quarta-feira, 29 de julho de 2015

Só faltou o Chacrinha no Festival de Besteiras...

Stanislaw Ponte Preta escreveu que na região de Niterói "urubu tá voando vestido de Chacrinha para ganhar Ibope"...













































O “coronista” Stanislaw Ponte Preta, também conhecido como Sérgio Porto, reuniu em três livros o que chamou de “Festival de besteira que assola o país”... O famoso “Febeapá”... O período em que sua “Pretapress”, agência de notícias abastecida pelas cartas enviadas por leitores o colunista, recolheu as histórias da série de livros, entre 1966 e 1968, início da ditadura militar, foi muito fértil em vovagens... Os casos que relatava eram de um “nonsense” que superava de longe o dos programas de humor na televisão... Alis, Stanislaw – ou Sérgio, como quiserem – também trabalhou forte no setor televisivo... Experiência que descreve no texto “A Máquina de Fazer Doido” – expressão criada por ele próprio, mas que atribuía a uma de suas personagens, a Tia Zulmira, que está no livro “Febeapá 3”... O humor absurdo extraído dos desmandos dos poderosos civis e militares da época dá lugar a um relato devastador e irônico sobre a televisão brasileira – em especial a do Rio de Janeiro – na segunda metade da década de 1960... Um período em que sobravam condições precárias de trabalho e faltavam pagamentos de salários para os artistas e técnicos... Ainda que as salas das diretorias das emissoras fossem redecoradas constantemente com o que de melhor havia no mercado de móveis... A obsessão por audiência e pelo dinheiro dos patrocínios também era ressaltada... E um velho conhecido dos internautas era duramente questionado... “O que, madama?  A senhora nunca teve oportunidade de ver “Rainha por uma Noite?” Pois então trate de fazer uma novena para Nossa Senhora da Ajuda, porque ela é sua padroeira e a madama aí nem desconfiava, imagine, dona, que “Rainha por uma Noite” foi invenção de um tal de Silvio Santos, hoje milionário, segundo dizem, por ter industrializado para uso exclusivo do rádio e da televisão , a burrice e a infelicidade humana. Nesse programa ele reunia mulheres infelizes (portadoras de doenças incuráveis, abandonadas por maridos alcóolatras, indigentes, mães de família  numerosa, etc., etc., etc., pois etc, nesse setor é o que não falta neste nosso mal administrado país) e explicava para o auditório que as miseráveis eram candidatas a rainha por uma noite. Descrevia a infelicidade de cada uma e aí o auditório, através de palmas, elegia a que considerava a mais infeliz de todas. Esta então, era eleita rainha. Punham um manto e uma coroa e ela ganhava um monte de prêmios, tais como quatro pneus banda-branca, um vestido do Dener, um jantar no mais elegante restaurante paulista com direito a acompanhante, um mise-em-plis no cabeleireiro mais chique do momento. Eu nunca vi esse programa, pois também sou muito devoto de Nossa Senhora da Ajuda. Mas juro que por tudo quanto é mais sagrado que me contaram que era assim. Como, madama? Se o produtor foi preso? Não senhora; está fazendo outros programas em São Paulo”... E continua a fazer, muitos anos depois... O que não significa que Sílvio Santos não tenha esquecido as críticas feitas ao programa “Rainha por uma Noite”... Que por sinal é a adaptação de um programa surgido nos Estados Unidos... Primeiro no rádio, em 1945... Depois na televisão, em 1956... Denominado “Queen for a day”... Até a escolha da rainha pelos aplausos da plateia foi trazida da atração estadunidense... Quanto a Silvio, recordou os críticas a “Rainha por Uma Noite” durante a edição do “Nada Além da Verdade” em que recebeu Claudete Troiano... Programa o qual foi reprisado no exato dia em que Claudete foi demitida do SBT... Que coisa, não???... E pensar que ela foi uma das quatro pessoas que participaram do programa e ganharam o prêmio máximo... As outras foram Dercy Gonçalves, Jorge Kajuru e Simony...















Silvio Santos e Chacrinha discutem quem vai apresentar "Seu Sete da Lira" primeiro, sem que o Boni saiba...















































Em “Máquina de Fazer Doido”, Stanislaw Ponte Preta apontou como uma das causas dos problemas da televisão brasileira a política de concessão de canais do governo federal... Que a rigor não mudou praticamente nada, quase cinquenta anos depois da publicação do “Febeapá”... Lembrando que Sérgio Porto rendeu  55 pontos no Bolão Pé-na-Cova em 1968, muito antes da carta que lhe foi enviada recentemente por Mário Prata...  O relato que o “coronista”  faz sobre as concessões e os canais televisivos no Rio de Janeiro é incisivo... “São pequenos exemplos que provam o quanto é educativa a TV brasileira. Nas outras cidades eu não sei como é que anda a distribuição misteriosa de canais. No Rio é uma bagunça tártara! O Canal 4, que era da Rádio Nacional, foi – digamos – negociado com a TV Globo; o Canal 2, que era da Roquette-Pinto acabou na mão de um grupo (sempre que se pergunta de quem é a TV Excelsior, respondem assim mesmo: ‘É de um grupo’); o 6 era da Rádio Mayrink Veiga, que a ‘redentora’ fechou sem dar a menor satisfação a funcionários que tinham mais de 30 anos de casa; o 9 está com o Vice-Governador da Guanabara, Sr. Berardo;  o 11 foi cedido à Rádio Ministério da Educação e nunca foi explorado; o 13 é da Rádio Mauá, estação pertencente ao Ministério do Trabalho e, talvez por isso que é tão duro trabalhar nela. Está, desde a inauguração – como direi? – emprestado às Emissoras Unidas de São Paulo, ora em franca desunião.  Logo, a gente não precisa ser nenhum Nostradamus para adivinhas que tem linguiça por debaixo do feijão. Tenho a impressão que, se gritarem ‘pega ladrão’, vai ser uma correria!!!... Pela distribuição mencionada, o leitor percebe também que a intenção era de entregar a concessão dos canais aos que, já no rádio, vinham explorando um setor de grande responsabilidade ou a ministérios que dariam um tom educativo à televisão, porque para isso ela foi criada. Mas – Deus me perdoe – o que seria educativo, deu no que deu. Por estas e outras que minha Tia Zulmira, a mesma que apelidou todos os televisores de máquina-de-fazer-doido, costuma dizer: ‘É uma infâmia dizer que no Brasil não existe a TV Educativa. Existe sim’... E quando a pessoa fica olhando para ela, pensando que titia já está gagá, ela esclarece: ‘Nada é mais educativo na nossa televisão do que o botão de desligar’”... 















Melancia se animou tanto com musical do Chacrinha que queria todos os ônibus com buzina do Velho Guerreiro...

















































Diante das indagações do colunista, certamente um dos maiores expoentes da televisão brasileira diria... “Eu vim para confundir, não para explicar”... José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha, trabalhava forte no princípio pelo qual a televisão é essencialmente entretenimento... Se der Ibope e atrair patrocinadores, melhor ainda... A impressão de Sérgio Porto sobre Chacrinha não era das melhores... Em “A Máquina de Fazer Doido”, ao relatar seu comparecimento à antiga TV Paulista para receber um prêmio, Stanislaw Ponte Preta conta que quando soube que o auditório era utilizado para uma gravação do programa do Chacrinha, ele avisou que esperaria o produtor responsável pela premiação do lado de fora da emissora, na calçada... A controvertida trajetória de Abelardo Barbosa foi resgatada no espetáculo “Chacrinha, o Musical”... Que o internauta Chico Melancia assistiu duas vezes... Mesmo que o texto tenha sido escrito por Pedro Bial... Alis, aquela cena em que o Boni solta a franga, possuído pelo espírito do “Seu Sete da Lira” – entidade incorporada por uma médium cuja apresentação o homem-forte da Globo queria proibir no programa de Chacrinha – só pode ser uma discreta alfinetada no filho de Boni, o Boninho, sob o qual Bial está às ordens na função de apresentador do “Big Brother Brasil”... O próprio Boni é um crítico  contumaz do BBB, assim a indireta também pode ter sido direcionada a ele...  Melhor sacada, só o Chacrinha – vivido na infância e juventude por Léo Bahia e na maturidade e velhice por Stephan Necerssian – colocando uma máscara de porquinho para cantar o jingle das Casas da Banha... O patrocinador que levou o Velho Guerreiro a introduzir o hábito de atirar peças e bacalhau na plateia, doutor Kenji Tanaka... As críticas e a censura ao qual Chacrinha foi submetido ao longo de sua carreira televisiva são levadas de forma alegórica ao palco... Se bem que... O internauta Chico Melancia se apeteceu mesmo com a sócia do protagonista - Dona Florinda Barbosa, com quem adoraria tomar uma xícara de café, depois de saborear de colherinha o seu irresistível sarapatel - e a homenagem aos cantores e jurados – Aracy de Almeida e Elke Maravilha davam um caldo, na sua opinião - que se consagraram nos programas de Abelardo Barbosa...  E principalmente com o tributo às chacretes... Pois muito mais do que sonhar com elas, nosso colega de rede queria ser uma delas... Ele até bolou um nome artístico com o qual se apresentaria na “Buzina do Chacrinha” ou na “Discoteca do Chacrinha”... “Chiquita Banana”... Só que ao invés de usar uma casca de banana nanica – que o deixaria ainda mais parecido com um dos Minions – nosso companheiro de web colocaria um maiô cavado prateado, como a das chacretes do musical... E muito silicone para adquirir formas cavalares... Além de um sapato de palhaço para poder acompanhar o Velho Guerreiro em “Maria Sapatão”... Ou cantando com ele as versões "hot" do tema de abertura do programa ou do "Roda e avisa" que compôs enquanto visitava as instalações sanitárias do Teatro Alfa, em São Paulo, onde aconteceu a apresentação... Chico ficou tão vidrado com a buzina usada pelo Chacrinha – transformada em fetiche no espetáculo - que se pudesse baixaria uma lei para que todos os ônibus da cidade fossem (bem) dotados do equipamento sonoro... Aí seria uma buzinada e um "Terezinha!!! Uhuuu!!!" a cada instante... Com certeza o Tufão iria adorar...

















Mais do que sonhar com as chacretes, Melancia sonhava em ser uma das chacretes... "Chiquita Banana", quem sabe ...

































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