terça-feira, 3 de novembro de 2015

A solidez dos ônibus da cidade de pedra...

O internauta Chico Melancia - e o cachorrinho - fizeram questão de fazer uma foto ao lado do mítico Monobloco MBB O-362...


































































Antes das sete horas da manhã daquele domingo frio de outubro já havia visitantes que vieram há pouco de fora – de São Paulo – a procura de uma das mais importantes atrações turísticas da cidade mineira de São Thomé das Letras... O Monobloco MBB O-362 da Trans Pororoca Tur... Que realiza roteiros turísticos no lugar que é conhecido como “A Cidade de Pedra”... O ônibus estava estacionado na Praça do Rosário, em frente a uma igreja toda construída em pedra... A extração de rochas para construção é a principal atividade econômica da cidade... As ruas centrais são calçadas com pedras... Que também revestem a fachada de residências e do terminal rodoviário... O teto do ônibus laranja-escuro... Abaixo das janelas laterais, alternam-se três faixas verticais, uma branca, uma amarela e outra marrom... Na frente, no lugar do destino, foi pintada a palavra TURISMO, letras amarelas sobre fundo branco... Abaixo do vidro frontal, está o nome da empresa... Na lateral, pouco depois da janela do motorista, há os telefones da empresa e um convite para visitação do site na internet... Diante de um veículo histórico, difícil de ser ver hoje em dia na cidade de São Paulo, o internauta Chico Melancia fez questão de ser fotografado ao seu lado... No que teve a companhia de um cãozinho vira-lata dos muitos que percorrem as ruas de São Thomé...  Dentro do ônibus, a fórmica do teto, o piso e os assentos são originais... Os visitantes que entravam no veículo começaram a especular qual era a sua origem... A primeira evidência era um aviso de assento reservado estampado em uma das janelas... Similar ao que era usado na cidade de São Paulo na segunda metade da década de 1980... A porta traseira estava lacrada, e os degraus eram ocupados por um pneu de estepe e um cone... A caixa do mecanismo da porta foi pintada de cinza... No entanto, era possível notar abaixo da pintura um quadrinho com os dizeres CMTC RECLAMAÇÕES... Que era colocado nos ônibus das empresas particulares de São Paulo, também no final dos anos 1980... Faltou apenas descobrir a qual empresa o carro pertencia... A maioria dos entendidos... Em transporte coletivo que estava no ônibus oscilava entre a Gato Preto e a Santa Madalena... De qualquer forma, a emoção de andar em um veículo que fez história do transporte coletivo paulistano superava qualquer especulação... Até o cachorrinho que tirou foto ao lado do Melancia embarcou... O Monobloco de motor traseiro demonstrou todo o seu potencial ao superar com valentia os aclives e declives das estradas de terra que ligam São Thomé das Letras às muitas cachoeiras existentes nos arredores da cidade... Houve quem se lembrasse de trajetos igualmente rústicos na capital paulista há trinta anos atrás, como as linhas de Marsilac e da Segunda Balsa... Ainda hoje os ônibus vindos dos extremos da Zona Leste agregam uma grossa camada de poeira, como a levantada pelo ônibus da Mercedes-Benz nos sinuosos caminhos de São Thomé das Letras... Alguns visitantes até duvidaram que os micros atuais de São Paulo conseguissem vencer as estradinhas da cidade mineira...



























O experiente Ciferal Tocantins realiza passeios turísticos pelos recantos da  cidade retratada em sua carroceria...


































































Existem poucas linhas de ônibus regulares para São Thomé das Letras... Numa ala das plataformas da rodoviária, há aviso... “Proibido estacionar ônibus de turismo”... No entanto, eles estavam lá, parados na plataforma, cobertos pelo sereno da noite... Assim como um Busscar da Pluma estacionado em frente ao terminal, junto ao muro do “Centro de Múltiplos Eventos” da cidade... Diante das plataformas dos ônibus de linha... Onde há somente um veículo rodoviário... Um Busscar El Buss 320 da Trectur, que faz a linha até Três Corações... Minutos depois chega um Caio Apache Vip da Coutinho... Que cumpre a linha suburbana até a cidade de Cruzília... Em seguida, aparece outro El Buss, este da Coutinho... Que também vai para Três Corações... Ou seja, quem quiser ir para Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer outro destino, terá que comparecer à terra natal do Edson (OG), próxima da rodovia Fernão Dias... Uma placa na entrada  revestida com pedras do “Terminal Rodoviário Bento Boaci Parnaíba indica a inauguração ocorrida em 22 de agosto de 2003... A construção resultou de um convênio da prefeitura da cidade com a secretaria estadual de Transportes... Tanto que o primeiro nome da lista de autoridades na placa é do governador mineiro na época... Aécio Neves da Cunha... Enfim uma obra do Aecinho que não é um aeroporto... A direita de quem entra no terminal, há um telefone público e uma placa com o número do taxista Zé Barra Mansa,... Quem precisa de Uber???... A esquerda, esta a bilheteria... O saguão da rodoviária tem poucas pessoas e muitos cachorros... Dois deles parecem querer embarcar no Busscar da Coutinho que vai para Três Corações... Já as pessoas lembram o tema do Som Brasil... “Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar”...  Do lado oposto das bilheterias e do telefone públicos, há um mapa da cidade desenhado na parede, um corredor onde ficam os sanitários e a sala do Conselho Tutelar e um bar... Que com sua balança no balcão e a variedade de mercadorias nas prateleiras é um típico empório do interior... Aqui só falta o Rolando Boldrin para cantar... “É que a viola fala alto no meu peito humano... E toda moda é um remédio pro meu desengano”... Atrás da rodoviária, embaixo de um barranco, repousam vários carros e caminhões... Há mais veículos – onde tem um Fusca, tem outro - ao lado do terminal, estacionados no Auto Posto Nova Era... Que tem dois discos voadores estampados na sua cobertura... Não seria melhor as naves espaciais pararem na rodoviária???... Do outro lado da rua, uma igreja batista fazia tocar em seus alto-falantes músicas gospel interpretadas por Elvis Presley... Um quarteirão adiante, há a “Pousada do ET”... Nada a ver com o parceiro do Rodolfo, vide alienígena no alto da hospedaria... 




























O ônibus que transporta trabalhadores rurais fez Chico lembrar da novela "A História de Ana Raio e Zé Trovão"...


































































A frota da Trans Pororoca Tur também é composta por um Caio Amélia, que também estava estacionado na Praça do Rosário... O ônibus era utilizado para transporte escolar e mantinha a faixa amarela dos veículos que levam estudantes... Na verdade, apenas cobriram a palavra “ESCOLAR”... No vidro frontal há um aviso sobre os passeios oferecidos pela Trans Pororoca Tur... O roteiro tem início às 10 horas, com partidas da Praça do Rosário, passando por seis pontos turísticos da cidade, com término às 18 horas... O preço é R$ 25 por pessoa... Para maiores informações, estão disponíveis os telefones e o site da empresa na internet... No caso dos visitantes de São Paulo, que vieram em uma excursão, o passeio ficou por R$ 15 e terminou mais cedo, às 16 horas, sem passar pela Pirâmide... Mas essa é outra história...  Na praça havia ainda outro Caio Amélia, este empregado para conduzir trabalhadores rurais... As portas do ônibus estavam fechadas com cadeado, mas pelo vidro frontal era possível ver que os bancos originais foram substituídos pelos assentos de outro modelo da Caio, o Vitória... Um detalhe original que permanece no veículo está numa das janelas... É um aviso de assento reservado... De acordo com nosso colega de rede Zé Salles, a fonte Kabbob indica que o aviso é de São Paulo, usado na época da Municipalização dos transportes coletivos, implantada na gestão de Luiza Erundina (1989-1992)... Alguns quarteirões antes da rodoviária, numa rua transversal à avenida principal da cidade, havia um Ciferal Tocantins, modelo do final dos anos 1970... Ainda utilizado para passeios turísticos, como indicam os grafites nas laterais retratando os locais pitorescos da cidade... Quando o Monobloco e o Amélia se preparavam para sair da Praça do Rosário, chegou mais um ônibus da frota da empresa... Um Caio Vitória amarelo, com dois arco-íris ao lado do nome da Trans Pororoca Tur... O carro demonstraria todo o seu potencial na via conhecida como Ladeira do Amendoim, fora do perímetro urbano da cidade... Aparentemente, o terreno é plano... No entanto, se o veículo for colocado em ponto, ele simplesmente começa a andar para trás... “Ilusões ótimas”, como diria o Seu Madruga...

































O Caio Vitória da Transpororoca Tur teve que trabalhar forte na surpreendente Ladeira do Amendoim...

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