sexta-feira, 19 de junho de 2015

Doutor Kenji chegou... Está em Valparaíso...

Doutor Kenji aproveitou a parada de um dos trólebus de Valparaíso para fazer uma foto posicionado bem na frente do veículo...
















































Das oito cidades do Chile que receberão jogos da Copa América, o Doutor Kenji manifestou particular interesse em conhecer Valparaíso... Não que ele quisesse comparecer ao estádio Elias Figueroa com sacos plásticos para mostrar aos torcedores de Peru e Venezuela como se deve recolher o lixo das arquibancadas após o jogo... Nem todos os brasileiros são recebidos de forma hostil por venezuelanos... Felizmente, a vitória peruana impediu que mais mulheres ficassem sem roupa no país de Nicolas Maduro... Na verdade, como grande entendido... Em transporte, o Doutor soube que a população da cidade chilena tem à sua disposição uma singular variedade de modais... Na parte baixa, junto ao Oceano Pacífico, há os trólebus... Na parte baixa, próxima às montanhas, predominam os micro-ônibus... Entre uma e outra região é possível usar o “ascensor”, quer dizer, o bom e velho funicular... Para ir até Viña Del Mar, existe o metrô de Valparaíso, o “MerVal”...  Melhor dizendo, um “trem subterrâneo metropolitano”... Que aproveita o trajeto de uma antiga ferrovia (inaugurada em 1855...) e, além de chegar à cidade vizinha, também se dirige aos municípios de Quilpué, Villa Alemana e Limache... Ao todo, são 43 quilômetros e 20 estações... O sistema atual funciona desde 2005... O serviço utiliza 27 trens X'Trapolis da Alstom, fabricados na França... Mais 13 do mesmo modelo, produzidos pela Alstom na Espanha, deverão ser incorporados à frota... Cada trem, dotado de ar-condicionado, possui capacidade para 392 passageiros – 114 sentados – em seus dois carros... Tanto o metrô quanto os “ascensores” e os trólebus podem ser pagos com o cartão “MAT”... O preço da passagem varia conforme o destino desejado... A viagem para Viña Del Mar, partindo da estação Puerto, por exemplo, fica em torno de 400 pesos chilenos – cerca de 2 reais... Alguns pesos a mais ou a menos, se for horário de pico ou de vale... Para a Copa América, a empresa EFE (estatal), que opera o metrô, informa que a frequência de trens é de 12 minutos, na rota Puerto-Limache... Durante a semana, nos horários de pico, trens entre Puerto e Sargento Aldea, em Villa Alemana, circulam com frequência de seis minutos... Valparaíso sediou apenas partidas da primeira fase da Copa América, mas há um jogo das quartas-de-final previsto para o estádio Sausalito, em Viña Del Mar... E o Doutor já carregou seu bilhete...

















E o metrô de Valparaíso, o "MerVal" é um modal muito prático para se viajar até a vizinha cidade de Viña Del Mar...
















































Acostumado com os trólebus de São Paulo, o Doutor quis conhecer primeiro os ônibus elétricos de Valparaíso... Tão característicos da paisagem da parte baixa da cidade que são frequentemente retratados em obras de arte expostas em centros culturais e camisetas vendidas a turistas... A própria cor verde dos veículos inspirou a cor da camisa do time de futebol profissional da cidade, o Santiago Wanderers... Ou seria o contrário???... Orientado pelas dicas que recebeu de um colega de rede pelo “Zap-Zap”, o Doutor compareceu à Praça de Armas da cidade... Ali seria um bom lugar para  fotografar os trólebus... De imediato ele concordou que o local lembrava um pouco o Pátio do Colégio e seus arredores, tão frequentados nos aniversários da capital paulista, devido às filas que formam para o passeio de trólebus pelo Centro... Já os carros mais antigos da “Trolebuses de Chile” evocavam os modelos pioneiros da CMTC... Os Pullman Standard, com parte elétrica a cargo da GE, adquiridos em 1947, 1948 e 1952, são do mesmo modelo que rodou na capital paulista na década de 1950... E lembram ainda os ACF Brill, que também pontificaram na cidade... O Doutor inclusive fez questão de parar um dos veículos para fazer uma foto - sentado à sua frente, como de costume... Tem veículo novo, sim... Importados (de segunda mão...) diretamente da Suíça... Dez carros modelo NAW BT-25,  com sistema elétrico da Siemens, de 1989, que serviram a cidade de Lucerna durante 25 anos... Começaram a rodar em Valparaíso no último dia 25 de março... Porém, nada se compara à emoção de ver passar um trólebus articulado suíço FBW, de 1959, o primeiro desse tipo a rodar em Zurique, cidade que sedia a Fifa... Joseph Blatter com certeza já andou em um carro desse modelo – antes de entrar para a entidade máxima do futebol mundial, é obvio... Desde 1991 no Chile, o veículo resiste ao tempo, trazendo a marca do pioneirismo – ônibus elétricos com “sanfona” só apareceriam no Brasil na década de 1980... Ao embarcar no articulado, Kenji se dirigiu até seu ponto final, na Avenida Argentina, onde acontece a feira dos sábados...  A frota de 32 veículos opera uma única linha, a 802, com 8,4 quilômetros de extensão e passagem a 250 pesos chilenos – aproximadamente R$ 1,25... A linha não opera nos domingos e feriados... Ao desembarcar, nosso colega de rede registrou outros modelos que  circulam na cidade... O solitário SWP Berna, de 1966, parecido com os trólebus Alfa Romeo que rodaram em Santos... Os dois Norinco, de 1991, de origem chinesa, vindos do sistema desativado de Santiago, cujas linhas retas lembram os ônibus elétricos feitos pela Ciferal e pela Caio nas décadas de 1970 e 1980... Em contato com os motoristas, o Doutor pode até repor as hastes dos trólebus... Ao perguntar como fazia para ir até a parte alta da cidade, os condutores indicaram o ponto dos micro-ônibus...















O visual inusitado dos micro-ônibus brasileiros que operam na cidade chilena fez o Doutor dar boas gargalhadas...

















































O Doutor Kenji se sentiu em casa ao ver os micros do “Transporte Metropolitano de Valparaíso”, que reúne dez empresas, inclusive a “Trolebuses de Chile”... É que a frota do sistema, que começou a operar em 2007, é constituída basicamente por veículos de fabricação brasileira... Por exemplo, os carros da Top Tur, com sua inconfundível pintura vermelho-vinho (num tom que se pode dizer “venezuelano”...) e amarela... Ali temos Caio Foz – com o nome da encarraçadora em letras garrafais na frente – Neobus, Marcopolo Senior... Operam em linhas dentro de Valparaíso, assim como os carros verde e laranja da Buses del Gran Valparaiso – esta conta com carros laranja e bege nas linhas que vão até Concón, cidade ao norte de Viña Del Mar... Os micros da Transportes Viña Bus, tantos os verdes quanto os azuis, vão até Viña Del Mar... A Transporte Sol Y Mar, com carros azuis, e a Transportes Fenur, com micros “saia e blusa” laranja e cinza, seguem para Peñablanca, município vizinho a Villa Alemana... A Sol Y Mar serve ainda Placilla de Peñuelas, ao sul de Valparaíso... Ao todo, são 110 linhas, sem contar a dos trólebus (Avenida Argentina-Aduana)...  Os veículos brasileiros são bons de subida, seja nas ruas estreitas da parte alta de Valparaíso ou, como também atestou o Doutor, na Cordilheira dos Andes... Eles oferecem forte concorrência aos ônibus chineses que levam turistas para os principais recantos pitorescos do país... Chegando ao alto da cidade, depois de contemplar a vista do porto, o Doutor decidiu descer... Conferindo sua lista de modais de transporte, viu que só faltava utilizar o “ascensor” – a cidade possui 16... Ao entrar na fila, no Paseo Yugoslavo, foi informado de que a passagem custaria 100 pesos chilenos... Fez as contas em sua calculadora científica e viu que o gasto equivalia a 50 centavos de real... Enquanto esperava a vez de entrar na cabine, observou as roldanas e polias que puxam os cabos do elevador... Também observou as alavancas que controlam as subidas e descidas... Lembram vagamente os antigos bondes elétricos... A cabine tinha as cores da bandeira do Chile, azul e vermelho... Estava cheia, porém o Doutor não se importou com a viagem em pé... Os 55 metros de descida são percorridos tão rapidamente que ele mal percebeu a chegada lá em baixo, na Praça de Armas... Ao desembarcar, depois de fotografar a catraca em estilo art-noveau, passou pela saída e viu a placa... “ASCENSOR EL PE AL”... Imediatamente o Doutor Kenji se lembrou do pessoal que adultera os letreiros de “CUIDADO DEGRAU” nos ônibus brasileiros com piso baixo... Confessou a um chileno que fazia coleta de lixo – o caminhão estava estacionado na frente da entrada do “ascensor” – sua estranheza com o nome... Ao que o coletor respondeu que faltava uma letra na placa... O certo é “El PeRal”... Em espanhol, “peral” quer dizer “pereira”... Ou seja, aquela árvore que dá pêra... Nada a ver com a Mulher-Pêra, doutor... Se ele tivesse prestado atenção no caminho, teria notado que o caminho percorrido pelo “ascensor”, construído em 1902, fica no meio de um barranco (e na Espanha existe um "Barranco Del Peral"...) com árvores – inclusive pereiras...













O cara passou por um "peral" e nem se deu ao trabalho de pegar umas peras para os amigos... Que coisa, não???...

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