segunda-feira, 15 de junho de 2015

Apesar de Valdívia... Quando o Chile quase impediu o 7 a 1...

Livro traz toda a contribuição chilena para a "Copa das Copas" - e a grande expectativa em torno da Copa América...












A vitória da seleção do Chile sobre o Equador por 2 a 0 na partida de abertura da Copa America, realizada no Estádio Nacional de Santiago, manteve a boa impressão que a equipe dirigida pelo argentino Jorge Sampaoli causou na última Copa do Mundo da Fifa... Quando “La Roja” jogou quatro vezes e conseguiu duas vitórias, um empate e uma derrota... Acabou eliminada pelo Brasil nos pênaltis, que seguiria adiante na Copa e terminaria em quarto lugar, cumprindo sete partidas, três vitórias, dois empates e duas derrotas... Um retrospecto não muito melhor do que o dos chilenos... Que tentaram vencer o jogo no Mineirão antes das cobranças de penalidades, vide bola na travessão mandada pelo atacante Mauricio Pinilla no final do segundo tempo da prorrogação... De onde o jornalista Cristian Arcos tirou o título de seu primeiro livro... “Minuto 119 –A história não oficial de La Roja em Brasil 2014”... O lance, que está na capa, ficou tão marcado na cabeça de Pinilla que o próprio jogador resolveu marcar o gol perdido em seu próprio corpo, com uma tatuagem... Uma partida que começou bem antes do apito inicial, no Mineirão... A possibilidade dos donos da casa interromperem a boa campanha de sua equipe – assim como o Brasil também fizera em 2010 - mexeu com os chilenos.... O presidente da ANFP, entidade que comanda o futebol chileno, Sérgio Jadue, inconformado com a arbitragem de Bakary Gassama, de Gâmbia, no jogo com a Holanda – derrota no Fielzão que colocou os chilenos no caminho do Brasil nas oitavas-de-final – pressionou a Fifa pela escalação do britânico Howard Webb para apitar o jogo com a Seleção Brasileira... O técnico Jorge Sampaoli exigia que o acesso à internet do grupo fosse supervisionado por um técnico de informática chileno, para evitar espionagem... Quando percebeu que um helicóptero da Globo filmava os treinamentos na Toca da Raposa, em Belo Horizonte, mandou os titulares trocarem de coletes com os juvenis que participavam do treino... Depois, a emissora concordou em não fazer imagens aéreas... O jornalista garante que não houve “fugas” da concentração das Marias... Os jogadores cumpriram todos os horários estabelecidos pela comissão técnica e tiveram seus pedidos para aumentar o tempo de folga concedido... Embora releve o que os jogadores fizeram em suas saídas... E que Valdivia tenha brigado com Gary Medel no vestiário do Mineirão... Medel, que era dúvida para o jogo e seria um dos melhores jogadores do Chile na partida, chegou às vias de fato de verdade com Fred, na saída para o intervalo... “O primeiro tempo foi de luta”... Neymar (OG) aproveitou a fragilidade chilena nas jogadas aéreas no lance do gol de David Luiz... A resposta viria na forma de pressão sobre o “homem-bomba” Marcelo , na lateral, numa bola que Vargas passou rapidamente a Alexis Sanchez para empatar o jogo... No intervalo, Pinilla, que estava no banco de reservas, é agredido por Rodrigo Paiva... Gesto que levaria a sua demissão do cargo de assessor de imprensa da Seleção Brasileira... Arcos não esqueceu de mencionar sua condição de ex-sócio de Maitê Proença, vide “Doña Beija”... No segundo tempo, o jornalista admite que Webb anulou incorretamente um gol de Hulk, alegando toque de mão... A única boa chance chilena na etapa final foi uma bola de Aranguiz defendida por Júlio César... Diante do cansaço, o técnico Sampaoli tentou manter o ritmo substituindo Vargas por Felipe Gutierrez – o outro, o outro – e Vidal por Pinilla... Na prorrogação, Medel se contundiu, e não pode seguir na partida... Ao sair do campo, pediu a vitória aos companheiros... “Há que ganhar agora”... Aos 14 minutos do segundo tempo extra, nas palavras do próprio Pinilla... “Me dei conta que Thiago Silva não estava em cima de mim e mirei a trave esquerda... O goleiro não ia chegar... Quando vi que a bola bateu na travessão, não podia crer... Continua dando voltas em minha cabeça”... Por muito pouco, o lance não “mudou a história do futebol chileno para sempre”, como relata o texto na contra-capa do livro... A bola não entrou, o jogo foi decidido nos pênaltis, o Brasil venceu... Se tivesse entrado, a eliminação brasileira seria traumática, porém os 7 a 1 da Alemanha nunca teria existido...









Ah, se tivessem enfiado um pouco mais embaixo... Pinilla seria um deus para os chilenos... Mas olha o pezinho!!!...














































O episódio mais controvertido da passagem do Chile pelo Mundial brasileiro seria a invasão do Maracanã por torcedores sem ingresso antes do jogo com a Espanha... De acordo com Arcos, uma ocupação anunciada... “Não era preciso ser um especialista nem um repórter muito sagaz para saber que a partida (...) teria graves problemas em seu entorno... Em Cuiabá, uma cidade de difícil acesso no coração de Mato Grosso, chegaram cerca de 35 mil chilenos... Grande parte deles sem ingressos... Nesse dia, os bilhetes voavam... Muitos australianos tinham assegurado suas entradas e não conseguiram entrar; outros tantos brasileiros vendiam ingressos por toda a parte a diferentes preços... Que baixavam a medida em que se aproximava a partida... Não foram poucos os que entraram de graça, diante de uma segurança que nunca foi tão desnecessária como na estreia chilena no Mundial...  Porém no Rio de Janeiro, onde o Chile jogaria contra a Espanha, tudo seria diferente...  A quantidade de torcedores chilenos duplicou: o Chile seria local diante dos campeões do mundo (...)  Era impossível que os setenta mil chilenos que perambulavam pelas cercanias do estádio pudessem entrar... Matematicamente impossível... Porém, ao conversar com eles, rapidamente admitiam não ter ingressos... Não demorou muito tempo para um torcedor confessar... “Olho no Portão 6... Vamos entrar com tudo, empurrando, como uma avalanche, se necessário”... Dessa frase o repórter tirou o título do capítulo que relata a investida dos chilenos, “A Avalanche”... “Uma avalanche, orquestrada e organizada, tratou de entrar com tudo... No meio da multidão, também havia torcedores surpresos que não tinham conhecimento do que ocorria e não puderam escapar... Como a partida estava perto do início, a sala de imprensa do Maracanã estava quase vazia... A maior parte dos profissionais de mídia já estava instalada em seus lugares no estádio... Sem embargo, quem ainda estava ali, escutou um estrondo... Paineis improvisados, instalados de modo muito arcaico, simulando uma muralha divisória, foi ao chão... Do outro lado se avistava um corredor repleto de torcedores chilenos tratando de escapulir da polícia local... Vários televisores e computadores foram destruídos, ainda que ninguém tenha se ferido... Oitenta e cinco chilenos ficaram presos entre o corredor, a segurança e a sala de imprensa... Não tiveram como escapar para outro lugar... Durante cerca de trinta minutos foram retidos para ser transladado a uma cadeia próxima”... Na raiz do incidente – o maior provocado pelos chilenos no Maracanã, muito mais do que o problema com o sinalizador nas Eliminatórias da Copa de 1989 – as irregularidades na venda de ingressos para a Copa... No capítulo “O condor visita o pequeno condor”, Arcos fala sobre o “mercado paralelo” de ingressos impulsionado pelas entradas vindas diretamente da ANFP, a federação de futebol chilena... O jogo de empurra entre a Fifa e o governo brasileiro sobre a responsabilidade pelo ocorido levou a investigação que prendeu Raymond Whelan, diretor da Match, empresa responsável pelos pacotes de hospitalidade da Copa e que revendia ingressos extra-oficialmente... As repercussões da prisão permaneceriam por muito tempo, até Joseph Blatter renunciar à presidência da Fifa...










No Fielzão, Valdívía não correspondeu às expectativas de Sampaoli e vitória da Holanda pôs Brasil no caminho do Chile...













































Dentro do campo do Maracanã, o Chile conseguiu uma vitória irretocável sobre a Espanha, por 2 a 0... Situação que não se repetiu na partida seguinte contra a Holanda, em São Paulo... “O Fielzão, um colosso para mais de 70 mil espectadores, estava repleto... Chegar ao estádio não era fácil...  Instalado em uma zona distante do centro de São Paulo, sobre um morro e junto a duas autopistas, não há outra forma de chegar senão de trem de suburbrio ou de metrô... Cerca de 25 mil chilenos enchiam as tribunas nessa tarde de segunda-feira”... Outros tantos ficaram do lado de fora, segurando os tradicionais cartazes pedindo ingressos... Quem entrou emocionou cantando o hino à capela, batendo os pés para fazer “terremoto” no estádio e gritando “Vamos... Vamos chilenos... Nesta tarde tenemos que gañar”... Com a bola rolando, porém... “A Laranja Mecânica foi mais pragmática do que nunca... Cedeu o terreno e a bola ao time chileno, que não soube o que fazer com esse predomínio... Quando se esgotaram as ideias, Van Gaal fez duas substituições, acelerou e ganhou com gols, precisamente dos substitutos”... Sampaoli também tentou ganhar o jogo mexendo na equipe chilena... Arcos lembra que a intenção com a entrada de Valdívia era aumentar o poder ofensivo da equipe e furar a forte marcação de uma Holanda recuada... “O técnico queria que Valdívia fosse seu condutor... Em seu ‘onze’ ideal para jogar a Copa, o 10 da Porcaria tinha uma camisa assegurada... Por isso mesmo quis nivelá-lo fisicamente... Enviou o fisioterapeuta José Amador para um trabalho especial... Porém Valdívia não correspondeu... Foi titular na primeira partida contra a Austrália, porém essa condição não se repetiu mais ao longo do torneio... Contra o Brasil nem sequer entrou em campo... O jogador estava incomodado com a sua falta de protagonismo dentro da equipe... Através de sua conta no Twitter, quando o torneio já havia terminado, Valdívia anunciava sua saída de La Roja (...) Se foi da Seleção antes que o mandassem embora... Sampaoli estava convencido de não voltar a convoca-lo”... Embora tenha feito um gol contra a Austrália, a condição física insatisfatória e a necessidade de resolver rapidamente o jogo com a Espanha fizeram Valdivia ser sacado da partida no Rio... Contra os holandeses, depois que o jogador do Verdinho entrou, o Chile não criou nenhuma jogada de perigo... Ao mesmo tempo, a Holanda venceu o jogo explorando o “calcanhar-de-aquiles” da defesa chilena, o jogo aéreo, vide gol de Leroy Fer... Sendo que o gol de Memphis Depay começou com uma bola perdida pelo camisa 10 no meio-de-campo... “Essa foi sua lápide futebolística”... A Sampaoli, restou receber os cumprimentos do holandês Robben, após o jogo... Valdívia mostraria todo o futebol que ficou devendo no Fielzão quase um ano depois, pelo Verdinho, nas semifinais do Paulistão, quando o Timão caiu nos pênaltis... O próprio jogador e o técnico da seleção chilena esqueceram o que prometeram depois da Copa... Valdívia foi titular na estreia do Chile na Copa América... Considerado um dos melhores em campo, ao lado dos mais badalados Sanchez e Vidal... Como diria M.B.... “O mundo gira, a Lusitana roda”...














Muitos chilenos não conseguiram ingressos no Brasil, mas sobraram admiradores de "La Roja" nos estádios da Copa...

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