Na parte dos "lençóis macios" de "Café da Manhã", acontece fusão da imagem de Narjara Turetta com a do Rei... |
O “Roberto Carlos Especial” de 1987, inédito no Viva, apresentado na Globo em 29 de dezembro daquele ano, serviu de base para o disco “Roberto Carlos ao Vivo”, pois sem Augusto César Vannucci, que estava na Band, o programa foi todo no esquema “registro de show”, nesse caso, uma adaptação do espetáculo “Detalhes” que Roberto conduzia no Canecão, no Rio, aumentado com o comparecimento de convidados, mantendo os textos de Ronaldo Bôscoli antes das músicas, aquele “stand-up” inconfundível, e com direção geral de Walter Lacet, tudo gravado no Teatro Fênix, também no Rio, a parte em que Roberto troca de roupa, ajudado pelo camareiro e mordomo Pepe, recordando os sucessos dos anos 1960, também estava no show do Canecão, junto com a pequena Gabriela cantando “Imagine” em dueto, no especial acrescentaram Fafá de Belém rindo litros e falando da política brasileira, a Constituinte estava em andamento e o Centrão já trabalhava forte (!!!) e o amigo de fé e irmão camarada Erasmo Carlos pedindo providências quanto ao acidente radioativo acontecido com césio-137 em Goiânia... O especial de 1987 começa com “frames” de Roberto Carlos apresentando-se nos especiais anteriores, “Rede Globo Apresenta Roberto Carlos Especial”, lá está, entre outras cenas, o pingente de trem de luxo de 1976, o palhaço de 1979, cujo reaproveitamento em 1986 certamente inspirou essa abertura, o Carlitos de 1982, o amigo de Maria Bethânia todo de branco no mesmo ano, o caminhoneiro de 1984, o “mullet” do apocalipse e o chapéu de malandro de 1986, lasers no palco do Teatro Fênix, Roberto entra no palco decorado com uma guitarra estilizada de neon ao som da orquestra de Eduardo Lages, de terno branco com ombreiras, a plateia levanta-se para aplaudir, o Rei faz uma reverência em agradecimento, cumprimenta Lages, pega o microfone, toma fôlego, closes nas mulheres da plateia, inclusive a princesa consorte Myriam Rios, e manda ver na capela a infalível “Detalhes”, de 1971, emendando com a orquestra “Proposta”, de 1972, close nos pandeiros, nos violinos, mão no peito, levando consigo o pedestal do microfone, fechando com uma pausa dramática antes de dizer, “eu te... proponho” – que dedo no nariz é esse, maestro???... Roberto Carlos é aplaudido e aplaude, repete uma frase clássica, “como é bom rever vocês”, a plateia se agita, foca em Myriam Rios, presença obrigatória nos especiais do Rei há meia década, “muito obrigado, esses closes que vocês viram aí são retratos fieis de tudo o que eu tenho feito durante todos esses 14 anos, né, 14 anos de especiais, é claro, 14 anos de especiais, na verdade durante esses 14 anos tem muitas fases, de muitas emoções, de faces e fases, faces e caras de um grande careta”, e como a orquestra de Eduardo Lages tocou a introdução de “Emoções”, lá vai o Rei cantar a música que lançou no especial de 1981, numa apresentação no Theatro Mvnicipal de São Paulo – agora no Teatro Fênix, com roteiro adaptado do show do Canecão... Ops!!!... Vamos ao intervalo sem "break", no YT tem a relação de patrocinadores, uísque Old Eight, Bay Fresh da Bayer, amortecedores Monroe, esmalte Monange, e Kit Eletro Alimentos (anunciada por Elba Ramalho), voltamos com Narjara Turetta, a própria, focalizada na plateia, que acabara de atuar na novela “O Direito de Amar”, que o canal Viva exibe em 2024, Roberto Carlos fazendo “stand-up”, “durante muitos anos, coisas tem acontecido, e logicamente que cada época da vida da gente e a gente tem detalhes a contar, de repente até coisas que a gente usa nessas épocas, até a roupa que a gente usa em determinadas épocas, a roupa tem sempre a ver com a época que a gente vive, eu espero estar vestindo a roupa da época certa, pelo menos”, risos, “olha, eu gostaria até de mostrar algumas épocas da minha vida, através do que eu tenho vestido em todos esses anos, Pepe por favor, Pepe, traga algumas grandes épocas da minha vida” – não esqueça de tirar a vela, digo... Roberto Carlos comenta sobre o homem vestido a rigor que traz uma arara com roupas, “o Pepe está comigo desde o meu primeiro show, produzindo, na verdade vou fazer aqui uma espécie de strip-tease poético” – na verdade, tirou apenas o terno branco, o Rei estava com uma camiseta azul sem mangas por baixo – “strip tease poético, mas, afinal, eu acho que depois de 14 anos nós merecemos essas confidências, né, olha só esse coletinho aqui, esse colete tem pelo menos uns, o que, esse colete tem pelo menos uns cinco anos, né”, mais risos, “ora, por que não, esse coletinho aqui é da Jovem Guarda, eu lembro bem quando andava com ele na Jovem Guarda”, então é por isso que ele canta “Lobo Mau”, de 1965, não que ele estivesse usando a florida vestimenta de tecido rústico naquele “Show do Dia 7” da Record em 1969, mas, enfim, Pepe recolhe o colete, Roberto prossegue, “essa roupa que eu vou vestir agora tem muito a ver com a primeira, foi mais ou menos na mesma época, eu me lembro muito bem”, Pepe comparece com um colete estilo caubói e uma calça (!!!), que o Rei dispensa de pronto, “não, não dá, pelo menos o colete dá para vestir, com essa roupa eu cantei pela primeira vez no Canecão, sentado num Fórmula Ford eu comecei ali a pilotar os meus sonhos, os meus ideais, e tudo a uma velocidade quentíssima”, então é por isso que a próxima música é “Eu Sou Terrível”, do disco e do filme “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, o LP de 1967, a película de 1968 – este número foi trazido do Canecão para o Teatro Fênix, nos primeiros especiais, “Lobo Mau” sempre aparecia, combinava com o foco da Jovem Guarda nesses programas, infantil e lúdico, “Eu Sou Terrível” não, que coisa... Roberto Carlos passa para o próximo figurino, “aqui as coisas mudaram um pouquinho, uma época um pouco mais romântica, a do terninho e do cravinho, só falta o lencinho”, o Rei coloca o paletó escuro com um cravo branco, “pensei até que não abotoasse mais”, abotoa e desabotoa o terno, “mas com essa roupa eu vivi um personagem que eu gosto muito, com essa roupa eu vivi o simpático Amante a Moda Antiga” e vai de “Amante a Moda Antiga”, do disco de 1980 – um salto no tempo de quase uma década em relação a Jovem Guarda, a qual retorna na sequência... Aplausos, Roberto Carlos tira o paletó com flor na lapela, entrega a Pepe, recebe uma camisa azul de mangas longas e manda ver no “stand-up”, “com essa roupa aqui eu vivi uma das emoções maiores da minha vida, lembro que eu cheguei em San Remo, e já tremia no aeroporto, eu tremia por ali, aí eu cheguei no hotel, pus as coisas no hotel, a minha mala, procurando, né, é com essa que eu vou, eu peguei a roupa e tremia, mas, eu tremia tanto com essa roupa na mão, que essas bolinhas todas da camisa caíram no chão, né, ou quase todas, pelo menos, eu tive que catar tudo, porque logo em seguida teve o primeiro ensaio, aí logo depois a primeira apresentação”, o Rei põe a camisa, “mas eu disse, é com essa que eu vou e foi com essa mesmo”, Roberto repara que colocou do avesso, a plateia ri, Pepe ajuda, “acho que antigamente eu tinha um pouco mais de intimidade com esses babados, sabe, ajuda aí, Pepe”, o Rei fica pouco a vontade usando a camisa, “será que foi assim que eu cantei mesmo no Festival de San Remo, alguma coisa estranha aqui, né, mas eu acho que foi assim mesmo”, coloca a mão nos bolsos da calça, “cada coisa na sua época, antigamente eu achava, ainda acho, e foi assim que eu cantei com Sérgio Endrigo e vivi toda aquela emoção”, e finalmente Roberto começa a interpretar “Canzone Per Te”, vencedora do Festival de San Remo, na Itália, em 1968 – o Rei podia ter colocado um bigodinho postiço recordando o visual com o qual compareceu na homenagem feita ao voltar para o Brasil, digo, no vídeo do YT que faz a retrospectiva dos ganhadores, Roberto aparece com a tal camisa de bolinhas, porém ele usou um terno por cima, e Endrigo cantou de paletó e gravata... Roberto Carlos entrega a vela, digo, a camisa para Pepe e após o intervalo sem "break", novamente de branco e ombreiras, vai de “stand-up”, “minha vida tem sido um amar sem conta, lúcidas ou tontas, mas não tantas, umas na luz do sol, outras em brumas, no sarro ou no carro, na febre da cama, algumas, que me perdoem as palavras que usei pensando nela, mas o suor dela ainda escorre pelo peito, com ela, o gesto do amor é perfeito”, e o Rei faz aquilo tudo SEM PARAR MEU AMOR, num “medley” de prosa e versos que inclui “Seu Corpo”, do “disco do cachimbo” de 1975, “eu quero aquela hora que os gestos valem todas as palavras, eu quero ganhar tempo como o tempo que voa rumo ao dia, que agonia, eu quero a noite cortada de gemidos e sussurros, eu quero tudo a dois, tudo a dois, descansar só depois”, “Café da Manhã”, de 1978, “eu sempre vou ver você assim como um momento de retrato gravado na retina, você menina, bicho do mato, você guiando nosso amor no rumo exato, conduzindo nossos corpos a delírios incríveis, nós dois, guerreiros invencíveis nas batalhas da cama”, Narjara Turetta, a própria, é focalizada na parte dos “lençóis macios” de “Café da Manhã”, pela segunda vez no especial, não é Dragon Ball, mas a fusão do Super Sayajin aqui foi excelente, digo, na sequência, “Os Seus Botões”, de 1976, “ah, aquela voz rouquinha, tipo fulaninha, aquela falinha arrastada, ah, eu te acho uma parada, de repente dá aquela vontade de recuperar o que já está feito, aquela beleza toda pra mim, coloca-la do meu jeito e dizer exatamente assim”, com “Falando Sério”, de 1977, “sim, é claro que eu já fiz charme, mas quem não fez, né, já dei de machão, parti pra sempre, endoidei de vez, eu sou assim, exatamente igual a vocês, vocês não são diferentes de mim”, “O Côncavo e o Convexo”, de 1983, “eu saberia distinguir de todas que eu já quis, ela tem o cheiro do que eu amo, nós somos um encontro exato de perfis, nós somos quase iguais, exatamente quase iguais”, “Eu e Ela”, de 1984 – não falta nem o close em Myriam Rios, num figurino “petit-pois” vindo diretamente da novela que fazia na ocasião, “Bambolê”, que coisa, não, apesar de estar se aventurando em outros gêneros, Roberto Carlos mantém no especial a “timeline” romântica e sensual, vide Motel Côncavo e Convexo na região da Vila Monumento... Ops!!!...
Depois dos progressos com Gal Costa em dois especiais, Roberto recuou do riso de hectolitros de Fafá de Belém... |
Myriam Rios volta a ser focalizada durante os aplausos antes do próximo “stand-up” de Roberto Carlos, “casa vez que eu canto essa sequência sensual, cada vez que eu canto essa sequência eu tenho mais certeza que o amor tá cada vez mais na moda, e eu até posso provar que o amor nunca foi tão cantado, é, cantado pelas crianças, né, que maravilha, se essa rua fosse minha, ou melhor, se aquela rua da minha infância fosse minha, eu botava dois nomes nela, Simony e Jairzinho”, ela de vestido e chapéu branco lembrando vagamente o especial de 1984, ele de jaqueta prateada, “que prazer, “o prazer é nosso”, “que prazer maravilhoso ver vocês tão pertinho assim, Jairzinho me conta uma coisa, quando que vocês se casam”, o filho de Jair Rodrigues responde, “30 de fevereiro a gente manda um convite, Roberto tá ok”, que Tânia Khalil não saiba, digo, o Rei responde mexendo no cabelo de Jairzinho, “me gozando, é???”, Roberto muda de assunto, “mas agora falando sério, Simony, se você tivesse um namorado, que cantasse com uma menina como você, que fizesse todas essas coisinha bonitinhas que vocês fazem, você ficaria com ciúmes deles”, a mãe de Aysha Benelli responde, “muito, muito ciúmes, muito, muito”, o Rei questiona, “é mesmo, o que o seu namorado diz???”, a apresentadora do programa “Balão Mágico” até junho de 1986 afirma, “eu não tenho namorado”, Roberto é sagaz, “então ele não diz nada, se ele não existe não diz não fala, não é, mas não tem nada mesmo”, Jairzinho confirma, “não, nós somos bons amigos”, pondo fim a vergonha alheia, o Rei pede, “melhor cantar”, e a dupla interpreta “Coração de Papelão”, de 1987, a versão de Edgar Poças, o criador do Balão Mágico, para “Puppy Love”, gravada por Paul Anka em 1960, “encontrei você na rua, você nem deu atenção, eu nem sei qual é a sua, coração de papelão”, e até Roberto deixa o amor passar – com o fim do programa na Globo e a mudança na formação do Balão Mágico, Simony apresentou programas na Manchete e no SBT, fez dupla com Jairzinho, “Coração de Papelão” entrava sempre nos programas de 1987 do “Globo de Ouro” exibidos pelo Vivo, isso antes de cantar “Como Nossos Pais” e “Acho que Sou Louca” em carreira solo, Jairzinho se juntou à Cynthia Raquel, a própria, e a irmã, Luciana Melo, para formar a Patrulha do Barulho, aquela que cantou “Desencosta Lagartixa” no especial de Natal dos Trapalhões de 1989... Voltando do intervalo com "break", Roberto Carlos, agora sozinho no palco, canta “Menina”, do disco “Águia Dourada”, de 1987, “menina, me ensina o que eu ainda não sei, me fala de coisas que eu nunca te falei, segredos, me conta, me aponta, me diz, me beija, me abraça, me faz feliz”, porém a coisa fica séria mesmo não pelo solo de sax, que salvou a apresentação, “sino” com a apresentação feita no próximo “stand-up”, “uma amiga a quem eu quero muito, além do seu encanto e de sua bela voz, o caráter, o caráter de quem luta, né, Fafá de Belém, o nosso aplauso” – o Rei lembra a participação da cantora na campanha das Diretas Já em 1984 e as homenagens que fez a Tancredo Neves, eleito presidente da república em 1985, mas que fez a Kate Middelton e saiu de cena antes de tomar posse, ou apenas ambiciona ser o pai da Mariana Belém???... Fafá saúda Roberto, “boa noite, tudo bem, é um prazer estar aqui com vocês, boa noite”, o Rei pergunta, “essa virada é cabeça ou coração, como é que é???”, ela responde, “as duas coisas, uma não funciona sem a outra, às vezes a cabeça descuida e o coração dá umas vaciladas, mas tem que segurar com rédea curta, é claro, mas se não houver uma afinação entre as partes não tem jeito”, o riso dela não impede a pergunta dele, “você é uma pessoa muito envolvida com a politica, essas coisas, de repente a política é envolvida com ela também, pode até ser, também”, Fafá segura o riso, “não sei o que você está querendo dizer, mas pode ser também”, Roberto se explica, “não sei também, só tô querendo perguntar”, agora Fafá ri litros, o Rei prossegue, “eu queria perguntar pra você o seguinte, na Constituição, fala em Constituição, todo mundo fica” – “saia justa”, aponta a cantora, não sabemos se Roberto estava nessa situação devido ao Centrão ou aos farois do Fuscão (!!!) – “saia justa, né, tudo bem, pra você a Constituição tem que ser estéreo, análoga, digital, laser, como é que é”, fala, Fafá, “a Constituição que eu gostaria que fizessem é mais para digital, uma coisa pra frente, moderna, e progressista, pra que a gente tivesse os nossos direitos assegurados numa boa, mas se ela sair estéreo, eu acho ótimo, mas ruim é se crescer um determinado grupo, ela fica em mono ou quiçá um disco de cera, aí é difícil, o povo não aguenta”, Centrão, corre aqui, Roberto menciona a matéria-prima dos antigos discos de 78 rotações, “carnaúba não vai ser”, Fafá ri litros, “não dá pé”, Roberto propõe, “sucesso direto já”, Fafá canta “Meu Dilema”, de 1987, “de uma solução, você se transformou, em um problema”, o Rei retorna com uma proposta que não é a música de 1972, “vamos cantar juntos???”, a cantora responde. “aonde, no piano, ali???”, ela se aproxima do pianista, “a gente canta o quê”, Roberto faz graça e dá vexame, “os pianistas sempre se dão bem nesses encontros, as mulheres sempre ficam perto deles”, Fafá ri litros, “quem começa???”, o Rei responde, “você que sabe”, Fafá vai de “Como Vai Você”, do disco “A Janela”, de 1972 – depois dos progressos obtidos com Gal Costa, Roberto voltou a estaca zero, encabulado com Fafá de Belém rindo litros... Depois dos hectolitros de riso de Fafá e do intervalo com "break", a temperatura no palco continua elevada, conforme se nota pelos closes nos instrumentos (!!!) e o teor do “stand-up” de Roberto Carlos, “eu entrei no terreiro da casa da Unidos do Cabuçu, ai que maravilha”, corta para o Rei no Sambódromo, no alto do carro alegórico, no desfile que o homenageou no Carnaval de 1987 – “que emoção, aquela coisa maravilhosa, aquela homenagem maravilhosa, o Carnaval passa, lógico que esse Carnaval vai passar, mas toda aquela emoção vai ficar pra sempre no meu coração, e logicamente que tudo isso me motivou a fazer, de repente, junto com meu amigo Erasmo, esse sambinha modestamente funkeado, né, que fala de um romance perigosamente sensual, entre um estreante como eu, nessa praia, e uma espertíssima neguinha”, cantando então “Nega”, de 1986, com o auxílio de um grupo de sambistas da Unidos da Cabuçu na orquestra – nesse Carnaval, a Cabuçu ficou em décimo lugar, Roberto Carlos voltaria a comparecer na Sapucaí em 2011, homenageado pelo enredo campeão da Beija-Flor, não que nesse meio tempo tenha tido muitas outras experiências sambísticas, mas, enfim... Em seguida aos aplausos, Roberto Carlos explica que a próxima música “é quase na mesma levada, mas um pouquinho diferente, aquelas coisas que dá na cabeça de repente”, indo de “Tô Chutando Lata”, do disco de 1987, com seu refrão "chiclete", adorado por uns e odiado por outros, ilustrada por imagens do próprio Rei dando um bico numa latinha em um passeio no parque ao invés de jogá-la no lixo (!!!), Myriam Rios dirigindo um Escort XR-3 conversível branco, parando no caminho para entrar numa cabine telefônica vermelha estilo inglês para fazer uma ligação num telefone também vermelho, a qual é atendida por Roberto em um telefone celular de carro, desses de antena, um pioneirismo inegável no campo das telecomunicações, pois a telefonia celular chegaria oficialmente no Brasil apenas em 1990, e por fim, do “date” do casal real – tudo para Myriam não ficar com ciúmes da mulher da música anterior, e olha que a sambista Fátima nem apareceu desta vez... Ops!!!...
Para marcar "date" visto na apresentação de "Tô Chutando Lata", Rei vira pioneiro do telefone celular no país... |
No final da música, até parece que o assunto continuará a ser Myriam Rios, só que não, “obrigado, nós temos estado sempre juntos, e é sempre uma alegria muito grande estar com ele no nosso programa, vou apresenta-lo, vou apresenta-lo de uma forma muito especial, vou apresenta-lo como nos velhos tempos, né, o meu amigo Erasmo Carlos!!!” – assim mesmo, com a inflexão da imitação da Fafy Siqueira... Ops!!!... O Tremendão chega de casaco preto, camisa “nude” e echarpe branca (!!!), trabalhando forte no engajamento, “é preciso ficar muito atento com o problema de Goiânia, esperamos que nossos amigos da Constituinte revejam alguns itens, principalmente o que diz respeito aos focos nucleares, para que os nossos filhos cresçam e sadios”, após o “lobby”, ele canta “Panorama Ecológico”, do álbum “Pelas Esquinas de Ipanema”, de 1978, com um solo de guitarra depois de cada estrofe, “lá vem a temporada de peixes, trazendo garoupas suadas, piranhas dormentes, sardinhas inchadas, trutas desiludidas, tainhas abrutalhadas, baleias entupidas, e lagostas afogadas” – sim, é a música que Erasmo cantarolou antes de Roberto zarpar e cantar “As Baleias” no especial de 1981, o “problema de Goiânia” é o acidente radiológico que aconteceu quando dois catadores de recicláveis levaram de uma clínica desativada um aparelho de radioterapia contendo o elemento químico Césio-137 e o abriram num ferro-velho em 13 de setembro de 1987, desencadeando uma contaminação com radioatividade que atingiu 249 pessoas e gerou 6 mil toneladas de lixo radioativo, o que explica a preocupação do Tremendão... Depois do último solo de guitarra, Erasmo Carlos bate no peito de Roberto com o microfone (!!!) durante os aplausos, o Rei traz dois chapéus de caubói, um cinza e um preto, Erasmo acha que o preto vai combinar melhor com a roupa e consulta a plateia, “e o que as mulheres dizem”, decidindo pelo preto, “eu confio muito nelas”, o Rei coloca o seu chapéu cinza, que lhe dá um aspecto de Racha-Cuca, e comenta, “esse negócio de estrada sempre lembra muito o Tremendão, né, então como a gente vai falar das estradas, dos caminhos, eu tô bem, eu tô bem, negócio de caubói é com ele” – “é que o meu é mais caubói a italiana”, brinca Erasmo - “de repente eu dou uma canja na Cowboy West dele, ok, vamo lá”, o Tremendão continua zoando, “mas aquele italiano que é enlameado”, Roberto ri litros, “não entendi nada, mas deve estar certo”, melhor partirem para o dueto de “Sentado a Beira do Caminho”, do disco “Erasmo Carlos e Os Tremendões”, de 1970, com a orquestração abusando do "country", “olho pra mim mesmo, me procuro e não encontro nada, sou um pobre resto de esperança na beira de uma estrada, preciso acabar logo com isto, preciso lembrar que eu existo, que eu existo, que eu existo”, não esqueçam do "lalala" no final – canção que debutou nos especiais naquele estacionamento de caminhões num posto de estrada em 1984... Roberto Carlos despede-se de Erasmo devolvendo as batidas no peito com o microfone, aplausos, na volta do intervalo com "break", o Rei pega o violão, senta num banquinho e parte para a versão “unplugged” de “Detalhes”, de 1971, com feixes de laser iluminando discretamente o palco, e ninguém para falar "Toca Raul!!!" quando começou a repetir "não adianta nem tentar" – aquela canção que Roberto tentou tirar da “playlist” de seus shows, porém não conseguiu, conforme confessou no Theatro Mvnicipal de São Paulo em 1981, decepcionando o Régis Tadeu... Ops!!!... A orquestra de Eduardo Lages toca os acordes iniciais de “Imagine” e quem comparece no palco cantando a música de Jonn Lennon no seu inglês original é a cantora mirim Gabriela, a própria, também toda de branco, ganhando um beijo na testa antes do Rei entrar no dueto, varrido pelos feixes de laser, no final, depois de abraçar e aplaudir, prevê, “Gabriela, vocês vão ouvir falar muito desse nome” – não tiveram coragem de traduzir “Imagine”, digo, Gabriela, cujas feições lembram vagamente Priscilla Alcântara, é uma figura bem conhecida do público da faixa de humor do Viva, por suas frequentes participações no programa “Os Trapalhões” em 1988 e 1989, apresentando uma extensão vocal de fazer inveja aos vencedores do “The Voice Brasil”, não, pera... Roberto Carlos retoma o “stand-up”, “às vezes uma simples brincadeira, uma curiosidade, de repente uma experiência pode ser o começo de tudo, por que, se a porta de entrada é mais larga que a saída, e pensar que é tão bom encarar a vida de frente, de peito aberto, descobrindo a cada momento a beleza das coisas mais simples, mais puras, bicho, cara, nadar nessa praia branquinha???”, cantando em seguida “Me Dê Motivo”, melhor dizendo, “O Careta”, do disco de 1987, uma espécie de precursora do Proerd, muito antes do leão, apesar da menção a brisa (!!!), acompanhado pela guitarra de Rogério Vianna, “droga quem afinal é você, que está se entregando e não vê, que a vida oferece outras coisas, droga, por tudo, por nada e porque, nadar nessa praia pra que???, você não merece essas coisas” – pensamos que fosse a música de Tim Maia porque o instrumental ao fundo da parte falada é muito parecido com o de “Mê Dê Motivo”, que coisa, não, então é por isso que o Rei sofreu um processo por plágio devido a essa música... Na saideira, Roberto Carlos vai de “Ele Está Pra Chegar”, de 1981, com uma introdução instrumental que lembra "Não Quero Dinheiro", olha o Tim Maia de novo, orquestra e plateia embalados, lasers em profusão, maestro Lages batendo palmas, o coral RC3 trabalha forte no “aleluia”, o Rei pega um buquê de flores, antes de distribuir para o público, volta a cantar “Detalhes”, agradece, “obrigado, obrigado, obrigado, obrigado por tudo, por esse carinho, um Ano Novo Maravilhoso para todos, que Deus abençoa e proteja a todos, obrigado”, o coral canta o refrão de “Ele Está Pra Chegar”, Roberto joga as flores, “Rede Globo Apresentou Roberto Carlos Especial”, Myriam Rios coloca uma flor no decote (!!!), sobem os créditos, com as músicas tocadas no especial, item nem sempre presente na gestão Vannucci, “Maquiadora do Roberto Carlos Neide de Paula”, “Camareiro do Roberto Carlos Marcos Negreiro” – e mais um close em Myriam Rios antes da bolinha da Central Globo de Produção, pois é, não é...
E "Imagine" voltou a ser cantada - em inglês - no especial, agora com a companhia da jovem promessa Gabriela... |
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