terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Queimou a língua... Quer dizer, o Museu da Língua...

Duas horas depois do início do incêndio, a fumaça que saía da estação da Luz não era exatamente branca...


























































Por volta das 16 horas desta segunda-feira surgiram nas redes sociais as primeiras notícias da imprensa sobre o incêndio do Museu da Língua Portuguesa, localizado no prédio da Estação da Luz, no Centro de São Paulo... Nos bloqueios das estações do Metrô começaram a ser colocados avisos nos quais era mencionado que, devido a "interferência interna" (quer dizer, o incêndio...), a estação da CPTM estava fechada, sem possibilidade de transferência para as linhas 7-Rubi e 11-Coral... No caso da linha 7, ela deveria ser feita na estação Barra Funda, e quanto à linha 11, na estação Roosevelt, na região do Brás... Embora o projeto original do Expresso Leste previsse a integração também na Barra Funda...  Alguns passageiros entravam no trem que ia na direção da estação Tucuruvi e perguntavam se ele fazia a integração para chegar até o Brás... Nesse caso, era preciso pegar o trem para o Jabaquara e descer na Sé... A estação Tiradentes do Metrô, localizada a duas quadras do local do incêndio, estava tranquila... Havia apenas um pequeno acúmulo de pessoas na saída em frente à Praça Fernando Prestes, devido à chuva... Quem não tinha guarda-chuva ou estava sem dinheiro para adquirir um com os camelôs esperava... Enquanto os sinos da Igreja de São Cristóvão assinalavam as 6 horas da tarde, pouca gente se arriscava a seguir pelas calçadas alagadas no caminho até a Estação da Luz... Na rua Ribeiro de Lima, a entrada do Parque da Luz estava fechada... Não havia ninguem junto às grades laterais do prédio da Pinacoteca do Estado... Um cenário bem diferente do íncio do ano, quando a fila para a exposição de Ron Mueck se estendia desde a entrada da Pinacoteca até a Avenida Tiradentes, internauta Chico Melancia...  O fato do incêndio acontecer em um centro cultural administrado pelo governo estadual evocou a lembrança de outra instituição consumida pelo fogo, o Memorial da América Latina, em 29 de novembro de 2013... Principalmente pelo fato de que o auditório Simon Bolivar, destruído pelas chamas, até hoje não foi reformado...

































Uma equipe do SBT registrava o incêndio, mas não com o comparecimento esperado pelo Melancia...

































































O acesso à Praça da Luz, onde está localizado o edifício da estação, estava bloqueado pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana... Bem em frente ao bloqueio estavam posicionados os câmeras e repórteres, além de fotógrafos de imprensa e curiosos... Apenas os carros do Corpo de Bombeiros, da polícia e da Defesa Civil tinham acesso... Guarda-chuvas e capas identificavam as emissoras às quais pertenciam os profissionais de mídia no meio da barreira policial... SBT (reportagem de Karina Pachiega...), Globo, Band, Gazeta, Rede TV!... Alguns deles, sem proteção, estavam completamente molhados de chuva... Havia ainda uma dupla de repórteres da CCTV, emissora de televisão chinesa... Um pedestre queria saber como poderia chegar à estação Luz do Metrô, pois não podia atravessar a estação da CPTM, que estava fechada... Um rapaz chegou de roupa social e sacou da mochila uma câmera fotográfica para registrar o incêndio... Na Pinacoteca do Estado, também fechada, os funcionáros acompanhavam da porta a movimentação na estação da Luz... No canteiro central da Avenida Tiradentes estavam estacionados diversos carros de reportagem, além de se encontrarem vários cinegrafistas e repórteres, em busca de um plano mais aberto do edifício do museu... Era possível notar que a cobertura já havia cedido com a ação do fogo, após pouco mais de duas horas... Uma repórter gravava uma passagem em que afirmava estar saindo uma fumaça branca do prédio, sinal de que o incêndio já estaria controlado... No entanto, a cor da fumaça na verdade era acinzentada, um indício de que ainda havia chamas... Na frente da entrada da estação, um caminhão do Corpo de Bombeiros teve acionada a escada Magirus para que a água mandada pela mangueira pudesse chegar até o topo do prédio... Pelo celular, uma repórter de rádio confirmava a morte do bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz, membro da brigada de incêndio do museu, quando tentava controlar as chamas... Por ser uma instituição destinada à preservação de um patrimônio imaterial - o idioma português - a maior parte do acervo era virtual, com exibições interativas que atraíam muitos visitantes de todo o Brasil e do exterior... Não nesta segunda-feira, felizmente, pois é o dia em que não há visitação... Porém, mais uma vez surge a preocupação sobre a reconstrução e a reabertura do museu...




























A estação vista da Pinacoteca do Estado não estava lá muito aprazível, Doutor Kenji...











































































Alguns pedestres que passavam aproveitavam para filmar com seus telefones celulares a estação incendiada... Não era a primeira vez... No dia 6 de novembro de 1946, às 2 horas da madrugada, teve início um incêndio de grandes proporções na estação da Luz, na época pertencente à companhia inglesa São Paulo Railway... Dali a dois dias, em 8 de novembro, terminaria a concessão de 90 anos da ferrovia, que passaria a ser administrada pelo governo federal, recebendo o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí... Do escritório da empresa, o fogo se propagou para a torre do relógio e destruiu também todos os arquivos da administração da São Paulo Railway, o que levantou especulações sobre a possibilidade de um ato criminoso... O combate às chamas durou quatro horas, dificultado pela pouca disponibilidade e a baixa pressão da água... Durante o incêndio, o repórter Murilo Antunes Alves fez uma transmissão ao vivo para a Rádio Bandeirantes, narrando em detalhes o trabalho dos bombeiros e descrevendo a destruição no local... O trabalho de Murilo levaria a emissora a aumentar seu investimento em coberturas jornalísticas... Quase setenta anos depois, no mesmo lugar, uma reporter televisiva da Band, abrigada uma capa de chuva,  transmitia ao vivo as informações sobre um novo incêndio na estação da Luz... Uma cena que o internauta Chico Melancia se apeteceria em ver - se fosse uma jornalista do SBT, é claro... Nosso colega de rede sempre cruzava... A passarela dentro da estação para conferir os ônibus da Gatusa na região da Rua Mauá... Mesmo sem nunca ter visitado o museu, já que sempre quando comparece por lá não tem fila, Melancia reconhece a importância da lingua... Seja de um beijo chupa-língua ou principalmente de um banho de língua, dado por seu cachorrinho de estimação, Doutor Kenji... 






































Trânsito na Tiradentes complicou tanto que os ônibus da EMTU cobravam mais caro pela passagem...

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