segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Show da Vida 5.0 (I): A Zebra Fala???... Só no Fantástico!!!...

Imagem de Cid Moreira foi recuada 50 anos no tempo apenas na abertura, no encerramento ficou cara de 2023...

 
























A história do "Fantástico", que completou 50 anos em 5 de agosto, vai ser contada em cinco capítulos,  o primeiro mostrado neste último domingo...  Ao contrário de seu principal concorrente na atualidade, o "Programa Silvio Santos",  que no especial de 60 anos apresentado em junho fez uma imersão de cinco horas na memória afetiva do apresentador titular hoje fora de cena, o formato a conta-gotas da retrospectiva do "Show da Vida" é um reconhecimento velado dos altos e baixos do programa,  onde os maus momentos predominam na segunda metade do cinquentenário da atração... Que nunca mais foi a mesma desde que foi vencida pela "Casa dos Artistas"  do SBT em 2001, um golpe estilo ataque às Torres Gêmeas,  do qual foi se recuperar apenas em parte quase uma década depois, com o surgimento dos cavalinhos, a criação genial de Tadeu Schmidt,  resgatando um lado lúdico que parecia perdido desde a aposentadoria da Zebrinha da Loteca em 1986 e se constitui num diferencial importante em relação ao "Domingo Espetacular" da Record, que desde 2004 se posiciona como um "primo"  mais sisudo da atração global,  imitando-a até com a escalação de apresentadores que já estiveram na bancada do "Show da Vida",  como Celso Freitas e,  atualmente,  Carolina Ferraz, que fez o "hat-trick"  das revistas eletrônicas dominicais,  pois antes do "Fantástico"  apresentou o "Programa de Domingo" na Manchete - lembrando que o programa está fazendo uma retrospectiva dos 70 anos da Record, numa série de entrevistas com figuras marcantes da história da emissora, o que inclui Ratinho, que ficou pouco menos de um ano na região da Barra Funda... O primeiro episódio da série é introduzido pela apresentadora Poliana Abritta, “e a partir de agora a gente convida você para uma viagem arrebatadora, mágica, pela história do Fantástico, esse programa que eu e a Maju, a gente assiste desce criancinha, né, e que hoje a gente tem o privilégio de aprresentar”... Sua colega de apresentação, Maju Coutinho complementa, “pois é, um baita privilégio, e a trajetória do Show da Vida se confunde com a memória de gerações de brasileiros, todo mundo, né, Poly, tem uma lembrança do Fantástico, uma reportagem marcante, uma entrevista, uma denúncia, um quadro que deixou saudade, um musical, ou uma investigação sobrenatural que deixava o público bem arrepiado” (Nogy, corre aqui...)... Poliana puxa pela memória, “a minha lembrança mais antiga é a zebrinha, eu amava”, as recordações de Maju vão além, “e eu amava os clipes que estreavam nos anos 1980 no Fantástico, Michael Jackson, Madonna, muito rock brasileiro, Titãs, Legião, Paralamas”, e após Poliana cobrar as reminiscências dos telespectadores em vídeo, Maju apontar o desafio de “como recriar momentos preciosos das primeiras edições do Show da Vida que foram queimadas num incêndio, será que é possível trazer de volta a emoção, a magia daquele início, há 50 anos, voltar  no tempo, Poliana”, que dá “spoiler”, “vai ser difícil alguém não se emocionar também, tá muito bonito, muito especial”, enquanto Maju dá os créditos, “esse especial tem a direção do Bruno Della Latta, a montagem do Cláudio Guterres e a produção da Amanda Prada e a viagem começa agora”... Com imagens de uma câmera, fitas de videoteipe, fogo e o depoimento da criadora do CEDOC da TV Globo, Edna Palatnik, intercalado por imagens do incêndio que destruiu as instalações da emissora na região do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, em 4 de junho de 1976, no qual,  ela garante, foram perdidas as fitas dos primeiros seis meses de programa... As imagens apareceram originalmente em uma edição especial do "Globo Repórter,  que pode ser encontrada no YT, e que teve reproduzida uma fala do Bofão, na época o Superintendente de Produção da Globo, "quinze minutos após iniciado o fogo, verificamos que não tinha mais nada o que fazer,  era necessário cuidar da nova TV Globo,  a velha já estava queimada"... Edna afirma que o único registro remanescente do primeiro "Fantástico"  existente na Globo é o "release"  de divulgação da estreia,  enviado a imprensa na ocasião,  embora o próprio "Fantástico"  tenha resgatado recentemente a análise do conteúdo do programa feita pela Censura Federal para liberar a exibição da atração (e no aniversário de 20 anos, em 1993, recorreram aos registros de um fã, depois desprezado pela produção,  exceto por uma das produtoras, que fez sua tese de doutorado a partir do material...),  e recorre a comparação com a perda de neurônios do cérebro para criar expectativa sobre o resgate a ser feito pela Inteligência Artificial e puxar o depoimento atual de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho,  o Bofão,  também acreditando muito na IA para refrescar a memória da atração, sobre a concepção do programa,  que ficou a seu critério, pensando num "painel reunindo tudo que havia de melhor na TV Globo", com destaque para o humor,  pois Bofão já previa que a música tema do programa seria responsável por uma crise depressiva em boa parte da população nos domingos à noite...













Léo Batista sentiu falta da dubladora Maralisi Tartarini para fazer a voz da zebrinha da Loteria Esportiva...



























Para essa tarefa,  Bofão,  imaginou um "stand-up" (na verdade um monólogo, a expressão estadunidense não era usada por aqui na época...) com Chico Anysio,  como atestam as imagens do programa "Chico City", onde o humorista,  que se considerava o "pai" do Fantástico (vide depoimento na série "O Que Vi da Vida" em 28 de agosto de 2011, meses antes de sair de cena, em 23 de março de 2012...), interpretava o prefeito Walfrido Canavieira, irmão do Professor Raimundo, cena que revela mais sobre as origens do programa do que aparenta... Porque embora a estreia já fosse prevista quando a Globo transmitiu os primeiros programas a cores, em março de 1972, e um anúncio citava a futura atração como "Globo Fantástico",  porém a produção só se tornou financeiramente viável no final daquele ano, quando  o apresentador Chacrinha deixou a Globo – não esqueçam que o mesmo Bofão, no especial de 60 anos do "Programa Silvio Santos", disse que a penuria dos primeiros anos da emissora era tão grande que ele recorria ao dinheiro emprestado pelo apresentador para honrar a folha de pagamento – e a ida do Velho Guerreiro para a Tupi liberou recursos que também permitiram a Chico fazer seu programa, que estreou em 5 de janeiro de 1973... No qual aparecia seu filho Nizo, que tinha nove anos de idade na ocasião,  e é convidado a reviver o que o pai fez na estreia do "Fantástico",  um monólogo apresentando o personagem Azambuja,  definido como um típico malandro carioca,  inclusive tendo acesso a "scripts" originais do quadro - escritos,  o que não é mencionado na matéria,  por um dos principais redatores de humor da época,  Marcos César... Bofão lembra que a Globo já tinha muito jornalismo durante a semana,  comentário ilustrado por imagens do carro de externa a cores que costumava ser impedido de entrar no Maracanã em dias de clássicos para gravar os jogos,  e da ressaca na praia que levou o carro de Raul Seixas (tudo isso está no YT...), porém não abriria mão de reportar acontecimentos urgentes e de grande repercussão,  mostrando como tragédias poderiam ser evitadas...  Essa é a deixa para a entrada em cena de Cidinha Campos,  a própria,  que realizava reportagens no exterior antes da estreia do programa, a título de gaveta, no caso a criogenia nos Estados Unidos e a casa de Sherlock Holmes em Londres,  e leu o telegrama em que foi pautada pelo diretor de jornalismo da Globo na ocasião,  Armando Nogueira,  para acompanhar o retorno ao Brasil de Ricardo Trajano,  o único sobrevivente do vôo da Varig que explodiu ao pousar em Paris,  no dia 11 de julho de 1973, acompanhada pelo cinegrafista Ricardo Strauss,  que vem a ser seu atual marido... Um fato que dispensou a lembrança de que Cidinha estava no primeiro "Fantástico" porque na ocasião era casada com Manoel Carlos, o próprio, diretor-geral da atração, repetindo a parceria do "Dia D", na Record, vide milésimo gol do Edson (OG), em 1969... Um esquecimento perfeitamente perdoável levando-se em conta que por muitos anos Cidinha foi ignorada pelas retrospectivas da história do "Fantástico", inclusive na coleção de DVDs dos 30 anos, lançada em 2003,  por ter entrado na política pelas mãos de Leonel Brizola, como atesta o site da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro... Strauss mostrou a câmera que usava na época e Cidinha foi convidada a entrevistar Trajano novamente,  momento em que  Bofão retorna para contar que encomendou o tema musical da atração a Guto Graça Mello,  pedindo uma canção que resumisse tudo o que seria mostrado na atração,  levando o músico a ter um branco na cabeça,  resolvido apenas num leito de hospital,  onde os acordes surgiram enquanto olhava para a filha recém-nascida, Marinela, isso e uma parceria com o próprio Bofão na elaboração da letra... Então é por isso que entraram imagens de matérias citando partos,  como a Primeiro Bebê de Proveta,  em 1978, Técnica de Nascimento sem Dor, de 1979, Barriga de Aluguel,  em 1980, Parto na Água, em 1981, pois como aponta o próprio Guto,  a imagem de um recém-nascido fazia parte da abertura do programa (e o bebê tinha a cara de Renato Aragão na paródia dos "Trapalhões",  que depois de roubarem a liderança de audiência do  "Fantástico"  quando estavam na Tupi, em 1976, esculhambaram o restante da atração na Globo no quadro "Fanático - O Show da Vítima"...),  que constantemente falava sobre nascimentos - e renascimentos... Mais uma deixa, para a conversa de Cidinha Campos com Ricardo Trajano cujo testemunho de Trajano era impressionante na época do desastre - ainda que indo na direção oposta ao fogo que teria começado com os cigarros acesos que consumiram os revestimentos dos banheiros da aeronave, sofreu queimaduras em todo o corpo, ficou em coma – a publicação das fotos na revista "Manchete",  mesmo evitando mostrar o logo da Varig,  levou a empresa aérea a ficar dez anos sem anunciar na publicação - e ainda o é nos dias de hoje,  mesmo que a exclusividade dos tempos de Cidinha tenha sido diluída nas várias entrevistas que Trajano tem concedendo a "podcasts" e no "The Noite",  com Danilo Gentili, evocando os 50 anos do desastre, no qual o sobrevivente aponta não acreditar na versão de que o fogo começou com os cigarros, como indicam os laudos oficiais, há a hipótese de que houve uma explosão no compartimento de cargas, de tanques de oxigênio ou do mecanismo de ejeção do assento de um avião de caça, que teria sido embarcado clandestinamente pelos militares brasileiros da ditadura para ser reparado na França, fabricante da aeronave, mas vale lembrar que a tragédia influenciou fortemente a decisão de proibir o cigarro em voos comerciais, algo que não interessava aos grandes industriais do tabaco, a ditadura brasileira, que não coibia os fumantes para não prejudicar a produção de fumo, e aos franceses, cuja complacência com o cigarro é notório... Corta para Leo Batista se locomovendo com dificuldade no estúdio às escuras mas lembrando de pronto o texto com que anunciou pela primeira vez os resultados da Loteria Esportiva,  acompanhado da Zebrinha... Do alto de seus 91 anos, completados em 22 de julho,  o locutor começa a discorrer sobre a origem da expressão "zebra" - o técnico Gentil Cardoso recorrendo a um animal que não está entre os 25 do jogo do bicho para dimensionar a surpresa uma vitória da time que dirigia,  a Burra da Ilha do Governador,  sobre o Bacalhau,  em 1965 - e do personagem do "Fantástico", criação do cartunista Borjalo,  que adaptou o conceito dos "bonecos falantes" que retratavam políticos no "Jornal de Vanguarda" da TV Excelsior,  um boneco com aberturas que permitiam movimentar os olhos,  gesto que Leo Batista reproduz antes de ceder o posto a Heloísa,  dubladora da Eguinha do "Fantástico", que fez ele imediatamente lembrar quem originalmente mexia o boneco e dizia "coluna 1", "coluna do meio", "coluna 2" e "olha eu aí,  zeeebraaa", a saudosa atriz e dubladora Maralise Tartarini,  que também emprestou a voz para outra zebra,  que foi tomar umas num bar onde trabalhavam forte no balcão Didi,  Dedé, Mussum e Zacarias, e no meio dessas memórias, Léo ainda lembrou sua modesta contribuição para salvar os teipes da Globo no incêndio de 1976, aparecendo em imagens da época junto com o principal executivo da emissora de então, Walter Clark...  Em resumo, um momento de forte memória afetiva para o público,  não tanto quanto o especial de 60 anos do "Programa Silvio Santos",  cujo presente de aniversário para o concorrente cinquentão foi um "Jogo das Três Pistas"  com Inês Brasil e Nicole Bahls,  duas subcelebridades da pesada... Então é por isso que Guto Graça Melo retorna,  agora em um estúdio de gravação,  para lembrar de outro perrengue da época da implantação do programa,  escolher a atração musical da estreia,  problema resolvido quando deparou com o LP do grupo Secos e Molhados, então recém-lançado... A veracidade do depoimento é confirmada pelo próprio vocalista do conjunto, Ney Matogrosso,  o próprio,  que recorda ter cantando "Sangue Latino" e "Vira" num cenário que reproduzia a capa do LP, as cabeças do grupo em numa mesa cheia de comida, e da orientação para não encarar as câmeras, que fez questão de não seguir... Uma atitude que não afetou a repercussão do musical, ao contrário,  Guto atesta que no dia seguinte os Secos e Molhados estavam em primeiro lugar nas paradas de sucesso, enquanto alternam-se imagens de apresentações antigas e atuais de Ney, hoje com 82 anos...  Guto repassa outras de suas descobertas musicais para para o "Fantástico",  "Águas de Março",  com Elis Regina e Tom Jobim,  Kombi do terror à parte, digo, "Agora Só Falta Você",  de Rita Lee,  "Apenas um Rapaz Latino Americano",  de Belchior, e Ney retorna para ser mais um desafiado a refazer sua performance na estreia do programa... Ele declina da proposta,  teria que reunir os Secos e Molhados de novo,  e a tarefa fica para Renan Mattos,  que interpreta Ney no musical "Homem com H", onde a menção às "cabeças servidas em bandejas"  introduz o contexto político da época do início do "Fantástico",  final do duro governo Medici,  início da vagarosa abertura de Geisel, e o historiador Carlos Fico relata os prejuízos causados pela censura no entretenimento da Globo, também ilustrados pelas interpretações de Maria Bethânia para "Cálice"  e de Elis Regina para "Aprendendo a Jogar", uma entrevista com Chiquinho Scarpa feita por Ibrahim Sued,  o próprio,  suspenso por 60 dias devido a um comentário do entrevistado contestando a virgindade da princesa Caroline de Mônaco (os reacionários e sua eterna obsessão com a pauta de costumes alheia...), e Fico apontou ainda como uma reportagem sobre a Colônia Juliano Moreira, e seu interno mais conhecido,  Arthur Bispo do Rosário,  impulsionou o movimento antimanicomial em 1980, ainda com uma ditadura ciosa da própria imagem no poder... Edna Palatnik retorna com algo que define como uma preciosidade,  o depoimento de Maurício Sherman, "uma pérola da televisão brasileira, um dos precursores da TV no Brasil" ao Memória Globo sobre o "Fantástico", onde foi diretor geral, "um programa com sete, oito musicais, todos elaborados,  feitos,  gravados,  nada aproveitado de ninguém,  não tinha nada de clipe, nada disso", claro que havia musicais estrangeiros no meio, o que não diminui o brilho de Sherman,  que foi muito mais que o criador e diretor por 15 anos do "Zorra Total", pula a ideia de colocar Gilberto Gil cantando “Maracatu Atômico” em cima de um elefante...  Edna lembra a contribuição de Manoel Carlos,  "um dos grandes novelistas brasileiros", que lembra ao "Memória Globo"  ter sido o primeiro diretor geral do programa,  ainda sem cores, "pois o grande número de aparelhos era em preto e branco e só depois de O Bem Amado,  que foi a primeira novela colorida, que se estabeleceu a televisão,  todo mundo podia comprar",  sendo que o próprio "Fantástico"  costumava mostrar o primeiro programa colorido,  exibido em 28 de abril de 1974, aquele que o musical da Sônia Santos passou antes de “Gita” do Raul Seixas, vide livro do Rixa, como uma espécie de "segundo nascimento"  da atração...  A fala do novelista serve, não por acaso,  de gancho para uma cena do sétimo capítulo de "O Bem Amado", exibido em janeiro de 1973,  com Paulo Gracindo e Sandra Bréa, o prefeito de Sucupira, Odorico Paragaçu, e  sua filha Telma, ela que recentemente apareceu no Viva,  atuando na novela "Bambolê", sonhando ser beijada por Rubens de Falco e no "Viva o Gordo" que homenageou o primeiro ano da saida de cena de Jô Soares, pedindo dicas para emagrecer ao doutor Nicolino, também presente no "Fantástico"  pioneiro, definida como "uma mulher  livre,  independente,  contestadora de toda caretice e machismo da sociedade em pleno regime militar", vide musical "Macho", de 1978, por José Valili,  produtor de um documentário sobre Sandra, apontando ainda que ela interpretou Marilyn Monroe em um número que lembrava os 11 anos da saída de cena de atriz, além da despedida da própria Sandra, vítima de Aids em 4 de maio de 2000, e relegada ao esquecimento (inclusive pela própria Globo, é bom que se diga, em 1989 e 1990, fez a esposa do Hulk e a Madrasta da Branca de Neve em “Os Trapalhões”,  a revelação da doença foi feita pela revista “Veja” e sua saída de cena foi ilustrada na matéria por uma capa da “IstoÉ”...)... Mas a essa altura,  Bofão já falava que o "Fantástico"  nasceu líder de audiência, "já no primeiro programa deu 52, 53%, e ele se manteve assim durante vários anos"  - agora, no começo da festa de 50 anos,  a liderança é bem menos folgada, na hora do "Jogo das Três Pistas",  pouco depois da reportagem especial,  a Globo marcou 15 pontos e o SBT 10 e a Record 6 - e Cid Moreira,  o próprio,  lia o "release"  de lançamento da atração... Na sequência, cenas originais de cabeças de matérias lidas por Cid, sempre completando o plano americano com ternos coloridíssimos,  recordando que a tarefa também era feita por atores e das mensagens que lia no final do programa,  redigidas por José-Itamar de Freitas, que anos maus tarde, na direção geral,  deu um foco mais jornalístico a atração...














Filme queimado em 1976 fez Cidinha Campos entrevistar de novo sobrevivente do avião que queimou em 1973... 



























Tudo isso acontece enquanto Cid veste um paletó laranja e é levado ao estúdio,  amparado por dois funcionários da emissora,  para iniciar os trabalhos da reconstituição do primeiro "Fantástico"...  Sentados em poltronas,  Léo Batista,  Guto Graça Melo, Cidinha Campos, Ney Matogrosso e Nizo Neto assistem Cid dar início à escalada do programa, em preto e branco e com o rosto ligeiramente rejuvenescido,  apesar da voz ser a de hoje,  quando o noticiarista soma 95 anos de idade... Nizo Neto comparece, de peruca e terno azul, meio Cauby  Peixoto, meio Chico Anysio (Lug de Paula é mais parecido com o pai,  mas atualmente ele está afastado da televisão, em meio à disputa judicial pela herança de Chico...), para falar de um grande amigo da região de Del Castilho, Paulo Maurício Azambuja,  e aqui a IA trabalha forte,  tirando as cores e dando ao rosto e a voz de Nizo as feições do próprio pai, impressionando Leo Batista,  assim como Cidinha ao ouvir sua apresentação da entrevista com Ricardo Trajano... A atriz e bailarina Verônica Medeiros, serve de base para Sandra Brea anunciar a homenagem a Marilyn Monroe, com um "lettering" que reproduz não a fonte Futura usada em 1973, mas o padrão de transição usado imediatamente antes da implantação da fonte Globoface, em 1976... Alis, como demonstram algumas artes na internet,  a Inteligência Artificial na realidade apenas tem realçado a beleza natural que a atriz tinha... Depois de um trecho de musical com a própria Marylin, entra o bailado de abertura, numa gravação original (já definida como uma mistura das fantasias e máscaras do Carnaval de Veneza com a moda "hippie", inspirada em um musical de sucesso da época, "Pippin"...), a canção composta por Bofão e Guto emociona Cidinha, mesmo que não mencionem que a voz feminina que cantava "olhe bem, preste atenção", era da cantora Vanusa, “essa abertura podia ser hoje, né”, Léo Batista também se impressiona, Nizo Neto canta junto, “é Fantástico, a idade da pedra, o homem de plástico”, Ney Matogrosso sorri ao ver a recriação da apresentação de “Sangue Latino” com o elenco de “Homem com H”, que Léo Batista até arrisca um acompanhamento, Guto Graça Melo fica comovido, Ney Matogrosso opina sobre seu “deepfake”, “a única diferença é que esse aí tá muito alegre, os Secos e Molhados era mais misterioso, sabe, e é tão perfeito, parece que sou eu mesmo ali, né”, Leo Batista aplaude, “bonito”... Nizo Neto é transformado em Chico Anysio para falar de quando encontrou Azambuja no chafariz da Praça da Bandeira para comparecerem nas noitadas de boxe do jornal “O Globo”, Cidinha Campos fica emocionada, “meu amigo Chico Anysio”, Léo Batista se impressiona, “é a cara do Chico, é a voz do Chico” (nem tanto, a voz do Azambuja era mais rouca...), Cidinha Campos fica impressionada, “é a voz do Nizo, não é possível, como foi feito”... Léo Batista é descolorido e rejuvenescido para dar os resultados da Loteria Esportiva, vide prêmio de 49 milhões de cruzeiros, Ney Matogrosso opina, “era outro Brasil, completamente diferente”, Timão e Porcaria empataram em 1 a 1, “coluna do meio”, Juventus venceu o Pó-de-Arroz por 1 a 0, “olha eu aí, Zebra” (a voz de Maralisi era mais grave, esganiçada, com um risinho no fim da fala, e como mostra o vídeo do programa “Copa Brasil”, de 1977, Léo Batista ainda não tinha assumido os cabelos grisalhos...), Cidinha Campos lembra, “essa zebrinha fazia o maior sucesso, era incrível o sucesso que fazia” – até apropriada como símbolo de campanha de um antigo companheiro de PDT de Cidinha, o ex-prefeito de Osasco, Francisco Rossi – Léo Batista fica em dúvida, “vocês tiraram coisa de arquivo ou é o que eu fiz agora, se tem uma mágica pra voltar no tempo, pra ver se me bota uns 20, 30 anos mais novo”... Entra o musical de Sandra Bréa imitando Marylin Monroe cantando “Diamonds Are a Girl Best Friend”, refeito por Verônica Medeiros e acompanhado atentamente por Guto Graça Melo e com incredulidade por Cidinha Campos, “como é que conseguiram isso”,  ainda que o ajuste da imagem de Sandra no rosto da bailarina tenha ficado um pouco inferior ao da chamada... Léo Batista abre o jogo, “eu tô emocionado, você quer que eu fale ou chore”, Nizo aponta que se o pai visse o vídeo, ficaria muito emocionado, “porque o tempo passa rápido, parece que isso foi ontem”, Guto fala da sensação de “extremo orgulho e agradecimento a Deus e a vida” que tem do tema do programa, Léo Batista lembra dos gols (que inspiraram outra sátira dos Trapalhões, o “Homem Fantástico”...) e das narrações de Fórmula-1, “era eu e nosso pai lá em cima”, seguem imagens de Léo todo grisalho, já no cenário de 1979, então é por isso que o “deepfake” não ficou 100%, digo,   Ney Matogrosso recorda, “cada vez que eu aparecia seminu, eu sei de gente que o pai tirava da sala, só que a televisão não me dizia que não podia, e a televisão naquele momento expandindo a mentalidade do povo brasileiro (ou não, esses pais deviam tirar os filhos da frente da TV até quando era uma imitação do Renato Aragão...), Cidinha Campos observa que só ficou um ano, mas “o jornalismo não parou de evoluir, eu vi as matérias que vieram depois de mim, algumas extraordinárias”, vide Hélio Costa entrevistando Ted Kennedy, Salvador Dali, mostrando a surda que conseguiu ouvir, e o próprio se apresentando e dizendo que ficou “aproximadamente 15 anos” no “Fantástico”, “uma experiência de vida tão bonita que eu me sinto totalmente realizado”, e tome QR Code para ver entrevistas com Paul Newman e Baby David, o menino da bolha, matéria de 1975 que considera como seu maior êxito no programa, Cidinha garante que neste momento, pela primeira vez, sentiu-se como parte da história da televisão, “muita mulher ainda sofre pra conseguir seu espaço, isso depois de 50 anos, pra você ver como é difícil, e como a Globo foi ousada me colocando pra fazer a principal reportagem do seu principal programa, isso é importante pra burro”, desabafando logo depois, “quer dizer que gravaram isso outro dia, e eu aqui de palhaça chorando” – que ninguém nos ouça, mas pequenos trechos das matérias de Cidinha no “Fantástico”, inclusive a da casa de Sherlock Holmes, podem ser vistas num vídeo do programa “Os Astros”, da TVE, disponível em seu próprio canal no YT... Respondendo a um questionamento de Ney Matogrosso, o especialista em IA Bruno Sartori explica como o computador aprende a simular o rosto das pessoas nos vídeos, falando do milagre sem dizer o nome do santo, “deepfake”, todo cuidado é pouco depois da Elis da Kombi... Então é por isso que na hora de Cid Moreira falar a mensagem de encerramento, a decisão é por manter o visual e a voz de 2023, com ele enfatizando, "o show da vida nunca termina, e ele é Fantástico" - e que nenhum crítico de plantão interprete isso como um sinal inequívoco de que o programa parou no tempo, digo... Impressionada fortemente, Maju define a matéria como "linda, linda, linda", Poliana fala que foi do riso ao choro várias vezes na ilha de edição, e pede aos telespectadores segurem a passagem para uma viagem rumo ao "Fantástico" dos anos 1980, com Maju avisando do comparecimento de Isadora Ribeiro, com a Garota do Fantástico Luciana Vendramini lembrando da aparição da atriz na abertura de 1987 (sem nenhum pirata segurando sua perna, digo...) a própria Isadora conta que os vocais da vinheta são lembrados aonde quer que vá, e no que Hans Donner dá o ar de sua graça, Poliana promete para a próxima semana "os bastidores da abertura que todo mundo gosta de imitar", Fábio Porchat incluso... Então é por isso que na sequência entram cenas da "Garota do Fantástico", que hoje Paula Burlamaqui acha "ingênuo" e mais uma promessa, reencontrar as crianças que brincavam com ossos em meio à seca do Nordeste, além de reportagens e conteúdos que mexeram com a sociedade, vide motoristas movidos a caipirinha, Hélio Costa e o início do contágio pela Aids, a Blitz de Evandro Mesquita e Fernanda Abreu, clipes com Lulu Santos, Kid Vinil, Titãs, alguns dirigidos por Bofinho, do qual teremos o desprazer de ouvir seu depoimento... Ops!!!... Abertura, concurso, clipes e reportagens são de uma época em que a liderança do "Fantástico" já não era absoluta, especialmente depois de 1985, quando o "Programa Silvio Santos" foi estendido até às 22 horas, tornando-se concorrente direto do "Show da Vida"... De início, acreditavam que fazer uma abertura com a tecnologia mais avançada existente na época em CGI, ainda que ao custo de quase falir a emissora, seria suficiente, porém a anarquia de Sérgio Mallandro no "Show de Calouros" e depois  as confusões de Ivo Holanda no "Topa Tudo por Dinheiro" fizeram esse investimento todo cair no vazio, levando a Globo a rebater as contorções de Décio Piccinini nos concursos de dançarinas e manequins com as inflexões de Dirceu Rabelo narrando os vídeos da "Garota do Fantástico" e, mais diante, contrabalançar as situações mirabolantes em que Fernando Benini envolvia as pessoas nas ruas com reportagens policiais carregadas de sangue e sensacionalismo... Ainda hoje o "Fantástico", Ainda hoje, que surgiu para encerrar um ciclo de programas de auditório derrubando a supremacia de três anos de Flávio Cavalcanti na Tupi, então recém-saído de uma suspensão de 60 dias, decretada pelo governo federal em maio de 1973, motivada pela reportagem sobre o homem que emprestou a esposa a um amigo, feita por Odilon Coutinho, que depois atuaria no próprio programa global (e um corte de verbas de produção de Flávio teria sido resultado de pressões da ditadura sobre a direção da Tupi, James Akel, corre aqui...), tem que enfrentar, numa batalha sofrida, Câmeras Escondidas que Ivo gravou há 20 anos e as acrobacias com direito a "topless" de Inês Brasil no "Programa Silvio Santos"... Então é por isso que mais adiante, tivemos outra lembrança do dia de estreia, uma reportagem de Alvaro Pereira Júnior sobre congelamento de corpos, assunto de matérias exibidas em 1976 – com Hélio Costa, que chegou a dizer no “Domingão do Faustão” que Valdisnei, algo que é desmentido de pronto na biografia do cineasta escrita por Neal Gabler - 1993, 2001, 2010, 2012... Que já rendeu mais audiência, junto com pautas envolvendo assuntos místicos e sobrenaturais, pois como lembra o dono de um conhecido canal do YT que resgata antiguidades televisivas, quando o número de evangélicos na população brasileira era bem menor e, acrescentamos, o programa podia se dar ao luxo de abrir mão do ceticismo... No entanto, que impacto a criogenia em cadáveres tem hoje diante de Ruth Romcy voltando a vida em Dentadura no Copo ou das respostas assombrosas de Mhel Marrer na bancada do "Jogo dos Pontinhos"???...


























Nizo de agosto de 1973, com GC de janeiro de 1976, serviu de base para recriar Chico Anysio de agosto de 1973...


Nenhum comentário:

Postar um comentário