segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O dia em que Pancada compareceu no Engenhão...

Depois de uma hora sentado nos degraus da entrada, tomando um guaraná de dois litros, Pancada entrou no Engenhão....
































































A tabela do Campeonato Brasileiro marcava para o dia 1º de novembro, às 18 horas, o jogo entre Bacalhau e Fluzinho, no Rio de Janeiro... Um excelente programa para quem pretendia comparecer na Cidade Maravilhosa durante o feriado prolongado... Na manhã do sábado, entretanto, a leitura da edição carioca do Poliana revelava que a partida seria jogada na cidade, sim... Só que no Engenhão... A ausência de movimento nas bilheterias do Maracanã já indicava a medida tomada pelo presidente do clube mandante, Eurico Miranda... E no ponto de ônibus da UERJ, em frente ao Mário Filho, havia uma propaganda da novela “Os Dez Mandamentos”... Diante de mudança tão inesperada, só uma pessoa poderia ajudar... E não era o Chapolin Colorado... Trata-se do Pancada... Que aceitou rapidamente o convite para o jogo na região de Engenho de Dentro... Ele pensou que o confronto entre uma equipe quase rebaixada e outra que não almeja mais nada no campeonato seria, com certeza, bem mais engraçado do que assistir o “Zorra”... A facilidade de acesso também pesou... Na Rua Mariz e Barros, próxima da Casa dos Lunáticos, passa o ônibus 606, Rodoviária / Engenho de Dentro... Que segue pela Tijuca, passa pela Praça Saens Peña, entra no Grajaú, passa pelo Engenho Novo, Meier – a terra natal de Millôr Fernandes – e faz ponto final na Estação Olímpica de Engenho de Dentro da Supervia, aquela cantada por Jorge Ben, a uma passarela de distância do Estádio Nilton Santos – construído pela Prefeitura do Rio e arrendado ao Foguinho, que mudou o nome original, Estádio Olímpico João Havelange...  Mesmo assim Pancada disse que o ponto é muito longe do estádio... Também questionou sobre a possibilidade de não ter mais ingressos – até perceber que não havia fila no guichê para compra de bilhetes da ala Oeste... Que ficava na entrada da ala Sul... O que fez ele lamentar a caminhada até o portão Oeste... Mesmo que ela passasse pelo antigo prédio das oficinas da Estrada de Ferro Central do Central, em reforma para se tornar um espaço de convivência durante os Jogos Olímpicos... Ao chegar na entrada, lembrou que faltava mais de uma hora para a abertura dos portões, que aconteceria às 16 horas... Porém não teve dificuldade em encontrar um degrau à sombra – o tempo estava nublado no meio da tarde – para sentar e esperar... Tomando um guaraná Antarctica de 2 litros comprado na distribuidora de bebidas em frente ao estádio... Conversando com torcedores vascaínos sobre a atuação da equipe no Brasileirão... Ele nem reparou nos ônibus intermunicipais da Flores, Vera Cruz e Nossa Senhora da Penha que passavam... Só em uma linha municipal, a 254, que teve a certeza de que passava perto da Casa dos Lunáticos... Não deu muita bola para as esculturas de Nilton Santos, Garrincha, Zagallo e Jarizinho que adornam a entrada da ala Oeste... Mesmo feitas pelo pai do Gregório Duvivier...  Os portões do Engenhão abriram às 16 horas e nosso humorista foi um dos primeiros a pegar a fila, passar pela revista pelo validador, colocar o ingresso no validador e entrar... Rapidamente chegou ao corredor sobre a ala Oeste... Que impressionou o internauta pela escuridão, sem um único facho de luz para conduzir os torcedores... Por falar no hino cachorreiro, a lanchonete do Bob’s no estádio também cita a composição de Lamartine Babo em sua razão social... “Nosso imenso prazer”... Prazeroso mesmo é saber que o estabelecimento aceita Vale Refeição... E desde quando Pancada tem VR???... O fato é que ele pode saborear um Bob’s picanha com muito catchup assim que chegou a ala Oeste Inferior... E descobriu que os ingressos não eram numerados...




























Apesar de não ser torcedor do Bacalhau, Pancada entendeu o que os cruzmaltinos sentiram no gol do Pó-de-Arroz...





































































Depois de saborear seu lanche, Pancada notou que o campo de jogo é muito pequeno... Menor ainda porque a área ao seu redor, correspondente à pista de atletismo, está em obras para os Jogos Olímpicos do ano que vem... O lugar que nosso fornecedor de DVDs se instalou ficava bem em frente a escadaria que dá acesso aos vestiários... Localização devidamente aproveitada pelos torcedores do Bacalhau, que como mandante do jogo, julgou-se no direito de separar para seus simpatizantes as alas Sul, Leste e Oeste... Um mecânico de barcos que dizia cuidar do iate de Eurico Miranda a cada integrante da comissão técnica cruzmaltina que subia a escada, começava a pedir que convencesse o técnico Jorginho a sacar o zagueiro Christiano... Nem mesmo o ex-goleiro Carlos Germano foi poupado...  A única trégua do incansável corneteiro aconteceu na passagem de Valdir “Bigode” – talvez pelo fato dele também ter bigode... A pressão funcionou, pois o jogador de defesa não foi escalado para o jogo... O torcedor também implicou com os vendedores de cerveja, que teve a comercialização liberada no Rio, Pezão... Eles trabalham com um colete que tem a lista de preços dos produtos que vendem... Eurico – era assim que o corneteiro passou a ser chamado pelos outros torcedores – começou a implicar com os vendedores que acusava de terem “remarcado” o preço da cerveja... Que só comprou de um vendedor que tinha o colete “sem rasuras”... “A cereja é mais cara pra quem tem bigode!!!”, disse uma pessoa ao lado... Eurico não deixou por menos... “Essa cerveja tem álcool???”... Em seguida, a atenção do torcedor se voltou para as repórteres que entravam no campo... Todas chamadas por ele de “Anitta”... Ainda que nem de longe lembrassem a cantora... Nenhuma delas usava vestido transparente com biquíni enfiado no... PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!... Pancada se apeteceu mesmo com uma cruzmaltina mascarada – parecia um lutador mexicano de telecatch – que circulou pelo Setor Oeste... Tímido, não quis ser fotografado com a figura... O clube, ao perceber que a torcida não estava muito animada, colocou em campo uma pessoa fantasiada como o mascote do time... O Almirante, não o Bacalhau... Eurico reparou nas pernas finas do “massacote”... “Isso aí é homem ou é mulher???”... O diretor de “Meu Amigo Encosto” viu a cabeça da fantasia e achou o tal Almirante muito parecido com o Dollynho... O fato é que seus serviços não foram necessários na ala Sul, em que se concentraram as torcidas organizadas do Bacalhau... Ali tivemos bandeiras agitadas, a famosa versão de “Anna Julia” aprovada pelo próprio Marcelo Camelo, faixas – “Eu escolhi acreditar”, “Valeu, Carlos Miranda”  e um bandeirão... Sem contar o insistente refrão... “Viado... Viado... Viado... Time de viado”... Depois que as gandulas entraram em campo, Eurico sumiu... Com a bola rolando, Pancada não tirou os olhos do bandeirinha... Talvez por causa das canelas finas de sabiá... Ou seria pelo pezinho... Nem as meninas da comissão técnica do Pó-de-Arroz chamaram tanto a sua atenção... Os outros torcedores não pouparam o árbitro Luiz Flávio de Oliveira, considerado um inimigo do futebol carioca, porém seu auxiliar teve a complacência do internauta... O gol do Fluzinho nos acréscimos da primeira etapa desesperou um pai cruzmaltino... O filho, por sua vez, saboreava um hambúrguer, sem reparar muito no que acontecia dentro de campo... Pancada nem podia rir do gol, pois estava no meio da torcida do Bacalhau... Mesmo assim,  procurou saber dos torcedores com smartphone o resultado do jogo do Menguinho... Logo descobriu que o goleiro Paulo Vitor já era responsabilizado pela derrota diante do Grêmio... A torcida na ala Oeste não teve muitos motivos para festejar no segundo tempo... A substituição do uruguaio Júlio dos Santos, do Bacalhau... A expulsão de Higor Leite, do Fluzinho, um minuto após ter entrado em campo... Cantaram que “o Bacalhau é o time da virada”, mas a reação bateu na trave, literalmente...

































Antes de deixar o estádio, Pancada apontou que o gramado do Nilton Santos "é muito pequeno"...














































































Fim de partida, os torcedores do Pó-de-Arroz devolviam a provocação dos rivais cantando “time de segunda” e os do Bacalhau na ala Oeste xingavam os jogadores do Fluzinho que concediam entrevistas na boca do túnel...  Um torcedor descobriu que a cabine do Sportv ficava bem acima das cadeiras da ala Oeste... Logo começaram os apupos dirigidos ao locutor Luiz Carlos Júnior... Pancada preferiu fazer uma foto com o gramado do Engenhão ao fundo e não dizer nada... Tinha receio de que começasse a rir da derrota do Bacalhau e isso pudesse despertar reações extremadas dos torcedores cruzmaltinos... Não era o caso... Basta lembrar da frase de Millôr Fernandes, o guru do Meier... “Todo homem tem o sagrado direito de torcer para o Bacalhau na arquibancada do Menguinho”...  Ao sair do estádio, Pancada não quis se arriscar na travessia da passarela da Supervia à noite para pegar o ônibus 606... Decidiu esperar o 254 na rua em frente ao Engenhão... Saboreando o salsichão preparado por um vendedor de churrasquinho na casa ao lado do ponto, todo trabalhado na farofa... Se Carolina Dieckmann pode, por que não ele???... O estádio ficou vazio tão depressa que até a polícia foi embora... Condução não era problema, especialmente para o contingente de policiais da cavalaria, devidamente montados em seus cavalos, que saíram a cavalgar pelo Engenho de Dentro, digo...  Só ficou na região do Nilton Santos quem esperava pelos ônibus... Que apagavam todas as luzes e passavam direto pelo ponto, uma prática usual nos arredores do estádio do Morumbi, em São Paulo... Mas a espera não foi em vão, pois quase uma hora depois apareceu o ônibus 254... Madureira / Castelo... Antigo Madureira / Praça XV... Pancada tinha visto que a linha passava pelo campus Maracanã da UERJ, ou seja, perto da Casa dos Lunáticos... Só que o carro primeiro se dirigiu até Madureira, passando pela região da Abolição... O ponto final é nas proximidades do Norte Shopping,  cercado de bares com mesas lotadas no domingo à noite... Nosso humorista, após os esclarecimentos da cobradora, teve que pagar outra passagem para voltar... E passou novamente pela Abolição e pelo Engenhão... Em compensação, a vista do Morro da Mangueira, antes da UERJ, é excelente... Pancada retornou à Praça da Bandeira às 22h30... Na casa de massas da Rua Mariz e Barros só tinha pizza com guaraná Antarctica de um litro... Pelo menos ele chegou à tempo de ver os cavalinhos do “Fantástico” e o “Tomara Que Caia”... Assim poderia rir tudo o que não pode no Nilton Santos...





























Pelo menos a vista do Engenhão do outro lado da rua, no ponto de ônibus, é excelente, Pancada...

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