segunda-feira, 26 de agosto de 2019

CHBR 3.5 (IV): Chegam Nhonho, Godines, Bruxa do 71, Senhor Barriga e Jaiminho...

Nhonho compareceu pela primeira vez em 1974, no episódio "O Festival da Burrice", junto com Cândida, papel de Angel Roldán...



















































As lembranças de Chespirito sobre os atores que contracenaram com ele em seus programas na autobiografia “Sin Querer Queriendo”, lançada em 2006 e ainda inédita no Brasil, continuam com Edgar Vivar, intérprete do Senhor Barriga e de seu filho Nhonho... Que conforme disse em uma apresentação realizada na região de Campinas em 2015, disse que conseguiu uma vaga nas séries ao dizer para Gómez Bolaños que não fazia ideia do que fosse um ponto eletrônico... A partir desse momento, estaria ao seu lado até o fim do programa “Chespirito”, em 1995... Com um breve intervalo em 1992, quando esteve internado em uma clínica de emagrecimento nos Estados Unidos – fato que chegou a ser mencionado no episódio “A Volta de Botija” de “Chespirito”... Onde o personagem de Edgar Vivar (no Brasil, Botijão), um ladrão regenerado, retornou ao convívio de sua esposa Chimoltrúfia (Florinda Meza) e do amigo Chompiras (Bolaños, sendo que aqui o personagem ganhou o nome de Chaveco na dublagem da Gota Mágica, realizada em 1998...), após alguns meses internado em uma clínica para tratar a obesidade - exatamente como o ator... Edgar também já prometeu lançar uma autobiografia, mas, enfim... Angelines Fernandez, a Bruxa do 71, atriz espanhola com trajetória marcante no cinema mexicano – então é por isso que os internautas frequentemente a confundem com Maria Félix e Sarita Montiel... Horácio Gómez Bolaños, o Godinez, irmão de Chespirito, que trabalhava forte por trás das câmeras nos quadrinhos baseados nas séries e no licenciamento dos personagens... Raul “Chato” Padilla, o carteiro Jaiminho, que se tornou o substituto para Ramón Valdés após sua saída das séries em 1978... 

“Eu havia confiado o papel de dono da vila a um ator que tinha capacidade histriônica, mas que não era o ideal para representar tal personagem. Então se aproximou um bom amigo meu (Nacho Brambilla) e me disse: 

- Eu conheço um ator que é excelente e que poderia encarnar muito bem esse personagem. Quer que eu o traga para você fazer um teste? 

E foi assim que eu tive o primeiro contato com esse magnífico histrião que se chama Edgar Vivar, um ator cujo peso físico (que é elevado) fica muito abaixo de seu peso artístico. Com isso quero dizer que Edgar tem uma enorme qualidade histriônica, a mesma que o tem levado a desempenhar toda classe de papéis, de tragédia, comédia, o que seja, sempre com a destreza que caracteriza os grandes atores. Acrescento que aproveitei estas qualidades encarregando-o da interpretação de muitos personagens, entre os quais se encontrava o señor Barriga [Senhor Barriga], proprietário da vila, o qual dificilmente conseguia cobrar um aluguel (nunca, com certeza, o do Seu Madruga). 

Porém seus azares não se resumiam ao fracasso na cobrança de aluguéis. Além do que, ademais, o infortúnio o havia selecionado como vítima fortuita de muitas travessuras ou imprudências que cometiam as crianças da vizinhança. Estas últimas, as imprudências, provocadas quase sempre pelo Chaves, eram as que geravam a expressão que logo se tornou popular: Tenia que ser el Chavo Del Ocho! [Tinha que ser o Chaves!]. Obviamente, sua raiva ia confirmando o pré-julgamento que todos tinham dele, até que o público descobria que por trás dessa aparência havia um homem que espalhava bondade, ternura e, sobretudo, indulgência. Sua mão se estendia para exigir um pagamento, porém seu coração se encolhia até perdoar a dívida. 

Pouco depois, o mesmo Edgar interpretava também seu próprio filho, quer dizer, o filho do senhor Barriga, um menino chamado Ñoño [Nhonho], que havia herdado todas as características físicas de seu pai e não poucas das intelectuais. Brincava com todas as crianças da vila e da escola, mostrando que a infância é democrática por natureza... E depois, na idade adulta, irreparáveis prejuízos chegam a desprezar a ética. 




















No mesmo episódio estrearam Elizabeth (Marta Zavaleta...) e Godinez, interpetado pelo irmão de Chespirito, Horácio Gómez...



















































“Ao grupo se integrariam depois outros elementos, como Angelines Fernandez, uma atriz de reconhecida trajetória que havia atuado com regular frequência ao lado de Cantinflas, onde havia demonstrado ter um sentido de humor que a fazia ideal para o meu programa. Angelines aceitou caracterizar-se de maneira que não se permitia recordar a beleza castiça que teve, de modo que se encarregou de interpretar a solteirona Dona Clotilde, a quem as crianças da vizinhança chamariam de La Bruja Del 71 [A Bruxa do 71]. 

Dona Clotilde dizia frequentemente que era solteira por convicção. 

-Porém, por convicção daqueles a quem ela perseguiu - disse certa vez Seu Madruga. 

É que, na verdade, Dona Clotilde suspirava de amor pelo simpático viúvo. E era óbvio que por causa desse amor havia sido capaz de sacrificar todos os princípios que, segundo dizia, lhe haviam dado força para continuar a ser uma mulher honesta. Bom, tampouco era de sacrificar todos esses princípios assim, de uma só vez... Talvez um por um... Digamos que um hoje, outro amanhã, assim, sem muita pressa. 

O grupo continuou a ser incrementado com a inclusão, como ator, de meu irmão Horacio; porém, para escrever sobre ele (do mesmo modo que sobre meu irmão Paco) poderia gastar tantas páginas que excederiam totalmente este livro. Portanto me limitarei a mencionar que também caracterizou estupendamente a diversos personagens, entre os quais cabe destacar a Godínez, companheiro de escola do Chaves e dos outros meninos. Godínez se distinguia por ser o aluno que menos estudava; portanto, não tinha a menor idéia do que era história, geografia, aritmética e outras matérias escolares, porém, em compensação, era um verdadeiro expert em esportes, tanto na prática destes como nas informações que tinha à respeito. Não era capaz de recordar a data que Cristóvão Colombo descobriu a América, porém podia citar com precisão o dia em que Pelé marcou seu gol número mil. Quando o assunto era Di Stéfano, Godínez aludia ao futebolista, certamente, e não ao tenor. Os tigres não eram da Índia, e sim de Detroit, etc... 

Raul "El Chato" Padilla se incorporaria ao elenco fixo do programa numa etapa posterior, porém se poderia dizer que sua integração ao grupo foi mais do que instantânea, devido a três fatores contundentes: suas faculdades de ator, a enorme capacidade para caracterizar toda classe de tipos e sua enorme qualidade de ser humano.  (Páginas 221 a 224) 

A ausência de Ramón Valdés me fazia pensar na necessidade de conseguir outro ator de mais idade, principalmente para os programas do Chaves. Porém eu não queria que substituísse o Seu Madruga (no programa se dizia que o personagem tinha saído em busca de fortuna), mas que interpretasse outro personagem cujas características eu já havia delineado. Se chamaria Jaimito (Jaiminho), teria alguns anos mais que Seu Madruga e trabalharia como carteiro. Porém suas características principais seriam "evitar a fadiga" e fazer bucólicas evocações de sua terra natal: Tangamandapio, Michoacán. E havia a coincidência que já tinha a mão o ator apropriado para isto; se tratava de alguém que havia participado de todos os filmes que fiz: Raul El Chato Padilla. No início, sem dúvida, Raul não estava convencido de que gostaria de ‘enclausurar-se’ em um personagem fixo, mas mudou de opinião depois que fomos a Colômbia [em 1982] (Página 304)”.




















Já em "Balões", produção de 1973, Chaves afirma ao Senhor Barriga que nunca tinha visto um homem gordo de graça... Ops!!!...






















































“Há duas coisas que sempre distinguiram Edgar Vivar: seu enorme talento histriônico... e seu enorme volume físico. O primeiro é perfeitamente aceitável, mas o segundo pode ser altamente perigoso. E este era o estado que havia alcançado de maneira alarmante durante algumas fases de sua vida, entre as quais se sobressaiu o ano de 1992, quando a própria Televisa decidiu dar as cartas.  

Já em uma ocasião tivemos de intervir de maneira direta, quando o doutor Roberto Monroy nos havia advertido sobre o perigo que podia representar a inclusão de Edgar numa excursão à Argentina. 

- O simples fato de embarcar em aviões - nos havia dito o doutor Monroy - pode representar um sério perigo. A atividade própria de uma excursão, a tensão emocional, são fatores que podem ser fortemente danosos. 

Como conseqüência do diagnóstico, Edgar se viu privado de fazer parte de uma das excursões que fizemos a Argentina, o que provocou nele uma grande frustração. Porém, a medida foi necessária, tal como se comprovou durante uma reunião do comitê de avaliação que analisou o problema pessoal de nosso companheiro. Foi ali que o próprio Emílio Azcárraga Milmo pediu o parecer de todos os membros, até determinar que seria necessário intervir diretamente. 

- Qual é a clínica de maior prestígio no tratamento da obesidade? - perguntou o chefe. 

Não me recordo o nome do estabelecimento que foi recomendado por algum dos presentes, porém me lembro que se falou de um terapia múltipla que incluía, certamente, um importantíssimo tratamento psiquiátrico. A clínica estava localizada na Califórnia, a média distância de Los Angeles, e tinha fama pela alta eficácia de suas terapias e pelo alto custo das mesmas. Não obstante, Emílio decidiu enviar Edgar, por contra da Televisa. E não só isso: também ordenou que, enquanto estivesse sujeito à terapia, Edgar devia continuar recebendo da empresa como se estivesse atuando no programa. Diante dessa medida, senti orgulho de pertencer a tal instituição. 

Como comentário final, devo acrescentar apenas que a terapia se prolongou por quatro meses (de junho a outubro de 1992), durante os quais tive de empenhar-me mais para escrever os programas sem contar com a participação de nosso querido e importantíssimo ator. E quem sabe este seja o lugar adequado para comentar que algo similar aconteceu com outro elemento de nosso grupo: Angelines Fernández, que teve outra doença mas também se afastou dos estúdios da Televisa. Ela também recebeu da emissora o pagamento ininterrupto do que correspondia a uma atuação que não poderia realizar, situação que terminou tempos depois, quando nossa querida e admirada companheira morreu [em 1994] (Páginas 385 a 387)”. 























No episódio "Dando Bolo", também de 1973, Chaves diz a senhorita Clotilde que só queria experimentar o recheio - do bolo... 

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