segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A História Dessa Grande Família Daria um Livro... Ops!!!...

Enquanto a Globo não programa outra reprise e o Viva não exibe a série, Pancada deixa pelo livro...



























































No dia 11 de setembro de 2014, a Globo exibiu o último dos 489 episódios de “A Grande Família”... O final da série abalou o nosso humorista e fornecedor de DVDs, o Pancada, que toda semana, desde 29 de março de 2001, acompanhava e ria muito das histórias do veterinário Lineu Silva, sua família, seus vizinhos de porta e seus companheiros de trabalho... A saudade é tanta que nosso colega de rede espera ansiosamente por uma reprise... É verdade que no último mês de março a emissora matou um pouco de sua vontade com a exibição de “O Álbum da Grande Família”, um especial dedicado aos personagens mais importantes da história, como o próprio Lineu, sua esposa Nenê, os filhos Maria Isabel, a Bebel, e Artur, o Tuco, o genro Agostinho Carrara... Mas o que nosso colega de rede queria realmente, professor, era a exibição de toda a série, desde o primeiro episódio, tarefa que se a Globo não quisesse desempenhar poderia ser assumida sem maiores problemas pelo canal Viva... Enquanto o seu desejo não é atendido, o internauta tem que se virar nos 30 com um livro que adquiriu ao preço promocional de R$ 9,90 nas Lojas Americanas da região da Praça da Bandeira, no Rio... “A Grande Família – O Livro”, lançado em 2015, um ano depois do final da série, foi escrito por Max Mallmann, Rodrigo Salomão e Mauro Wilson... Três dos 32 roteiristas que atuaram na elaboração dos episódios ao longo de 14 anos de produção – que incluíram 29.619 horas de edição e mais 5,670  de sonorização... Em um time que figurou até o Padre Jacobina, quer dizer, Mané Jacó, o criador do "Palhação", só faltou o Marcius Melhem, Pancada, digo... O trio é muito preciso ao situar a inspiração da versão original de “A Grande Família”, que estreou na Globo em 26 de outubro de 1972... A sitcom estadunidense “All In The Family” (CBS), de 1971... Por sua vez baseada na série britânica “Till Death Us Do Part” (BBC 1), lançada em 1965... Às quais agregam emanações de outra produção dos Estados Unidos, “Father Knows Best”, produzida entre 1954 e 1960... Conhecida no Brasil como “Papai Sabe Tudo”...  Que em nosso país deu origem à paródia “Papai Sabe Nada”, criada e protagonizada por Renato Côrte Real e família, mostrada pela Record entre 1963 e 1966... Sendo que Máximo Jacarandá, empresário do setor de chupetas, e seu filho Confúcio, retornaram em março deste ano na série “Máximo e Confúcio”, exibida pela Cultura... O papel de Máximo ficou a cargo de Ricardo Côrte Real, filho do comediante, e que vivia Confúcio em “Papai Sabe Nada”... Não confundir com o desenho “Wait Till Your Father Gets Home”, da Hanna Barbera, produzido entre 1972 e 1974, aqui chamado de “Papai Sabe Nada”... E que também bebia da fonte de “All In The Family”... Alis, esta série é mais seminal do que a leitura do livro dá a entender... Na CBS, “All In The Family” gerou o “spin-off”,  “The Jeffersons”, série estrelada pelos vizinhos da família Bunker... Vide Sherman Helmsley, o célebre “juiz falecido”, no papel de George... “The Jeffersons” inspirou “Diff’rent Strokes”, que serviu de base para “The Fresh Prince of Bel-Air”, que inspirou “My Wife And Kids”, “That’s So Raven”, “Everybody Hates Chris”... Ou seja, “Arnold”, “Um Maluco No Pedaço”, “Eu, A Patroa e As Crianças”, “As Visões da Raven”, “Todo Mundo Odeia O Chris”, internauta Pedro Henrique... Ah, sim, Pancada... Pode incluir nessa lista o “spin-off” da série da Raven, “Cory In The House”, onde seu pai e seu irmão menor mudam-se para a Casa Branca, que durou 34 episódios até ser cancelada no meio da segunda temporada, em 2008... 






















Nosso colega de rede se apetece tanto com o Seu Flor que adoraria dividir a mola solta do sofá com ele... Ops!!!...


























































Mallmann, Salomão e Wilson, ao comentarem sobre os primeiros episódios de “A Grande Família” produzidos em 1972, diz que apesar dos textos de Max Nunes e Roberto Freire (o psicanalista, não o ex-ministro...), da direção de Milton Gonçalves e da produção de Augusto César Vannucci e Ronaldo Cury, “ainda faltava alguma coisa”... Na verdade, como lembra uma pesquisa acadêmica sobre o programa, mesmo já retratando o cotidiano da classe média brasileira, a série não emplacou... No ano seguinte, acontece o milagre e o programa decola...  Os autores do livro até dão o nome dos santos... Daniel Filho, que assumiu a produção – então é por isso que no último episódio exibido em 2014 ele aparece convidando a família Silva para estrelar uma série chamada “A Grande Família” – Paulo Afonso Grisolli, que tornou-se o diretor, e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, e Armando Costa comandando os roteiristas... “A receita, enfim, ganhava sua dose exata de tempero brasileiro”... O livro define Grisolli, Vianinha e Costa como “defensores da democracia que sofreram com o regime militar”... Mais que isso, Vianinha era um dramaturgo que vinha do teatro engajado do Centro Popular de Cultura (CPC), por onde Costa também passou, e do Teatro de Arena... Sem contar a militância de ambos – e de Grisolli – no Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”... Também não é mencionado que a indicação de Vianinha teve a influência de Dias Gomes, Janete Clair e Paulo Pontes - que assumiu a redação da série quando ele saiu de cena...  Os dois autores proletarizaram a família Silva, que no primeiro episódio de 1973 mudava-se da região da Tijuca, reduto da classe média tradicional carioca, para um conjunto residencial no subúrbio, o que atentava para a questão das dificuldades para se adquirir a casa própria... De forma sutil, os textos mostravam uma classe média que no embalo do crescimento econômico do início dos anos 1970, sonhava com ar-condicionado e TV a cores, porém sofria com a alta da inflação... Com Bebel, era possível falar de feminismo,via Floriano, interpretado por Brandão Filho e sua cara de povo, mencionava-se a situação dos idosos e Tuco trazia algo da contracultura... Ecos da crítica de “A Grande Família” chegaram até a última peça escrita por Vianinha, “Rasga Coração”... Concluída em 1974, pouco antes dele render 62 pontos no Bolão Pé-na-Cova, e proibida pela censura, só pode ser encenada em 1979... Filho dos dramaturgos Oduvaldo – então é por isso que o pai do Agostinho tem esse nome - e Deuscélia Viana – Vianinha tecia considerações sobre a sociedade brasileira por meio de Lineu e de seu filho Júnior, um estudante de Medicina esquerdista... Personagem que no “remake” de 2001, idealizado por Guel Arraes, simplesmente sumiu da história... O livro diz que ele já não era tão necessário, pois na série original suas críticas sociais mais explícitas eram colocadas para atrair os censores e poupar as ironias mais veladas dos outros personagens, além de o considerarem meio “chato”... E que o Lineu de Marco Nanini assumiu a consciência crítica de Júnior, indo além do sujeito a que chamam de “reclamão” vivido por Jorge Dória - mas que ainda assim, garantem eles, não era reacionário como seus predecessores britânico e estadunidense... Alis, o começo difícil da série, em 2001, não é mencionado... O retorno aconteceu como homenagem a produção pioneira, baseando-se nos textos originais, que pareceram datados ao público... O horário também não ajudava, nos primeiros tempos “A Grande Família” passava depois do programa policial “Linha Direta”... O que virou piada no “Casseta e Planeta”, onde uma briga entre os apresentadores Marcelo Rezende e Domingos Meireles – no caso, Marcelo Depende e Domingos Churumeles – era interrompida pelo final do programa e pela chegada de Dona Nenê, que reclamava por ter que limpar todo aquele sangue deixado pelos crimes mostrados pelo “Linha Direta”... A reviravolta aconteceu, além da mudança de horário, para logo depois da novela das oito que começa às nove, quando os textos originais entraram em cena... A série se tornaria uma espécie de crônica da Era Luis Inácio – vide o incorruptível trabalho de Lineu na vigilância sanitária, na repartição chefiada por Mendonça – e até do primeiro governo Dilma – Nenê inclusive se tornou a presidenta da associação de moradores do bairro, cargo já ocupado por seu marido Lineu... Não deixa de chamar a atenção o fato de “A Grande Família” ter sido encerrada – brigas no elenco à parte – pouco antes das eleições de 2014... Como se pressentissem o fim dos tempos que marcaram o surgimento da “nova classe média”, da qual a jarra em forma de abacaxi na mesa de Nenê era o seu maior símbolo... 


























Internauta Chico Melancia prefere andar de ônibus, mas não dispensa uma corridinha no moto-táxi de Bebel...



























































Inspirado na descrição dos personagens feita pelo livro, Pancada elaborou o ranking dos seus preferidos em “A Grande Família”... Que tem até um “hors-concurs”... Floriano Souza, o seu Flor, pai de Dona Nenê, interpretado por Rogério Cardoso desde o início da série até julho de 2003, quando sofreu um ataque cardíaco e rendeu 33 pontos no Bolão Pé-na-Cova... Cardoso era sincero a ponto de dizer, vide epígrafe da obra, que com o nariz que tinha jamais poderia ser um galã, mas Pancada não se importa... Mesmo que Floriano seja torcedor do Pó-de-Arroz carioca, nosso colega de rede adoraria dividir com ele o sofá da sala da casa da família Silva, com mola solta incomodando as costas e tudo... O fato dele ter uma filha fora do casamento, Marina, ou de ter namorado Selminha, a mãe de Agostinho, também não tem importância... Nem que o personagem de Pedro Cardoso fosse filho de Carlão e Lucinha, quer dizer, de Francisco Cuoco e Betty Faria... Para compensar a ausência do Seu Flor, entrou em cena o tio de Nenê, irmão de sua mãe, Laís, Juvenal, papel de Francisco Milani... O qual, apesar de ser mais conhecido como Tio Mala – baseado em fotos reais, segundo o Pancada – lidera o seu ranking de “A Grande Família”... Roubar no carteado e dançar nu no banheiro enquanto entupia o vaso sanitário contou pontos na avaliação, mas o fator decisivo foi seu envolvimento amoroso com Dona Etelvina... Na verdade seu filho Abelardo, o Beiçola, vestido de mulher... Pena que Milani rendeu 29 pontos no Bolão Pé-na-Cova em 2005, senão poderia ter voltado mais vezes de Governador Valadares para visitar a sobrinha...  Em segundo lugar na lista do Pancada, está Paulo Wilson – nada a ver com um dos autores do livro – mais conhecido como “Paulão da Regulagem”, mecânico de carros que abriu uma oficina na rua onde mora a família na quinta temporada, em 2005, Evandro Mesquita... Oficina que posteriormente (em 2011, na décima-primeira temporada...) tornou-se a sede da Carrara Táxis, ou Táxis, frota que abriu em sociedade com seu grande amigo Agostinho Carrara... Sócio “mijoritário”, diga-se de passagem...  Nesse ponto, o internauta Chico Melancia deixa pela “sócia” de Agostinho, a filha de Nenê e Lineu, Maria Isabel, a Bebel... Por mais que nos bastidores a atriz Guta Stresser nem sempre se entendesse com o restante do elenco, ela é o número do Melancia, de acordo com o próprio... Chico não abriria uma firma de moto-táxi, como Bebel fez na décima-terceira temporada, em 2013, deixaria por uma empresa de ônibus, porém adoraria ser o pai de Floriano Carrada, o Florianinho... Ops!!!... Sem contar a inveja que sempre teve do Tuco... Nada contra Lúcio Mauro Filho, no entanto, o filho do casal Silva, mesmo tendo uma passagem pelo BBB, atuando em um programa humorístico como Serginho – mas olha o pezinho!!! -  e pontificando em numa novela no papel da mãe da mocinha, como nome de guerra de Betty D’Ávila, sempre estava em excelente companhia, vide Marina (ela própria, sua tia, filha de Floriano...), Vivi, Gina e Manu, Camila Pitanga, Leandra Leal, Natália Lage e Roberta Rodrigues... Quanto ao Pancada, sua admiração por Paulão é tanta que nosso colega de rede pegava o metrô só para ouvir Evandro Mesquita anunciar a estação Central  e aconselhar o comparecimento ao Rock In Rio por trilhos... Ainda que ele não errasse nenhum nome, como fazia o mecânico mulherengo...  Mendonça, o chefe de Lineu, ocupa o terceiro lugar do ranking... Não só apenas por ter namorado Dona Nenê, antes do “Lineuzinho” conhece-la, ou por ter formado com o colega de repartição a banda de rock Fiscais do Ritmo, ou ainda por ter namorado a cabeleireira Marilda, e encarar a inoxidável André Beltrão não é para qualquer um... É principalmente pelo fato do torcedor mais ilustre do Goytacaz de Campos ter certa vez se vestido de mulher e ido parar na prisão... Quem sabe o “Mendoncinha” não lhe empresta o vestido???...  Ou então ele terá que recorrer ao quarto colocado de sua lista, o Beiçola... Que não é o personagem preferido do Mestre, mas tem em comum com o dono da pastelaria que serve pastel de camarão sem camarão uma paixão recolhida por Dona Nenê...  Nosso internauta-mor não chega a ser edipiano como Beiçola, que se veste de mulher para relembrar a mãe, Dona Etelvina, porém ele e Pancada disputariam aquela saia comprida no tapa... Ops de novo!!!... 






































Nosso internauta-mor resgatou a camisa que deu origem ao selo Olavo Gosta para posar ao lado de Nenê...

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