatamente a frente de Joice Hasselmann, do PSDB, que obteve 13.679 votos, uma figura que se notabilizou no processo de “impeachment” de Dilma Rousseff, aliando-se em seguida ao presidente e, ao pedir a conta, foi condenada ao ostracismo que a bolha do Bozo reserva a todos os aliados que o presidente suja até a última gota e depois joga o bagaço fora, portanto, na hora do voto, Marta fez uma cesta de três pontos no último segundo de jogo...














PRÊMIO BUSER ® – Bancada Feminista (PSOL)


















As candidaturas coletivas mantêm a sua tendência de crescimento apesar de terem que lutar bravamente contra um formato de propaganda eleitoral que mal dá tempo para apresentar seus integrantes... Alguns candidaturas levavam todos os componentes da chapa para a frente das câmeras, como Cosme Félix, do Coletivo da Diversidade, candidato a deputado federal pelo Avante, e Iara Bernardi Coletiva Elas, que disputava uma vaga na Câmara pelo PT, explicando, “vote em uma e leve dez mulheres de luta para a Câmara Federal”... No PSB, os candidatos a deputado estadual Fábio Adonis e Geraldo Ribeiro, do coletivo Aqui Tem Luta, tiveram a mesma ideia: enquanto discursavam, os membros do coletivo apareciam em sequência... Fábio dizia, “juntos para construir uma São Paulo melhor, com mais cultura esporte e lazer, vote Fábio Adonis, 40199”, e assim eram mostrados seis co-candidatos, Geraldo dizia, “o governador planeja acabar com os operadores de trem do Metrô, trazendo risco aos passageiros, Geraldo Ribeiro, Coletivo aqui tem luta, 40026”, e desse modo apareciam  nada menos que 12 companheiros de mandato... Uma alternativa às inserções em que o candidato que aparece na urna fala e os co-candidatos apenas ouvem, casos de Júlio do Quilombo Periférico, que disputava uma vaga na Assembleia pelo PSOL, assim como Mônica do Movimento Pretas, do mesmo partido, e a homônima dela no PV, Mônica Buava Mandato Animal, candidata a deputada federal, que numa das inserções substituiu o co-candidato, Fábio Chaves, pelo dirigente do partido, Roberto Tripoli, alis a legenda tinha o caso do Mandato Verde Coletivo, que postulava uma vaga para a Assembleia Legislativa, em que os membros se revezavam, inclusive o candidato principal, Willdson Stahn, cujo nome aparecia na urna como Will Mandato Coletivo... Então é por isso que a solução adotada pela Bancada Feminista, candidata a deputada estadual pelo PSOL, é altamente engenhosa: depois de falarem em coro, “Somos a bancada coletiva do PSOL”, cada co-candidata tinha uma fala específica, “Queremos mulheres negras no poder” (Paula Nunes, que aparecia na urna...), “E você” (Carol Iara), “Feminismo é antirracismo e diversidade” (Simone Nascimento), “É luta para derrubar Bozo” (Sirlene Maciel), “Para deputado estadual  vote 50000” (Mari Souza)... Um exemplo para outras candidaturas coletivas, possível graças a flexibilidade que o partido proporciona na montagem da propaganda eleitoral... E que tornou a Bancada Feminista a terceira candidatura mais votada para a Assembleia em São Paulo, com 259.771 votos, atrás apenas do petista Eduardo Suplicy e do companheiro de partido Carlos Gianazi...













O PROFESSOR – Professor Marcelo Fusco (UB)


















Mais um caso em que um nome de peso poderia quem sabe ser premiado, no caso, Fernando Haddad, a questão é que ele não usa “professor” no nome de urna – condição “sine qua non” para concorrer nesta categoria – e essa apresentação não tem ajudado muito o ex-prefeito de São Paulo em suas campanhas mais recentes, e no caso de alguns ex-secretários e ex-ministros, como Paulo Alexandre Barbosa e Rossieli Soares, ela é até dispensada... Professores mesmo, de fato, havia vários, para deputado federal, por exemplo, Professor Adelino e Professor Douglas Izzo (PT), Professor Walter Vicioni (MDB), Professor Luciano Silva (Podemos) e Professor Deiverson A. (PROS)... Para deputado estadual, entre outros, Professor Marcos Bilancieri (Republicanos), Professor Hélio (Progressistas...), Professor Cícero e Professor Rafael Purgato (PDT), Professor Moreira (PSB), Professor Marcelo (PSD) e Professor Ozéias (Avante), este quase um sósia do professor João do BBB 21... Professor Arten, do MDB, dizia, “da educação com muito orgulho”, o Professor Rodney Vicente, também do MDB, era o preferido do internauta Pedro Henrique, o Professor HOC do Podemos tinha um certo estilo – “você se lembra em quem votou para deputado federal na última eleição, né, dessa vez você vai lembrar, dá um Google © em Professor HOC” – e o  Cidadania tinha ninguém menos que o Professor Marco Antônio Villa, mais um antigo comentarista da Jovem Pan que precisou de recolocação profissional... Professor Cleiton, candidato a deputado federal pelo PSB, chegou perto com uma fala que reflete a precarização do trabalho docente, “motorista de aplicativo e defensor dos animais, precisamos de representatividade, vem com o professor que você passa de ano, 4005”, seu colega de partido e de chapa proporcional, Professor Luzimar, enfatizava, “para a valorização do professor no Estado de São Paulo, vote Professor Luzimar, educação em primeiro lugar” – mesmo slogan de Carlos Gianazi, do PSOL, candidato à reeleição para deputado estadual, outro docente que não carrega a profissão no nome de urna, e apesar de não rolar, seu trabalho forte no que diz respeito a questões educacionais é bastante conhecido... No entanto, nada disso chega perto do entusiasmo autêntico com que Professor Marcelo Fusco, do União Brasil, candidato a deputado estadual, de Barueri e região, professor de administração, matemática financeira e marketing, "pai de duas lindas filhas", como se descreve nas redes sociais, conclamava seu eleitorado, “Eu quero convidar você, jovem, para escrever uma nova história por São Paulo, eu sou Marcelo Fusco, deputado estadual, 44333, é isso aí”, fechando sua fala com um “like” no Facebook © que combinava com a camisa, o relógio e a barba professorais, dando a categoria um vencedor realmente insuperável... Infelizmente, na eleição a história foi outra, o Professor Marcelo Fusco teve 6.459 votos, não entrando na futura bancada do União Brasil, que terá Milton Leite Filho (que tinha o “jingle” melhor que o do irmão....), Guto Zacarias (o inimigo das cotas raciais...), Edmir Chedid (o herdeiro da família...), Rafael Saraiva (da dobradinha com Felipe Becari....), Felipe Franco (“é a força do esporte, valeu...”), Solange Freitas (a repórter...), Daniel Soares (herdeiro do Ronaldo Romildo....), Edson Giriboni (erroviário...), viu um homônimo conquistar mais eleitores – no caso, Professor Marcelo, do PSD, que teve 9.593 votos - todavia ele conseguiu ficar à frente do ex-vereador paulistano e médium Quito Formiga, do MDB, que teve 5.964 votos, esse é o espírito, digo... 
















AUSENTE – João Dória (PSDB)
















Desde a primeira campanha que participou como candidato, em 2016, João Dória Júnior era uma potência emergente em nossa premiação... Disputando a prefeitura de São Paulo em 2016, faturou o Troféu Pinóquio com a promessa do “Corujão da Saúde”, que ninguém sabia onde seria colocado, na rede municipal de hospitais e UBS ou nas madrugadas da Globo, “Comando da Madrugada” de Goulart de Andrade começou assim... Então é por isso que a proposta desapareceu nos últimos dias de campanha e deu lugar a um jingle de qualidade “malufista”, o “João Trabalhador” – “até o russo escorregou, com João Trabalhador”, vide “Skavurska” fazendo bico no clipe – que embalou a vitória  no primeiro turno... Em 2018, com a mesma música, ligeiramente modificada na letra, com menções ao “João Governador”, e um “feat” de Cumpadi Washington parodiando a si mesmo no comercial do “Sabe de Nada, Inocente”, Dória, candidato ao governo do Estado, alcançou o bicampeonato do Troféu Pinóquio em duas eleições disputadas ao veicular na propaganda eleitoral, durante a apresentação de seus planos para administrar o Estado, fotos de creches dos Estados Unidos e hospitais da Rússia, adquiridas em bancos de imagens, e cuja origem foi identificada pela presença de palavras em inglês e russo nas mesmas... Ainda assim, Dória conseguiu se eleger governador, afinal ele tinha um trunfo no bolso para superar seu adversário no segundo turno, Márcio França, digo... Trunfo esse que começou a lhe causar problemas ao assumir o governo de São Paulo, devido a suas indisfarçadas pretensões de se eleger presidente da república, e o obrigou a tomar chá de sumiço da campanha eleitoral de 2020 para viabilizar a eleição de seu vice na capital paulista, Bruno Covas, não que ele quisesse fazer tudo igual, ele preferia as coisas de outro jeito, mas, enfim... Neste ano, Dória preparou mais um “jingle” para disputar as prévias do PSDB, “O Nome da Vitória” – onde “João Trabalhador” é rimado com “João Vacinador”, num esforço para associar seu nome ao combate a covid, “antivax” à parte, algo que havia funcionado com Bruno Covas, a essa altura já saudoso – proclamando-se “um candidato a presidente vencedor para o PSDB voltar a vencer”... Não passou das primárias do partido, sendo preterido pelo apoio dos tucanos a Simone Tebet, do MDB, e o pior é que não pode voltar ao governo do Estado e tampouco tentar a reeleição, posto que havia renunciado ao cargo em favor de Rodrigo Garcia... Que em sua campanha repetiu a receita da campanha de Bruno Covas em 2020 e varreu Dória para debaixo do tapete, e o ex-prefeito e ex-governador, que não pode disputar o tri do Troféu Pinóquio, só não caiu no completo esquecimento porque era sempre lembrado pela “campanha negativa” dos adversários de Garcia, em resumo, num intervalo de apenas seis anos, Dória desacelerou... Ops!!!... 

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