quarta-feira, 8 de junho de 2016

A volta do Busanfan de la Patrie...

Como Ronaldo tinha um físico mais avantajado em 1998, Bussunda só precisou raspar o cabelo para viver o Fenômeno...














































A Copa América Centenário que está em disputa nos Estados Unidos lembra o tetracampeonato mundial conquistado pela Seleção Brasileira em 1994... Vide empate em 0 a 0 no Rose Bowl, só que na primeira partida da primeira fase, ao invés da final, e diante do Equador, não da Itália... Já a Eurocopa, que começa na sexta-feira na França, com o jogo entre a seleção francesa e a Romênia, traz a lembrança da derrota brasileira na final do Mundial de 1998... Mesmo porque o palco da partida inaugural da competição é o mesmo do fiasco do Brasil, o Stade de France, na região de Saint-Denis... O técnico dos Bleus na Eurocopa é Didier Deschamps, o capitão que ergueu a taça há quase 18 anos atrás...  A derrota por 3 a 0 para a França, com dois gols de Zinedine Zidane e um de Emmanuel Petit está irreversivelmente associada aos acontecimentos envolvendo o jogador Ronaldo – na época ainda chamado de Ronaldinho, pois Ronaldo Assis só despontaria no ano seguinte, herdando o apelido, mas já conhecido como Fenômeno – na concentração brasileira... Muito se especulou à respeito do que realmente se passou com o camisa 9 do Brasil nas horas que antecederam sua entrada em campo na final do Mundial, professor... No entanto, uma versão da história se transformaria  na definitiva – a do programa “Casseta e Planeta Urgente”...  Era a segunda Copa do Mundo dos cassetas, que na época não tinham concorrentes no seu estilo de humor...  O que mais se aproximava do estilo anárquico dos humoristas era o “Ratinho Livre”, na Record... Seu apresentador, em franca ascensão, chegou a comparecer na França para apresentar o “Boteco do Ratinho”, mas retornou ao Brasil após dois dias... A justificativa de Ratinho é que a polícia francesa não permitia filmagens nas ruas... Se bem que... Houve uma controvérsia em torno das transmissões da Record... Na época, os direitos televisivos da Copa do Mundo para a América Latina eram adquiridos pela Organização de Televisão Ibero-americana (OTI), e repassados para as emissoras filiadas, desde que estivessem em dia com suas anuidades... O que a Record deixou de fazer no período em que foi vendida a Edir Macedo... Mesmo fazendo os pagamentos em atraso posteriormente, a emissora foi impedida de exibir o Mundial de 1998, por pressão das outras emissoras brasileiras filiadas – Band, Globo, Manchete e SBT... Só conseguindo fazer a transmissão  após entrar na Justiça do México, onde a OTI é sediada... Caso o veredito não fosse favorável, a Record usaria o sinal de uma emissora da África do Sul de sua propriedade – o país é uma importante base da Igreja Universal do Reino de Deus – que possuía os direitos... Providência considerada desnecessária pelo “padrinho” de Ratinho na emissora, o diretor de programação Eduardo Lafon... Por ele, a Record não transmitiria o Mundial... No final de 1998, a Globo anunciou que havia dispensado os serviços da OTI – organização historicamente ligada aos interesses da Televisa mexicana, tanto que seu presidente é Emílio Azcarraga Jean, o mesmo do conglomerado midiático – e havia adquirido os direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006 no rádio e na televisão, para toda a América do Sul - junto à empresa ISL... Que faliu em 2001 sem repassar parte do pagamento da emissora à FIFA, mais um dos muitos escândalos que envolvem a entidade máxima do futebol mundial, ainda que neste caso os veículos globais não deem muita publicidade, digo... Hoje, a única emissora brasileira filiada a OTI – agora chamada de Organização de Telecomunicações Ibero-americana - é a Band...














Primeiro verso do hino francês, na versão "casseta", batizou o quadro com reportagens sobre os "bas-fonds" de Paris e região...














































Em 1998, o “Casseta e Planeta Urgente” estava no apogeu... Depois de cinco anos de programa mensal, os humoristas emplacavam a primeira temporada de exibições semanais... Para preencher os novos espaços conquistados na grade global, surgiram alguns personagens fixos... Como Carlos Massaranduba e Ulson Montanha, que protagonizavam “O Diário de Um Macho”, ou os policiais Fucker e Sucker, “uma dupla de dois tiras”... A Seleção Brasileira que tentaria o penta na França também era o alvo dos humoristas... Bussunda, por exemplo, passou a interpretar Ronaldo, que estava às voltas com problemas de peso... Como lembra Guilherme Fiúza em “Bussunda – A Vida do Casseta”, para imitar o “cabelo raspadinho, estilo Ronaldinho” do atacante da Inter de Milão, os maquiadores da Globo lançavam mão de uma careca postiça... Até o dia em que Bussunda se cansou do acessório e mandou passar “máquina zero” nos cabelos compridos que eram sua marca registrada... De cabeça raspada, o casseta compareceu ao Mundial na companhia de Claudio Manoel – que interpretava o jogador Edmundo, reserva da Seleção – Hubert – que fazia o capitão do time, Carlos Dunga (OG) – e Reinaldo, que vivia o técnico Zagallo... Ou seria Zé Galo???... Além das famosas entrevistas em treinos, os humoristas faziam matérias “de ambiente” sobre a França, exibidas no quadro “Le Busanfan de La Patrie” – uma alusão aos primeiros versos do hino francês, a Marselhesa... “Alons enfants de la patrie”...  Vide Claudio Manoel mostrando o Rio Sena – que banha uma pequena parte de Paris, pois a outra não toma banho de jeito nenhum – e Bussunda lamentando que não poderia exibir o Rio Barrichello, pois ele parou na terceira curva e não chegou... Bussunda e Cláudio Manoel também encarnavam Massaranduba e Montanha dando porrada nas ruas de Paris... Hubert, imitador oficial do então presidente Fernando Henrique Cardoso, repetia em terras francesas o seu bordão “Assim não pode, assim não dá”...  Os cassetas que ficaram no Brasil – Beto Silva, Helio de La Peña e Marcelo Madureira – se viravam nos trinta em quadros como o esquete que revelava os hinos de três países que não compareceram à Copa, uma sátira à prática global iniciada naquele Mundial de traduzir as letras dos hinos tocados antes dos jogos... Merdaglia do Sul, República Popular da Veadôncia e Boboslávia,  “Terra de um povo babão”...















Roberto Carlos cantou, quer dizer, avisou Zé Gallo sobre o problema de Ronaldinho... "São tantas convulsões!!!"...













































Depois da derrota para a França na final, Beto Silva trouxe revelações surpreendentes no “Planeta em Casseta”... “A Copa acabou e até agora ninguém sabe realmente o que aconteceu com o craque Ronaldinho... Só Casseta e Planeta descobriu a verdade, e vai revelar agora, passo a passo, minuto a minuto, o drama dos jogadores na concentração brasileira”... Ou quase, pois a jogatina rolava solta por volta de 14h37... O próprio técnico Zagallo, quer dizer, Zé Galo, trabalhava forte no carteado quando foi interrompido por um aviso urgente de Roberto Carlos, ou melhor, Hubert com o uniforme do camisa 6 da Seleção e a cabeleira de Roberto Carlos – o cantor... “Professor Zé Gallo, o Ronaldinho está passando mal”... A notícia não surpreendeu o técnico, lembrando que todos os seus comandados estavam péssimos na troca de passes... “Mas estamos na final, o penta é nosso, o penta é nosso... Cinco ases!!!”... Só restou ao “lateral mascarado” comentar, à maneira do Rei... “São tantas convulsões!!!”...  Às 15h03, “preocupados com o estado de nosso craque careca, os jogadores pedem para o evangélico César Sampaio tirar o demônio do corpo de Ronaldinho”... Com o ouvido colado na porta do banheiro, Edmundo, quer dizer, Claudio Manoel, ouviu os gritos do volante... “Sai, diabo!!!... Sai, coisa-ruim!!!”...  Na verdade, Helio de La Peña estava no banheiro exorcizando a feijoada que comeu no almoço...  Mais tarde, às 17h23, Ronaldinho continuava a se debater em convulsões e Zé Gallo é obrigado a chamar o doutor Lindo Tolete – melhor dizendo, Hubert interpretando Lídio Toledo, da comissão técnica da Seleção... Que imediatamente esclarece... “Eu não sou médico, sou ortopedista!!!”...  O jeito era levar Bussunda, digo, Ronaldinho, para o pronto-socorro... No qual o craque deu entrada às 19h24... “Eu sou o Zé Gallo, este é o meu amigo Roberto Carlos, e este é o amigo dele, o Tremendão”, disse Reinaldo... O chiste iria indispor Bussunda e Ronaldo, tanto quanto o corte de Romário antes da Copa fez o casseta se desentender com o coordenador-técnico da equipe brasileira, o ex-urubulino Zico... Quanto ao médico, vestido com a camisa Adidas © da França do internauta Chico Melancia, liberou Bussunda, ops, Ronaldo, para o jogo... Enquanto pedia para a enfermeira trazer champagne, convicto que estava da vitória francesa... Ronaldo compareceria no vestiário da Seleção Brasileira apenas às 20h45... “Veste essa camisa, você vai entrar em campo!!!”, ordena Reinaldo, er, Zé Gallo... O jogador reluta... “Eu não posso jogar, eu não tô me aguentando em pé, tô muito estressado”... O técnico o encoraja... “Mas então, nada melhor que uma peladinha para relaxar”... Diante do impasse, Hubert, corrigindo, Lindo Tolete, se oferece para entrar em campo... “Mas você não é jogador”, contesta Zé Gallo... “Tudo bem, eu também não sou médico, sou ortopedista”... E vai para a partida, ouvindo do treinador a recomendação de subir na hora do cabeceio... Não deu... O fracasso brasileiro, porém, continuaria na pauta dos cassetas... O ortopedista Lindo Tolete respondia as perguntas dos telespectadores...  “O Kennedy não morreu e ele vai jogar!!!”... “Isso é mais uma invenção da imprensa!!! O Titanic está bem, fez até exercícios na piscina e vai jogar!!!”... O “craque mascarado” Roberto Carlos revelou... “Tava puxando loucamente, a língua enrolada de um amigo meu”... “Joguei, ei, ei, ei...  Não acertei uma tabela... A Seleção não ganhou nada, mas pelo menos renovei o meu contrato, com a chinela”...  Reinaldo mostrou as férias de Ronaldinho, com Bussunda se divertindo na balada – “Eu quero sacudir o esqueleto!!!”, ajudando num mutirão em Bento Ribeiro pilotando a britadeira, preparando drinques durante duas horas para os amigos e comparecendo com sua sócia na época, Susana Werner... O que nos lembra das entrevistas que Pedro Bial fazia com a futebolista, modelo e atriz nos estádios franceses... Então é por isso... Que Bial falou “Isso é coisa de viado” naquela famosa gravação que vazou no “Fantástico”...














Chamado para atender o Fenômeno, Lindo Tolete avisou que não era médico, só ortopedista, mas jogaria em seu lugar...


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