sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Melhores da História (2010): Candidato, Moacyr Franco não aparecia nunca...


































Em 2010, a grande novidade eleitoral foi o surgimento de Marina Silva, do PV, como uma "terceira via" à polarização de sempre entre PT e PSDB... Ficou fora do segundo turno, mas segundo suas próprias palavras, "perdeu ganhando" e conseguiu ocupar um espaço que na eleição anterior era do PSOL, que apesar de toda a loquacidade do experiente Plínio de Arruda Sampaio, não conseguiu ter um bom desempenho nas urnas... Na rodada decisiva, o legado do Luis Inácio garantiu a vitória da novata em eleições Dilma Rousseff, bolinha de papel à parte, José Serra... Na disputa para o governo de São Paulo, Geraldo Alckmin fechou a fatura no primeiro turno com mais dificuldade que José Serra em 2006... Ainda que concorresse contra o mesmo candidato petista da eleição anterior, Aloísio Mercadante, enfrentou o estreante Paulo Skaf, então no PSB... No final, acabou impulsionado pela atração de parte dos votos em Marina Silva - o candidato "cristianizado" a governador pelo PV era um ex-tucano - e pela arrancada de Aloysio Nunes ao final de uma disputa acirradíssima pelas duas vagas no Senado... Campanha que começou com dois favoritos absolutos, a ex-prefeita Marta Suplicy, pelo PT, e o vereador paulistano Netinho de Paula, pelo PC do B... Por muito tempo, a grande dúvida era sobre quem seria mais votado... O músico começou a perder força com a repercussão das agressões cometidas contra a ex-"sócia" - Ana Luiza, candidata ao Senado pelo PSTU, adotou o slogan "São Paulo não quer quem bate em mulher"- e por ser um nome menos experiente, lançado por um partido pequeno, não conseguiu manter a preferência do eleitorado e terminou em terceiro lugar... Ao mesmo tempo, dois fortes competidores saíram de cena na reta final da disputa... Doentes, Orestes Quércia, do PMDB desistiu da candidatura, e Romeu Tuma, do PTB, parou de fazer campanha... A retirada de Quércia fez com que o PSDB desse prioridade máxima à candidatura de Aloysio Nunes, que numa arrancada espetacular, foi o mais votado para o Senado, seguido a distância por Marta Suplicy, e ainda garantiu a vitória de Geraldo Alckmin no primeiro turno... É preciso lembrar ainda a candidatura "alternativa" de Ricardo Young pelo PV e a lamentável atitude do PSB esconder os candidatos que apoiava para tentar impulsionar Paulo Skaf, particularmente prejudicial às pretensões de Moacyr Franco, que concorreu pelo PSL... Na eleição para deputado, destaque para a "onda verde" que elegeu um considerável número de representantes do PV, e o surgimento de Tiririca, depositário da vez do voto de "protesto focalizado" que consagrara Enéas Carneiro em 2002 e Clodovil Hernandes em 2006... Sendo que um fenômeno na votação não é necessariamente bem-sucedido em nossa premiação...




Apresentamos os vencedores do Quarto Prêmio Melhores do Horário Eleitoral Gratuito... Uma inciativa conjunta do seu Bloquinho Virtual e do Mais ou Menas... Durante quase dois meses, a comissão organizadora do prêmio acompanhou diariamente a propaganda eleitoral na televisão... Reuniões periódicas entre os membros da organização definiram os premiados nas 24 categorias... Ops!!!... Nenhum cargo foi esquecido e os partidos pequenos competiram lado a lado com as grandes agremiações... A produção buscou evitar premiações muito óbvias... O exotismo nem sempre é o melhor caminho para ser premiado... Ao mesmo tempo, procuramos reverenciar os verdadeiros Mestres das campanhas eleitorais... Isso foi particularmente útil na categoria do melhor jingle, pois já há alguns anos a propaganda eleitoral tem carecido de músicas que façam história... A campanha para o Senado, apesar de ter dois favoritos absolutos, foi muito concorrida e teve um desfecho surpreendente nas urnas, o que se reflete numa grande diversidade de estratégias, bem-sucedidas ou não, mas que chamaram a atenção e mereceram ser premiadas... Durante as reuniões, a definição do resultado fez surgir um questionamento... A maioria dos premiados não consegue se eleger... Ao refletir sobre esse fato, chegamos a conclusão de que ao contrário da eleição propriamente dita, em que os vencedores quase sempre são os candidatos com mais dinheiro para fazer campanha, o horário eleitoral é uma oportunidade democrática de subverter a lógica implacável do poder econômico... Ainda que os partidos maiores, ou seja, com mais recursos financeiros, reservem para si a maior parte do tempo de televisão... Também discutimos muito a questão da visibilidade, especialmente dos candidatos a deputado... Concluímos que uma campanha que esconde os integrantes da chapa proporcional é pior do que aquela que os mostra... Se apenas um candidato aparece, é pior do que o partido que exibe vários... E se é exibido apenas o rosto dos candidatos, é pior do que quando eles têm vez, voz e música... E a pluralidade responsável faz a diferença em nosso prêmio, como se pode ver no resultado abaixo...


















































A campanha presidencial do partido mostra que campanhas com pouco tempo, menores recursos e que priorizam a pregação ideológica não precisam se limitar aos discursos exaltados em estúdio e a assassinar a estética... Em seu programa, o PSTU soube usar os fundos... Deixou de lado o vermelho tradicional das esquerdas e usou de forma eficiente o branco e as cores neutras, especialmente tons de cinza, para emoldurar e dar mais expressividade aos clipes, imagens externas e as falas dos candidatos... No caso de José Maria de Almeida, um recurso que veio ressaltar sua comunicação clara e direta com o eleitor... Ele até chegou a vestir uma camisa verde...






















































A propaganda do partido de Heloísa Helena é, no geral, bem feita... São pequenos detalhes que fizeram ela ser escolhida a pior, da mesma forma que a o do PSTU foi eleita a melhor... As cores predominantes são o vermelho e o amarelo, combinadas de forma pouco agradável... O PSOL também repetiu dois equívocos da campanha de 2008, repetidos na mesma sequência... Apresentar uma paródia dos anúncios da série "Não tem preço" da Mastercard que teve vida curta, pois o comando partidário novamente decidiu priorizar os discursos doutrinários dos candidatos... Sem contar as alusões explícitas aos concorrentes... A estrela do anúncio pirateado, um boxeador magrelo de aparelho, ganharia uma sobrevida em uma peça especifica... Que não durou da mesma forma, certamente porque a movimentação do personagem lembrava demais a do Tiririca... Nem vamos falar da paródia do anúncio dos bananas da Kibon... Mas voltando a campanha presidencial, Plínio de Arruda Sampaio aparecia em um cenário muito carregado - pior até que a lona dos candidatos a governador e ao Congresso... Na hora de falar, o candidato que roubou a cena nos debates com intervenções ágeis e irônicas, vinha com uma fala muito rígida e formal... Em um de seus pronunciamentos, chegou a repetir a mesma frase três vezes seguidas... Nada a ver com um programa voltado totalmente ao público jovem... Essa incoerência talvez explique a dificuldade do partido em dialogar com seu eleitorado-alvo, traduzida no mau desempenho nas pesquisas e na votação...




















































Campanha escolhida pelo bom começo, quando mostrou uma qualidade que compensa a posterior quebra de ritmo... Sem dar importância para o tempo de televisão reduzido, Celso Ubirajara Russomanno ofereceu um programa completo, do alto de sua experiência televisiva... O mote do "governador das ruas" era exercitado em reportagens externas sobre os problemas do estado... Russomanno chegou a entrevistar um viciado em crack... No estúdio, com telão e uma pequena platéia, entrevistas e propostas de governo para solucionar os desafios apresentados... Infelizmente, a falta de recursos financeiros, assumida publicamente pelo candidato, fez com que o programa se resumisse ao clipe da música "Chega", de Silvio Britto, e a pedidos para o eleitorado feminino se engajar voluntariamente na campanha... O cenário simples, mas bem montado, virou uma simples bancada de telejornal local... Pelo menos o candidato não se esqueceu do slogan e ainda exibiu algumas reportagens esporádicas, como a das casas defeituosas da CDHU... Tímida lembrança de um programa que prometia mais - literalmente... Ainda por cima, o cara aderiu a Dilma em cima da hora, numa manobra que lembra o apoio de Francisco Rossi a Maluf em 1998... Acabou embolado com os ascendentes Paulo Skaf e Fábio Feldmann...

























































Na verdade, esta premiação é menos uma comprovação da falta de qualidade da campanha da candidata e mais um alerta para um problema que hã alguns anos se repete em quase todas as campanhas do PCO... Pois não importa o candidato, o cenário de fundo é sempre o mesmo... Aquela fábrica produzida em computação gráfica que mais parece um cenário de Counter Strike... Somente o presidenciável do partido, Rui Costa Pimenta, ousou desafiar essa monotonia visual... Pena que tenha optado pelo superado recurso de aparecer a frente de uma estante cheia de livros... Nem falamos dos discursos, que eternamente repisam as críticas ao sistema eleitoral e fazem o proselitismo do partido junto ao movimento sindical dos carteiros...





















































A primeira vista, aparecer na penumbra não é a postura mas indicada para um candidato que se proclama "ficha limpa"... No caso de Ciro Tiziani Moura, entretanto o segredo é a alma do negócio... Com uma idéia simples, soube aproveitar ao máximo a confusão de seu nome com o de Ciro Gomes, que lhe garantiu índices em torno dos 10% nas pesquisas de opinião durante boa parte da campanha - terminou em sétimo lugar, com 275.664 votos... Mas não é só apenas isso... O programa do PTC contou com a bem dosada participação de nomes de peso, como o costureiro Ronaldo Ésper, o repórter Herberth de Souza e o Reverendo Dinarte (Êita, Deus!!!...) declarando apoio a Ciro... O gesto de girar o dedo indicador ao mesmo tempo lembrava o nome, o número e a proposta do candidato, fazer um giro de 360 graus na política brasileira... Na reta final, um lance de Mestre, a volta do clássico jingle "São Paulo Novo"...





















































O candidato a governador do PSB, Paulo Skaf, sempre reclamou do pouco tempo que tinha na televisão... Porém, não teve a mesma compreensão com os candidatos que apoiava ao Senado, e simplesmente tomou o espaço deles... Moacyr Franco, depois da primeira semana de horário eleitoral - quando surpreendeu com um discurso inquietante e soturno sobre ecologia - só foi visto apresentando alguns candidatos a deputado do PSL.. Muito pouco para um Mestre cuja notoriedade poderia render grande número de votos - e Moacyr teve apenas 411.661, um modesto sexto lugar na classificação geral... O próprio candidato do PSB, Alexandre Serpa, apareceu um único dia em toda a campanha na televisão... Terminou como 12o colocado entre 15 candidatos, com 150.079 votos... Enquanto isso, Skaf discursava diariamente sob um fundo cinza, mas focalizado quase de corpo inteiro, o que deixava muito espaço vazio e esvaziava da mesma forma sua fala... O problema seria resolvido com a inserção de uma estante de computação gráfica... Por sorte, as maiores maluquices da campanha do ex-presidente da Fiesp, lances desesperados como o retrato de Skaf maquiado como palhaço ou a zebra de listras amarelas e vermelhas, ficaram no espaço dos candidatos a governador... E sumiram na última semana da campanha, o que até fez Skaf finalmente subir nas pesquisas...


























































Nos grandes partidos, os candidatos a deputado não costumam ter problemas de espaço... Uma grande variedade de nomes tem vez e voz diariamente... Em contrapartida, a padronização no visual da campanha dá poucas chances para eles fazerem diferente... O antigo PFL oferece uma alternativa a essa massificação, permitindo que os candidatos apresentem logotipos e até jingles especificos... Mesmo que seja aquela composição do Zezé Di Camargo... "Todo mundo pede cantando... Federal é Kiko, estadual é Leandro..." Uma liberdade que não se viu nos horários do PSDB e PMDB, que adotavam o mesmo estilo do programa democrata...






















































Não é a primeira vez que o partido esconde os candidatos da chapa proporcional... Agora, a única novidade consistiu em anunciar que eles não apareceriam antes do início da propaganda eleitoral... O erro começa por ignorar um espaço que já é compartimentado para garantir o comparecimento dos pretendentes a uma vaga no parlamento... Uma escolha que gera especulações sobre as reais intenções do partido... Confiança no voto de legenda? Temor de exibir candidatos com passado comprometedor? Privilégio a quem tem mais dinheiro para fazer campanha de rua e depende menos da televisão? Alis, essas duas últimas categorias tem vários nomes em comum... Apenas na reta final do horário eleitoral, pressionado pelo TRE e pelas críticas do PSDB a atuação parlamentar dos petistas, o partido mostrou a cara dos candidatos a Câmara dos Deputados e da Assembléia Legislativa... Cabeças voadoras perdidas no videoclipe de uma música melosa, aquela do "P de paulista, T de de trabalhador"... Sendo que o piloto desse esquema foi uma apresentação dos deputados federais do partido pelo candidato ao governo do estado, Aloizio Mercadante, com todos os parlamentes fazendo cara de paisagem por não poderem falar... Assim, continuou fora de telinha o criativo jingle do deputado federal Cândido Vacarezza, baseado na música Macarena...


























































O pouco tempo de televisão não fez o partido da abelhinha abrir mão da visibilidade de seus candidatos... A cada dia era mostrado um nome diferente... Que não se limitava a dar as caras na telinha com nome e número, todos tinham voz e podiam falar... Os candidatos também não exageraram no exotismo que marcou o espaço de outros partidos, em especial o PTN... Em tempo: nesta categoria deveria ser premiado também o PSC... Todavia, o partido do peixinho, que tinha um pouco mais de tempo que o PHS - recorreu frequentemente à "Lei Falcão" - o irritante desfile apressado de fotos de candidatos - e apresentou para disputar a Câmara dos Deputados um cidadão que nem é santo... Muito pelo contrário, é a maior fria...




























































A "legenda da soberania nacional" conseguiu uma façanha única... Não mostrou nenhum dos candidatos a deputado, seja estadual ou federal, durante toda a duração da campanha... Trouxe de volta os famosos esquetes sobre a política brasileira... Mas apenas um, aquele do "não durma no ponto", repetido dia após dia... O quadro solitário se alternava com as falas da secretária geral nacional do partido, doutora Telma Ribeiro... Discurso interssante, até... "Hoje, eleitor, você é a estrela..." Entretanto, quem prestava atenção quando a dirigente aparecia de blusa branca em um cenário branco?... O "ton sur ton" fazia Telma parecer uma cabeça decapitada, lembrando vagamente Tiradentes, patrono do partido... Para completar, um apelo ao público infantil, com os bonequinhos "33"... Mas quem disse que criança vota na legenda?... Elas preferem filmes dublados...





























































Desde 1966, Antonio Salim Curiati acumula sucessivos mandatos de deputado estadual e federal, passagens por secretarias estaduais e municipais e pela prefeitura de São Paulo entre 1982 e 1983... Incansável, é presença quase obrigatória em todas as eleições, um dos ícones do malufismo... O próprio Doutor Paulo sempre pede kibe velho para ele... Na campanha para deputado estadual do PP, protagonizou uma das grandes dobradinhas com Paulo Maluf proporcionadas pelo partido, ao lado das parcerias entre o ex-governador e Malek (que cada vez mais sobe de conceito na escala dos Mestres...), Diogo Ticly e Simony, que "representa a classe das grandes cantoras brasileiras"... Depois de Maluf dar seu depoimento e lembrar que "há muitos anos conhece a honestidade e a dignidade do Curiati", o candidato declara, convicto: "Sou candidato com garantia... Saúde!!!"... E o eleitor acreditou, tornando-o o único candidato a deputado estadual eleito pelo PP, com 57.727 votos...

























































Problemas de saúde impediram que Orestes Quércia continuasse na disputa para o Senado... Mas o próprio PMDB tinha uma alternativa pronta para a turma do sarcófago... O advogado Rolando Beltramine Rolemberg, que concorria a uma vaga de deputado federal... Atarracado, pescoço curto, queixo para dentro, emitia uma voz cavernosa, que parecia vir das profundezas... Uma curiosidade: Depois que a desistência de Quércia obrigou o partido a mudar a propaganda eleitoral, Rolemberg não foi mais visto... Logo, recebeu apenas 869 votos, 30o colocado em uma chapa com 61 integrantes...

























































Nesta categoria, a escolha é de total responsabilidade do internauta Pedro Henrique... Concorrentes sempre aparecem em grande número, mas a escolha de nosso internauta é sempre amor à primeira vista... Aconteceu quando Agenor Hermógenes Júlio apareceu para defender os trabalhadores da área da educação se eleito deputado federal... A partir desse momento, Pedrinho não se deixou levar por candidatos oportunistas, que tentavam atrai-los com artifícios óbvios, como Obama Brasil (PTB), Rosemar Barack Obama (PSC), Mandela (PP) e Mussum (PTC)... Até surgiu um rival a altura, o sambista Boca Nervosa (PMDB), que inclusive cantava em sua participação televisiva... O coração do internauta balançou, mas o fato de Agenor Bisteca ser filiado ao PSDC serviu como critério de desempate... Porém, sua candidatura foi indeferida pela Justiça Eleitoral, o que invalidou os 328 votos conseguidos em 3 de outubro...
























































Frases de campanha costumam buscar a rima fácil, a graça fugaz e a promessa sedutora... Mas Vera Lúcia da Motta, secretária nacional de assuntos jurídicos do PV, com uma campanha baseada na idéia de aumentar o alcance da justiça brasileira, trouxe para a telinha uma elaborada declaração de princípios, com o toque de lirismo de quem se apresenta como "advogada e poeta"... Pena que só 3.232 eleitores entenderam essa mensagem...




























































Mais uma vez, apontamos que pequenos detalhes e uma recorrente falta de originalidade comprometem a bem-feita campanha do PSOL... O slogan do partido é o melhor exemplo... Não é só a sonoridade que é estranha, forçada... A frase não é nova... Ele é uma cópia mal-disfarçada do "oPTei" usado em adesivos de carro pelos petistas na década de 80 do século passado... Não dá para se posicionar como uma alternativa ao partido do Luis Inácio quando a criatividade empaca no meio do caminho...






























































Assim como em 2006, a campanha na televisão não teve músicas que se destacassem de forma marcante... Mesmo o PCB, que registrou avanços em 2008, voltou ao passado com os acordes da "Internacional".. O panorama era tão desanimador que Paulo Maluf trouxe novamente o "São Paulo é Paulo porque Paulo é trabalhador" de 1990 para seu espaço no programa do PP... Só que foi outro tema clássico que preencheu a lacuna deixada pelas canções atuais... "São Paulo novo" é mais um aspecto positivo que se junta a campanha de Ciro Moura para o Senado... A letra original de 1994 teve uma pequena adaptação para se adequar às leis atuais... "São Paulo novo, quer gente nova, quer ficha limpa pra ser nosso senador..." Nada que tornasse a melodia menos cativante, nem mesmo aquele trem apitando "Ciiiiroooo!!!" antes da música começar...


























































































É preciso reconhecer que a propaganda do PV manteve a qualidade de campanhas anteriores, com exceção do "fast forward" equivocadamente aplicado à campanha do candidato a governador Fabio Feldmann... Que também viajou em propostas como a do combate a obesidade... Nos demais programas do partido, visual limpo e arejado, discursos ponderados e coerentes, apoiados por animações com bonequinhos de pau - Ricardo Young, que concorreu ao Senado e fez bonito, usou este recurso para ironizar três de seus adversários... Mas na hora do jingle de Marina Silva... A música empolga, a percussão até contagia o público, mas na hora do refrão sai aquele "Sou marineiro..." A candidata do meio ambiente e da economia sustentável transformada em um produto comercial qualquer... "Marineiro" lembra "Brahmeiro"... Daqui a pouco, vão chamar a ex-ministra para substituir Paris Hilton nos anúncios da cerveja Devassa... Pior: "Marineiro" também lembra "Mensaleiro"... Um pequeno detalhe que compromete toda a campanha... Tanto que Adriana Calcanhoto foi chamada para cantar outra música no final do horário eleitoral...



O jingle "Vote Marta 133" apareceu na reta final da campanha de Marta Suplicy para o Senado... Uma ajuda dos filhos que a ex-prefeita não precisava... A dobradinha com o popularíssimo Netinho de Paula e o foco no eleitorado da Grande São Paulo asseguraram o favoritismo para a conquista de uma das duas vagas em disputa na câmara alta do parlamento... A propaganda na TV repetia seguidamente os erros de outras eleições, (como um apelo personalista que induz o eleitor a julgar a pessoa Marta e não a administradora Marta...), mas sem causar maior preocupação... Porém, quando surgiu o receio da ex-"sócia" de Eduardo Suplicy ter menos votos que Netinho, a campanha passou por mudanças... Uma delas, a repetitiva música, cantada com voz, violão, muita empolgação e pouca afinação, cantada por Supla, Joãozinho e André Suplicy, acompanhados da mãe e de uma multidão de figurantes... Insucesso imediato... Só na última semana de campanha descobriram uma sacada melhor, colocar Marta e Netinho conversando com o presidente Luis Inácio... Tão simples e tão tardia... Porque diante da arrancada de Aloysio Nunes e da correspondente derrocada de Netinho de Paula, muita gente é capaz de dizer que o jingle salvou a Dona Marta...





























































Com chapéu de caubói na cabeça e um slogan na ponta da língua, dito por uma voz bonita e afinada, "A força jovem que veio mudar São Paulo", a cantora country Janaína Luiza Ricardo de Albuquerque conseguiu fixar sua imagem (muito bela, por sinal...) entre dezenas de candidatos a deputado estadual... Sem precisar dançar ou pedir para que o eleitorado vote com prazer, como fizeram certas figuras femininas pouco discretas de outros partidos... 1.196 votos conseguidos fugindo da apelação... A imagem de Moacyr Franco atrás da candidata, que apresentava o programa "Astros do Rodeio" na Band, demonstra o potencial da figura do Mestre, tão escondida ao longo da campanha eleitoral... E ele nem compareceu para dizer o bordão do Jeca Gay, "Chorei largado!!!"...



























































A Quinta Sinfonia de Beethoven voltou a tocar e as viúvas e órfãos do Doutor Enéas compareceram para reivindicar a herança eleitoral do saudoso cardiologista... Patrícia Lima (PR) e Havanir Nimitz (PRB) tinham mais experiência como discípulas do fundador e líder máximo do PRONA, mantendo seu discurso em tom exaltado... O que contrastava com a postura um pouco mais contida de Renato Reichmann e Robson Malek, ambos no PP, sendo que este último emplacou uma dobradinha quase imbatível com Paulo Maluf... Mas quem dominou o cenário pós-Enéas foi a dentista e professora de educação física Luciana Costa, sua suplente na Câmara dos Deputados... Enérgica para declarar que combate drogas e pedofilia e ao pedir paz na família, um traço de ternura aparecia ao lembrar que quem lhe ensinou foi Enéas... Com direito a imagem de sua formatura, recebendo o diploma do Mestre... Um sopro de renovação em um discurso que se tornara cansativo... Seus 36.873 votos valeram o retorno a suplência e a liderança de votos entre os discípulos de Enéas...






























































O rosto miúdo, os cabelos repicados tingidos de loiro e a voz fina e tranquila fizeram do empresário do setor imobiliário Eroaldo de Oliveira Mourão, candidato a deputado federal, uma escolha certeira para o representante do outro departamento em nossa premiação... O nome na urna eletrônica também lembra Clô, de Clodovil, pezinho que marcou época em 2006... Só que Erô é muito mais discreto e não promete fazer que Brasília não seja mais a mesma... Seu discurso era outro, com sotaque nordestino... "Você tem muitas razões para votar, mas só uma é voto legal"... No próprio Eroaldo, evidentemente... Que obteve 584 votos, o 12o entre os 14 candidatos do partido a Câmara dos Deputados...































































Os candidatos evangélicos, quando não se limitam a aparecer ao lado dos líderes de suas igrejas (o que conta pontos para a categoria dos coadjuvantes, não dos estilosos...), têm conseguido fazer campanhas com muita personalidade, sem cair na armadilha se tornarem apenas figuras folclóricas... O pastor João Araújo, da Igreja Avivamento da Fé, mesmo com um número de fácil memorização, quis fixar bem sua imagem junto ao eleitorado... Ao comparar o voto a um "ato profético" e estalar os dedos, dizia... "7000 o fogo desce, 7000 ninguém esquece, 7000 é do Senhor!"... Com os olhos fixos para o público, acabava de conquistar seu lugar nos grandes momentos da propaganda eleitoral deste ano... E a liderança na lista do PT do B, com 8637 votos... Mais que o nada santo Doutor Marcão da Mancha, realmente...





























































Conquistar o apoio do eleitorado buscando o apoio de setores que não tem direito a voto, mas influenciam decisivamente os segmentos da população que votam tem produzido alguns dos melhores coadjuvantes das campanhas eleitorais... Colocar crianças na propaganda é o exemplo mais conhecido dessa prática... Feliciano Filho, coerente com o seu trabalho na área de proteção animal, trouxe a cadela Sapeca para a televisão... Por falar em bicharada, este ano, o PSOL se orgulha de ter exibido um beijo gay em um de seus anúncios... Mas Sapeca rompeu uma barreira muito maior e lambeu sem preconceito a boca do candidato... Por cenas como essa é que lamentamos o fato do PV ter mudado a propaganda dos candidatos a deputado no meio do caminho, ao optar por mensagens genéricas de Marina Silva, no melhor estilo do PT que ela tanto criticou... Feliciano se tornou o segundo candidato a deputado estadual mais votado do partido - 137.573 votos conquistados com o apoio decisivo da Sapeca...






















































Para enfrentar a campanha mais difícil de sua carreira política e continuar no Senado, Romeu Tuma anunciou um projeto de impacto... Uma lei que obriga a operadoras de TV a cabo e provedores de internet a disponibilizarem suas redes de fibra óptica para a instalação de câmeras de segurança... Uma proposta tão ambiciosa quanto temerária... Com a facilidade existente para se fazer "gatos" nas redes, criminosos não precisariam se esforçar muito para interceptar a transmissão das imagens... A ideia acabou abandonada rapidamente... Tuma desistiu das câmeras, mas continuou querendo ser o "Grande Irmão"... Adotou uma estratégia tão ampla quanto desesperada de voto úlil, proclamando-se "o senador de todos"... O que incluía até a lembrança dos tempos em que comandava a polícia política do regime militar e permitiu ao Luis Inácio que tratasse o canal na prisão... Assim ficou difícil se manter vivo na disputa... Ops!!!... Dois outros projetos utópicos merecem menção honrosa: o "ProUni da Saúde" de Aloizio Mercadante (PT) e a extensão do Metrô para Guarulhos de Gerson Marcondes (PTN)...





























































Ao trocar o antigo PFL, hoje DEMO, pelo PSB, Valdemar Corauci Sobrinho abriu mão de algo muito mais importante do que suas idéias e convicções... Ele jogou fora um dos jingles eleitorais mais lembrados de todos os tempos... "É 2526, Corauci outra vez..." Como conseguir uma música com eficiência semelhante usando o número 4041?... 25.802 votos, um mero 15o lugar na chapa do partido... O PSDB também teve de lidar com vários mercenários... Zulaiê Cobra, que era quase um segundo mascote do partido, se candidatou pelo DEMO após breve passagem pelo PHS... Até os biógrafos de Geraldo Alckmin e sua esposa Lu - Acir Filló e Gabriel Chalita, mudaram de lado, deixando o ninho tucano para disputarem a eleição por PDT e PSB... Só Chalita se elegeu...



























































O sindicalista José Lião de Almeida construía uma sólida maestria a cada eleição... Em 2000 era uma das principais lideranças do PGT e candidato a vice-prefeito na chapa de Francisco Canindé Pegado... Seis anos depois, concorrendo para deputado federal pelo PDT, conquistou a categoria "Mestre"da segunda edição de nosso prêmio graças ao slogan "Para renovar, para mudar, tem que acreditar!"... Frase que não voltou a ser ouvida este ano... O PSDB até apareceu com um tal de Alemão da Saúde, mas não era a mesma coisa... Lião preferiu continuar na presidência do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo (SINSAUDESP) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS)...

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