quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Pancada Prova ser Pouco Provável Final da Libertadores no Chile...

Aparentemente, não haveria problema de Pancada acompanhar final da Libertadores em Santiago, falta de ingresso à parte...





























































Não há a menor condição da final da Libertadores entre Menguinho e River Plate acontecer no Estádio Nacional de Santiago... Pancada sabe disso porque está lá... A passagem e a estadia para a capital do Chile já estavam compradas desde setembro... Os protestos, a princípio contra o aumento da passagem do metrô começaram em outubro, antes da definição dos finalistas da Libertadores e atingiram o ápice, com reivindicações que incluem uma nova Constituição, o fim do sistema de fundos de pensão e a renúncia do presidente Sebastián  Piñera, em meio à classificação de brasileiros e argentinos para a decisão... A Conmebol, porém, manteve a finalíssima em Santiago e começou a vender ingressos para a decisão no Estádio Nacional para as torcidas das equipes finalistas... Supervisionada pela diretoria dos clubes envolvidos... A modalidade do sócio-torcedor do Pancada lhe daria direito a apenas um ingresso e nem assim ele conseguiu o bilhete... Nosso humorista e fornecedor de DVDs voltou a carga quando a entidade máxima do futebol da América do Sul constatou que o Chile estava convulsionado demais e transferiu a final única da Libertadores para Lima – mas só depois do cancelamento de dois eventos internacionais de peso, a Cúpula do Pacífico e a Conferência do Clima...O internauta tentou de novo adquirir a entrada a que tinha direito, mas também não conseguiu... Pelo menos não precisou fazer a exaustiva rota Rio-Santiago-Lima para comparecer ao Peru... Ficou no Chile, pois não conseguiria o reembolso dos valores do voo e da hospedagem, e foi conhecer o estádio onde aconteceria a finalíssima da Libertadores... Hospedado na região do palácio presidencial La Moneda – a escolha do hotel, conforme já mencionado, aconteceu antes dos protestos, quando o comparecimento aos arredores do palácio e da Praça Itália deixou de ser recomendado aos visitantes – nosso colega de rede foi até o Estádio Nacional de metrô... Justamente onde tudo começou... Pancada embarcou na estação La Moneda, ao lado do palácio presidencial – todo cercado por grades, para não ser atingido pelos manifestantes... Então é por isso que a estação estava relativamente preservada dos danos que costumam chocar os que choram por vidraças quebradas, mas fazem vista grossa aos abusos da repressão policial... Não no caso do internauta, que antes de entrar na estação passou por edifícios públicos repletos de cartazes com as fotos dos desaparecidos nas manifestações – consciente de que não foi um simples desaparecimento... O gesto de pular a catraca – a palavra “evade” está pichada por toda a parte em Santiago – se tornou um das marcas dos protestos, porém o riso nervoso na bilheteria da estação veio quando nosso colega de rede comprou um cartão Bip e o carregou com 20 mil pesos chilenos – a tarifa nos horários de pico é de 800 pesos, cerca de 6 reais... Pancada considerou a arquitetura da estação parecida com a das estações do Metrô Rio, inclusive pela inconveniência do acesso à plataforma ser feito apenas por escadas fixas... Não deu muita importância ao fato dos trens da Alstom e da CAF usarem pneus, porém ficou bastante injuriado quando viu que estavam completamente lotados... Apenas no terceiro trem que parou na plataforma ele conseguiu embarcar, ainda assim teve que viajar em pé... Mal conseguia segurar no balaústre, mas, enfim...


















Mas basta ver as faixas nos portões e os protestos na Avenida Grécia para entender que seria inviável jogar ali...























































O trem da Linha 1 do metrô de Santiago passou pelas estações Universidad de Chile, Santa Lucia, Universidad Catolica, Baquedano – a mais próxima da Praça Itália e por isso mais destruída durante os protestos  - Manuel Montt, Pedro de Valdívia e Los Leones, onde faria a transferência para a Linha 6... A “combinación” é uma espécie de viagem no tempo... A plataforma da linha 1 lembra as estações mais antigas do metrô da Cidade do México, com piso de granito... A descida até a plataforma da linha 6 é feita em dois lances de escadas rolantes... No final da segunda escada, um grande painel ilustra as obras da estação, e na sua frente, um músico prepara-se para fazer seu número... Perto do elevador, Pancada encontra máquinas de venda e um urubu... Isso aqui é Menguinho, pensou... Ao lado, uma passagem onde há uma exposição sobre a cultura da Suécia, vide foto do Abba... Nosso colega de rede já estava cantando “Dancing Queen” quando se deu conta que teria que descer mais um lance de escada para pegar o trem...  Nesse ponto, a estação é quase idêntica às da linha 4 do Metrô de São Paulo, com a diferença que mais um músico está se apresentando... A plataforma tem portas automáticas – algo comum em algumas estações de São Paulo, mas inexistentes no Rio – e nos painéis das paredes, está o pictograma da estação, por acaso, o desenho de dois leões... O trem da linha 6 é mais moderno e está mais vazio, o que agrada ao nosso companheiro de web, que finalmente pode sentar um pouco... Não por muito tempo, já que precisa descer na terceira estação – depois de Los Leones, temos Inés de Suárez, Nunoa e por fim Estádio Nacional...  Foi um pouco além do que a senhorinha no assento ao seu lado, que precisava descer em Nunoa...  A cor lilás da linha 6 evoca a linha 5 paulistana – e as muitas escadas até a saída também... Aqui o pictograma é o próprio estádio que dá nome à estação... Essa o Pancada fez questão de tirar foto ao lado... O tempo total de viagem foi de meia, do embarque em La Moneda até o desembarque em Estadio Nacional... O acesso à estação, na Avenida Grécia, tem uma parede tomada por cartazes e pichações de protesto... Na esquina com a avenida transversal, jovens aproveitavam o fechamento do semáforo para passar com um boneco gigante, usando uma túnica que dizia “Estão nos matando, violando e torturando”... O internauta, cauteloso, tomou a direção oposta para ser introduzido no estádio por uma entrada lateral...  Numa placa de travessia de pedestres, foi colado um cartaz com uma “rage face” e o slogan “Chile despertou”...  Na guarita da portaria, uma faixa “O estádio se soma à greve geral”... No entanto, a entrada é permitida, já que além do estádio há um grande conjunto poliesportivo público no local... Há pouco movimento, e  maior dificuldade de nosso colega de rede é encontrar alguém que tire uma foto dele em frente à entrada onde se encontram os anéis olímpicos...






















Estação do metrô facilitou acesso ao Estádio Nacional, vide pictograma aprovado por nosso colega de rede...






















































Interessado em penetrar o gramado (!!!), Pancada circundou o estádio na esperança de encontrar algum portão aberto... Quem sabe ali onde estão fazendo obras de manutenção, bem perto do “Lugar de Memória” – um trecho de arquibancada preservado exatamente como era em 1973, quando o Estádio Nacional foi convertido em um grande presídio político após o golpe militar que depôs Salvador Allende e conduziu Augusto Pinochet ao poder...  Os portões, porém, estavam fechados... Restou a Pancada observar por entre as grades a linha do meio de campo e as arquibancadas com cadeiras azuis e vermelhas, cores da bandeira do Chile... Não que Pancada fosse ficar ali caso conseguisse ingresso e a decisão permanecesse em Santiago – os lugares destinados à torcida dos finalistas ficam atrás dos gols... As obras que aconteciam ali certamente eram destinadas à final da Libertadores, mas prosseguiram mesmo após a mudança de local... Quem sabe estejam concluídas a tempo da retomada do campeonato chileno, parado desde outubro... Continuando o giro pelo entorno do estádio, Pancada viu dois jardineiros cuidando dos canteiros de flores, e numa entrada com o brasão do Chile, uma tubulação para entulho que terminava em uma caçamba azul, azul caçamba, bem ao lado da placa que indicava a realização ali da final da Copa do Mundo de 1962... Pancada observou ainda que a caçamba estava cheia de cadeiras, além das estátuas do presidente Arturo Alessandri e de um atleta grego, esta bem desgastada pelo tempo, especialmente na parte da folha de parreira... Ops!!!... Um ciclista passa pelo internauta com seu cachorro e Pancada o segue, indo parar em frente ao “Patinódromo”... Ele sentiu-se em um episodio de “Chaves” ao ver a placa “Não ingressar com massacotes”... Os portões abertos levaram nosso colega de rede a acomodar-se na arquibancada, onde ficou ensaiando o coro de “Mister, Mister” enquanto alguns patinadores faziam um treino de corrida na pista... Uma garota caiu no chão e acabou com as coxas em carne viva, sendo carregada pelos companheiros de treinamento para lavar as feridas... O internauta continuou sua caminhada por entre os portões fechados do estádio, observando nas pilastras os adesivos das torcidas uniformizadas dos times chilenos – vide foto da Universidad de Chile, campeã nacional de 1969, uma porta de acesso aos vestiários e outra a uma academia de boxe – não, Seu Madruga não está lá para dar aulas... O percurso termina na face do estádio voltada para a entrada principal, na Avenida Grécia – vide corredor de ônibus com carros elétricos da BYD... Bem diante de um portão onde estão penduradas várias faixas de protesto, colocadas pela própria associação dos funcionários do Ministério do Esporte, tais como “Nova Constituição” e “Não Mais Abusos”... Alguns desses servidores aproveitam os fechamentos do semáforo para exibir aos motoristas a faixa “Liberdade sem Igualdade é Fome”...  Depois dos portões, a estátua de um atleta de arremesso de disco, doada pelo governo da Grécia, está com um olho pintado de vermelho  - referência aos manifestantes atingidos pelas balas de borracha atiradas pelos “Pacos” – policiais militares...  Seguindo na direção oposta do Metrô, Pancada vai lendo os slogans pichados nas paredes dos acessos ao estacionamento, das quadras de tênis, dos campos das escolinhas de futebol e do parque público... “Organize sua Raiva”, “Milico assassino”, “Ditadura 1973 = 2019”, “Não é por 30 Pesos, é por Dignidade” – não que os protestos chilenos de agora se assemelhem aos do Brasil em 2013, mas, enfim – “Assassinos Mataram Aqui”, “Todo o Maldito Sistema está Mal”, “Evade seu Fascismo”, “Fogo no Estado Assassino”... A volta ao redor do estádio deixou o internauta cansado... Três paradas pelo caminho – na escolinha de futebol, num ponto de ônibus ao lado do Velódromo e num banco em frente ao local onde entrou no complexo esportivo, um pouco depois de portões cobertos por banners que sobraram da Copa América  de 2015 – não foram suficientes para repor suas energias... Era um dia de céu azul e fazia muito calor... Reunindo o restante de suas forças, pediu para lhe comparem uma garrafa de água no quiosque do outro lado da rua, junto a uma escola com mais cartazes de protesto... Restava apenas uma garrafinha gelada – a senhora que cuidava do quiosque falou que há quase um mês a distribuidora não passava por ali, um indício da crise atravessada pelo país... Devidamente hidratado, Pancada conseguiu voltar à estação do metrô... Funcionários do metrô removiam os cartazes de protesto nos acessos... Claro que muito em breve outros cartazes seriam colocados, mas, enfim... Sem futebol, Pancada deixou por embarcar para a estação Franklin, em busca de preciosidades em VHS e DVD na região dos “persas” de Biobio... Afinal, se é seu maior prazer ver o Menguinho ganhar, aquela parte de Santiago é perfeita, pois possui uma rua chamada... Prazer!!!...






















Do lado de fora, acesso da estação está tomado pelos cartazes e pichações dos protestos que agitam o Chile...

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