segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Chevette e Fiat 147, da garagem para a estante...

E pensar que a imprensa especializada antes do lançamento chegou a especular que o carro iria chamar-se "Opalim"...








































































A coleção “Clássicos do Brasil” é uma excelente continuidade da iniciativa da Editora Alaúde de editar livros sobre mobilidade, com foco nas marcas e modelos de automóveis produzidos no Brasil... Falta uma obra sobre ônibus, é verdade, o que é dificultado pelo fato de não haver no país um grande número de veículos de colecionadores, que costumam ser a base da parte fotográfica das publicações editadas pela Alaúde... No caso dos coletivos, a maioria das ilustrações seria de fotos de acervo... Seja de empresas – CMTC, Carris de Porto Alegre, Cometa, Itapemirim, Pássaro Marrom, por exemplo – de encarroçadoras – Caio, Ciferal, Marcopolo, entre outras – ou sobre o sistema de alguma cidade – BRT do Rio, Curitiba, quem sabe... Mesmo o livro lançado recentemente sobre a Fábrica Nacional de Motores (FNM) faz breves referências aos chassis para ônibus produzidos pela indústria na região de Xerém, Zeca Pagodinho, mas sem nenhuma foto ou reprodução de anúncio... Voltando aos “Clássicos do Brasil”, ao arrumarmos uma prateleira de livros em nosso quarto, aproveitamos para reunir os volumes que já tínhamos adquirido... Todos no mesmo padrão... Formato quadrado (18 por 18 centímetros...), capa dura na cor preta destacando a imagem do modelo descrito no volume – e o histórico na contracapa... Aero-Willys, Alfa Romeo, Brasília, Chevette, DKW, Dodge – não confundir com Raquel Dodge, digo – Fusca, Galaxie, Gol, Jeep, Karmann-Ghia, Kombi, Maverick, Opala, Passat e Simca... Estante arrumada, comparecemos à uma livraria e descobrimos que não tínhamos quatro volumes da coleção...  Dois deles, numa inacreditável coincidência, sobre modelos que fizeram parte da nossa história... Carros que pertenceram à nossa família e estiveram durante muito tempo na garagem de casa... O Fiat 147 e o Chevette...  Ambos os dois assinados por Rogério de Simone e Rogério Ferraresi... Não, o livro sobre o DKW não foi escrito por Flávio Gomes, mas sim por Paulo César Sandler... Apesar de que o "coronista" entendido... Em automobilismo... Ficaria contente em saber que uma associação entre o Ministério da Produção Automobilística da União Soviética e a Fiat deu origem à fabrica VAZ, mais conhecida como Lada, a produtora do modelo com que o jornalista costuma se aventurar nas pistas... O volume sobre a Karmann-Ghia é sobre o carro esportivo com mecânica Wolkswagen a ar, embora nosso internauta-mor só conheça a empresa como fabricante de trailers e reboques em sua cidade, São Bernardo do Campo...







































Fiat 147 foi o primeiro modelo a sair da linha de montagem da montadora italiana na região de Betim, em 1976...








































































O livro sobre o Fiat 147, na página 74, descreve o Fiat 147 C, versão básica do modelo, que tinha como novidade a chamada frente Europa, sem aquelas tomadas de ar embaixo da grade que vinham desde o lançamento no Brasil, em 1976, e possuía para-choques de aço pintados na cor preto fosco...  A foto na página seguinte mostra o 147 C, na cor branca, igual ao da nossa família... Que era um modelo 1983, à álcool – fazia 13 quilômetros com um litro, sem contar a isenção de impostos no caso de veículos para táxi – comprado zero numa concessionária da marca em Suzano, e que ficou três anos em casa... Segundo os autores, a história da Fiat no Brasil começou muito antes... Mais precisamente em 1907, com um modelo importado pela oficina Indústria de Carros e Automóveis Luiz Grassi e Irmão... A mesma empresa que quatro anos depois construiria para a Hospedaria dos Imigrantes aquele que é considerado o primeiro ônibus produzido no Brasil – com chassi e mecânica franceses...  Sendo que a partir de 1924, a produção de carrocerias se tornaria a principal atividade da Grassi até seu fechamento, em 1970... José Massa, avô do Felipe, trabalhou 18 anos na Grassi antes de ser um dos fundadores da Companhia Americana Industrial de Ônibus, em 1945... Olha aí a oportunidade, Alaúde, digo... Durante muitos anos os carros – e tratores – da Fiat eram importados... Após o final da Segunda Guerra Mundial, também em 1945, alguns modelos chegaram a ser montados no galpão de um terreno onde existiu uma senzala na região de São Bernardo do Campo... Ainda no sistema CKD, ou seja, montando as peças que vinham da Itália... Em caixas que, segundo os autores, teriam sido usadas nas casas do bairro Baeta Neves, Mestre... Quando Juscelino Kubitschek iniciou a implantação da indústria automobilística no Brasil, em 1956, o representante brasileiro da Fiat – cuja prioridade eram tratores de esteira e máquinas de terraplenagem - tentou convencer a empresa que montava os carros importados a se tornar uma filial da montadora no Brasil, sem sucesso... O galpão da empresa se tornaria a fábrica da Simca e a Fiat continuou a deixar pelos tratores – a Tratores Fiat do Brasil surgiu em 1959... Vale lembrar que a produção de automóveis da marca na Argentina começou em 1960, o que faz o livro resgatar o boato de que a montadora italiana e a Volkswagen – que produziu o primeiro Fusca em São Bernardo em 1959 – teriam divido o mercado, ficando cada uma com uma margem do Rio da Prata... Em meados da década de 1960, a Vemag, produtora do DKW, em dificuldades financeiras, tentou negociar a produção de modelos da Fiat, mas a matriz da empresa não se interessou... Assim como a famosa Industria Brasileira de Automóveis Presidente, a IBAP, não conseguiu um acordo para fazer um carro popular, baseado no Fiat 850, Nelson Fernandes... Apenas com a compra de uma fábrica de tratores em Minas Gerais e a fundação da Fiat Allis – para produção de tratores e máquinas rodoviárias – a ideia de implantar uma fábrica no país avançou, vide protocolo de intenções assinado por Giovanni Agnelli, o próprio, com o governo mineiro em 1972, Rondon Pacheco... Um ano depois, começou a ser testado nas estradas brasileiras o Fiat 127... Surgido em 1967 na Itália, a partir de um pequeno fabricante associado à Fiat, também inspirado ao Morris Mini Minor... Que daria origem ao 147, o primeiro modelo produzido na fábrica na região de Betim, em 1976... E manteve-se em linha até 1986... Nosso professor de estatística chegou a ter um Fiat Oggi, a versão três volumes do Fiat 147, lançado em 1983... Depois arrematou em leilão uma  Fiat Pick-Up – ainda não se usava o nome Fiorino – do primeiro modelo produzido no país, em 1979... A perua Panorama, lançada em 1980, traz excelentes recordações ao Mestre... Daquele dia em que um carro de reportagem do SBT, uma Panorama, compareceu ao lançamento da pedra fundamental do futuro estádio do Timão na região de Itaquera, em 1983... Por algum motivo, nosso internauta-mor estava lá, usando uma fantasia do Batman, como atesta a foto que tirou ao lado do carro... Ops!!!...

































Comercial de lançamento do Fiat 147 enfatizava o espaço interno e a eficiência do sistema de freios...








































































Depois do Fiat 147, tivemos um Chevette em casa... Na verdade, três... O primeiro, um S/L cinza, a álcool, comprado zero quilômetro na concessionária Dutra Veículos, a preferida do Mestre, em 1986, vide Plano Cruzado... Ficou seis anos na garagem, até ser substituído por um Chevette Júnior 1992, comprado quase novo de um engenheiro da Prefeitura paulistana que supervisionava a instalação dos pontos de ônibus  na cidade... Durou oito anos, até ser trocado por um Fiat Uno... O terceiro, comprado usado por 5 mil reais, foi vendido em 2008... O Chevette S/L comparece na página 71 do livro, também escrito pelos dois Rogérios, com duas fotos do modelo reestilizado em 1983... O carro daqui de casa tinha a mesma frente mais baixa e suavemente inclinada, conjunto óptico com faróis retangulares e lanternas envolventes integradas, grade de plástico, para-choques cromados com polainas grandes... Mas para sermos sinceros, tirando os frisos nas laterais e o relógio (de ponteiros...) no painel, não havia nada que justificasse a designação de Super Luxo... O Chevette Júnior, lançado em 1992 – na página 88, aparece um modelo cinza, o nosso era branco – era um esforço da Chevrolet para tentar disputar o mercado (e as isenções de impostos...) dos modelos 1.0 – o primeiro e o terceiro Chevette eram 1.6 – com o Uno Mille... O mesmo modelo que abreviou a carreira do Gurgel BR 800, aquele da capa do livro de Anderson de Assis Nunes, que faltava em nossa coleção...  Que conta toda a história dos modelos fabricados por João Augusto Conrado do Amaral Gurgel... Desde o projeto do Tião, apresentado como trabalho de conclusão de curso na faculdade de Engenharia, em 1949, até o Motofour, uma tentativa de entrar no mercado chinês quando a fábrica brasileira estava às portas da falência, em 1995... O destaque dado ao BR 800 se deve ao fato de que o carro, fabricado entre 1988 e 1991, era o primeiro totalmente concebido e fabricado no Brasil, desde a estrutura tubular de aço seccionada até o motor de dois cilindros opostos, de 800 cilindradas... Que recebeu uma isenção de IPI, a mesma que a Fiat aproveitaria para impulsionar as vendas do Uno Mille, a partir de 1990... Conquistando o nicho de mercado pretendido pela Gurgel... Que virou apenas uma lembrança, como o jipe X-12 que aparece no cartaz do filme “Os Trapalhões e o Rei do Futebol”...  Quanto ao Chevette - o Júnior saiu de linha um ano depois do lançamento, quando a GM conseguiu isenção de IPI para o modelo 1.6 - ele foi lançado em 1973 e retirado da linha de produção 20 anos depois, dando lugar ao Corsa em 1994... O lançamento veio no esteira do sucesso do Opala, surgido em 1968, que conseguiu superar em vendas o Ford Corcel, um carro com menor tamanho e preço, a GM – estabelecida no Brasil desde 1925, embora só fosse produzir carros de passeio com o Opala – queria um modelo compacto para fazer frente ao Fusca... Assim, importou para testes em 1971 dois modelos produzidos pela Opel na Alemanha, um Kadett e um Ascona – este serviria anos depois, para o lançamento do Monza em 1982, tema de outro livro da coleção que não tínhamos, de Rogério de Simone e Fábio Pagotto... Alis, se o Monza surgiu do Projeto J, uma iniciativa da GM no sentido de produzir um “carro mundial”, o Chevette também começou assim, com o Projeto T-Car, que levou ao Projeto 909 e à produção do modelo na fábrica da região de São José dos Campos, a partir de abril de 1973... Sendo que Consuelo Leandro e Ronald Golias foram convidados para a festa de lançamento do modelo... Três anos depois, um Chevette era o prêmio oferecido ao vencedor do concurso para revelar novos atores do “Moacyr TV”, Pancada... Nosso professor até sonhou em ter um Chevette GP, lançado em 1976 – que apesar do aspecto esportivo, tinha a mesma mecânica dos modelos comuns – mas a Chevrolet só entraria em sua garagem com o lançamento da perua Marajó, em 1981... Realmente, um carro para a família... Que nas eleições de 1989 ficou repleto de adesivos dos candidatos à presidência da república... Inclusive aquelas recriações clássicas, tais como VASCO, a partir de COVAS, ou LLOCO, com base no COLLOR...  Ops de novo!!!...












































No mesmo ano, o Chevette era o principal prêmio para os vencedores do concurso de novos talentos do "Moacyr TV"...

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