sexta-feira, 5 de junho de 2020

"Manual da Televisão": A Obra Esquecida de Carlos Lombardi...

Sigla na câmera segurada pelo Pato Donald quer dizer "Rede Patinhas de Televisão", comprada pelo tio e afundada por ele... Ops!!!...






















































































































Lançado pela editora Abril em 1982, o “Manual da Televisão” – criação de Edy Lima, edição de Flávia Ceccantini, chefia de arte de Jesualdo Gelain, pesquisa e texto de Carlos Lombardi, o próprio, e ilustrações de Paulo Fukue e Míriam Regina da Costa Araújo – apareceu depois da melhor fase dos manuais Valdisnei, acontecida entre 1971 e 1978... Acontecida entre o lançamento da primeira e da terceira edição do “Manual do Escoteiro Mirim” – ideia de Cláudio de Souza, dois anos após o lançamento de uma versão italiana do livro... Na verdade, o “Manual da Televisão” foi o último manual original lançado pela Abril – depois só apareceram reedições, atualizações, compilações e, a partir de 2016, edições fac-similares... No texto de apresentação do Manual, o leitor é informado que Tio Patinhas, cansado dos prejuízos causados pelo sobrinho Donald em “A Patada”, coloca ele para trabalhar forte como diretor da rede de televisão que acabou de comprar... Dá até para estabelecer um paralelo com as pretensões da própria Abril no campo televisivo... No ano anterior, a editora de Victor Civita participou da licitação para a concessão de duas novas redes de televisão pelo governo federal – perdeu para os grupos Bloch e Silvio Santos... O texto sobre redes de televisão faz uma breve descrição do SBT de Silvio, surgido dessa licitação, apontado como uma “rede de menor penetração”, na época com cinco emissoras, no mesmo nível da Record, com duas, ambas vendendo parte da programação para emissoras independentes... Na verdade, elas pertenciam ao mesmo dono – o próprio Silvio Santos – e estavam separadas por questões legais, mas explicar isso numa publicação infanto-juvenil ia dar um trabalho enorme...  Um ano depois do lançamento do livro, em 1983, a Abril fez uma parceria para exibir programas de sua produtora de vídeo na TV Gazeta de São Paulo, que durou dois anos... Em outubro de 1990, dois meses depois de Victor Civita sair de cena, entrava no ar a MTV Brasil - a princípio, no Rio de Janeiro, no canal 9, ganho por Silvio na licitação de 1981... No ano seguinte, o grupo Abril entrava no negócio de televisão por assinatura com a TVA, onde permaneceu até 2012, quando a Telefônica adquiriu a participação do grupo, após ter sido rebatizada como Vivo TV... Em setembro de 2013, a MTV Brasil encerrou suas atividades, pouco depois do dono da Abril, Robert Civita, ter saído de cena... Os investimentos e as opções tecnológicas em televisão inclusive teriam sido um fator determinante para o declínio do grupo Abril, que chegou ao setor editorial e levou à sua venda em 2018, quando já havia deixado de publicar os quadrinhos de Valdisnei...  Quanto ao Pato Donald, ele convidou seu primo Eduardo Bueno, quer dizer, Peninha, para visitar os estúdios da Rede Patinhas de Televisão (RPT) sem saber que ele nunca tinha visto uma câmera de perto... Então é por isso que Peninha arrasou uma gravação de novela com Francisco Porco, Patina Duarte e Patália do Vale – ah, os trocadilhos que só os quadrinhistas brasileiros da histórias do Valdisnei sabiam fazer...  Esse com a Regina Duarte até antecipou que ela se tornaria uma representante dos patos amarelos... Ops!!!...  Donald, por sua vez, resolveu se inteirar a respeito de todos os “invisíveis” que trabalham por trás das câmeras – autor, produtor, iluminador, figurinista, sonoplasta, cenógrafo, maquiador, diretor de TV, operadores, todos com “uma rotina como os trabalhadores de qualquer outra área”, apesar do mercado de trabalho ser “mais reduzido e competitivo”... Só faltou saber como funcionam os aparelhos e a transmissão de televisão para explicar a seus sobrinhos Huginho, Zezinho e Luisinho... Nada que não pudesse ser resolvido com uma explicação do professor Ludovico sobre eletricidade, telégrafo, ondas eletromagnéticas, a invenção do rádio, da televisão, o funcionamento das câmeras coloridas, das antenas, dos televisores, do radar... Ops!!!... Já Tio Patinhas queria ver o sobrinho mostrar serviço e pediu para ele montar a grade de programação de sua rede de TV... “Essa definição de público é muito importante para o sucesso de uma estação de televisão... Se o Donald, por exemplo, colocar o programa TV Pata, apresentado pela Pata Gabriela, às nove horas da noite, pode ser que as patas gostem muito, mas, provavelmente, os patos não vão se interessar pelas receitas de volo ou modelos de vestidos... Aí, esses patos podem trocar para a TV concorrente – a Rede Patacôncio de Televisão, por exemplo, onde vai estar passando uma partida de futebol ou um filme... Por outro lado, se o Donald programar uma luta de boxe para as dez e meia da manhã, a maior parte dos interessados na luta não poderão assisti-la, já que vão estar no trabalho”... Também descobre o valor das chamadas na programação e que por uma questão de “preparação do horário”, não dá para colocar um desenho animado para crianças antes de um programa de economia – menos no SBT, mas, enfim...   Há outras questões para resolver, como definir se os programas serão ao vivo ou pré-gravados, e no caso de serem gravados, se serão em filme ou “vídeo-tape”... “Quando um programa é vendido a um outro país, precisa ser dublado para ser apresentado... Gravam-se outras vozes para os artistas, na língua do país que o programa vai ser apresentado... No filme, isso é um pouco mais fácil do que no teipe, porque existem trilhas de áudio diferentes para voz e para ruídos... No tape, quando se elimina a voz dos atores, se apaga também qualquer outro som , fazendo com que toda a sonoplastia original se perca e tenha que ser novamente produzida”... Era exatamente isso que estava sendo  resolvido nos estúdios da TVS na região da Vila Guilherme na época... Já a Globo, por determinação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o pai do Bofinho, o vídeo virou norma nos programas da emissora, por uma questão de custo... Se bem que... Hoje em dia, com a tecnologia 4K gravando em vídeo digital com qualidade de cinema, Donald não teria problemas... Só que a programação que planejou teria levado seu tio à falência se os seus sobrinhos não tivessem dado uma olhada antes – e é sugerido a Patinhas que ele estagiasse nos diversos departamentos da emissora... Assim, o pato comparece nos setores de jornalismo – descobrindo as vantagens de manter correspondentes no exterior, de colocar jornalistas para apresentar noticiários, que a iluminação dos telejornais “procura ser a mais limpa possível, sem criar nenhuma área escura, iluminando o cenário por igual para dar a ideia de simplicidade, de despojamento”, embora os locutores possam estar de bermuda e chinelos debaixo da bancada – esportes – vide posicionamentos de câmera em jogos de futebol e de outros esportes, transmissões via satélite, microfones direcionados,”replay”, “slow” e edição – e em especial a sala de corte ou “switcher”, que só foi conhecer depois de trocar os vídeos de um telejornal apresentado pelo primo Peninha... Também recebe noções sobre os diversos formatos de programas, como programas de serviços – que transforma o aparelho de TV num “criado-falante” – documentários – pula o que Donald produziu sobre o capim preferido das vacas do sítio da Vovó Donalda, registrando as respostas que os animais mugiram (!!!), hoje seriam manifestações a favor do governo – programas femininos – no caso da Rede Patinhas, o “TV Pata”, criado por Minnie – programas de entrevistas – em que são citadas como “as entrevistadoras que conseguem tirar mais respostas do entrevistado” Marília Gabriela e Cidinha Campos,  hoje youtuber – linha de shows – nada a ver com a roupa das bailarinas, onde é ressaltada a influência da escadaria no cenário dos musicais estadunidenses e do teatro rebolado brasileiro, que o grupo de comediantes de maior sucesso no Brasil é chamado “Os Trapalhões”  e o uso de cicloramas barateia e simplifica a produção de cenários em programas humorísticos – ideia que mais tarde seria usada no próprio programa dos Trapalhões - que “a maior parte das estrelas da música internacional, junto com seus novos LPs, produz vídeo-tapes com suas músicas para fornecer às emissoras de TV – muito antes do YouTube © - e que “na TV Cultura de São Paulo estudantes de diferentes níveis participam de concursos, respondendo sobre os mais diversos assuntos”... Mais adiante, o texto sobre programas infantis ressalta a preferência da garotada e principalmente  dos programadores de televisão pelos desenhos animados... O que é válido ainda hoje, como atestam os canais infantis da TV paga e YouTube ©... Um pouco menos na televisão aberta, porque a Globo aposentou a “TV Globinho” para colocar no ar o “Encontro” e o “É de Casa” – criando uma legião de órfãos da atração – e o SBT, que na década de 1980 transformou a faixa matutina no lugar cativo da programação infantil, conceito que mudou apenas no começo do século XXI, tem diminuído o espaço dos desenhos em sua grade, muito pelas restrições à publicidade para crianças, que reduziram a lucratividade do gênero... A qual era muito boa, porque a exibição de desenhos estrangeiros era mais barata que a produção de programas infantis de auditório...  Pois é, não é... 

















Ambições de Patinhas com sua rede refletem de certo modo pretensões da própria Abril no meio televisivo, digo...






























































































































No texto sobre programas de variedades –  definidos como “uma caixinha de surpresas de onde saem coisas incríveis e inesperadas” – são descritos os dois “programas-surpresa” que se destacam na televisão brasileira naquela época... O “Programa Silvio Santos”, no SBT, “muito parecido com os programas de auditório que eram feitos na década de 1960, com competições entre pessoas (tanto comuns quanto famosas), distribuição de prêmios, cantores, números de circo, calouros e várias outras atrações”... O “Fantástico”, na Globo, que “apesar de ser um programa de variedades, não tem só um apresentador popular e seu fiel auditório, pois se baseia em um esquema mais jornalístico... Assim, cada música apresentada, além de ser gravada com um visual mais sofisticado e rico, é introduzida por um comentário jornalístico, por causa de seu tema ou por algum fato importante que tenha acontecido para o intérprete... Além disso, como os telejornais não são apresentados aos domingos, as reportagens mais importantes aparecem no Fantástico”... Não que o autor do manual se apeteça com as duas atrações, ao comentar que “muitos outros programas são feitos desse modo e, apesar de serem criticados por não se inovarem, mantém grandes índices de audiência”... Porém, ele próprio reconhece que “essa prova é suficiente para que os programas de variedades continuem no ar, pois um grande público sempre os prestigia”... Faz sentido, pois em 2017, quando foi lançada a edição fac-similar do livro, tanto o “Fantástico” quanto o “Programa Silvio Santos” se mantinham no ar – a única diferença é que as duas atrações concorrem diretamente desde 1985... E continuam disputando a preferência do telespectador em 2020, quase 40 anos depois do lançamento do manual... Donald, devidamente inteirado sobre os diversos formatos televisivos, começou a produzir um show de variedades para a Rede Patinhas de Televisão, porém não conseguir localizar nenhum dos possíveis convidados e cogitou que tivessem sido vítimas de uma invasão marciana até seus sobrinhos explicarem que todos eles estavam assistindo a novela... Dessa forma, Lombardi finalmente entra em seu elemento e começa a discorrer sobre teledramaturgia... A começar pelas origens nos folhetins publicados pelos jornais  – “essa fórmula mágica, onde as pessoas boas e as más não se misturam, os heróis sofrem até o último momento” – as radionovelas – incluindo o impacto da transmissão de “A Guerra dos Mundos” feita por Orson Welles em 1938, que para o autor tem a ver com os 96% de audiência conseguidos pelo último capítulo de “O Astro” – a origem da telenovela no Brasil – com “Sua Vida Me Pertence”, de Walter Forster, com Vida Alves, e, na exibição diária “25499 Ocupado”, inspirada em original argentino, estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes –  a primeira trama a conquistar o público – “O Direito de Nascer”, na TV Tupi, em 1965 – e a que inovou o gênero – “Beto Rockfeller”, também na Tupi, em 1968... Alis, a ilustração desse texto mostra Zé Carioca gravando uma cena de “Zé Rock Fera”, e são mencionados o criador do personagem principal da novela – Cassiano Gabus Mendes – do autor – Bráulio Pedroso – e do diretor – Lima Duarte – mas não de seu intérprete, Luiz Gustavo... Pancada não curtiu isso, digo... Sem contar que Cassiano, quando preparava a produção de “O Direito de Nascer”, pensou em colocar o próprio Luiz Gustavo, seu sobrinho, para fazer Albertinho Limonta, o protagonista da trama escrita pelo cubano Félix Caignet... Tatá, como era mais conhecido, recusou, mas depois que a trama fez sucesso, acabou aceitando o papel de irmão de Albertinho... Em “Autores de Sucesso”, Lombardi menciona os que vieram do rádio – Janete Clair, Ivany Ribeiro, Geraldo Vietri – e os que tiveram origem na própria televisão – Cassiano Gabus Mendes, Manoel Carlos – além dos que vieram do cinema – Silvio de Abreu – e do jornalismo – Gilberto Braga... Lombardi não se incluiu na lista, por ser um iniciante em relação aos demais citados – sua primeira novela foi “Como Salvar Meu Casamento”, na TV Tupi, em 1979 e os primeiros trabalhos na Globo foram colaborações com Silvio de Abreu (“Jogo da Vida”, de 1981, que de acordo com o depoimento do próprio Silvio na série "Donos da História", exibida pelo canal Viva, foi o início do que se pode chamar de "Nova Globo", porque ele era o autor principal e a dupla Guel Arraes e Jorge Fernando auxiliava Roberto Talma na direção...) e Cassiano Gabus Mendes (e “Elas por Elas”, de 1982...)... Então é por isso que ele relata que Carlos Vereza dispensava dublês nas cenas perigosas em que seu personagem Badaró se envolvia em “Jogo da Vida”, no que era seguido por outros membros do elenco – Glória Menezes e Rosamaria Murtinho no trapézio, Renata Fronzi e Leina Krespi na jaula do leão, Angelina Muniz e Mário Gomes pulando do segundo andar de uma mansão... O próprio Donald pensava que programa feminino era novela, porque ninguém segurava o chororô de sua “sócia” Margarida quando assistia “Patas por Patas” – a versão patopolense de “Elas por Elas”...  Alis, é a própria Margarida quem estrela a novela “Pelo Amor de Uma Pata”, escrita por Minnie e dirigida por Mickey, apesar da decepção que teve ao ver os atores decorando textos para falar diante das câmeras... Imaginem quando  contarem a ela sobre o ponto eletrônico... Ops!!!...  Lombardi relata que a novela começa com uma sinopse, que pode ter pelos menos 4.000 páginas datilografadas de texto, que apesar de ser um trabalho “aberto, onde tudo pode acontecer”, as tramas estreiam com 20 a 30 capítulos já escritos, que além do tema central, é preciso desenvolver “tramas paralelas,  envolvendo cerca de 30 atores” e, sabendo das limitações da produção, manter abaixo de 30% o número de cenas em externa... Tudo isso é exemplificado pelo “script” de duas cenas de “Pelo Amor de Uma Pata”, com descrição de cena e, ao lado de cada diálogo, uma rubrica, com as indicações do autor, nesse caso, da autora... Sendo que Minnie sugere uma ação para cada fala, tanto quando  Donald e Gastão disputam o amor de Margarida, e quando pede ajuda ao Coronel Cintra para separar a briga e ele descobre que um dos dois patos está brigando – a  revelação de quem é a vítima do confronto  é o gancho para depois dos comerciais... Tudo muito ágil e dinâmico, como é uma característica de Minnie, digo, de Lombardi... Não por acaso, a novela da Rede Patinhas de Televisão foi programa para o horário das 19 horas, onde obteve seus maiores êxitos na Globo, como autor principal das tramas... Nessa faixa, escreveu “Vereda Tropical” (1984), “Bebê a Bordo” (1988), “Perigosas Peruas” (1992), “Quatro por Quatro”(1994), “Vira Lata” (1996), “Uga Uga” (2000), “Kubanacan” (2003) e “Pé na Jaca” (2007)...  Claro que há algumas diferenças... Por exemplo, ao invés de homens sem camisa, a novela da RPT apresenta patos sem calças... Ops!!!...




























Descrições do "Fantástico" e do "Programa Silvio Santos" ainda são válidas quatro décadas depois da publicação do manual...






























































Enquanto Margarida se mostra mais interessada na fama do que na atuação, o produtor da novela fica na correria para produzir os seis capítulos da semana, de preferência sem pedidos de dispensas de atores para atrapalhar o plano de gravações... O diretor age como se fosse o “reizinho” do estúdio, escolhendo entre um “rock agitado” e um “samba safado” para uma cena romântica, dessas com filtros cobrindo os “spots” e “inventando um ambiente gostoso de luz da lua bem adequado para declarações de amor”... Pateta implica com as anotações da continuísta e na hora de montar as cenas e os “takes” das novelas, o editor pode compensar atrasos das gravações com uma “edição por metro”, ou seja, “ele pode pegar o material gravado de dois capítulos e transformá-lo em três... Para isso, estende o tamanho de cada cena, não cortando os ‘rabos’, isto é, as partes do início e do fim, que podem ser eliminadas”...  E se as “telelágrimas” não saem e os atores não “choram de verdade, levados pela emoção da própria cena”, há a opção de usar colírios, cebolas e cristal japonês, “uma substância embalada como os batons... Passando esse cristal incolor nas proximidades dos olhos, eles se irritam, provocando lágrimas”...  Em cenas perigosas, os dublês são um recurso, porém os atores correm riscos não só por gostarem do que fazem, “mas também porque a televisão brasileira não tem um esquema tão desenvolvido quanto a estadunidense, que aproveitou as técnicas do cinema de Hollywood para realizar cenas desse tipo”... Em tomadas que aparece sangue, recomenda-se o uso de um preparado especial importado, “feito apenas para ser usado como maquiagem”, pois a televisão a cores colocou em desuso o catchup, o molho de tomate e similares, “porque não se pareciam com sangue de verdade”... A não ser no caso de Eva Wilma na novela “Roda de Fogo”, da RedeTupi, de 1978, que levou um tapa de Othon Bastos, o qual quebrou o copo que segurava na mão, provocando um sangramento que não impediu ela de continuar a representação, apresar da preocupação do ator... Uma chuvinha em cena???... Basta empregar “mangueiras de alta pressão, ligadas a carros-pipa”... Para os trovões e os raios, discos com ruídos e “stock-shot”, ou melhor, cenas reutilizadas...  A viagem de Lombardi pelo universo da telenovela termina com um texto sobre “a mininovela” – formato que voltou a ser feito em 1975 nos Estados Unidos e no Brasil, menciona o autor, é realizado pela Rede Globo – na época, anunciada como “Séries Brasileiras”, pois ainda não era usado o termo “minissérie”, diferente do que aconteceu com uma das obras mais famosas de Lombardi, “O Quinto dos Infernos” , de 2002 – e pela Rádio e Televisão Cultura de São Paulo -  “adaptações de obras de literatura” – que a emissora pública paulista chamava de “Teleromance” ou “Teleconto”... Sendo que o novelista escreveu quatro deles entre 1981 e 1982... Então é por isso que ele termina o texto dizendo que “existem livros excelentes que você não verá adaptados nem para a televisão e nem para o cinema”... Não... “Guerra e Paz”, a série que o autor escreveu em 2008 não é uma adaptação do romance de Leon Tolstói... O autor não deixa de abordar os aspectos comerciais da televisão, em textos sobre “Quem paga a televisão”, o comercial, pesquisa de audiência – na época o “Audi-TV” com suas fitas perfuradas já substituía as entrevistas de porta em porta, porém ainda hoje não dá para obter “o registro exato dos programas que estão sendo assistidos em cada televisor de cada cidade do país”, não que seja divulgado, mas, enfim – e de como o “merchandsing” pode contornar a limitação legal de quinze minutos por hora para intervalos comerciais...  No texto sobre a televisão no mundo, são mencionadas as novelas estadunidenses –  “elas chegam a durar vários anos, com histórias intermináveis, essas telenovelas são apresentadas durante o dia, quase que exclusivamente para as donas de casa” – e os seriados merecem um texto à parte, que descreve seu formato e produção... “Quando, finalmente, os astros são escolhidos, é produzido um episódio (geralmente de duas horas...) com o formato de filme para a TV... Se o resultado da audiência desse ‘piloto’ for bom, a série é produzida... Caso contrário, é esquecida... Depois disso, a série estreia, normalmente, quase sempre em lotes de 13 episódios... Se depois de uns quatro ou cinco episódios a série der certo, mais 13 são produzidos, completando as 26 semanas de uma temporada... Se o resultado do primeiro mês não for bom, a série é cancelada... Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos, os programas são realizados, em geral, por produtores independentes, que apenas vencem os episódios para as redes de televisão”... Como exemplo de produções estadunidenses, o livro cita “O Homem de Seis Milhões de Dólares”, “A Mulher Biônica”, “Magnum”, “As Panteras”, “Columbo”, “Starsky e Hutch” e “A Feiticeira”... No caso brasileiro, são lembrados “O Bem Amado”, “Malu Mulher” e “A Grande Família” – no caso, a primeira versão, feita pela Globo entre 1972 e 1975... Na sequência, fala-se de aberturas e vinhetas – dando como exemplo a da abertura das transmissões da Copa do Mundo de 1982 na Globo, uma animação feita quando nem se imaginava a existência do Google Earth ©, e a própria emissora tinha que pagar pelo desenvolvimento de equipamentos de computação gráfica nos Estados Unidos - “enquadrações” e movimentos de câmera, além da escola de rádio e TV... Leia-se a que o próprio Lombardi se formou... Então é por isso que ela aparece em um “flashback” no primeiro capítulo da novela “Perigosas Peruas”, digo... Na parte sobre circuito fechado é lembrada a TV Rodoviária de São Paulo – que funcionava no antigo terminal na região da Praça Júlio Prestes – e o texto “A TV por cabo” apresenta um tipo de televisão ainda desconhecido para os brasileiros de 1982... “Qualquer um pode pagar uma taxa em dinheiro e ter, então, um cabo ligado a sua TV... Por ele, recebe a transmissão de canais alternativos, isto é, que apresentam uma programação diferente da TV comum”... Nessa época, o que entusiasmava mais o autor era o videocassete, que começava a ser produzido e vendido no país, até porque o videodisco só pegou mesmo com o advento do DVD e o videotexto, que já funcionava até na Venezuela (!!!), era um distante precursor da internet com conexão discada... Os videojogos ainda estavam na fase do ATARI © - “com uma série de jogos como o tênis, boliche futebol, xadrez e até incríveis batalhas intergalácticas” – e mesmo os televisores de tela plana, “para serem pendurados em qualquer parede, como se fossem quadros” – eram descritos no texto “A TV do futuro”... Quanto ao Pato Donald, depois de ter destruído um estúdio inteiro da Rede Patinhas após tropeçar no cabo de uma câmera, ele foi “gentilmente convidado” pelo Tio Patinhas a trabalhar forte como entregador de “A Patada”, porteiro e guarda-noturno da Rede e também na coleta de lixo na região de Patópolis... Sobre Lombardi, depois de sua saída da Globo, em 2010, ele escreveu uma única novela na Record – “Pecado Mortal”, em 2013 – e ao deixar a emissora em 2017, atualmente encontra-se fora da televisão... Ano passado, teve uma série sobre futebol recusada pela Globo – justamente por Silvio de Abreu, que lamentava não ter feito outra incursão no mundo do esporte depois de ter escrito “Vereda Tropical” com o próprio Lombardi em 1984 – que pouco depois aprovou uma sinopse de Mauro Wilson para a faixa das 19 horas com o mesmo tema... A saída da Globo fez com que suas tramas, com poucas exceções, não fossem apresentadas pelo canal Viva, levando uma geração de telespectadores a conhecerem o estilo do autor apenas pelos relatos desfavoráveis de seus críticos... Então é por isso que a exibição de “Bebê a Bordo” no Viva fiascou em 2018 e os telespectadores que pedem por uma trama inovadora como “Kubanacan” são uma minoria com pouca visibilidade em relação às “torcidas” de Walcyr Carrasco, João Emanuel Carneiro e dos novos autores globais... É mais fácil ver reinvindicações por novelas de Duca Rachid e Thelma Guedes – “Cama de Gato” – ou de Lícia Manzo – “A Vida da Gente” – do que pelo retorno de “Uga Uga”... A própria reprise de “Novo Mundo” na Globo comprova que “O Quinto dos Infernos” ainda é a melhor versão televisiva sobre a independência do Brasil... Ops!!!... 



























Ação de "Pelo Amor de Uma Pata" é puro Carlos Lombardi, só que ao invés de homens sem camisa temos patos sem calças... Ops de novo!!!..

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