sexta-feira, 19 de julho de 2019

A Volta das Maiores Vergonhas Alheias do Humor Global...

Em 1987, o "quadro da baba" no "Viva o Gordo" garantiu dois meses de assunto para outro personagem de Jô Soares, o Zezinho...




















































Quando a TV Globo completou 50 anos de atividades, em abril de 2015, o seu Bloquinho Virtual publicou uma postagem em que escolhia os quatro momentos de maior vergonha alheia da história dos programas de humor da emissora...  Quatro anos depois, o resgate deste post é relevante em meio às discussões sobre a sátira política veiculada pelo “Zorra”... Se bem que... Dos quatro esquetes escolhidos, nenhum tinha a política como tema... Dois trabalhavam forte no “fan service”, no sentido que tem no anime... Ou seja, cenas de apelo sensual aleatórias, mas que no final foram apenas constrangedoras... Os outros dois extrapolaram o limite do nonsense... Na qual  a graça surge de uma situação que foge do convencional... Nesse caso, a tal ponto que a vergonha é maior que o riso... Em todos esses anos nessa indústria vital da Globo,  as novelas podem ser as credenciais mais vistosas a serem apresentadas, no entanto é impossível reportar a trajetória da emissora sem falar dos programas de humor... Principalmente porque a primeira atração a dar audiência na emissora – depois do filme do Bátima – foi um humorístico... “TV Ó - TV 1”, com Agildo Ribeiro e Paulo Silvino, de 1966, conforme o testemunho de Joseph Wallach, o homem encarregado de se fazer cumprir no brasil o acordo da Globo com o grupo “Time-Life”... Ops!!!... Se o humor tem momentos gloriosos na emissora, da mesma forma ostenta instantes em que a vergonha alheia do telespectador revelou-se maior do que a graça das piadas... E não nos referimos à época que o cômico mais popular na Globo era o Lilico – o inesquecível Homem do Bumbo – ou de quando o “TV Pirata” retratou o Boni como Darth Vader – de onde surgiu a inspiração para chamar Bofinho de “Dark Helmet”, evocando a um só tempo “Star Wars” e sua paródia, “Spaceballs”... O quadro do “Centro de Recuperação da Baba” apareceu no primeiro programa da temporada de 1987 do “Viva o Gordo”, exibida nos primeiros anos do canal Viva... Se bem que... Assim como Jô Soares deixou a Globo no final de 2016, a série saiu de circulação no canal pago... Nem mesmo a ideia de um “remake” com Leandro Hassum foi para a frente...  Felizmente, o quadro foi postado no Youtube ©, mas, enfim... O esquete é uma sátira aos anúncios de entidades assistenciais do terceiro setor - o que hoje certamente lhe valeria o rótulo de “politicamente incorreto” por moralistas enrustidos, com direito a comentários no limite entre a leviandade e o “bullying” no Facebook © - com um toque de nonsense, como se fosse um precursor do estilo do “TV Pirata”, programa que preencheria a ausência do humorista na emissora no ano seguinte... O próprio Jô comparecia e narrava o anúncio – babando... “Amanhã você também pode ser um babão!!!”... Para que a baba fosse visível ao público, o comediante colocou na boca um líquido branco, provavelmente leite, que ia derramando enquanto falava... A imitação de babão ficou tão convincente que provocou milhares de reclamações de telespectadores... Se a exibição acontecesse nos dias atuais, não faltariam vlogueiros e tuiteiros para criticar de forma agressiva e partidarizada o que considerariam uma menção preconceituosa e opressora aos portadores de epilepsia... Pelo menos a repercussão levou a uma piada interna que garantiu por dois meses o assunto no quadro do Zezinho... “E aquela baba, gordo???... Que coisa nojenta!!!”... Depois o personagem que sonhava com um strip-tease sem mutreta cismou que Jô recebia “por fora” para imitar o então governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco... O fato é que em sua autobiografia, Jô não lembrou nem do quadro da baba nem do Zezinho, apenas da imitação do político, vide participação no governo de Michel Temer... “As Sete Anãs do Bozó” fazia parte de um especial temático do “Chico Anysio Show” sobre contos de fadas... Bozó era um personagem que simbolizava uma certa tendência de alguns funcionários da Globo trabalharem forte na carteirada, vide a exibição constante do crachá para as moças que desejavam entrar para o elenco da emissora – fenômeno que o cineasta Wilson Ferreira, na época do impeachment de Dilma Rousseff, em  2016, denominou de “tautismo”, mistura de tautologia com autismo... Então é por isso ele se tornou o “dono” de “sete anãs”, que a protegiam de uma caçadora interpretada pela “Titia” Monique Evans... Embora se tratasse de uma versão da história da Branca de Neve, chamar as sete garotas de “anãs” era pura licença poética, pois todas tinham estatura mediana, no mínimo... Totia Meireles – a “Zangada” - era uma das que cantava... “Somos as sete anãs do Bozó... Todas amamos um homem só... Ele dá sete de uma vez só”... Deve ser por isso que o nome “Bozó” é a expressão equivalente a “fanboy” ou “otaku” entre os aficionados por ônibus... Um esquete tão marcante que é o único desta seleção lançado em DVD pela Som Livre, no box “Chico Especial”, de 2007... Nosso companheiro de web Marqueneto, do Antimofo TV, colocou o quadro em seu canal no Youtube ©... 





















Esquete das "Sete Anãs do Bozó" no "Chico Anysio Show" era uma impropriedade, pois elas nem eram anãs...




















































“Os Trapalhões” tiveram a maior audiência entre os programas de humor da Globo em toda a sua história... Houve épocas em que a atração era simplesmente a mais assistida de toda a televisão brasileira... Também conseguiram se internacionalizar – um tabu para os humoristas nacionais, que ao contrário da crença no reconhecimento mundial da excelência da música do país, sofrem com o “complexo de vira-latas” de quem declara em um arroubo de provincianismo que “não existe sitcom nem stand-up em português” – ainda que sem romper a barreira da língua, graças ao êxito em Portugal e Angola... "Brazilian Star Wars" é outra história.... O próprio Roberto Gómez Bolaños, cujo estilo de comédia é frequentemente comparado ao de Renato Aragão, afirmou em uma entrevista desconhecer a existência dos Trapalhões... O quadro do “Strip-Tease de Combate” pertence a fase pós-Zacarias do programa, na qual as audiências já não eram tão satisfatórias – a pá de cal seriam os textos do Casseta e Planeta e a direção de José Lavigne, fase odiada pelos “fanboys” dos Trapas que são “haters” dos cassetas... Ao quadro do sargento Pincel tinha sido agregado um bailado em que as dançarinas cantavam... “Nós somos do quartel, que não está no mapa, o cabo é um pastel e o sargento é um panaca”... Artes de Maurício Sherman, que passou a dividir a direção do programa com Wilton Franco em 1990... Certo dia, resolveram aproveitar melhor o corpo de baile – literalmente... Didi, o soldado 49, derruba todo o pelotão, e quando o Sargento Pincel  vai implicar com ele, Dedé parte para o deixa-disso lembrando do toque da alvorada... “Tô com sono, não posso dormir”... O soldado 49 prefere recordar do “toma limonada pra acordar de madrugada”, com direito a remelexo de Jorge Lafond, quer dizer, do soldado 24, internauta Pedro Henrique... Melhor o sargento pedir a sua colega do pelotão feminino (vivida por Márcia Albuquerque, também coreógrafa do programa) demonstrar com suas recrutas o exercício de requebrar o bumbum, vide Didi subindo no muro do quartel para apreciar o panorama... Pinça pede que os soldados do pelotão masculino repitam o exercício, o que deixa Mussum revoltado com o soldado 24... Dede argumenta que não tem sutiã para requebrar o bumbum... E se tem que fazer tudo o que elas fazem, Didi beija o sargento... Pinça pede para que os soldados façam uma formação em diagonal, para repetirem tudo o que o pelotão feminino fizer... Inclusive o “strip-tease” de combate... No qual as recrutas dançam sensualmente, sem se importar com um princípio básico da estratégia de guerra, que é não se expor para os inimigos... O sargento constata que os soldados não fizeram o exercício – estavam deslumbrados com as garotas – e Didi fala que não há possibilidade, porque macho não faz isso... Pinça fala que a opinião do soldado 49 é um “machismo bobo” (!!!) e resolve dar um exemplo de como um soldado segue disciplinadamente a ordem militar... Rebolando e tirando a roupa!!!... Quando o sargento estava apenas com uma sunga verde, o comandante – vivido pro Jorge Cherques – comparece e quer saber do que se trata... Pinça diz que deveria ser a educação física e o soldado 49 fala em sem-vergonhice e “aeróbicha”... Aeróbica russa, acrescenta o comandante, que puxa Pinça pela orelha e manda ele fazer “aeróbicha” numa cela de fuzileiros por um mês... A sargenta quer continuar os exercícios e Didi sugere que façam “lambada nas trincheiras”... Como lembrou Juliano Barreto na biografia de Mussum, em 1990, o modismo da lambada foi exaustivamente explorado no programa dos “Trapalhões”... Resultando nessa insólita mistura de nonsense com “fan service”...  O quadro reapareceria nas reprises do programa mostradas pela Globo entre 1994 e 1998 (mas não na exibição do Canal Viva, iniciada em janeiro do ano passado...), porém na época em que o post original foi publicado, ele não estava no Youtube ©... Onde apareceu apenas em dezembro de 2016, com o nome de “Os Trapalhões no Quartel e Aeróbicha do Sargento Pincel”... Faz sentido, porque  o personagem Roberto Guilherme trabalha forte na vergonha alheia... Nos tempos em que Zacarias ainda fazia do grupo um quarteto também houve um momento em que o nonsense foi às raias do constrangimento... O quadro da mulher inflável... Apesar de Zacarias ter comprado – e estourado – a mulher de borracha, a frase mais sem sentido do quadro coube a Dedé Santana... “Quando a minha mulher fica doente, eu não preciso levar ela no borracheiro!!!”... Por esse quadro ser anterior às temporadas exibidas no Viva (1998 a 1993, com um breve retorno em 1995...), sua presença no Youtube © seria providencial, no entanto, um vídeo com o esquete foi denunciado e bloqueado... Que coisa, não...



















Adicionar bailado ao quadro do Sargento Pincel em "Os Trapalhões" levou ao inacreditável "Strip-Tease de Combate"...




















































“Os Caras de Pau” saíram do ar em fevereiro de 2013, sem maiores explicações e dividindo opiniões... Alguns elogiavam a atração estrelada por Leandro Hassum e Marcius Melhem, por ser a que mais se aproximava da comicidade das séries de Chespirito... Mesmo que os personagens Jorginho e Pedrão tenham surgido em um quadro do “Zorra Total”... Muitos internautas, entretanto, consideravam a atuação da dupla tão sofrível a ponto de imaginarem que eles pagavam para estar no ar... O fato é que quando Marcos Paulo, o diretor de núcleo responsável pelo programa resolveu honrar os apostadores do “Bolão Pé-Na-Cova”, Antônia Fontenelle não foi a única pessoa a ficar na mão... “Os Caras-de-Pau” seguiam as fórmulas de humor físico típicas da comédia pastelão com toques de nonsense... O quadro “Madrugadão Repórter” é um excelente exemplo... Ao serem colocados na apresentação de um noticiário durante a madrugada, na falta de assuntos para informar a audiência, Jorginho e Pedrão começaram a apelar... O ápice da insensatez aconteceu quando Jorginho começou a fazer mímica com a própria barriga... Com caco e tudo... “Escreveu, agora beija a barriga!!!”... Naquele tempo, em 2012, Leandro Hassum era homem o bastante, quer dizer, tinha abdome o bastante para fazer o chiste... Pelo menos era uma demonstração do tamanho de seu ventre, quer dizer, de seu talento... Comprovando que era muito mais do que um gordo gritando... Agora, com a cirurgia bariátrica, ele apenas grita... Ops!!!... Então é por isso que naquela ocasião, em abril de 2015, a Globo criou coragem para reprisar “Os Caras de Pau” na própria emissora, na ressuscitada “Pois São Comédias”... Nada a ver com a sequência clássica Super Gatas-Primo Cruzado-Caras e Caretas-O Poderoso Benson-Super Vicky... Betty White muito antes de comandar “Os Velhinhos se Divertem”, o imigrante grego com sotaque mineiro, Michael J.Fox quando não era ninguém, o mordomo preferido do internauta Pedro Henrique e as musas do Mestre, Vicky e Harriet... Até que não seria má ideia a Globo resgatar essas séries... “Três é Demais” bombava nos Estados Unidos e no SBT recentemente – e gerou um “spin-off”, “The Fuller House”... A exibição da série de Jorginho e Pedrão durou dois anos, sendo substituída por “Sai de Baixo”... Que funcionou tão bem que a Globo aboliu o título “Pois São Comédias”... Se em 2015, a exibição global impediu que a série fosse programada no  Viva, em janeiro de 2019, ela estreou no canal pago – desde os especiais de 2005, ao contrário da Globo, que fazia uma seleção de episódios da série regular, mostrada entre 2010 e 2013, para desgosto dos televidentes noveleiros fanáticos que só tem olhos para as tramas ali programadas – desde que sejam da década de 1980 e tenham a Cristiane Torloni, digo...




















Na época de "Os Caras de Pau", Leandro Hassum mostrou no "Madrugadão Repórter" que era um humorista de peso... Ops!!!...

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