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| "Sou da paz, mas na guerra funciono melhor"... Então é por isso que o livro narra as batalhas da CPI... |
A principal resenha do livro "Um Olho na Bola, Outro no Cartola, do ex-jogador e senador Romário, é a atuação na presidência da CPI do Futebol, entre os anos de 2015 e 2016... No entanto, o caderno de fotos traz imagens de toda a trajetória futebolística do atleta nascido na região da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, do início no Olaria em 1979 até a despedida no Ameriquinha em 2009, o que inclui sua projeção no Bacalhau, as passagens pelo PSV, Barcelona, Urubu e Pó-de-Arroz, e a conquista da Copa do Mundo de 1994 pela Seleção Brasileira... Também há fotos de sessões da CPI e da outra pauta principal da sua atuação parlamentar, ao lado da “modernização da gestão do futebol”... “Apresentar projetos de leis e agilizar a tramitação dos que já tratavam de temas de interesse das pessoas com deficiência, doenças graves e raras”... Inspirado pela história de sua filha Ivy, nascida em 2005, portadora de síndrome de Down... Não falta sequer uma espécie de propaganda de outro livro da editora Planeta, que publicou a obra, no caso “O Lado Sujo do Futebol”, de Amaury Ribeiro Júnior, Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet, vide prefácio escrito pelo próprio ex-jogador... A ideia de criar uma CPI para investigar irregularidades na gestão da CBF surgiu em 2012, quando o Romário exercia o mandato de deputado federal... Mesmo conseguindo o mínimo exigido de 188 assinaturas de parlamentares em 24 horas para abrir a comissão de inquérito, o requerimento ficou na fila de espera, sem despertar interesse dos presidentes da Câmara em 2012, Marco Maia, e em 2013, Henrique Eduardo Alves... Este ligado à CBF e ao ex-presidente Ricardo Teixeira, que renunciou ao cargo em 2012, para escapar das investigações da Comissão de Ética da FIFA... A resistência à CPI vinha da “Bancada da Bola”, que Romário chama de “Bancada da CBF”, “Bancada dos Cartolas” e “Bancada dos 7 a 1”... De onde saíram três membros da CBF, os deputados Marcelo Aro, Marcus Vicente e Vicente Cândido... Muitos dos integrantes dessa “Bancada” foram aliciados, a partir da sanção da Lei Edson (OG) em 1998 pelo presidente Fernando Henrique – que queria distância de Ricardo Teixeira, enquanto o Luis inácio, depois de sancionar o Estatuto do Torcedor em 2003, acabou cooptado depois de um encontro do dirigente com José Dirceu, vide amistoso da Seleção Brasileira no Haiti – com a “Embaixada da Bola”, uma mansão que a entidade mantinha em Brasília para conquistar os deputados com partidas de futebol soçaite e festas... Uma vez integrados ao grupo, os parlamentares seguiam as orientações de Vanderbergue Machado, um funcionário aposentado do Senado que se tornou o lobista oficial dos interesses da CBF... Romário fez uma nova tentativa ao assumir o mandato de senador, em fevereiro de 2015... Em apenas duas horas de contatos conseguiu 52 assinaturas no requerimento da CPI... Mas quando falou com o presidente do Senado, Renan Calheiros, soube que deveria “esperar até termos um fato importante e relevante”... Que aconteceu três meses depois, em 27 de maio, quando o ex-presidente da CBF, José Maria Marin – o mesmo que foi às lágrimas na Comissão de Esporte da Câmara, ao prometer que a Seleção na Copa de 2014 redimiria a derrota de 1950 - foi preso na Suíça, em decorrência da investigação da Promotoria de Justiça de Nova York, do FBI e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o esquema de corrupção e pagamento de propinas na FIFA, no caso conhecido como “FIFAGate”, J.Hawilla e Kleber Leite... Então é por isso que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não viaja pra fora do Brasil, tanto que sua vaga no Comitê Executivo da FIFA foi ocupada um dos vice-presidentes da entidade, Fernando Sarney, filho do ex-presidente e ex-senador José Sarney... Mesmo com o ambiente em Brasília agitado pela Operação Lava-Jato e as denúncias de corrupção na Petrobrás, Calheiros finalmente cedeu... “Ok, Senador Romário... Vamos criar a CPI do Futebol”...
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| Para interferir nos trabalhos da CPI, "Bancada da Bola" até colocou Tufão para não perguntar nada a Del Nero... |
A CPI é instalada em 14 de julho de 2015, com sete membros... De início, Romário pensou em ocupar a relatoria... Porém, como seu partido, o PSB, era apenas a sexta bancada do Senado, teve que negociar com os ministros de Dilma Rouseff, Aloízio Mercadante e José Eduardo Cardoso, a vaga de presidente da CPI, convencendo o dois a levarem o PT, segunda bancada da casa, a abrir mão do cargo... Quanto ao posto de relator, o PMDB, maior bancada, não abriu mão de nomear Romero Jucá... Mesmo os petistas criariam uma dificuldade adicional, quando o senador Humberto Costa aumentou o número de integrantes da CPI para 11... Muitos deles para dificultar os trabalhos, como Fernando Collor, que não compareceu a nenhuma sessão, ou Zezé Perrella, que paradoxalmente tinha incentivado Romário a criar a comissão de inquérito... Sem conseguir emplacar a indicação de Magno Malta, que virou suplente de Collor, Romário teve que deixar pela parceria com Paulo Baier, Donizeti Nogueira e Randolfe Rodrigues – vide apresentação do livro... Para quebrar o sigilo bancário do presidente Del Nero, Romário teve que driblar Jucá... Tirou o requerimento da pauta e esperou o relator sair do plenário da CPI –e Perrella chegar, para ter quórum – e aprovar a quebra de sigilo... “Aprendeu a driblar na política???”, brincou com um assessor... Dos 128 requerimentos apresentados à comissão, apenas dois eram de Romero Jucá... Nenhuma convocação de dirigente... O senador só requereu a senha para acesso aos sigilosos em maio de 2016, nove meses depois do inicio da CPI... Muito ocupado em estancar a sangria e articular um grande acordo nacional com o Congresso, com o Supremo, com tudo, quer dizer, o impeachment de Dilma, assessorado pelo lobista Machado – que também defendia os interesses de Calheiros, enquanto o filho advogado cuidava da defesa de Delcídio Amaral – antecipou em três meses a apresentação do relatório final... Ignorando toda a documentação levantada por Romário e sua equipe de assessores... Tanto que ele teve de apresentar um relatório paralelo, cujas conclusões são resumidas no livro... A primeira audiência pública, em 18 de agosto de 2015, contou com os jornalistas Jamil Chade, José Cruz e Juca Kfouri – que escreveu o prefácio do livro – todos com um forte trabalho de investigação envolvendo a gestão do futebol... Contribuição também dada em 3 de setembro por Andrew Jennings, o obstinado repórter investigativo e combatente da corrupção no esporte, que relatou como dirigentes e autoridades da FIFA faturavam em cima da Copa do Mundo, inclusive no Brasil... Enquanto o STF suspendia um requerimento de cópias de contratos da CBF, foram ouvidos os autores de “O Lado Sujo do Futebol”, vide documentos de cartórios e dos Ministérios Públicos do Brasil e da Suíça... Na sequência, vieram os presidentes de federações, cujos depoimentos reforçaram no senador a necessidade de revisão na estrutura “clube-federação-confederação”, antes até da revisão da legislação... A vez do presidente da CBF aconteceu no dia 16 de dezembro de 2015, quando estava oficialmente licenciado do cargo... Duas semanas antes, em 3 de dezembro, ao ser indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como integrante da rede de corrupção no futebol internacional, passou o cargo ao seu vice, o deputado Vicente... Em caso de prisão e destituição do cargo, seria substituído pelo vice-presidente mais velho, Delfim Peixoto, vide avião da Chape... Quando Vicente pensou em realizar uma nova eleição, Del Nero movimentou-se para eleger o vice-presidente da região Sudeste, cargo vago desde a prisão de Marin na Suíça... Assim, chegou à presidência da CBF o paraense Antônio Carlos Nunes, mais conhecido como Antônio Carlos Nunes... Na CPI, Romero Jucá abriu mão de questionar Del Nero, porém Romário perguntou porque ele não permaneceu na Suíça quando Marin foi preso... Atordoado, o dirigente chegou a esquecer que era advogado, sócio de Vicente Cândido em um escritório... Ao responder as indagações de Rodrigues, disse que não saía do Brasil por orientação dos advogados e que não havia motivo para ele ser preso, pois nem sequer possuía um “trust” no exterior, Eduardo Cunha... Em 2016, no dia 9 de março, deveriam ser votados 12 requerimentos, um deles convocando Teixeira... Machado trabalhou forte para que a convocação fosse vetada e que a condução coercitiva de Nunes virasse um convite... Sem contar a tentativa de convidar o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, para que o presidente interino da entidade não fosse chamado... Ao ver que no recinto da comissão só havia dois senadores instruídos pelo lobista, Romário abriu a sessão e em seguida a encerrou, alegando falta de quórum... “Tudo em menos de 30 segundos... Como diria o inesquecível humorista Chico Anysio, foi uma sessão vapt-vupt”, Pancada... A ideia de evitar a rejeição dos requerimentos teve êxito apenas temporário, pois em outra sessão, os senadores alinhados com a CBF rejeitaram todas as propostas... Nessa mesma ocasião, Nunes compareceu à CPI e ficou em silencio quando perguntado, orientado por seus advogados... Romário insiste em aprovar o requerimento para convocar Teixeira, e convence Zezé Perrella a comparecer ao plenário para garantir o quórum e a aprovação, na base do “Quem estiver de acordo permaneça como está”, em 6 de abril... Além do ex-presidente, também seriam convocados Del Nero, que voltaria à comissão para explicar as contas no exterior descobertas com a quebra do sigilo bancário, Wagner José Abrahão, empresário e principal operador das receitas da CBF, e Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF para a Região Nordeste... A votação, porém, seria questionada pelo senador Ciro Nogueira, e Calheiros ordenaria uma investigação... Ao comprovar a legalidade, determinou a realização de uma nova votação... O caso foi para a Comissão de Constituição e Justiça, onde um parecer validando a votação acabou retirado da pauta... Enquanto o requerimento travava a CPI, o afastamento de Dilma era aprovado pelo Congresso e Romero Jucá tinha uma passagem relâmpago como ministro da Justiça de Michel Temer, caindo após a divulgação da gravação da conversa com Sérgio Machado... Romário, por sua vez, se viu obrigado a desmentir as acusações de ter recebido 100 mil reais de Marcelo Odebrecht na campanha de 2014, “Época”, e de que possuía uma conta na Suíça, “Veja”... Sem contar o seu apoio ao impeachment de Dilma...
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| - Pô, rapaziada!!!... Pelo tamanho da medalha que colocaram na fachada da sede, a CBF superfaturou geral!!!... |
Em junho de 2016, Calheiros ainda não havia liberado as convocações, fundamentais para esclarecer pontos não abordados no relatório precoce de Jucá, como transferências de dinheiro para a Federação Alagoana, usado na campanha eleitoral de Gustavo Feijó, e irregularidades no Comitê Organizador Local da Copa do Mundo... Sendo que Calheiros também é alagoano, digo... Romário foi ao STF tentar reverter a decisão do então presidente do Senado – substituído por Eunício Oliveira – e obteve um parecer favorável do tribunal, Teori Zavascki... Que não sensibilizaram o presidente... Em julho, depois de quatro meses sem sessões, a prorrogação da CPI foi aprovada, permitindo que o relatório alternativo, com 1.024 páginas, fosse apresentado no final do ano, em 7 de dezembro... Bem depois da abertura e do esvaziamento da CPI da Máfia do Futebol na Câmara, que sequer apresentou um relatório final... Del Nero, aproveitando o recuo da FIFA – presidida por Gianni Infantino, eleito após a renúncia de Joseph Blatter - nas investigações de corrupção, reassumiu a presidência da CBF... O relatório trouxe revelações sobre a aquisição da sede da CBF, na região da Barra da Tijuca, em 31 de agosto de 2012, na gestão de Marin, que teria beneficiado o diretor financeiro da entidade, Antônio Osório Ribeiro Lopes da Costa, o Zozó... Apenas uma das salas, adquirida pela empresa que vendeu o imóvel por 902 mil reais, seria repassada à CBF por 9,9 milhões de reais... A CPI rastreou repasses da CBF para as empresas do Grupo Águia, agentes de viagem da CBF há mais de 30 anos e sócios da Traffic na venda de ingressos corporativos para Copa do Mundo de 2014, Match... Um deles, por transferência bancária, de R$ 4,7 milhões... A equipe da comissão rastreou emails descobertos no HD de computador de Del Nero, em 2012, e descobriram evidências de um financiamento de campanha não declarado a Feijó, candidato à prefeito da cidade alagoana de Boca da Mata, onde nasceu... Ao apresentar um orçamento de R$ 2 milhões, Feijó lembrou em uma mensagem que acertara com Teixeira que a CBF repassaria 30% do valor... Além de irregularidades na transferência de jogadores, vide “transferências pontes” via “barriga de aluguel”, o relatório traz indícios de remessas de dinheiro de propinas de Del Nero para o exterior, vide viagem do avião da CBF a Barbados, em 2014... Quanto ao Comitê Organizador Local da Copa, a mutreta começava na divisão de cotas da sociedade – 9.999 da CBF e uma em nome de uma única pessoa física – o próprio presidente da entidade... Assim, Teixeira, Marin e Del Nero centralizavam todas as decisões e assinavam todos os documentos do COL duas vezes... Mesmo beneficiado com isenções fiscais – que de início estavam vetadas pelo estatuto, mudado por imposição da FIFA, que injetou dinheiro por meio de um contrato de prestação de serviços - o Comitê não aceitou a presença de um representante do governo federal... Mesmo com a proibição de distribuição de dividendos antes da realização da Copa, Marin teria recebido R$ 985 mil em dezembro de 2013... O COL não chegou a tornar públicos contratos de prestação de serviços no valor de R$ 629 milhões... A quebra do sigilo bancário mostrou pagamentos de R$ 129 milhões para uma microempresa do setor de turismo, ligada ao Grupo Águia... Afora os negócios com o Grupo Match na comercialização de ingressos... Na parte de estádios, a empresa de consultoria contratada pelo COL – com o sugestivo nome de Arena - recebeu R$ 32 milhões... O antigo sócio de seus proprietários, um mês depois da escolha das cidades-sedes, fundou uma empresa, com o nome de Stadia, que seria escolhida para fazer os projetos da Arena da Amazônia (R$ 14,7 milhões) e da Arena das Dunas (R$ 2,3 milhões)... Mesmo sem valor oficial, o relatório de Romário recomendou a continuidade das investigações pela Procuradoria-Geral da República... Sugeriu que o colégio eleitoral da CBF seja integrado também pelos clubes das Séries C e D do Campeonato Brasileiro, com revisão da proporcionalidade dos votos, modificada pela entidade para dar mais peso às federações estaduais, em prejuízo dos clubes das Séries A e B... Pediu a criação de uma Liga Nacional de Futebol, responsável pelo campeonato nacional, deixando a CBF apenas com a gestão das Seleções, Primeira Liga... Propôs maiores investimentos no futebol feminino, vinculando o Campeonato Brasileiro à disputa da competição masculina, para aumentar o interesse do público... Reivindicou arbitragem independente e justiça desportiva autônoma, Paulo Schmitt... Mudanças no calendário intermediadas pela Secretaria de Futebol do Ministério do Esporte, com base em estudo do extinto Bom Senso Futebol Clube... Representação de atletas, técnicos e árbitros nos colegiados da CBF... Balanço financeiro da CBF enviado ao colégio eleitoral um mês antes da votação... Proibição do patrocínio de bebidas alcóolicas e cigarros... Impedimento da participação de empresários e agentes na comissão técnica da Seleção... Democratização das imagens do futebol... Nesse caso, avise a Globo... Pois a grande caixa-preta das investigações sobre futebol é a participação das emissoras de televisão nos esquemas de pagamentos de propinas... Por fim, Romário sugeriu o indiciamento de Del Nero, Marin, Teixeira, Feijó, Zozó, Carlos Antonio Lopes, Vicente, Hawilla e Leite... Ah, sim... Reservem a data... No dia 6 de novembro começa nos Estados Unidos o julgamento dos réus do FIFAgate, que deve durar seis semanas...
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| Lançamento do livro marcou reencontro dos dois únicos homens no mundo que dão dez sem tirar... Ops!!!... |
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