sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Jogos de 2016 (XVIII): A Barra do Tênis ao Sol do Meio-Dia...

Sol a pino, a ocupação da quadra central do Centro Olímpico de Tênis só era boa nos poucos lugares com sombra...















































(Publicado originalmente em 21 de setembro de 2016...) O internauta Chico Melancia e o Doutor Kenji deixaram o Rio de Janeiro no sábado à noite, porém os Jogos Paralímpicos prosseguiram no domingo... Dia de pegar o metrô até Jardim Oceânico, e depois o BRT até o Centro Olímpico – com um pouco de sorte, o torcedor poderia viajar em um novíssimo Mega BRT bi-articulado – para comparecer ao Centro Olímpico de Tênis... Que valia o ingresso, mesmo que fosse mais para apreciar sua arquitetura arrojada... Sem contar que os ingressos do Estádio Aquático, que será desmontado depois dos Jogos, estavam completamente esgotados... Não que Pancada tenha manifestado interesse em comparecer, até porque o calor era forte... O Parque Olímpico da Barra da Tijuca foi construído no lugar do autódromo de Jacarepaguá... Que recebeu o Grande Prêmio Brasil de Fórmula-1 em  1978 e entre 1980 e 1989... Inclusive a pista ganhou em 1987 o nome do tricampeão mundial de pilotos Nelson Piquet... Hoje, não há nada no Parque Olímpico que lembre a antiga pista... Só que uma questão continua a intrigar o Doutor Kenji e outros internautas... Se o autódromo era em Jacarepaguá e fica bem em frente à Lagoa de Jacarepaguá, porque o Parque Olímpico é da Barra???... O fato é que com uma posição privilegiada dentro do parque, visível a todos que passavam pela Avenida Embaixador Abelardo Bueno, e celebrizada por um comercial da Visa ©, a quadra central do Centro Olímpico de Tênis era um  programa obrigatório... Tanto pela estrutura vermelha e amarela que envolve as arquibancadas quanto pela vista do Parque Olímpico que se tem de suas rampas... Diante de uma instalação tão fascinante, chegar atrasado para as partidas do dia era inevitável...  O primeiro jogo do dia, marcado para as 11 horas, pela segunda rodada do torneio de simples masculino, colocava frente à frente o japonês Shingo Kunieda e o brasileiro Daniel Alves Rodrigues... Era a estreia do japonês na competição, enquanto o brasileiro tinha vencido o chileno Robinson Mendez na primeira rodada... A vibração da torcida brasileira podia ser ouvida do lado de fora... Uma disputa acirrada com o público da quadra 2, onde aconteciam partidas de futebol de cinco, vide selfies da Cléo Pires... Ops!!!... Era só colocarem a paratleta na capa da Vogue, sem montagens... A entrada nas arquibancadas foi proibida por uma voluntária... Ela explicou que a pedido dos próprios tenistas, o acesso do público só e permitido quando os atletas trocam de quadra, o que acontece sempre que a soma dos pontos no set alcança um número impar... O jeito é esperar, comprando Sprite Zero © - não tem da normal - e um sanduiche de frango – frio, no Fielzão era quente e com filé de frango, não com maionese de frango - na lanchonete ao lado da entrada... Quando a porta foi finalmente aberta, o jogo tinha acabado... Kunieda venceu por 2 sets a 0, parciais de 6 a 2 e 6 a 1... Enquanto a torcida brasileira ia embora, um pouco frustrada pela derrota do compatriota, o tenista autografava e lançava bolas para as arquibancadas... Afora as que serão leiloadas pela internet... Shingo Kunieda seria eliminado nas quartas-de-final pelo belga Gehard Joachim no torneio de simples, mas seria bronze nas duplas masculinas com o conterrâneo Satoshi Saida...  Agora só resta descobrir o lugar marcado no ingresso... Embora haja muitos lugares vazios... Como isso é possível, se nos últimos dias praticamente todos os ingressos para as disputas no Parque Olímpico esgotaram-se e no sábado registrou-se o recorde de comparecimento no local,  com 167 mil ingressos vendidos... 












Tinha um sol para cada um, especialmente no caso dos torcedores argentinos que apoiavam Gustavo Fernandez...















































A explicação está no forte calor que fazia ao meio-dia de domingo na região da Barra da Tijuca – ou seria de Jacarepaguá???...  A Quadra Central do Centro Olímpico de Tênis não é coberta, e havia poucos lugares com sombra... Desse modo, apesar de três partidas de simples constarem no programa, que estendia-se das 11 às 17 horas, depois do primeiro jogo, que contava com um tenista brasileiro, muitos torcedores saíram da quadra à procura de uma das raras sombras existentes no Parque Olímpico... Restou um entusiasmado grupo de argentinos, com um sol para cada um – o da bandeira argentina – que iriam torcer para Gustavo Fernandez, adversário do espanhol Martin De La Puente...  Estreante paralímpico, De La Puente, de uniforme vermelho, vinha de uma vitória na primeira rodada sobre o brasileiro Carlos Santos... O argentino, pela segunda vez nos Jogos, de uniforme azul, fazia sua estreia... Como muitos lugares ficaram vagos devido ao sol forte, ficou fácil tomar assento perto da quadra... Da mesma forma que fez um grupo de crianças brasileiras, que pareciam saídas daquele comercial da Sadia na Copa do Mundo de 2014, quando os garotos falaram que nunca tinham visto o Brasil vencer o  Mundial... A criançada da quadra ficou surpresa ao ver os argentinos cantando “Brasil decime que se siente”... Mas isso até descobrirem que “Se você é argentino, então diga como é... Ter somente duas copas, uma a menos que o Edson (OG)”... E o Cafu, então...  Em frente à garotada, os cinegrafistas, todos asiáticos... Enquanto comandavam as câmeras de televisão, todas protegidas do calor por suas capas, faziam alongamentos para compensar o tempo todo em que  ficavam em pé no mesmo lugar...  Entre os câmeras e a torcida, a bancada dos fotógrafos de imprensa, que nessa partida estava quase vazia... Tocados os hinos dos dois países, que não tem letra, o jogo começa...  Mais forte fisicamente, Gustavo Fernandez não tem dificuldade para impor-se no primeiro set, que vence por 6 a 2... No segundo set, o franzino Martin De La Puente tenta impor um jogo mais agressivo, colocando mais velocidade em sua cadeira de rodas... Que assim como a do oponente, é manual... E a bola não pode quicar três vezes no chão da quadra, então o trabalho com a cadeira tem que ser forte... Martin segue o conselho dos tenistas experientes e coloca as bolas – de tênis – entre os aros da roda da cadeira... A partida ficou mais equilibrada, porém Gustavo venceu novamente no segundo set, 6 a 4... Ao todo, 1 hora e 34 minutos de jogo... 














Encaravam o calor os brasileirinhos que nunca viram o país ganhar uma Copa e o câmera ginasta oriental...



















































Os argentinos se vão e a arquibancada Quadra Central esvazia mais... Alguns sanduíches comprados nas lanchonetes atrás das arquibancadas, ficaram pelo chão, com apenas uma ou duas mordidas no pão... Foram vendidos frios, mas com o calor da tarde, vão ficar tostados... Restou uma persistente torcida japonesa, que apesar da bandeira do sol nascente, está toda concentrada em uma das poucas sombras existentes nas arquibancadas... Coragem para enfrentar o sol, apenas a do fotógrafo amador que dividia a tarefa de registrar o jogo com a filha... Ao mesmo tempo, chega um grupo de fotógrafos de imprensa japoneses na bancada correspondente, a fim de registrar a próxima partida... Em que a japonesa Yui Kamiji irá enfrentar a chilena Macarena Cabrilliana... Mais do que o “apellido”, o primeiro nome da tenista do Chile conquista a simpatia de dois torcedores que lembraram da música Macarena... Ambas as duas competidoras entram em quadra conduzindo as próprias cadeiras de rodas, junto com seu equipamento de jogo... Kamiji, que levou a bandeira do Japão na cerimônia de abertura dos Jogos, vem de branco, com um visual clássico, saia, camiseta regata e viseira... De baixa estatura, usava um rabo-de-cavalo no cabelo... Cabrilliana, mais alta, usa uma regata branca, mas com uma legging cinza e uma viseira azul da Adidas (C)... As tenistas vão à rede e cumprimentam-se antes do jogo... Que acontece num ritmo acelerado, apesar das tenistas irem pouco à rede, vide movimentação das cadeiras de rodas...  Numa raquetada, a bolinha pode chegar a 119 quilômetros por hora em sua trajetória...  A japonesa domina as ações, e chega a estar vencendo por 4 a 0, só concedendo um ponto para a adversária chilena para ficar do lado da quadra em que faz sombra...  Cabrilliana vai colocando as bolinhas atrás do encosto da cadeira, na esperança de uma virada... Porém o primeiro set só não é um “pneu” porque terminou em 6 a 1 para Kamiji... Mesmo placar do segundo set, que começou equilibrado, vide parcial de 2 a 1 com pausa para enxugar o suor, mas em seguida é dominado e vencido com facilidade pela japonesa... Jogo tranquilo, resolvido em apenas 53 minutos, vide fotógrafo japonês aproveitando para escolher as melhores fotos realizadas na quadra...  Sua compatriota tenista agora distribui bolinhas e dá autógrafos para os torcedores japoneses...  São 15h30 e o programa da tarde está encerrado... Para as próximas partidas, que começam às 18h30, será preciso outro ingresso... Uma boa oportunidade para conhecer as outras quadras do Centro Olímpico de Tênis – de 3 a 9 - que estavam em pleno uso, com partidas do torneio de duplas... As arquibancadas eram pequenas e apesar de muitas pessoas procurarem uma brecha nas telas em torno das quadras para acompanharem os jogos, o acesso era permitido, desde que fosse durante as trocas de quadra... Vide as partidas entre os brasileiros Daniel Rodrigues e Rafael Medeiros Gomes contra os holandeses Egberink e Scheffers – 2 sets a 0 para os  holandeses - ou dos japoneses Miki e Sanada contra os poloneses Fabisiak e Kruszelnicki – 2 a 0 para a dupla do Japão... Entre uma partida e outra, o paparazzi holandês todo de laranja registrava a tenista japonesa que chegava com seu equipamento – até ser impedido por uma voluntária – enquanto franceses com chapéus de galo passavam e uma dupla de cadeirantes colombiana chegava nas quadras... Pessoalmente, o encerramento daquele jogo na Quadra Central marcou o fim da aventura olímpica e paralímpica... Ainda haveria mais uma semana de competições, porém os únicos ingressos ainda disponíveis eram para competições em dias úteis... Para sábado e domingo, estava tudo esgotado...  Yui Kamiji, que na primeira rodada aplicou dois “pneus” na brasileira Rejane Candida, vencendo os dois sets da partida por 6 a 0, terminou com a medalha de bronze no torneio de simples feminino...  Derrotada pela holandesa Aniek Van Koot nas semifinais, conquistou a medalha ao vencer outra holandesa, Diede de Groot... Antes do embarque no Terminal Centro Olímpico, perto do início da passarela, onde eram validados os cartões, um último registro da voluntária que popularizou o cartaz “Não tem Pokemon na Escada”... Que tinha de refazer todos os dias, pois o papel virava souvenir... Figura memorável... 















É possível dizer que durante sua partida a japonesa Yui Kamiji tinha o sol a seu favor, digo...

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