segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

EFVM Parte I: No Trem, De Belo Horizonte a Pedro Nolasco...

Viagem começa de manhãzinha com a movimentação de passageiros na bilheteria da estação de Belo Horizonte...


















































A Estrada de Ferro Vitória a Minas, operada pela mineradora Vale, é uma das únicas ferrovias que mantém o serviço regular de passageiros no Brasil... São dois trens diários, que partem de manhã das cidades de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Cariacica, no Espírito Santo, percorrendo uma distância de 905 quilômetros em cerca de 13 horas, chegando ao seu destino... Pelo caminho, passando por entre montanhas e seguindo o curso do Rio Doce, ainda sentindo os efeitos da tragédia de Mariana, dois anos depois, a razão de ser da ferrovia... As jazidas de minério de ferro de Itabira, as siderúrgicas de João Monlevade e Ipatinga, o porto de Tubarão na Grande Vitória... Embora a prioridade seja o transporte de minérios, o transporte de passageiros surge como bônus, com passagens que podem ser adquiridas com antecedência pela internet... O que facilita o embarque na estação central de Belo Horizonte, às 6h30 da madrugada, na praça onde na noite anterior houve um show de Eduardo Costa – nascido na cidade – e por onde passam diversas linhas do sistema de BRT da cidade, o MOVE, com passagem a R$ 4,05, Kalil, vide aglomeração nos pontos... A praça é um pouco degradada, mas o trem, de fabricação romena, é novo... O embarque é feito no carro 001 da classe executiva – são duas classes, com pequena diferença no preço das passagens - com botão para abrir a porta... Na plataforma, um gato dorme e do lado oposto passam os trens do metrô de Belo Horizonte... Os assentos são confortáveis e possuem tomada USB para carregador de celular... 7h28: O trem sai de Belo Horizonte... O responsável pelo carro é o Elielson...  No banco do lado oposto, que tem apenas um assento, vai um homem de boné do exército, que lê o jornal “Super Notícia”... A moça de óculos prefere assistir o filme que é exibido nos televisores de tela plana colocado no teto no carro – “Meu Malvado Favorito”...  Outra passageira precisa lidar com o filho pequeno, que fez barulho durante toda a viagem... Um vendedor oferece pão de queijo aos passageiros...  O comboio, como diriam os portugueses, passa pelas estações do Metrobel, o metrô de Belo Horizonte – Santa Efigênia, Santa Tereza, Horto, vide estádio Independência... Deixando a cidade, a linha férrea acompanha o Rio das Velhas... 9h05: Depois de Dois Irmãos e Barão de Cocais, matas, montanhas, minas, pontes, rios, as polêmicas barragens... 10h12: Agora o trem segue o curso do Rio Piracicaba – o outro, o outro... Começam as reservas do almoço, no caso, um marmitex que é entregue no próprio lugar onde o passageiro está sentado... 10h28: João Monlevade de um lado, Belgo Mineira, ou melhor Acelor-Mittal do outo... Pelo caminho, locomotivas puxam vagões com minério de ferro no sentido oposto... 10h56: Desembargador Drummond, acesso a Nova Era e Itabira, onde ficou a mulher de óculos... Que de fato lembravam os de Carlos Drummond de Andrade, digo... Seguem viagem o homem de boné do exército e o menino barulhento...





















No trecho inicial da ferrovia em Minas, a terra tem as marcas do trabalho forte na mineração...




















































11h28: Depois do comboio passar por Antonio Dias, é hora de comparecer ao carro-restaurante... Atravessando o corredor do carro 000 da classe Executiva, o carro-lanchonete e um corredor espelhado para chegar até o local do almoço... 12h02: Mário Carvalho, acesso a Coronel Fabriciano e Timóteo... O carro-restaurante está cheio, só tinha lugar no fim do corredor...  A espera para fazer o pedido acontece ao som de Kenny G (“What a Wonderful World”...) e Paula Fernandes (“Quando a Chuva Passar”...), embora o garçom em serviço, o “Tio” Toninho, considere que o som dos alto-falantes está alto demais... Aos que estranham o fato do Rio Piracicaba ter o mesmo nome de um rio de São Paulo, Toninho explica que é o mesmo caso de um homem que possui duas “sócias”... Ops!!!... 12h22: Intendente Câmara, acesso à Usiminas... Do lado oposto da siderúrgica,  na cidade de Ipatinga, dá para perceber a fachada de um shopping center... Finalmente é possível fazer o pedido: filé de frango, estrogofe de frango, peixe à floresta – receita da “chef” Sandra de Souza... Pelo PA, é dada a orientação de que o almoço deve ser consumido em 20 minutos após a chegada, para para permitir que um maior número de pessoas possa usar o restaurante... 12h44: chega o almoço, que é pago “cash”... Cartões não são aceitos porque o sinal de celular é fraco durante o percurso... Mesmo o 4G só pega nas cidades maiores do trajeto... O próprio “Wi-Fi” da Vale não dava acesso – sempre é assim, avisou Elielson - apesar das tomadas USB para carregar celular  estarem funcionando perfeitamente... 12h51:  Um minuto em Ipaba... 13h12: Um minuto em Frederico Sellow, acesso a Cachoeira Escura e Belo Oriente...  13h32: Terminado o almoço, de volta ao carro 001... Terminou o filme “Cidades de Papel” – baseado em livro do mesmo autor de “A Culpa é das Estrelas” – e agora é exibido “Angry Birds”... Pela janela, o Rio Doce... Mais uma conferência de passagem... 13h38: Um minuto de parada em Periquito... 14h01: Após parada de um minuto em Pedra Corrida, o serviço de bordo é suspenso... Lanchonete e restaurante, só depois de Governador Valadares... Sendo que o homem de boné do Exército trouxe almoço de casa – maçã, pão com linguiça e suco de laranja em uma garrafinha de Coca-Cola ©...
























Águas barrentas do Rio Doce são uma lembrança do desastre ambiental na região de Mariana...


















































14h42: Governador Valadares, aqui desce Dona Caca... Ou seria em Carmo do Rio Claro???... Pelo PA, o chefe de trem menciona que o comboio está sob o comando do maquinista Danilo Ferracin... Acontece a troca do responsável pelo trem, com Elielson dando lugar a Alfeu, amigo do internauta Pedro Henrique... 15h15: Com a entrada de Alfeu, o serviço de bordo está reaberto... 15h33:  Parada de três minutos em Tumiritinga, vide ônibus escolar perdido na estada transversal à linha férrea...  15h47: São Tomé do Rio doce, acesso a Galiléia, ai, caramba... O filme agora é “Vingadores – A Era de Ultron”... 15h57: Um minuto de parada em Barra do Cunheté... As águas do Rio Doce seguem barrentas por todo o curso, apesar da mata ciliar trabalhar forte... 16h11:  Em Conselheiro Pena, três minutos de parada... 16h30: Mais um minuto de parada em Crenaque, vide a exuberância do Rio Doce, apesar do assoreamento em alguns pontos...  16h47: Em Resplendor, que nada tem a ver com a cidade onde residia Adamastor na novela “Pedra Sobre Pedra”, três minutos de parada... 17h26: Quatro minutos com o trem parado em Aimorés, onde embarcou a senhorinha que carregava uma enorme sacola verde... 17h35: Mais quatro minutos de parada em Baixo Guandu, com seu cemitério no alto do morro... 17h50: A parada em Mascarenhas dura menos de um minuto... Faz sentido, a estação é uma pequena plataforma que mal se vê pela janela do comboio... 18h02: Um minuto de parada em Itapina, terra de mangueiras carregadas... 18h24: Depois de um bananal, Pancada, Colatina, no Espírito Santo... São quatro minutos de parada e o funcionário da Vale no assento à frente calcula o raio das curvas da Estrada de Ferro Vitória a Minas... 18h42: Depois de Colatina, mais uma verificação de passagem... 19h23:  Anoitece e o trem chega a Piraqueassu, onde para por um minuto... Terminado o último filme são exibidas produções regionais com o selo “Curta Vitória a Minas”, histórias da região sob o patrocínio da Vale... 19h34: um minuto em Aricanga, agora escureceu de vez... 19h54: outra parada de um minuto em Fundão... O lugar onde estava o homem com boné do exército vagou, sinal de que ele já desembarcou...  O serviço de bordo é encerrado e Alfeu aproveita para passar lavanda no chão do carro...  20h43: Um minuto de parada em Flexal, subúrbio de Cariacica... Ainda há tempo de clicar as tabelas e os avisos da Vale afixados no interior do carro... 20h48: Pelo PA, é anunciado que a próxima estação é Pedro Nolasco, em Cariacica... 20h59:  Fim da viagem... A senhorinha da sacola verde desembarca primeiro, o que permite fazer os últimos registros do interior do carro 001 da classe executiva... Da janela do trem estacionado na plataforma dá para ver a fila de táxis estacionados no acesso à estação... A confusão é tanta que o primeiro taxista da fila precisa pegar os passageiros pela mão para leva-los a Vitória... Sim, porque apesar da ferrovia se chamar Vitória a Minas, o ponto final da linha é em Cariacica... Para chegar na capital capixaba, é preciso atravessar uma das pontes que ligam a Ilha de Vitória ao restante do Estado do Espírito Santo... A hospedagem, por uma única noite, é num hotel  na Avenida Nossa Senhora da Penha, em frente a um shopping... Onde apesar de quase estar na hora de fechar, dá para jantar na praça de alimentação... O registro na recepção é demorado e oquarto do hotel é tão pequeno que lembra uma cápsula, em que mal cabe um beliche... Em compensação, o “wi-fi” funciona muito bem e dá para descobrir o telefone do rádio-táxi para combinar a corrida até Cariacica na manhã seguinte, quando acontecerá a viagem de volta para Belo Horizonte... 





















Depois de tantas horas de viagem, passageiros desembarcam em Cariacica ligeiros para chegarem em casa...

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