segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A que Horas o Monotrilho de Poços de Caldas Volta???...


Em um terminal de ônibus na região central da cidade, juntando poeira, está o trem do monotrilho de Poços de Caldas...





















































Quem desembarca no terminal rodoviário de Poços de Caldas, denominado Doutor Sebastião Vieira Romão, com tempo para observar a região logo descobre que o local possui uma estação de monotrilho, com portas de plataforma e tudo... Também percebe que o sistema, operado em regime de concessão pela empresa J.Ferreira Ltda e inaugurado oficialmente em 18 de agosto de 2000, não está funcionando há muitos anos... Vide placa com os “Horários do Monotrilho” com os dizeres “Não estamos funcionando... Desculpem-nos”...  A concessão aconteceu em outubro de 1981, durante a gestão do prefeito Ronaldo Junqueira – que administrou o município entre 1971 e 1976, e depois entre 1978 e 1983, e dá nome ao estádio municipal da cidade, localizado atrás da rodoviária – e deveria vigorar por 50 anos... Depois de uma década de obras, o sistema, planejado para ter 30 quilômetros de extensão, começa a operar experimentalmente em 1990... No entanto, a inauguração do trecho de seis quilômetros e 11 estações entre a Estação Central e a rodoviária – pouco menos que os oito quilômetros atualmente em operação do monotrilho da Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo - acontece apenas em agosto de 2000... Na ocasião, foi colocado em operação um trem com motor elétrico de fabricação nacional, com capacidade para 30 passageiros e que podia desenvolver uma velocidade de 80 quilômetros por hora... Se bem que... Há controvérsias sobre a propulsão do monotrilho... O trem parado no terminal possui um escapamento, indicando que possui um motor a diesel... Alis, segundo consta, ele sequer é dotado de sistema de ventilação interno...  Um mês depois da inauguração, em 25 de setembro, acontece um descarrilamento e a operação passa a ser esporádica, até ser suspensa definitivamente pela queda de uma pilastra de sustentação do elevado em 2003...  Em 29 de janeiro deste ano, a J.Ferreira desistiu da concessão devido a uma disputa judicial com a prefeitura sobre a manutenção das estruturas de sustentação do elevado, comprometidas pelo assoreamento das margens do Rio Lambari, onde está localizada a linha... Em julho, o município contratou uma empresa alemã que irá analisar a viabilidade da retomada do serviço, verificando o estado da via... Que foi objeto de um abaixo-assinado pedindo a sua demolição, devido aos prejuízos ambientais causados pelo elevado, em 2017...






















Ao longo do percurso, estações ociosas do monotrilho, algumas com design arrojado, vão sendo cercadas pela vegetação...






































































Na região central de Poços de Caldas, o ponto de partida do monotrilho é a Estação Central Walter Miguel, um terminal de ônibus com fachadas revestidas de ladrilhos... Vide motoristas da empresa Circullare conversando bem embaixo do trem recoberto por uma crosta de poeira... A via elevada segue pela Rua Marechal Deodoro, paralela ao Rio Pardo e na quadra seguinte, em frente ao antigo Mercado Municipal – hoje uma loja de materiais para construção – encontra-se a primeira estação... Uma estrutura de concreto simples, coberta por telhas de amianto, de construção anterior a Estação Central... Os tantos anos sem uso são denunciados pela presença de um ecoponto, em reformas, abaixo da plataforma, no nível da rua... O elevado segue pela Praça Doutor Pedro Sanches e a Avenida Francisco Sales, por trás da estação do Teleférico e do antigo Palace Cassino, vide cachorros de rua na porta, ambos os dois no Parque José Affonso Junqueira... A estação seguinte, similar a anterior, mas com a estrutura coberta por musgo, fica depois do encontro do Rio Pardo com o Rio Lambari, na Avenida João Pinheiro... Bem em frente ao Espaço Cultural da Urca – antigo Cassino da Urca, que tinha o mesmo nome do cassino carioca porque é obra do mesmo construtor, Joaquim Rolla – e da praça Doutor Martinho de Freitas Mourão, onde está localizado o Museu Geográfico e Histórico da cidade, vide Ho Ho Ho onde os skatistas fazem fotos, antigo endereço do Terminal Rodoviário...  Do outro lado do rio, fica a estação ferroviária da antiga Fepasa (antes Mogiana...), na Praça Teotônio Vilela, com uma máquina de macadamizar e um girador sem uso, a plataforma abrigando a Casa do Papai Noel  e o terminal de cargas, transformado em posto da Guarda Municipal...  Próximo a região central, a distância entre as estações não é maior do que 400 metros... Assim, a estação seguinte está na altura do número 375 da João Pinheiro, e a seguinte é próxima ao 757 da mesma avenida... Na margem oposta ao elevado, há uma ciclovia, também usada como pista de cooper, na qual uma placa recomenda que “Antes de iniciar as atividades físicas alongue-se”...  Alis, as árvores nas margens do Rio Lambari dificultam os registros fotográficos, encobrindo as pilastras e a própria estação...  Do outro lado do rio, pouco depois do 757 da João Pinheiro, está o Fontanário Teresina Rocchi... Um pia com torneira de água potável, eventualmente com algum copinho plástico para os transeuntes se saciarem... A estação seguinte fica perto do 1071, onde situa-se a sede da Justiça Federal na cidade... O monotrilho poderia representar um aquecimento do mercado imobiliário local, porém como ele não está circulando, as construtoras precisam recorrer a um garoto-propaganda de renome para anunciar um prédio de apartamentos, o Residencial Jardins... No caso, o ator Paulo Pioli, que trabalhava forte em “A Praça é Nossa”, programa em que se celebrizou com o bordão “Eta fuminho bão!!!”...  Nessa estação há uma placa, afixada no chão, indicando “Obra executiva na gestão do doutor Ronaldo Junqueira, prefeito municipal” – referindo-se à passarela sobre o rio, que facilitaria o aceso ao sistema, caso estivesse em operação... 

















Estação ao lado da rodoviária da cidade, apesar de ter até portas de plataforma, também permanece abandonada...






























































A próxima estação, situada junto ao 1.340 da João Pinheiro, possui uma localização estratégica... De um lado um terminal de ônibus, a Estação Vila Cruz... Do outro, o Parque Municipal Antônio Molinari... Alguns metros mais adiante, do mesmo lado do parque, está a garagem da Cometa... A distância entre as estações aumenta, a seguinte fica no 1.843 da avenida... O design também é diferente... A  estrutura em concreto e a cobertura metálica são mais arrojadas, lembrando inclusive algumas estações do Metrô de São Paulo, indicando que sua construção aconteceu depois das estações até Vila Cruz, e, por serem mais afastadas da região central, foram projetadas para receber um maior número de passageiros...  Então é por isso que outra parada só no 2.027, pouco antes da Ponte de Acesso ao Jardim Country Club... No meio do caminho fica a garagem da Circullare, empresa de ônibus que opera linhas municipais e suburbanas – os Busscar El Buss 320 travam uma disputa acirrada pelos passageiros com o monobloco MBB O371 da 2000 Turismo ...  Passando a ponte, há um trecho de 50 metros em que a via elevada está rompida... A queda motivou a paralisação definitiva da operação do monotrilho, em  14 de novembro de 2003... O elevado muda de lado do rio quando entra na Avenida Mansur Fraiha, onde fica a última estação antes da rodoviária, na altura do número 650, que teve uma das escadas de acesso transformada em abrigo para moradores de rua... A estação do terminal rodoviário é ligada a área das bilheterias e de embarque e desembarque por uma marquise... Que não tem nenhum movimento, pois o monotrilho não está funcionando... A rodoviária, que também sedia a secretaria municipal de Promoção Social, vide migrantes, possui um paisagismo invejável, que inclui um lago, e o próprio terminal tem diante de si um shopping center, do outro lado do Rio Lambari...  Ou seja, uma estação de monotrilho que não serve para nada é como manter um enfeite inútil nessa paisagem...  A expectativa da prefeitura – administrada pelo tucano Sérgio da Coopoços (Cooperativa de Crédito dos Servidores Públicos de Poços de Caldas...) é que o monotrilho volte a operar ainda em 2020 – ano eleitoral... Faz sentido, porque apesar da pequena capacidade do único trem disponível, de apenas dois carros, hoje parado na Estação Central de ônibus da cidade, ele poderia ser uma alternativa aos ônibus da Circullare, que levam até 20 minutos para chegar à região central, onde se encontram os principais estabelecimentos comerciais e hotéis do município – a implantação do monotrilho levou em conta o fato de Poços de Caldas ser uma estância hidromineral, com forte vocação turística – aos táxis, que cobram 25 reais por uma corrida até o Centro (há poucos carros da Uber © em Poços de Caldas...) e mesmo a quem leva uma hora e 15 minutos para fazer o percurso a pé...  Sem contar que a reativação do modal seria um excelente pretexto para por fim às anacrônicas charretes de aluguel que ainda fazem os cavalos trabalharem forte pelas ruas do município... 



























Um aviso no acesso a estação, ao lado da placa de inauguração, lembra inoperância do sistema que estação esquecida evidencia...

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