quarta-feira, 17 de maio de 2017

Artur Xexéo lindo de viver lança uma gracinha de biografia...

Artur Xexéo, considerado o maior fã de Ana Maria Braga, acaba de lançar a biografia de "Hebis Camarguis"...

























































O livro “Hebe – A Biografia”, escrito pelo jornalista e roteirista da série “Pé Na Cova”, Artur Xexéo, refaz a trajetória pessoal e profissional de Hebe Maria Monteiro de Camargo, nascida no dia 8 de março de 1929, em Taubaté, onde nasceu... Cid Moreira!!!... Depois de se iniciar na carreira artística como cantora, passou a integrar o elenco da Rádio Difusora de São Paulo, do grupo dos Diários Associados, em 1944... Alguns anos depois, em 1948, quando a  “Moreninha do Samba” – cabelos loiros, só em 1957, depois de uma viagem ao Estados Unidos - também  se apresentava como “crooner” da casa noturna do Lord Palace Hotel, em São Paulo, ela namorou o lutador de boxe Joe Louis, internauta Pedro Henrique... Em 1950, é possível dizer que Hebe chegou à primeira emissora de televisão do Brasil, a TV Tupi, fundada pelos Diários Associados, quando era tudo mato na região do Sumaré...  “Hebe e a TV começaram a andar juntas antes mesmo de a televisão ser criada no Brasil... No dia 30 de janeiro de 1950, ela estava na caravana convocada pelo empresário Assis Chateaubriand, o dono dos Diários Associados, para receber, no Porto de Santos, os equipamentos que garantiram o funcionamento, em São Paulo, da primeira emissora de televisão da América Latina... A TV Tupi, que seria inaugurada em setembro daquele ano, já podia contar em seu elenco com os funcionários das rádios Difusora e Tupi... E foi assim que partiram para o litoral os astros das Emissoras Associadas, entre eles a radioatriz Sarita Campos, o locutor Walter Forster  e a cantora Hebe Camargo... Foi meio decepcionante, na verdade... As fotos da época mostram os artistas a bordo do cargueiro americano Mormacyork, ao lado de caixotes pouco fotogênicos... Ninguém sabia direito o que era televisão, e aqueles caixotes não ajudaram a entender... Mas não deixou de ser impactante para aqueles que participaram do evento.... ‘Eu fiquei alisando as madeiras daqueles caixas, emocionada’, diria Hebe, depois, ao descrever o acontecimento”... Escalada para o show inaugural da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950, onde cantaria o Hino da Televisão, de Guilherme de Almeida e Marcelo Tupinambá, Hebe simplesmente não compareceu... Enquanto a amiga Lolita Rodrigues assumia a tarefa de cantar o hino no programa “TV na Taba” – a atriz costuma dizer que é a única pessoa que sabe a letra do hino de cor e salteado – ela aparecia ao lado de seu namorado, Luis Ramos, um dos donos da Rádio Excelsior, numa festa promovida pelas Lojas Assunção, rede varejista de eletrodomésticos e discos com filiais em vários bairros de São Paulo, e patrocinadora do programa “Parada de Sucessos”, no Teatro Cultura Artística, na região da Rua Nestor Pestana...  Mas... E a peruquinha do Ivon Curi???... Xexéo explica... “Existe um filme que circula  hoje nas redes sociais no qual Hebe, em dueto com o cantor Ivon Curi, interpreta ‘Noite de Luar’, de Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu. É uma imagem rara, captada naquele 1950 para ser uma espécie de filme de propaganda da TV e exibido numa das muitas transmissões experimentais que antecederam a inauguração oficial”... Então é por isso que durante muitos anos Hebe dizia que não participou do “TV na Taba” porque pegou uma gripe forte... Alis... “Nos primeiros anos da televisão, ela e Hebe não se deram muito bem... Como todo mundo das rádios Tupi e Difusora, Hebe fez testes para trabalhar no novo veículo e não passou... Sobrancelhas muito grossas e seios muito grandes pareciam manchas  no vídeo, segundo a avaliação de Cassiano Gabus Mendes... Foi ele o diretor que organizou os testes realizados todas as tardes nos ainda não inaugurados estúdios de televisão na Rua Sete de Abril, no Centro de São Paulo”... A estreia para valer na TV aconteceria apenas em 1955, quando a TV Paulista foi adquirida por Victor Costa,  dono da Rádio Nacional de São Paulo (antiga Excelsior...), onde Hebe trabalhava desde 1952, e ela começou a participar como cantora do programa “Musical Manon”, apresentado no auditório na região da Rua dos Palmeiras... Depois de se tornar a apresentadora da atração, no lugar de Roberto Corte Real, a primeira vez como apresentadora aconteceria em setembro de 1955 no programa “O Mundo é das Mulheres”, que teve como convidado o prefeito de São Paulo, Juvenal Lino de Matos...



























Chamada de "Moreninha do Samba" no início da carreira, Hebe abriu mão do loiro para viver Cleópatra, Golias...




























































O apogeu de Hebe como apresentadora aconteceu na TV Record, emissora em que apresentou um programa de entrevistas com seu nome entre abril de 1966 e março de 1973, gravado às quartas-feiras no Teatro Record, na região da Rua da Consolação, e exibido nos domingos à noite... A produção estava à cargo da famosa “Equipe A”, responsável pelas principais atrações da linha de shows  e musicais da emissora da região do Aeroporto de Congonhas...  “’A fórmula era simples: Hebe entrevistando no sofá’, explica Manoel Carlos... ‘Eu e Nílton produzíamos... Raul Duarte fazia as perguntas... Tuta era o cortador’, uma referência à função de quem decide quais imagens vão ao ar... ‘Era sempre um teatro televisado... Ela começava o programa interpretando um número musical... As câmeras eram fixas... Dirigir era dizer ‘entra por aqui’, ‘senta”... Não tinha muito o que dirigir.... A gente levava muito fé e gostava muito dela”... Agora, o que interessa de fato ao Pancada é a parceria de Hebe com Ronald Golias... “Embora tenha se afastado dos festivais, ela não rejeitou o outro programa especial da Record... Adorava participar do ‘Show do Dia 7’... E, apesar de o programa investir no elenco de cantores da emissora, Hebe se destacou como comediante... O ‘Show do Dia 7’ acontecia uma vez por mês, no dia 7, naturalmente, uma referência ao número do canal da TV Record... Era um espetáculo diferente a cada mês, sempre contando com o elenco musical da emissora... A estreia de Hebe foi na edição de 7 de maio de 1967... Naquele ano a Record tinha lançado, nas noites de sábado, um programa humorístico que fazia tanto sucesso quanto seus musicais... Era ‘Família Trapo’, uma comédia gravada ao vivo sobre uma turma desajustada vivida por Otelo Zeloni, Renata Fronzi (os pais), Cidinha Campos e Ricardo Corte Real (os filhos)... Jô Soares era o mordomo e quase toda a graça ficava em cima da participação de Ronald Golias, o cunhado Bronco, que se encostava na casa dos Trapo...  Pois naquele show do dia 7 a Record quis aproveitar o sucesso desse programa... No palco do Teatro Record, a família Trapo comemorava o aniversário de Bronco, fazendo uma festa surpresa da qual participavam os cantores da emissora... Cada cantor que entrava no palco fazia seu número e continuava em cena, comendo um salgadinho, tomando um uísque... Aos poucos, o palco do teatro foi se transformando num salão de festas de verdade... A Família Trapo toda ali, os conjuntos que acompanhavam os cantores e Elizeth Cardoso, Jair Rodrigues, MPB4, Os Vips, Ronnie Von, Wilson Simonal... Uma festa e tanto!!!... E a Hebe???... Bem, Hebe aparece logo no início do programa vestida de Benedita, uma empregada contratada pelos Trapo especialmente para a festa....  Uniformizada, sua única função era servir as bebidas e recolher os copos usados... E foi o que Hebe fez durante todo o programa, com evidente satisfação... Trazia bebidas da coxia, levava copos usados para dentro, renovava a bebida dos cantores... Não tinha diálogos, não cantava... Era uma empregada de verdade!!!...  Mas ali aconteceu a magia dos encontros artísticos inesperados... De vez em quando, Golias gritava alguma coisa para ela, e Hebe saía correndo pelo palco... Puro improviso... O público morria de rir... Só isso... ‘Gata!!!’, gritava Golias, e Hebe, aparentando susto, saía correndo... Instantaneamente, foi criada uma das duplas humorísticas mais bem-sucedidas da TV Record: Hebe Camargo e Ronald Golias...  Em outros programa do ‘Show do Dia 7’, eles voltaram a aparecer, mas como protagonistas absolutos...  Estrelaram uma sátira de ‘Romeu e Julieta’, interpretando o casal de adolescentes criado por Shakespeare... Em outra, foi Cleópatra, e ele, Marco Antônio... Em sátira ao livro ‘A Dama das Camélias’, ele fazia Margueritte, e ele, Armand. Diferentemente de ‘O Aniversário do Bronco’, nesses quadros Hebe tinha textos para decorar... Mas isso não era importante...  O público gostava dos improvisos de Golias, de Hebe esquecendo o texto e rindo das piadas de seu colega de cena”... Hebe e Golias voltariam a interpretar Romeu e Julieta em dois especiais produzidos pelo SBT, nos anos de 1990 e 2003... Este último alguns meses depois de Hebe fazer o papel de Baronesa Gracinha em outro especial de humor, “SBT Palace Hotel”, vide sotaque alemão... O mesmo em que Golias interpretava de novo o “bell boy” que carregava as malas no hotel do programa sobre humor da série “TV Ano 50” da Globo, em 2000... Só que desta vez ele não tinha a companhia de Renato Aragão... 
































Para interpretar a Margueritte de "A Dama das Camélias", Hebe compareceu com o visual que adotou em 1957...

























































Hebe saiu em definitivo da Record em 1974, e depois de uma breve passagem pela Record, ficou afastada da televisão entre 1975 e 1979, vivendo com seu marido, Lelio Ravagnani, e com seu filho Marcello Capuano... Apresentava um programa na Rádio Mulher de São Paulo quando a agência de publicidade de Saldiva & Associados elaborou um plano para a volta de Hebe à telinha... “A Saldiva assinou um contrato com Hebe, outro com um patrocinador, e o pacote completo foi oferecido à Bandeirantes... A Bandeirantes topou... Hebe ganhou de volta o horário nobre dos domingos, como nos primeiros tempos da Record... No dia 9 de dezembro de 1979, sobre o patrocínio da fábrica de prataria Meridional, ela estava de volta à televisão disposta à ser de novo rainha, título que ninguém ousou lhe roubar nos quatro anos de ausência”... Vide comparecimento de Paulo Maluf, então governador de São Paulo, de quem Hebe foi cabo eleitoral em várias campanhas...  Na verdade, o livro de Xexéo não menciona, no período de declínio da Record, na breve passagem pela Tupi e nos dois períodos em que esteve na Band, Hebe ganhou do colunista Telmo Martino o apelido de “Senhorita Traço”... Se bem que... A emissora da região do Morumbi se dava por satisfeita com a média de 8 pontos no Ibope, na hora do “Fantástico”, depois do “Programa Silvio Santos”...  Em 1981, porém, quando Hebe estava em férias na Europa, a Band contratou Walter Clark para ser diretor de programação... Diretor-executivo da Globo entre 1965 e 1977, Clark dispensou dois programas já gravados e colocou Chacrinha no horário de Hebe aos domingos... Alegava que a atração atendia os interesses do patrocinador, e não da emissora, e Hebe era apenas um fenômeno regional que não funcionaria em rede para todo o país... No máximo, poderia apresentar um programa matutino para concorrer com o “TV Mulher” da Globo, Marília Gabriela... Hebe não aceitou e ficou fora da televisão por um ano...  Até Walter Clark ser demitido e o programa retornar, agora com produção da própria Band, em novembro de 1982... Então é por isso que naqueles anúncios no intervalo do “Clube Do Bolinha” anunciavam o primeiro aniversário do programa “Hebe”...  “Hebe!!!... Um presente de produtos Colmeína!!!... Amor e alegria e casa limpa todo dia!!!”, dizia a chamada... Meses antes, no programa de 6 de fevereiro de 1983, a apresentadora de dedo em riste criticava Edith, uma mulher que colocou a venda o filho recém-nascido – por intermédio de um certo “doutor Oliveira” – nos classificados do jornal “O Estado de S.Paulo”... Depois de mostrar uma imagem da atriz Nicole Puzzi, mãe solteira, lembrou das palavras ditas no programa por Nicole...  “Procurem não engravidar, mas se ficarem grávidas, não abortem!!!”... Sendo que a biografia aponta que Hebe fez um aborto na época do relacionamento com Luis Ramos... Assunto que abordaria mais de 30 anos depois ao ser perguntada por Ruy Castro, em uma entrevista no “Roda Viva”, em 1987... “Eu acho que é uma coisa muito pessoal... Eu não aconselho as pessoas a fazerem... Eu não aconselho... Acho que é uma coisa que cada um tem que saber o que deve fazer... É uma coisa de conscientização própria”... As opiniões de Hebe levariam ela a se tornar assunto de um dos primeiros estudos acadêmicos sobre televisão no Brasil, publicado em livro com o nome de “A Noite da Madrinha” pelo sociólogo Sérgio Miceli... O livro tentava entender o sucesso dos programas de auditório junto a uma população em crescente expansão nas grandes cidades, decorrência do êxodo rural, que levava ao inchaço das regiões periféricas... Embora o estudo aborde outros apresentadores, como Chacrinha, Flávio Cavalcanti e Silvio Santos, Hebe era apresentada como uma figura conservadora e moralista, que trazia uma noção de ordem para seu público... “Como já vinha pesquisando para um artigo sobre televisão, Sérgio foi estimulado a ampliar o artigo e transformá-lo em dissertação de mestrado... Assim nasceu ‘A Noite da Madrinha’, publicada como livro em 1972... No prefácio de uma reedição lançada em 2005, o próprio autor explica o título... ‘Aludia ao aconchego do espectador no sofá, assistindo no vídeo à réplica da sala de visitas em que sucedia a embolada sentimental simulada pela comadre-animadora, que se fazia passar por uma espécie de rebuliço em forma de gente’... A linguagem de ‘A Noite da Madrinha’ é difícil como os textos sociológicos de sua época; não é leitura para leigos... Hebe nunca aprovou o livro... Para ela, a crítica a seu trabalho que leu nas entrelinhas da tese chamava mais atenção do que o prestígio de ser estudada pela academia...  Miceli reavaliou seu percurso na edição de 2005... ‘Hebe Camargo sobreviveu a todos os congêneres de 1960 e 1970... Ela se impôs pelo vigor do carisma pessoal, pelo trabalho puxado e, claro, pela esmerada repaginação de sua figura pública”... Depois do caso de Edith, o vídeo do programa de 1983 no Youtube © mostra que Hebe recebeu Luiz Ayrão, que cantou “Porta Aberta”, trouxe ao palco do Teatro Bandeirantes, na região da Brigadeiro Luiz Antônio, um cirurgião plástico para comentar a morte de um travesti que injetou silicone industrial em seu corpo, agradeceu as citações ao programa na imprensa, mandou um beijo ao senador alagoano Teotônio Vilela, apresentou o mestre-sala mirim Júlio César e ouviu o repórter Saulo Gomes, que lembrou a matéria sobre o caso de um roubo milionário de joias no Maranhão... Três anos depois, Hebe chegou ao SBT... Apesar de ter dito, sobre o dono da emissora, que “Silvio Santos, quando janta fora, é porque sua mesa está na varanda”... Em 27 de dezembro de 2010, apresentou o último programa no SBT... Insatisfeita com a emissora da Anhanguera, mudou-se para a Rede TV!... Fragilizada por problemas de saúde, o programa começou a ser reprisado, e os salários atrasaram... Na semana em que acertou a volta ao SBT, em 29 de setembro de 2012, Hebe rendeu 17 pontos no Bolão Pé-Na-Cova... O internauta Chico Melancia jamais esquecerá as fraldas que ganhou da apresentadora quando sua tia ligou para o programa, digo... 
























Em 1983, na Band, Hebe reclama do alto preço a ser pago para anunciar nos classificados do "Estadão"...

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