segunda-feira, 18 de março de 2024

RC Especial Modelo 1980: Dos Meninos da Sede da ONU a Lady Laura no Anhembi...

O especial começou com imagens aéreas da sede da ONU e do Vale do Anhangabaú repleto de ônibus da CMTC...

 
























Inédito no Viva, o “Roberto Carlos Especial” de 1980, que a Globo exibiu em 23 de dezembro daquele ano, apesar de ter uma importante mensagem sobre o Ano Internacional da Pessoa Deficiente, e o Rei é parte diretamente envolvida, seguiu um esquema que viraria padrão nos anos seguintes, o programa é basicamente a apresentação do show que Roberto realizou no Palácio das Convenções do Anhembi, focado nas músicas lançadas no disco do ano, em meio às famosas reflexões do Rei sobre o amor... O especial começa com a vinheta do patrocinador, "Espetáculos Minister", que não tem na versão do YT, em seguida, imagens aéreas, “Sede da ONU – Nova Iorque”, Roberto Carlos lê, “resolução adotada pela Assembleia Geral da ONU, Declaração dos Direitos da Pessoa Deficiente”, closes de crianças em frente ao edifício, “as pessoas deficientes têm direito ao respeito por sua dignidade humana”, Roberto aprecia o painel “Guerra e Paz”, de Cândido Portinari, doação do Brasil para a sede da ONU, “as pessoas deficientes tem os mesmos direitos civis e políticos que outros seres humanos”, foca nas bandeiras em frente às Nações Unidas, “as pessoas deficientes tem direito a medidas que visem capacitá-las a se tornarem tão autoconfiantes quanto possível”, Roberto se encontra com a criançada na porta do prédio, “a pessoa deficiente tem direito a viver com sua família, e participar de todas as atividades sociais, criativas e recreativas” – Nova Iorque era um cenário recorrente para as produções globais naqueles tempos, no final do ano, Chico Anysio realizou um show no Carnegie Hall que encerrou a temporada do “Chico Total”, em 3 de novembro de 1981, depois, no episódio de 7 de abril de 1982 da série “O Bem Amado”, intitulado “I Love Sucupira”, a cidade estadunidense recebeu a visita da comitiva do prefeito Odorico Paraguaçu, interessado na transferência da sede da ONU para sua cidadezinha na Bahia... Um chicote da câmera e o “bird’s eye view” agora é da cidade de São Paulo, o Viaduto do Chá, os ônibus fazendo fila na região do Anhangbaú, quase todos da CMTC, como dá para notar pela capota amarela, cor mais ressaltada na versão do YT, “Força Estranha” no arranjo do maestro Eduardo Lages, o Rei sobrevoando a cidade de helicóptero com seu inseparável boné do Milton Nascimento e comentando, “toda vez que eu volto, eu vejo um São Paulo novo”, foca no Banespão, atual Farol Santander, “São Paulo é uma coisa mágica, cresce diante dos olhos”, Viaduto do Chá cheio de pedestres, “e a cada dia acorda com uma nova imagem”, o túnel no final da Avenida Paulista, “eu gosto muito daqui, sou muito grato a essa terra”, o helicóptero passa pela região central, bem perto do prédio Conde de Prates, na região da Rua Libero Badaró, depois pelo Copan, na Avenida Ipiranga, mais adiante a Praça Roosevelt, o edifício Andraus, na Avenida São João e o Largo do Arouche, “era um pouco minha também, né, bicho, aqui nasceram meus filhos, aqui aconteceram as alegres tardes da Jovem Guarda, muitas canções nasceram aqui, hoje estou voltando por um motivo muito importante”, foca no Anhangabaú, “a Rede Globo inicia com este show uma campanha de conscientização sobre a pessoa deficiente, somos todos iguais, todos irmãos”, de cachimbo na boca, Roberto só observa o local da apresentação, o Palácio das Convenções do Anhembi, com o futuro Holiday Inn, então apenas um enorme esqueleto de prédio, ao lado – durante o ano seguinte, quem correu a maratona em prol dos portadores de deficiência foram os Trapalhões, num especial de oito horas de duração que também comemorou os 15 anos do grupo, em 28 de junho, o Rei participou apresentando uma seleção de melhores momentos musicais do programa “Os Trapalhões”, um par de horas depois do jogo de basquete em cadeira de rodas, entre as seleções carioca e paulista... O público comparece para o show no Anhembi, Roberto se veste no camarim, foca na cobertura amarela do local do show, que por toda a década recebeu as edições do Miss Brasil comandadas por Silvio Santos, inclusive a primeira, em julho de 1981, deveria ter sido a transmissão inaugural do SBT... Mais gente comparece, o Rei coloca o lenço no pescoço, mais Anhembi, ainda mais gente, Roberto põe o lenço no bolso do paletó, outro close no Anhembi, Eduardo Lages rege sua orquestra para executar “Jesus Cristo”, o mesmo arranjo que abria o especial do ano anterior,  o Rei ajeita as mangas da camisa, o lenço, acende o cachimbo... O maestro vai de “O Calhambeque”, foca na plateia, “Um Programa Augusto César Vannucci”, close nos trompetistas, “Criação Ronaldo Bôscoli Paulo Netto”, close no baterista, foca no palco, “Produção Nalygia Santos”, os trompetistas de novo, “Cenografia Federico Padilla”, que venham os violinistas, “Iluminação Peter Gasper e Gregório Rubim, Direção Musical Otávio Augusto”, outra vez o baterista, “Áudio Emiliano Costa Sólon do Valle”, olha o palco, “Supervisão de Áudio Antônio Faya”, o Rei está chegando, close no violino, ele vem de terno branco, camisa preta, de cachimbo na mão e cumprimentando pelo caminho, saxofonista em primeiro plano, o palco visto da plateia, “Arranjos e Regência Eduardo Lages”, acertaram o nome do maestro, outro close no violino, “Supervisão de Produção Jerson Alvim”, a orquestra toca “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno’, olho no palco, Roberto vem víndo, “Se Você Pensa” nos bongôs, “Edição Antônio Vilela”, o baixista, o Rei, a harpa, “Direção Aloysio Legey, Ewaldo Ruy”, o Rei fuma e se vira para ver o filho Segundinho, de óculos, boné e crachá, mais um close de violino, foca nos violinistas e no palco, um coral se encarrega do refrão de “Se Você Pensa”, trompetes, o palco sob a visão de quem está nas cadeiras do fundo, a orquestra executa “Amigo” – que em janeiro do ano anterior havia sido usada na recepção ao Papa João Paulo II na Cidade do México... O Rei beija Dudu Braga e fuma mais um pouco o seu cachimbo antes da entrada triunfal no palco, palmas da plateia, “Direção Geral Augusto César Vannucci”, Roberto retribui aplaudindo, cumprimenta o maestro, mais aplausos da audiência, o cantor faz uma reverência e pega o microfone para cantar, entre closes na orquestra, isso mesmo, “Amigo”, composta por ele e pelo amigo de fé e irmão camarada Erasmo Carlos – o especial foi o primeiro a creditar as músicas tocas durante o programa nos créditos finais...  Palmas, Roberto emenda “Amigo” com “Seu Corpo”, outra composição da dupla, do disco de 1975, o do cachimbo, “no seu corpo é que eu encontro, depois do amor, o descanso, e essa paz infinita”, as imagens do Rei no palco, gesticulando de acordo com a letra da música, alternam-se com a dos músicos mais uma vez... Ao final da canção, silêncio, Roberto Carlos nota o “frisson” na plateia e comenta, “só porque eu falei de beijo, né, a rapaziada resolveu mostrar”, e canta “Proposta”, de 1973, também produto da dobradinha Roberto e Erasmo, ‘eu te proponho, nós nos amarmos, nos entregarmos, neste momento, tudo lá fora, deixar ficar”, partindo para o “pot-pourri” com “Olha”, de 1975, também feita em conjunto com o amigo,  “vem seguir comigo o meu caminho e viver a vida só de amor”,  “Um Jeito Estúpido de Te Amar”, ´de 1976, dos irmãos Isolda Bourdot e Milton Carlos, “palavras são palavras e a gente nem percebe o que disse sem querer e o que deixou pra depois”, voltamos a “Proposta”, “eu te proponho, não dizer nada e seguirmos juntos a mesma estrada que continua depois do amor, ao amanhecer”, fechando com um malicioso “eu te proponho”...  Ops!!!...  Roberto Carlos agradece, entra a vinheta da Minister chamando o intervalo, porém o "voltamos a apresentar" vem logo depois,  o violino e o clarinete trabalham forte para o Rei cantar “O Gosto de Tudo”, lançamento do álbum de 1980, “eu bebo em sua boca o gosto de tudo, eu mato em seu corpo a sede que eu tenho”, artes de Erasmo e Roberto, música nova, o cantor vai puxando pela memória, e no final conversa com a plateia, “queria falar com vocês do tipo de música que estava cantando agora há pouco, até agora há pouco, naturalmente que esse tipo de música com Proposta, Seu Corpo, Gosto de Tudo, né, Erasmo Carlos e eu começamos a fazer a partir de proposta, né, até então eu acho, eu tenho certeza, né” – foca na filha Luciana na plateia  - “a partir de Proposta nós continuamos, e a partir de que a Censura deixava, a gente ia dizendo alguma coisa a mais” – close na filha Ana Paula – “hoje em dia a Censura deixa a gente dizer tudo, e realmente tá pensando no que dizer, porque tem muita coisa pra dizer, esse tema é muito vasto, né, e o que a gente pode inventar, a gente pode dizer, não é”  - mais um close na plateia – “depende só da forma de dizer, e existem muitas formas, também”, e vamos de outro tema icônico da fase romântica do Rei, “Café da Manhã”, dele e de Erasmo, lançada em 1978, e que no especial anterior os Trapalhões transformaram em “A Mamãe de Mamãe”, com direito a um caco na parte do café esfriando na mesa, “pra que café???” - afora a parte que virou comercial de amaciante, farol alto no palco “nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão, braços que se abraçam, bocas que murmuram, palavras de amor enquanto se procuram”...



















































Animado com a paródia do Dr. Renato no ano anterior, o Rei pôs caco em "Café da Manhã", "pra que café???"... 








































A plateia curtiu o clássico, a vinheta vem e vai, os violinos estão a postos, Roberto Carlos canta “A Ilha”, lançamento do ano, composição de Djavan, que cita no começo da apresentação, para ninguém confundir com o livro de Fernando Morais sobre Cuba,  digo, “um facho de luz, que a tudo seduz por aqui, estrela brilhante reluz, nesse instante sem fim, um cheiro de amor, espalhado no ar a me entorpecer, quisera viesse do mar, e não de você”... Depois dos aplausos, o “stand-up”,  mexendo no microfone o tempo todo, “pra mim, o amor é um ato solitário vivido por duas pessoas, duas cabeças girando a mil, em todos os sentidos, em todas as direções, mas se os amores começam juntos, não sei porquê, não sei porquê sempre terminam separados, quando alguém é parte, é justo, justamente porque alguém fica, são contingências, já parti, já fiquei, mas sempre acreditei no amor, o que é verdade é que é preciso morrer para viver um grande amor, é preciso morrer de amor para mantê-lo vivo sempre”, pausa dramática, e o rei canta “Outra Vez”, de Isolda Bourdot, lançada em 1977, aplausos já no começo da canção, “das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter,  só assim sinto você bem perto de mim, outra vez” - e tem a parte citada por Teodoro e Sampaio, “você foi, o caso mais antigo, o amor mais amigo, que me aconteceu”... O coral canta no final, a plateia aplaude e assobia, o palco é focalizado de longe, vem vinheta, vai vinheta, Roberto Carlos dispensa o “stand-up”, faz um par de segundos de silêncio, luz azul encobrindo o Rei, que vai de “Procura-se”, do álbum de 1980,  feita em parceria com Rônaldo Boscoli, o próprio, responsável pela redação dos textos do especial, o que explica a ausência do monólogo antes da música, digo, “e desarmado eu estava, tudo que eu tinha lhe dei, diante daquelas armas, não resisti, me entreguei”, quase um grito de “lindo!!!” interrompe a apresentação... Foca no auditório lotado aplaudindo, Roberto Carlos retoma o “stand-up”, “há quem reclame, mas eu acho que sempre fui muito fiel com meus amores”, a plateia se agita, a mulher de olhos azuis sorri,  “não, não foram tantos, mas sempre foram muito importantes pra mim, a verdade é que eu comecei muito cedo, comecei a colecionar meus amores, quando os meus amigos de escola colecionavam figurinhas, né, enquanto eles colavam figurinhas, eu descolava garotinhas, né, garotinhas que às vezes nem sabiam da minha paixão, mas eu ficava na minha, o que eu podia fazer, mas de repente pintou, pintou o primeiro amor mesmo, aquele sufoco, medão terrível” – a moça da plateia não acreditando – “mas a verdade é que eu tenho muita saudade, saudade do tempo que eu não ousava dizer, eu não ousava chamar a minha amada de amada, do tempo que a gente no máximo ousava dizer querida”, corta para o maestro Lages, terno preto e rosa no bolso do terno, focalizado por baixo (!!!), close no trompete e no sax, Roberto tocando “Música Suave”, de 1978, autoria dele e de “Erasmus Carlus”, “ainda bem que tocou, essa música suave, eu posso dançar com você, como no passado” – depois de canções românticas com um toque de erotismo, o que explica a citação à censura, tivemos músicas com mais lirismo e agora a nostalgia dá o tom... Que continua com “Amante à Moda Antiga”, que ele e o amigo Erasmo lançaram no LP de 1981,  “eu sou do tipo de certas coisas, que já não são comuns nos nossos dias, as cartas de amor, o beijo na mão, muitas manchas de batom, daquele amasso no portão”, e tome aquele arranjo de jazz de cabaré, porque ele ainda chama de querida a namorada, a coisa fica um pouco mais séria depois do intervalo, este o Viva foi pro comercial mesmo, com outra pausa dramática do Rei para cantar “Desabafo”, de 1979, by Roberto e Erasmo – canção que reverencia a insônia, “porque é que eu rolo na cama, e você finge dormir”... No solo de trompete dá para reparar que os músicos da orquestra estão vestidos igualzinho ao Rei, terno branco e camisa preta, a diferença é a flor na lapela, e agora, máximo respeito, porque Roberto Carlos canta “Lady Laura”, de 1978, composta dois anos antes num quarto de hotel em Nova Iorque, que assim como o nome do iate, homenageia dona Laura Braga, com um acréscimo de guitarras que dão um ar roqueiro ao arranjo da introdução gravada em disco, “Lady Laura, me leve pra casa, Lady Laura, me conte uma história, Lady Laura, me faça dormir, Lady Laura, Lady Laura, me leve pra casa, Lady Laura, me abrace forte. Lady Laura, me beije outra vez, Lady Laura” – que é mostrada aplaudindo de pé a homenagem feita pelo filho, amor só de mãe, digo...

















Quando Roberto Carlos cantou "Lady Laura", lá estava a mãe do artista aplaudindo no gargarejo do Anhembi...








































Depois do intervalo com comerciais, a canção de Roberto Carlos sobre a mãe é a deixa para o pessoal dos instrumentos de sopro dar início a fase “gospel” do show, quando o Rei canta “Fé” , de 1978, “em todos os momentos, que eu olho pro espaço, sou forte e minha fé, me faz um homem de aço você é meu escudo,  você pra mim é tudo, minha fé me leva até você”, uma das músicas mais alegres do repertório religioso de Roberto – ou isso ou ele e Erasmo Carlos  queriam surfar a onda do filme “Superman”, lançado no Brasil em 25 de dezembro de 1978... Ops!!!... Os violinos e a harpa introduzem mais um monólogo, “durante muito tempo, durante muito tempo eu não cantei essa música que eu fiz há algum tempo, mas a verdade é que nada melhor que o próprio tempo pra aclarar as coisas, e até mesmo trazer uma nova memória, e até mesmo o assunto possa parecer um lugar comum, mas eu sou um lugar comum, eu sou um lugar comum, que habita algum lugar no espaço, é nesse espaço que eu conheço o mundo”, cantando “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo”, de 1979, homenagem ao pai, Robertino Braga, que saiu de cena em 26 de janeiro de 1980, “Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo, me dizendo coisas num grito, me ensinando tanto do mundo, e esses passos lentos de agora, caminhando sempre comigo, já correram tanto na vida, meu querido, meu velho, meu amigo” – e o solo de guitarra, que coisa, não... Vinheta, intervalo de verdadinha, Roberto Carlos tem a palavra, “a inflação da descrença religiosa, a descoberta de um homem que todos nós aprendemos a admirar e a amar, ele veio, interpretou o Evangelho a sua moda, recuperou multidões e ganhou outras, abençoou todo o seu rebanho e voou, foca na harpista e na violinista, o Rei canta a “Ave Maria”, de Franz Schubert, composta em 1825, em italiano –  com um acento que lembra “Canzone Per Te”, o original é em latim,  “Nossa Senhora”, que assim como “Amigo”, Roberto demorou para compor, apareceu apenas em 1993...  Roberto ajeita o microfone e comenta, reflexivo, “um dia, eu disse e continuo dizendo que fui sempre um menino muito feliz, porque gostava de brincar ao vento, sobre as árvores verdes, a erva, e dos muitos sonhos que eu tive na minha infância, uma vive na minha lembrança até hoje, no meio dia, no fim de primavera, tive um sonho como uma fotografia” – toca a harpa – “vi Jesus Cristo descendo para a Terra, vi descendo a encosta de um monte, se tornava menino, a correr e rolar pela erva, arrancar flores e atirá-las fora e ria ao ver o modo da gente de longe, e hoje vive em minha aldeia comigo, é uma criança de riso muito natural, a mim me ensinou tudo, ensinou-me a olhar pras coisas, e mora em minha casa comigo, ele é a eterna criança, meu Deus, é o que faltava, ele é o menino que ri e que brinca e por isso eu pensei com toda a certeza, que ele é o menino Jesus verdadeiro, a criança nova que habita onde vivo, dá uma mão pra mim e outra a tudo que existe, e assim vamos pelos caminhos que houver, brincando e cantando, rindo e gozando nosso segredo comum, que é saber que por toda a parte, não existe mistério no mundo, e tudo vale a pena, a criança eterna acompanha-me sempre, na direção do meu olhar e seu dedo apontando, o meu ouvido alegre e atento a todos os sons, são as cócegas que me faz nos ouvidos, nos damos tão bem que na verdade nunca nos preocupamos um com o outro, ao anoitecer, brincamos as cinco pedrinhas no degrau da porta de casa, graves como convém a um Deus e a um poeta, e o menino Deus, ouviu o que o poeta propunha, uma guerra de amor a invadir o mundo inteiro, uma guerra a invadir o mundo pela boca do futuro, uma guerra de meninos”, aplausos – a “erva” mencionada no monólogo não é nem dinheiro nem aquela outra, é grama mesmo, relvado, como dizem os portugueses sobre os campos de futebol... Volta a vista aérea de Nova Iorque, Roberto Carlos canta “A Guerra dos Meninos”, de preto e de cachecol, em meio a um céu azul com nuvens e as bandeiras do prédio da ONU, na hora do “lalalalara”, vem os rostos de crianças em close, o Sol brilha bem atrás do edifício-sede das Nações Unidas, mas “lalalalara”, Nova Iorque vista do alto, o prédio da ONU, o cantor focalizado de baixo, o vento agita o cachecol, crianças de todas as raças, alunas da United Nations International School,  comparecem nas Nações Unidas, Roberto as acompanha, as brancas e loiras na frente, depois as asiáticas, latinas e negras, não fosse esse detalhes, os casacos de náilon lembrariam um episódio de “Arnold” ou de "Todo Mundo Odeia o Chris", canta com os mastros embandeirados ao fundo, num deles a bandeira da Alemanha Oriental, “alles singt”, a diferença é que as crianças de Berlim só usavam camiseta e shortinho no corre da Alexanderplatz, o painel de Portinari do lado de dentro do prédio, o Sol lá fora, o painel de novo, a assinatura do artista, a obra foi doada pelo presidente Juscelino  Kubitschek a ONU, Roberto só observa, “lalalalara”, na tela, “Guerra e Paz - Portinari”, a imagem do cantor sorrindo se funde com a de Nova Iorque, olha as torres gêmeas – claro que o clipe mais conhecido dessa música é o do especial de 1982, com Roberto Carlos vestido de Carlitos, mas, enfim... As imagens do cantor colocando a camisa, se arrumando no camarim e fumando cachimbo antes de comparecer no palco, com o tema de abertura tocado pela orquestra de Eduardo Lages, introduz os créditos finais do especial, inclusive as 18 músicas cantadas no show, congela na imagem de Roberto aplaudindo os aplausos do público, “Realização Central Globo de Produção” – nada de “Sistema Globo de Shows”...




















































E aquela bandeira da Alemanha Oriental no fundo dá um certo ar de "Alles Singt" ao especial do Roberto, digo...


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