sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Quando a Supervia se supera pelas vias férreas do Rio...

Supervia possui trens com ar-condicionado em sua frota, mas ainda conta com modelos mais tradicionais...












































A estação de São Cristóvão, devidamente modernizada e entregue em julho deste ano, possui amplas instalações, para receber os trens das diversas linhas da Supervia – Santa Cruz, Japeri, Deodoro, Belford Roxo, Gramacho – de onde se vai para Saracuruna, Guapimirim e Vila Inhomirim...  Inclusive algumas plataformas ainda não possuem trilhos e o acesso à estação do Metrô Rio tem ares de “puxadinho”... A própria passarela sobre a Avenida Radial Oeste está cheia de areia, indicando que o piso não teve acabamento...  Em breve, a estação terá em seu amplo mezanino lojas do Bonde do Biscoito ® e da Moleka Sorvetes ©...  Os trens hoje em dia são dotados de ar-condicionado, bagageiros envidraçados, e vidro frontal blindado – em várias composições já “testado”, como atestam os buracos de bala... Mas alguns trens antigos ainda estão em serviço regular, e outras podem ser vistas abandonadas nos pátios da região de Deodoro... Remanescentes do tempo em que o serviço de trens de subúrbio era operado em todo o país pelo governo federal, muitos modelos são idênticos aos que rodam ainda hoje nas linhas 7 e 11 – trecho entre Guaianazes e Estudantes - da CPTM, em São Paulo... São mais recentes que o trem repleto de pingentes que Jean Manzon registrou no documentário “O Transporte dos Cariocas”, ao som de jazz, no final dos anos 1950... Mas poderiam muito bem ter servido às manobras radicais do Beija-Flor, praticante do surfe ferroviário, na novela “O Dono do Mundo”, vide “Rap da Rapa”... Hoje, os trens com ar-condicionado circulam com as portas fechadas, sem pingentes ou o calor que tanto incomodava Donato Menezes em sua busca por vestidos de noiva para vender em “As Noivas de Copacabana”... Os que embarcaram na Supervia para comparecer aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos tinham que desembarcar nas estações de Engenho de Dentro ou de Vila Militar, caso estivessem no ramal de Santa Cruz, ou também em Engenho de Dentro e em Deodoro caso estivessem no ramal de Japeri, Ed Motta... Senão, a parada seguinte seria em Anchieta, uma estação que não foi modernizada, e onde numa das plataformas repousava uma composição adesivada com motivos esportivos... De volta a Deodoro, a plataforma permite avistar várias composições antigas, inclusive uma  de aço inox, que teve a sua frente remodelada... Existe ali uma linha circular, ligando Deodoro a Honório Gurgel, no ramal de Belford Roxo... A estação, dentro do programa de obras visando os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, foi reformada, recebendo um amplo mezanino similar ao das estações São Cristóvão e Maracanã... Local de vendedores de chips para telefone celular e bombonieres que vendem biscoito de polvilho e água mineral...












Na plataforma de estação de Deodoro, um solitário passageiro espera pelo próximo trem para fazer o embarque...












































Depois de São Cristóvão, pela janela do trem, avistam-se as regiões de Mangueira, São Francisco Xavier, Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, alma-máter de Millôr Fernandes... Quem não desce em Engenho de Dentro segue por Piedade, Quintino – terra de Zico Coimbra e Albano Reis – Cascadura – a terra da “dona boa” – Madureira, Osvaldo Cruz, Prefeito Bento Ribeiro – vide Ronaldo Fenômeno, Marechal Hermes... Para quem compareceu às competições olímpicas e paralímpicas, o meio da manhã era um período de contra-fluxo nos trens para Engenho de Dentro e Deodoro... O que não implica em menor atividade dos vendedores ambulantes, ao contrário... O primeiro comparece no trem e pendura no balaústre um gancho com os mais diversos tipos de Trident ®, Halls ® e Mentos ®... O segundo traz Cookies ® da Bauducco ®... O terceiro também vem com um gancho, só que pendura balas de coco... “Com calda e sem calda”... O quarto traz cocadas, pé-de-moleque e amendoim doce e salgado... O quinto oferece três pacotes de biscoito Passatempo ® da Nestlé ® a 5 reais... Melhor falar em bolacha, caso haja algum paulista escondido no trem... O sexto chega com salgadinhos Torcida ® da Lucky ®... O oitavo apregoa fones de ouvido Samsung ® e cartões de memória Sandisk ® a 10 reais... Só o adaptador nesse caso, digo... O nono passa com chocolates Nestlé ®, inclusive com um Chokito ® geladinho, talvez pelo fato do gancho ser pendurado perto da saída do ar-condicionado...  O décimo carrega no chiado do sotaque carioca para vender salgadinhos Elma Chips ®... “CheetoX, DoritoX, FandangoX!!!”... Na parada seguinte, todos esses venedores dão lugar a outros colegas de profissão, que trazem jornais, pipoca doce, Guaravita ®, água mineral, refrigerante, cerveja, bonecos do Fuleco ® com distintivos dos grandes clubes cariocas... Para quem ia assistir as competições no Engenhão, a Estação Olímpica de Engenho de Dentro trazia imediatamente a lembrança da música de Jorge Ben Jor...  “Engenho de Dentro, quem não saltar agora só, outro baile em Realengo”... A passarela de entrada e saída da estação foi pintada com raias similares às das pistas de atletismo, permitindo a qualquer passageiro sentir-se como Usain Bolt no embarque ou desembarque... Entre a estação e o estádio, estão as estruturas metálicas das antigas oficinas da Estrada de Ferro Central do Brasil, incorporadas ao conjunto olímpico... Os que iam comparecer na região de Deodoro, precisavam seguir no trem com ponto final em Santa Cruz até a estação Vila Militar, logo depois de Deodoro... Quem descia, numa ponta da plataforma, tinha o Castelo Rá-Tim-Bum, quer dizer, a estação antiga, uma construção em forma de castelo, inaugurada em 1910, que ainda possui uma placa de patrimônio da antiga Rede Ferroviária Federal... Na outra ponta, a moderna estação da Supervia, com sua fachada vazada, ao lado de uma estação do BRT Transolímpica...  













No interior dos trens a movimentação é intensa para atender quem quer "CheetoX, DoritoX, FandangoX"...












































O trem vai se aproximando da Central do Brasil e algumas composições antigas aparecem estacionadas nos pátios da Supervia... Uma delas está adesivada com propaganda do Ponto Frio... “O Bonzão da Prestação”...  A plataforma extensa, em uma longa sequência, dá acesso, uma vez transposta a linha de bloqueios, ao grande saguão da estação Dom Pedro II, projetada em 1937, no Centro do Rio... Que ainda possui variados tipos de comércios, como dizia o locutor do documentário “Um Dia na Central”, na década de 1950... Na pastelaria, é possível adquirir um joelho... O salgado, “joelho de moça”, que em outras regiões é conhecido como enroladinho, bauruzinho ou mistinho... Se não quiser tomar um caldo de cana, pode ir no supermercado e comprar o autêntico Mineirinho ®... Se passar mal, a farmácia está ali... No saguão, há estandes da Nextel ®, Beleza Natural ®, Bolos e doces finos, Spa das Sobrancelhas ® e um carro da Polícia Militar estacionado, com policiais de prontidão... Na antiga agência da Central do Brasil, foram instaladas filiais da financeira IBI ®, do Boticário ® e uma lanchonete do Mc Donald’s... Uma estátua homenageia o centenário de nascimento de Dom Pedro II – em 1925 - e uma placa comemora o centenário da EFCB – em 1958... As máquinas de vendas do Rio Card estão na entrada principal da estação, entre o Mc Donalds ®, cujo balcão fica ao lado dos caixas eletrônicos, junto a uma parede revestida de mármore onde ainda é possível ler “RAMAL DE SÃO PAULO”, e uma das máquinas encobre a placa inaugural da eletrificação da ferrovia, de 1937, enquanto a do cinquentenário da eletrificação está desobstruída, bem como a que lembra o arquiteto que projetou a estação, Roberto Magno de Carvalho, e no lado oposto, a escadaria em mármore que dá acesso ao edifício erguido no local da estação, além de uma estátua do engenheiro Paulo de Frontin...  O acesso ao Metrô Rio... está do lado oposto à entrada principal... É preciso cruzar novamente o grande saguão, onde está o relógio e painéis com vistas das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, que eram servidas pela antiga Central do Brasil... Na outra ponta estão as escadarias da estação Central do Metrô Rio, que oferecem uma integração tarifada... Dali é possível pegar o metrô até General Osório e dali alcançar a linha 4, que vai até a estação Jardim Oceânico, na região da Barra da Tijuca, que conta com um terminal do chamado “Lote Zero” do BRT... Durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, só tinham acesso à Linha 4 os portadores de ingressos para as competições... Sem eles, o jeito era pegar um ônibus ou gastar cerca de 40 reais de táxi, para ir da estação Jardim Oceânico até General Osório ou Cantagalo, e vice-versa... Mesmo preço de uma corrida do Jardim Oceânico até a Tijuca, seguindo pela estrada que corta a Floresta da Tijuca... Ao menos o passageiro do táxi podia conhecer a Pedra da Gávea, a Rocinha, o Túnel Acústico Rafael Mascarenhas... E no final, conhecer o terminal das linhas alimentadoras do BRT na estação Jardim Oceânico... Encerradas as competições olímpicas e paralímpicas, agora o carioca pode impressionar-se com os seis minutos entre as estações São Conrado e Jardim Oceânico, enquanto espera que a estação Gávea-PUC seja concluída... 















No comércio variado da Central do Brasil, você pode comer um joelho e depois tomar um Mineirinho (R)...

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