segunda-feira, 6 de maio de 2019

Dez Anos da Estreia de "Cory na Casa Branca" no SBT...



























No dia 4 de maio de 2009, às 14h15, o SBT estreou a série “Cory na Casa Branca” (“Cory in The House”)...  Apesar da programação que começou a ser exibida naquele dia contar com a volta do “Programa do Ratinho”, a produção dos estúdios Valdisnei era considerado o maior trunfo da emissora na briga pela audiência com Globo e Record...  A série deveria ter estreado às 18h50, mas a emissora da Anhanguera descobriu que ia começar a mostrar uma série inédita na TV aberta (mas no ar desde 2007 no Valdisnei Channel...) que não seria exibida por pelo menos três importantes afiliadas da rede - TV Alterosa (Minas Gerais), TV Aratu (Bahia) e TV Serra Dourada (Goiás)...  A necessidade de exibir “Cory na Casa Branca” em rede nacional e manter a dobradinha com As Visões da Raven, a série que foi sua origem, fez com que as atrações fossem programadas para o início da tarde, tirando do ar “Chapolin”, após dez meses e a exibição bem-sucedida de 120 episódios diferentes... Os horários do final da tarde - Raven às 18h30 e Cory às 18h50 - também foram mantidos, com a diferença de que na faixa vespertina seria mostrada a quarta e última temporada de “As Visões da Raven”, até então inédita no SBT... Então é por isso que a emissora apostou tanto nas aventuras de Cory Baxter (Kyle Massey),  irmão menor de Raven Baxter (Raven-Symoné), que acompanhou o pai, Victor Baxter (Rondell Sheridan), nomeado cozinheiro da residência oficial do presidente estadunidense, na mudança para Washington... Devem achar que as pessoas sem TV paga ou os setores “Pedrinho Gosta” do público pensarão que a ida de Cory à Casa Branca tem algo a ver com Barack Obama... Na verdade, a série foi cancelada nos Estados Unidos depois de duas temporadas e 34 episódios, em setembro de 2008, antes das eleições americanas... Ela estreou no ano anterior, antes da ascensão de Obama, cuja arrancada eleitoral deve ter tornado a ideia de um cozinheiro amigo do internauta Pedro Henrique e seu filho no centro do poder dos Estados Unidos uma brincadeira um tanto quanto perigosa, Raul Seixas... Mais ainda porque a primeira-dama que chegou a Washington era muito mais presente que a da série – a qual apareceu em único episódio – tinha duas filhas, ao invés de uma, que arrumaram um cachorro muito mais encontradiço que o da ficção... 






















O primeiro episódio, “O Garoto Novo na Cidade”, se preocupou demais em apresentar os personagens da série... O presidente hispano-americano Richard Martinez (John D’Aquino) - que falta de tato, diria o Pedrinho, tantos filmes e séries pré-Obama colocaram um amigo do nosso colega de rede no cargo, porque não essa série???  - a filha do presidente, Sophia Martinez (Madison Pettis), a assessora do presidente, Samantha Samuels (Lisa Arch), o cachorro do presidente, Humphrey, a filha do embaixador da Bahávia, Meena Paroom (Mayara Walsh), o filho do senador, Newt Livingston (Jason Dooley), o filho do diretor da CIA, Jason Stickler (Jake Thomas)... Era tanta gente nova a ser apresentada ao público que o início do episódio ficou bem cansativo, burocrático mesmo... Um personagem conhecido, o pai de Cory, que afinal de contas forneceu o “gancho” para essa série, acabou ficando de lado, lamentavelmente... Era o primeiro sinal do aproveitamento irregular do elenco fixo ao longo da temporada... A situação ficou pior porque a exibição das 14h15 foi precedida pelo primeiro episódio de "As Visões da Raven" (na exibição do SBT, que segue a ordem de produção...), que não teve a mesma preocupação e mostrou uma história mais fluida - ou fedida, já que Raven estava envolvida em um trabalho escolar com o aluno fedorento da turma, Ben Sturky (Joshua Harto)... Sem a BFF Chelsea (Anneliese Van Der Pol) para ajudar, mas também com menos didatismo, até em relação ao primeiro episódio exibido nos Estados Unidos, "Teste de Amizade"... A estrutura de “Cory na Casa Branca” é a mesma de “As Visões da Raven”, em especial o fato das situações vividas pelo personagem principal conduzirem a um clímax do tipo "pastelão"... No caso do primeiro episódio, o desejo de impressionar a filha do embaixador fez Cory montar um cavalo sem saber nada de equitação... Por algum motivo, a ideia de que Cory e Meena pudessem ser “sócios” foi praticamente descartada no terceiro episódio da primeira temporada e só seria resgatada no penúltimo episódio do derradeiro ano da série... Uma pena, pois o envolvimento dos dois poderia aumentar a duração da atração, quem sabe... Pelo menos evitaria o romance de Cory com a chatíssima Candy Smiles (Jordan Puryear)... O gracioso protagonista das tramas paralelas da Raven, onde fez a fama que garantiu o "spin-off", não pode ser comparado a um Will Smith ou um Damon Wayans, quer dizer, Michael Kyle, como parece ser a intenção do SBT... Na série, está mais para as trapalhadas abobadas da irmã mais velha do que para o jeitão gozador implacável dos cômicos preferidos do Pedrinho... De qualquer forma, o menino terminou o primeiro episódio em dívida com o publico, e a expectativa de que a performance cômica melhoraria nos episódios seguintes não se concretizou por completo... Já na estreia, Samantha e Stickler foram colocados como antagonistas de Cory, um esquema que nunca funcionou com Raven, num vaticínio sobre o destino de ambos os dois no decorrer da série, ou seja, a obscuridade... O mesmo aconteceu com o cachorro Humphrey... Que curiosamente tem participação destacada no episódio de “Hannah Montana”, “Pegue este emprego e ame-o”,  em que a cantora vivida por Miley Cirus encontra-se com o presidente Martinez e sua filha Sophia, tentando convencer sua “roadie” Roxy  a voltar a trabalhar com ela... Um “crossover” que não chegou a se repetir em “Cory na Casa Branca”...  Melhor assim, pois na ocasião, “Hannah Montana” era exibida pela Globo aos sábados... No dia da estreia, às 18h30 tivemos o primeiro episódio da quarta temporada de "As Visões da Raven", "Raven, Sydney e o Homem", que estreava no SBT...  De novo, a irmã mais velha de Cory levou vantagem...  A novidade da temporada foi positiva... A pirralha da vez, Sydney, não é apenas irritantemente cômica... É órfã... E a orfandade costuma render bons dividendos na ficção... Chelsea não apareceu muito, mas fez a alegria dos peixeiros com seu boné de baleia... Se bem que... A protagonista da série é o próprio “Baleião”, digo... O segundo episódio de "Cory na Casa Branca", “Incidente Internacional”, apesar de mais focado no conflito de Meena com o pai tradicionalista – primeiro sintoma do mal do “montanismo”, ou seja, o destaque dado a Meena fazia a série ficar parecida com “Hannah Montana”, ainda que Mayara Walsh fosse mais "crescidinha" que Miley Cirus - resolveu um sério problema do primeiro...  Victor foi bem aproveitado numa trama paralela, a compulsão da filha do presidente por batata frita... Porém, ao aplicar-se a “Teoria Raven” – quanto mais o protagonista cai em cena, pior o episódio – o resultado não é muito simpático a Cory, pois ele caiu duas vezes...


























No conjunto, os 21 episódios do primeiro ano são divertidos, sempre com roteiros movimentados e inventivos... O problema está nos detalhes, como diria M.B... Deram à primeira temporada de "Cory na Casa Branca" a mesma levada da última temporada de "As Visões da Raven"... Radicalizaram a parte cômica do protagonista, na base do pastelão, como cabe a uma sitcom mais convencional, do tipo "saia-e-blusa"... Mas os estilos são diferentes... Nas tramas paralelas da Raven, o humor de seu irmão Cory era mais sútil, mais elaborado... Em resumo, Cory é esperto e Raven uma bobalhona... Ele é fofinho, Pedrinho, e ela é uma balofa... Ops!!!... O elenco fixo, apesar da mesma estrutura de "As visões da Raven" - dois amigos de escola, Meena e Newt, esperta e bobo, e na casa de Cory, que no caso é a Casa Branca, três pessoas, o pai cozinheiro, o presidente e sua filhinha - não emplacou...  As histórias focadas na escola e na banda DC3, formada por Cory, Meena e Newt,  são um "dejavu" da série “Hannah Montana” e do filme “High School Musical”...  Sendo Meena a vocalista da banda e Cory o baterista, o impasse está colocado... Mostrar primeiro os episódios “high-school-musicais” – “Incidente Internacional”, “Todos Amam Meena” e “Os Gatinhos do Rock”, segundo, terceiro e quarto da temporada  -  foi um esforço para a série engrenar mais depressa, entretanto fez com que os atores fixos que melhor funcionaram, o presidente Martinez e sua filha Sophia, aparecessem menos – ambos os dois estão ausentes em “Espírito Escolar”,o sétimo e um dos piores episódios da temporada, focado em Candy, a aluna “caxias” que o “descolado” Cory acaba desgraçadamente “negociando”...  As situações que envolviam o primeiro-pai e a primeira-filha dos Estados Unidos sempre foram as mais imaginosas da série, como uma disputa de dança com o primeiro-ministro da Rússia (em “Força Aérea Um a Mais”, décimo-quinto episódio...), o surto de insônia do presidente (trama paralela de “Tudo Pelo Esqui”, sexto episódio) e a preparação de sobremesas explosivas (em “Sobremesa Bahaviana”, oitavo episódio, que chegou a ganhar no Ibope de “Soltando os Bichos”, uma exibição vespertina da primeira temporada do “reality-show” “A Fazenda”, da Record...)... Mas a primeira-dama e a primeira-avó, que apareceram em episódios isolados  ("Confusão no Shopping" e "Ficando Esperto", décimo-primeiro e décimo-segundo episódios da temporada...) , fizeram falta... Enquanto alguns coadjuvantes ganhavam muito destaque, até chegando a ameaçar o estrelato de Cory, como no caso de Meena – cuja intérprete, Mayara Walsh, é filha de um estadunidense com uma brasileira, e morou em São Paulo dos 2 aos 11 anos, o que lembra que no mesmo período de exibição da série, janeiro de 2007 a setembro de 2008, a protagonista do “Palhação” passou a ser a atriz Sophie Charlotte, filha de um brasileiro e de uma alemã, e as duas tem praticamente a mesma idade -  outros eram mal aproveitados, como a assessora do presidente... O próprio pai do protagonista, Victor, foi pessimamente utilizado... Ele praticamente só escorregava no quiabo, um aspecto incômodo que vem desde os tempos em que a atriz que fazia sua esposa deixou "As Visões da Raven"... O problema só foi corrigido no final da temporada... Victor começou a participar mais das tramas e os recalques da assessora vieram à tona... O quase esquecimento do pai de Cory mostra outro problema: as tramas paralelas foram pouco valorizadas... Consequência do grande reforço dado a história principal... Aquela lógica de radicalizar no pastelão para colocar o protagonista mais em evidência... O que deixou alguns episódios bem cansativos... As tramas secundárias servem como contraponto, para rebater exageros ou insuficiências da história central... O pior é que na segunda metade da temporada, a série ficou muito dependente de coadjuvantes eventuais, inclusive aqueles oriundos de “As Visões da Raven” como o Espremedor (Dan Mott), em “A Volta do Espremedor” (décimo-terceiro episódio...) - uma boa sacada da quarta temporada da série matriz - a própria Raven, em “As Visões na Casa Branca”(décimo-sexto episódio...) e o hamster Lionel... Alis, o episódio com o roedor, “Lionel tem outro nome”, o penúltimo do primeiro ano, assinala a manifestação daquele fenômeno que os “otakus” dos Estados Unidos conhecem como “jump the shark”, ou seja, “pular o tubarão”... Aquele episódio que assinala o começo do fim de uma série... Só que nesse caso, quem pulou foi o hamster...  O último episódio, "Nunca Conheceremos o Dwayne”, contou com a participação de Dwayne “The Rock” Johnson, internauta Pedro Henrique... Devido a um toma lá dá cá, sem alusões aos presentes... Madison Pettis ausentou-se de sete episódios, pois participou do filme “Treinando o Papai”, estrelado por “The Rock”... Nesse episódio, a ação é centrada no comparecimento do ator, interpretando a si mesmo, na Casa Branca... O que evitou a dispersão da trama paralela, valorizando o trabalho de Rondell Sheridan na direção, Pedrinho... Não à toa, tanto Victor quanto Samuels (a personagem sempre rendia mais quando eram mostrados seus recalques, que contrastavam com a seriedade da função de assessora presidencial, vide “Sem Ritmo”, o décimo-oitavo do ano, onde organiza uma festa do pijama para Sophia e suas amigas...) tiveram bom aproveitamento na história... Claro que a participação de The Rock foi determinante para o episódio ser incluído no DVD “All Star Edition”, lançado nos Estados Unidos... Que como o nome indica, privilegiou a segunda fase da primeira temporada, a dos coadjuvantes eventuais... Dwayne Johnson, Raven, Don Stark – que viveu o premiê russo "Perna Louca" Schuzoff, um êmulo de Bóris Yeltsin numa época em que Vladmir Putin já dominava a Rússia - o não-creditado George Takei – que em “Força Aérea Um a Mais” era o comissário de bordo do avião presidencial... O episódio da sobremesa bahaviana, aquele que massacrou "A Fazenda" não é dessa fase, mas Fred Stoller (Norman Trumbles) e Mary Chris Wall (professora Bushwick) são considerados "astros"... Sinal de que as coisas não estavam indo muito bem com  a série, cancelada no meio da segunda temporada... A qual será o tema de uma próxima postagem... 

























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