segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Doutor rumo a estação Estudantes...

Enquanto o seu guarda não vem, Kenji aproveitou para fazer uma foto em posição de meditação ao lado do trem da CPTM...






























































Na estação Tatuapé da CPTM, o Doutor Kenji começou uma viagem pela Linha 11-Coral, até a estação Estudantes, em Mogi das Cruzes, no último domingo... Na verdade, ele queria comparecer em Suzano, porém a disposição de seguir a linha até o fim, repetindo a experiência que fez no metrô do Rio de Janeiro, o levou a Mogi... Assim, ele procedeu ao embarque no trem da Série 2000 da CAF espanhola – e também da Alstom e da Adtranz...  No caminho para Guaianazes, o trem do Expresso Leste passa pelo que restou das estações desativadas da antiga linha de subúrbios da Central do Brasil... Engenheiro Gualberto... Carlos de Campos, refúgio em que o governador do Estado  – o mesmo que depois deu seu nome à estação – estacionou seu trem especial quando explodiu a revolta tenentista de 1924 e o palácio dos Campos Elísios foi bombardeado... Vila Matilde, cujas telhas francesas da antiga cobertura sustentada por uma estrutura de madeira desapareceram, levadas pelo Seu Furtado... Cidade Patriarca, erguida pela construtora AE Carvalho e inaugurada em 1948 para valorizar o loteamento que pretendia tornar tão nobre quanto a Cidade Jardim... Kenji notou que o terminal de ônibus está em um nível bem mais alto que a estação do Metrô... Não sabia que nos tempos da ferrovia o acesso a estação era feito por uma grande escadaria...  Engenheiro Arthur Alvim, em que nos tempos da passagem de nível um trem colidiu com um ônibus da viação São José (com as cores da antiga Viação Leste-Oeste...) em 1977...  Aqui o doutor observou um grande terreno vazio ao lado da linha... É que a CPTM retificou o percurso, diminuindo o raio da curva que os trens faziam... Ele não lembrou  que quanto mais reto o percurso, melhor... A estação Timão Itaquera é obra do Metrô, de 1988, embora o Expresso Leste só tenha começado a passar em 2000... A linha do trem passava um pouco mais ao norte, onde hoje existe a extensão da Radial Leste... As três estações seguintes, separadas por túneis, deveriam receber originalmente o Metrô, se as obras tivessem sido concluídas em 1994... Depois, acabaram repassadas para a CPTM fazer o Expresso... E por que nunca fizeram uma fusão com o Metrô???... Também levou muito tempo para a Febem se transformar em Fundação Casa... A estação Dom Bosco passa pela Rua Sabbado D’Angelo... Quem era ele, perguntam ao Doutor... Ele só conhece o dia da semana... Sabbado D’Angelo era um fabricante de cigarros... Tinha uma chácara na rua em que leva hoje o seu nome... Era a figura mais poderosa da região de Itaquera na década de 1930... Financiou pesquisas na área de cardiologia... Será que descobriram os efeitos do cigarro no funcionamento do coração???... Na  estação José Bonifácio, Kenji estranhou que o piso ainda seja de borracha, como era nas estações do Metrô em seus primeiros anos... Antes a borracha que os mármores das confusas estações metroviárias... Vencido o último túnel, se vê o CEU Jambeiro – referência para os ônibus na paisagem periférica – e logo o trem da CAF para na estação Guaianazes, ponto final do Expresso Leste... “Estação nova”, como diziam os chamadores de lotação...  Logo em seguida aparece o experiente trem FNV Cobrasma de 1965 – fabricado segundo um projeto estadunidense e reformado em 1997 – que fará o percurso até Estudantes, na região de Mogi das Cruzes... Os balaústres um pouco baixos fazem a cabeça do doutor se lembrar dos trens chineses do Metrô Rio... O ventilador de teto, com sua grade metálica, é parecido com o dos carros da frota A do Metrô paulistano... As paredes são cor de pele e os bancos, paralelos às janelas, são verdes... Na parte preferencial, azuis... As janelas tipo guilhotina mostram uma lembrança que é mais ligada aos ônibus que aos trens... A antiga garagem da Viação Ferraz, na Estrada de Poá... A empresa operou até 2006... Nos tempos da linha 3028-10, seccionada em 2012, os chamadores diziam a cada ponto... “Divisa! Garagem!”... Antes deles, eram os ônibus da 312T-10 que traziam os compradores dos passes escolares da Ferraz... Coincidentemente, hoje o espaço é tomado por uma infinidade de ônibus escolares... A divisa entre São Paulo e Ferraz de Vasconcelos – onde está a estação Antonio Gianetti Neto,  primeira parada depois de Guaianazes...  Limite assinalado por um marco e um motel...



























Por enquanto em Poá, a modernidade na estação ferroviária é apenas uma placa na plataforma de tábuas...






























































A estação de Ferraz de Vasconcelos é nova, inaugurada em agosto pelo governador Geraldo Alckmin... O atual prefeito da cidade, um tucano, escreveu uma biografia de Alckmin... Assim como Gabriel Chalita, biógrafo de Lu Alckmin, deixou o PSDB depois que lançou o livro... Porém ao contrário do escritor, voltou ao ninho, digo...  A estação é ampla e moderna... A de Poá, município vizinho do qual Ferraz foi desmembrado, é provisória... Na plataforma, coexistem as tábuas de madeira e o piso tátil... Uma placa anuncia a futura nova estação, “moderna”... Sem fornecer uma data de inauguração... Margeando a linha férrea, está a Avenida Brasil, que apesar do nome familiar ao Tufão, não tem muito a ver com a via que  leva ao bairro do Divino...  Ainda em Poá, a estação Calmon Viana é maior, uma vez que é ponto final da Linha 12-Safira da CPTM, além de receber o trem da linha 11-Coral que leva o doutor Kenji... Ali ele registra o desnível entre a plataforma e a porta da composição... Problema que deve ser resolvido com a também ampla estação nova de Suzano... Que deverá se tornar o terminal da  Linha 12, com uma exuberante fachada metálica...  Na reta final as obras, os componentes das escadas rolantes ainda encaixotados... A inauguração é prometida para janeiro do ano que vem... Por enquanto, os passageiros têm de recorrer a outra estação provisória... Na qual uma cobertura improvisada tenta esconder as estruturas metálicas nos acessos aos bloqueios e na saída dos torniquetes... Quem chega às plataformas pela passagem de nível é obrigado a passar por um “corredor polonês”  entre o final da plataforma e a estrutura provisória... O trem deixa Suzano e o cheiro desagradável da fábrica de papel da Companhia Suzano chega até dentro do vagão, o que atordoa o doutor... Já em Mogi das Cruzes, depois das estações de Jundiapeba – em frente a um loteamento anunciado por Stênio Garcia, vestido – e Brás Cubas, e do Terminal Central de ônibus, a composição chega a estação de Mogi, no centro da cidade... Que apesar de ampliada durante o governo Sarney, quando os trens ainda eram responsabilidade da CBTU, ainda tem passagem de pedestres e veículos em nível – a famosa “porteira”, ainda recorrente no município, enquanto os viadutos e passagens subterrâneas não saem do papel... A viagem termina em Estudantes... Estação inaugurada em 1976, como indica a placa colocada pela antiga Rede Ferroviária Federal... A passagem de uma plataforma a outra se dá em nível, sobre o próprio leito ferroviário... Apesar de não serem permitidas fotos da estação, Kenji dá um jeitinho de fazer sua tradicional pose de praticante de ioga ao lado do trem azul – com vários pontos de ferrugem - que o trouxe até Estudantes... De um lado da linha, está a Universidade de Mogi das Cruzes, razão da existência da estação, e o Terminal Estudantes... De onde saem linhas de ônibus municipais e intermunicipais... Do outro, ligado por uma passarela com vista para a Serra da Mantiqueira, está o Terminal Rodoviário Geraldo Scavone... De onde saem linhas suburbanas e até interestaduais...  

























































O balaústre baixo dos trens da Cobrasma fez a cabeça do doutor se sentir no metrô do Rio...






























































Depois de fotografar os ônibus de um lado e de outro da linha em Estudantes, o doutor tornou a pegar o trem para Suzano, e após uma rápida porém marcante passagem pela cidade, tornou a embarcar de volta para São Paulo... Estava ansioso para ir até o Terminal Rodoviário Tietê e adquirir no estande de livros em ponta de estoque a biografia de Júlio Simões... Que começou como mecânico da extinta Empresa Auto Ônibus Mogi das Cruzes, montou a própria transportadora e construiu um grupo empresarial na área de logística que controla a CS Brasil, uma das empresas do Consórcio Unileste, que opera na Área 5 da EMTU – Mogi das Cruzes e região – além de atuar nos sistemas municipais de Mogi e Itaquá... Na viagem de volta, o Doutor Kenji olhou detidamente, com uma certa preocupação, para a junção entre dois vagões do trem da Cobrasma que voltava de Suzano com destino a Guaianazes... Imaginava que, a exemplo do que acontece nos desenhos do Pica-Pau, bastaria soltar um pininho para o vagão de trás se descolar da composição e ficar parado na linha... Ou que o sacolejo nos trilhos se encarregaria de desfazer a composição... Já não bastava a apreensão de não poder ficar encostado junto às portas do lado esquerdo do trem, pois o sistema ferroviário brasileiro segue, devido às suas origens, a mão inglesa e as plataformas das estações, notoriamente as mais antigas, estão sempre à esquerda dos trens... Felizmente, apesar da composição ter demorado para chegar, levando a um grande acumulo de passageiros na plataforma em Suzano, a viagem foi rápida... Ainda que sem os sinais sonoro e a música ambiente tão característicos do Metrô Rio... Em Guaianazes, o trem do Expresso Leste já estava posicionado, em formação “malhada” – ou seja, com vagões azuis e vermelhos... Só que ele não saiu imediatamente... O que no final das contas não fez diferença, pois embora o balconista da ponta de estoque de livros do Terminal Rodoviário Tietê tenha dito que o livro sobre Júlio Simões estava disponível, ninguém sabia onde é que ele estava...

































Mas o que deixou Kenji apreensivo mesmo foi a junção entre os vagões da composição...

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