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Pois o inimigo mora ao lado, quer dizer, na fachada do estúdio do outro lado da rua, há cartazes de Emilia Pérez... |
Nós faziamos anotações no nosso caderno de notas de viagem quando o Uber, dirigido por Maria, que levou 20 minutos desde o hotel e custou 29,94 dólares (9,07 dólares sem os impostos...) chegou na entrada do "studio tour" Paramount, na Melrose Avenue, pouco depois da entrada conhecida como Melrose Gate, que não é a mais famosa do estúdio, posição ocupada pelo Bronson Gate, que hoje fica dentro dos muros da produtora... Não foi simples embarcar no Uber, que parou no lado oposto da rua da entrada principal do hotel, o que nos obrigou a driblar o táxi Toyota Prius verde da frota conveniada com o estabelecimento, de plantão perto da entrada, um caminhão com equipamentos de filmagem, pois estão gravando no bar do hotel, e depois de atravessar a rua, um ônibus e uma barraca azul de "homeless", para finalmente entrar no carro, que também é um Toyota Prius, que em compensação, chegou cedo ao destino... Cedo demais, porque às 8h07 da madrugada a porta do "tour" estava fechada, o que permitiu fazer uma foto e postar no Instagram com a legenda, "Dia de rever o Mocinho Encrenqueiro", citando o filme onde Jerry Lewis interpreta um funcionário do estúdio, rebatizado como Paramutual, mais ou menos como a fábrica de lenços que usava a montanha do emblema da Paramount nas embalagens porém teve que mudar o nome para Presidente, além da realização de um reconhecimento dos arredores... Na mesma calçada do estúdio, observamos os postes com "banners" anunciando a exposição temporária do Museu da Academia, ano passado era "John Waters, O Papa do Trash", agora é sobre a cor no cinema, do outro lado da avenida, na altura da "I Love Lucy Square", registramos o café El Adobe, que pertencia à Lucy que é homenageada na praça, Lucy Casado, um local especializado em comida mexicana que está fechado desde 2019... Caminhamos na direção do Melrose Gate com a intenção de fotografar os bancos azuis e vermelhos anunciando o filme "Sonic 3", inspirado no clássico game da Sega, e do outro lado da rua, na fachada do Raleigh Studio, enormes "outdoors" anunciam "Emília Perez", o filme francês produzido pela Netflix sobre um narcotraficante mexicano que muda de sexo, o principal concorrente do brasileiro "Ainda Estou Aqui" na temporada de premiações internacionais, incluindo o Globo de Ouro e o Oscar, no início do próximo ano... Os anúncios destacam as atrizes principais do filme, a protagonista Karla Sofia Gascón, uma atriz espanhola trans, Zoe Saldaña, estadunidense que é uma das atrizes negras mais em evidência por aqui e Selena Gómez, a própria, o que sem dúvida é um atrativo e tanto para os frequentadores brasileiros das redes sociais, que na dúvida, fecham com a diva pop... Como o filme está em exibição na cidade, é comum ver ônibus adesivados com o pôster de "Emília Perez" e estes banners em frente a Paramount são bem representativos do famoso "marketing de emboscada" da Netflix, que tem o "streaming" Paramount+ como grande concorrente, razão do posicionamento dos "outdoors", também porque na frente do estúdio da Sony, responsável pela distribuição internacional do filme produzido pela Globoplay, existem apenas as casas térreas de Culver City... Obviamente, os percalços que surgem no caminho de "Ainda Estou Aqui" são muito maiores, e comecaram a aparecer já no Brasil, o filme relata a história de Eunice Paiva e sua família ao lidar com o desaparecimento do marido, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar, o roteiro é uma adaptação do livro escrito por um dos filhos do casal, Marcelo Rubens Paiva, o próprio, vide "Feliz Ano Velho", a questão é que os Paiva eram fazendeiros em Eldorado, a cidade paulista onde cresceu o ex-presidente Jair Bozo, que se orgulha de ter informado ao exército sobre o foco guerrilheiro de Carlos Lamarca na região, mesmo sendo apenas mais um adolescente que pescava e garimpava ouro nos rios da cidade, para onde o pai do ex-presidente se mudou, a princípio para trabalhar como dentista prático, mas também a fim de trabalhar com garimpo, ao menos para garantir o material de suas obturações, Bozo não só apenas acusa Rubens Paiva de ter financiado a guerrilha como desprezou seu desaparecimento com a frase "quem gosta de osso é cachorro", e cuspiu em um busto do ex-deputado, a possibilidade de boicote dos bozistas levou o filme a trabalhar forte na relação de Eunice, interpretada por Fernanda Torres, com Rubens Paiva, papel de Selton Melo, e seus filhos, porém mesmo assim parte da mídia brasileira resolveu destacar que o diretor do filme, Walter Salles, o mesmo de "Central do Brasil", que foi indicado ao Oscar, é um dos herdeiros do Itaú Unibanco, dando combustível à crítica recorrente da extrema-direita de que apenas uma elite fazia oposição à ditadura, apontando por tabela que o regime militar tinha apoio maciço dos mais pobres, que também sofriam com a repressão e exclusão social provocada pela política econômica da época, uma crítica que a produção do filme tenta contornar com o destaque dado a empregada da família Paiva na história, a presença de atores de origem periférica e inclusão de músicas de Roberto e Erasmo Carlos na trilha, porém não é só a política que é problema, o cinéfilo brasileiro de rede social, em sua esmagadora maioria, detesta filme nacional, ele implica até com a dublagem em português, badala as divas internacionais e torce fanaticamente por "streamings", resumindo, outra grande luta de "Ainda Estou Aqui", na qual Vani, digo, Fátima, ou melhor, Fernanda Torres, está na linha de frente, seguindo a trilha da mãe, Fernanda Montenegro, que só não é uma unamidade nacional porque sempre aparece alguém dizendo que a Leonarda Furtado de "Cambalacho", novela que foi ao ar em 1986, mesmo ano que a última trama com participação de Fernanda Torres, “Selva de Pedra” (depois foi cinema e programas de humor...), é superestimada, da nossa parte, pegamos os cartazes, os bancos e postamos tudo no Instagram com a legenda "Ainda Estou Aqui, Sonic"... De volta à entrada do "tour", seguimos em frente registrando os cartazes dos últimos lançamentos da Paramount, as séries "Fraiser", "Landsman", os filmes "Gladiador 2", "Smile 2", "Sonic 3" e "Transformers One", na esquina, onde ficava o estúdio da RKO Radio Pictures, do outro lado da rua, o Metro Burger, uma lanchonete "old school" que até deu fome, porque saímos do hotel sem tomar café... Além do mais, passava de 8h30 e agora a porta do "tour" está aberta, pois dois rapazes tinham acabado de entrar, fomos na cola, passamos pelo segurança experiente e sorridente, apresentamos nosso passaporte e o "voucher" aos barbudinhos da portaria com todo o mobiliário fortemente trabalhado na cor preta e recebemos o crachá personalizado do "tour"... Estávamos autorizados a fotografar os paineis que resumem a história da Paramount, que inclui os filmes da RKO, por exemplo, "Cidadão Kane", onde o que mais nos chamou a atenção foram os Irmãos Marx, a dupla Dean Martin e Jerry Lewis, a produtora Desilu, de Desi Arnaz e Lucille Ball, Leonard Nimoy com o figurino e as orelhas do Spock de "Star Trek", não confundir com "Star Wars", o homem que salvou Springfield do monotrilho, e Betty Boop, apesar do grande êxito do estúdio em desenhos animados ser o Popeye, o que inclui a série de televisão de 1960, com 220 episódios, realizada na própria Paramount e em outras quatro produtoras, duas delas na Europa, sediadas no Reino Unido e na República Tcheca, então Tchecoslováquia... Também registramos os manequins com figurinos que cercam um cartaz de Edith Head, considerada a maior desenhista de moda de Hollywood em todos os tempos (com vários filmes de Jerry Lewis no currículo...), os trajes espaciais de Zachary Quinto e Zoe Saldaña, Spock e Uhura em "Star Trek: Sem Fronteiras" (2016), duas roupas de show extravagantes de Elton John que Taron Eggerton usou em "Rocketman" (2019), as vestimentas de Channing Tatum e Sandra Bullock em "Cidade Perdida" (2022) e, por último, mas não menos importante, o uniforme de oficial de Tom Cruise em "Top Gun: Maverick" (2022), colocado em um manequim visivelmente mais alto que o próprio ator, que oficialmente tem 1,70 metro de estatura, porém há rumores de que a altura de Cruise é inferior a 1, 68 metro... Sentamos em um sofá da sala de espera do "tour" e pegamos o exemplar de "Gato Preto em Campo de Neve" para revisitarmos as impressões de Érico Veríssimo quando compareceu na Paramount, em 1941, de cara ele achou bom o estúdio ficar perto do hotel onde estava hospedado, um táxi devia ser bem mais em conta do que o Uber que pegamos mais de 80 anos depois, e ele poderia ter usado o bonde elétrico, com tarifa de centavos, em seguida comenta sobre alguns atores e atrizes que avistou nos "sets" de filmagens, Olivia de Havilland é "uma rapariguita de olhar meigo" (olha ela aí de novo, depois da agenda telefônica de Jack Warner...), Charles Boyer é "um bom box office" (um campeão de bilheteria, não confundir com a HBO...), Edward Arnold, "o homem mau do cinema é uma criatura extremamente simpática e tem todas as maneiras de um gentleman", e o também cantor Bing Crosby "é um sujeito agradável e simples" (muito antes de Roberto Carlos gravar a versão de "White Christmas" em português que Marino Pinto fez para Francisco Alves...)... Enquanto isso, uma guia procura os participantes do "tour" das 9 horas, achamos que ela lembra ninguém mais ninguém menos que Dana Plato, a Kimberly Drummond de "Arnold", que saiu de cena de forma trágica em 1999, a sala de espera está cheia, porém poucos visitantes vão no "tour" das 9 da madrugada, a maioria aguarda pelo das 9h30, por exemplo, a sósia da cantora Pink, ou as duas amigas, uma negra e uma branca de gorro de lã que caso usasse óculos virava a Meg Griffin de "Uma Família da Pesada" o preço é mais caro, 125 dólares, mas parece não intimidar quem está na espera, o feriado de Thanksgiving Day acontece nesta semana, é uma época que viaja-se muito nos Estados Unidos, e o custo do "tour" é similar ao dos parques temáticos, com a vantagem de incluir almoço e café... O que vem a ser o assunto das perguntas feitas ali por 9h10, por outra guia, Courtney, uma "miúda" (evitamos o "rapariguita", não estamos em Portugal, onde a palavra serve para qualquer mulher jovem e não tem o sentido pejorativo adotado no Brasil...) de boné e rabo-de-cavalo - que confirmou nossa escolha para o café - água - que tínhamos de fazer num papel que recebemos na portaria, com chá e chocolate quente entre as opções de bebida, e acrescentou algo que não compreendemos, essa mania dos estadunidenses falarem depressa demais... Conheci a guia do grupo, Lara, por volta de 9h20, quando a turma na sala de espera foi dividida em grupos de sete pessoas, é uma loira magra, de estatura mediana, cabelo na altura dos ombros, óculos de aros dourados, vestida socialmente, foi em cada um dos integrantes de seu grupo para apresentar-se, "nice to meet you", corrigiu a nossa pronúncia de "excelente" em inglês, porque falamos a palavra com acento espanhol, o nariz me lembrou um pouco Lady Gaga, mas ela mal começou a falar sobre os itens em exposição na entrada do "tour", começando pelos manequins, matamos a charada, Coringa, ela tem a compleição física da Patrícia Abravanel, a diferença são os olhos claros, o nariz, e o jeito dela nada tem de "patricinha", está mais para "universitária", Daniela ou Rebeca Abravanel, quem sabe, digo... O nosso grupo é dividido em três pares, um casal de meia-idade, ele de barba, ela de sueter amarelo, as duas amigas, a negra e a branca que achei parecida com a Meg Griffin, e um casal jovem, os dois altos e magros, ela com vestido de noite branco e bastante maquiagem, aparentando ser de meia-idade, ele de jeans, camiseta preta e barba a fazer, supomos que fossem europeus, na dúvida são todos estadunidenses... Completando a turma, eu, o brasileiro de São Paulo, que na explicação sobre os manequins questionou, "Tom Cruise is so tall???", as amigas riram, Lara explicou os recursos que o cinema tem para deixar as pessoas mais altas, faz sentido, o manequim tinha sapato social com salto carrapeta, até Silvio Santos, que tinha 1,80 de altura, usava para dar a impressão de ter maus estatura, no saguão seguinte, onde estão os Oscars do estúdio e são projetados títulos de filmes na parede oposta, a guia falou sobre os itens expostos ali, a câmera cinematográfica de 35 mm, o capacete de Tom Cruise em "Maverick", citei a música "Take Breath Away", da trilha do "Top Gun" original, os comunicadores de "Star Trek", fazendo um curioso paralelo com unhas postiças, o logo da Frota Estelar lembra um pouco o da Motorola, que um dirigente de futebol brasileiro dizia ser a marca do Batman, o aparelho também parece um pouco com os famosos celulares "flip" fabricados pela empresa, que caíram em desuso com o surgimento dos smartphones e suas telas enormes, ao mostrar a reprodução da cabeça de Brad Pitt caracterizado como homem que nasceu velho, do filme "O Curioso Caso de Benjamin Button" falei que era Marlon Brando em "Superman - O Filme" para o grupo entender a piada, porém o manequim de cabeça estava mais para Jardel Filho, um dos diretores mais importantes na história da Paramount, Francis Ford Coppola, virou admirador do diretor Glauber Rocha assistindo "Terra em Transe", onde o personagem principal é feito pelo próprio Jardel, antes de entrarmos na próxima sala, tive a oportunidade de falar para o grupo o nome em português dos filmes "oscarizados" do estúdio, "Asas", o primeiro "Best Picture Winner" da história, os dois "O Poderoso Chefão" , a única sequência premiada pela Acadrmia, o drama "Gente Como a Gente", estrelado por Donald Sutherland, Mary Tyler Moore e Timothy Hutton, e o épico "Coração Valente", com Mel Gibson, que a mídia brasileira adotou como metáfora em matérias sobre transplantados cardíacos ilustres, como o ator Norton Nascimento, o futebolista Washington e o apresentador Fausto Silva, enfim, uma língua exótica para nossos parceiros de "tour", por mais que ouçam muita gente falando em espanhol nos Estados Unidos... Antes do tour tem mais uma sala de espera, vemos o quadro retratando as filmagens de "Os Dez Mandamentos", de 1956, filme que é uma constante nos relatos que a Paramount faz de sua história, é um tal de Chato Resto pra cá, Cecil B. de Mille ('não, Chapolin, esse é de 1.200"...) pra lá, na parede oposta, temos o quadro da reunião de turma do centenário da produtora, em 2012, o marco inicial de sua história é a fundação do estúdio Famous Players, em 1912, reconhecemos Harrison Ford e Steven Spielberg, que posaram juntos para a foto, e Ernest Borgnine, que ganhou um improvável Oscar de melhor ator com um filme chamado "Marty", porém a gente o conheceu durante a parceria com o galã Jan-Michael Vincent, o nosso Augusto Xavier, nas missões do helicóptero de combate de "Águia de Fogo", série que a Globo exibia aos domingos, antes de "Os Trapalhões", na década de 1980, a trilha foi até usada numa Câmera Escondida do SBT com aeronaves de controle remoto que atiravam em assaltantes num parque público... Nessa altura, Lara colocou luvas para pegar o Oscar que estava ao lado de um "backdrop" da Paramount, a gente pensando na Copa do Mundo e na Champions League, que ao serem entregues, só podem ser tocadas sem luvas pelos capitães dos times vencedores, a guia saca uma câmera para fazer fotos do grupo com a estatueta, na nossa vez, fizemos como os capitães do Penta, Bellini, Mauro (OG), Carlos Alberto Torres (OG), Carlos Dunga (OG) e Cafu (que vimos na ultima Bienal do Livro corrrendo da tietagem como fazia na lateral direita da Seleção), erguemos o Oscar acima da cabeça, gesto criado pelo Brasil ao vencer a Copa do Mundo pela primeira vez em 1958, fica a dica, Fernanda Torres, digo...
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Este é o estúdio que Jerry Lewis aparece colando cartazes em Mocinho Encrenqueiro, filme exibido no Canal 21... |
Devolvida a taça, quer dizer, o Troféu Imprensa, ou melhor, o Oscar, que é de verdadinha, categoria “Special Effects”, Lara mostra o quadro das produções em andamento nos estúdios e saímos para embarcar em um carrinho elétrico, recebemos o fone para ouvir as explicações durante o "tour" e o café, no nosso caso, água com bastante gelo, inclusive observei, "tap water", lembrando o fato dos restaurantes nos Estados Unidos oferecem água de torneira gelada aos clientes gratuitamente, a razão pelo qual o formato de refil de refrigerante ficou tão popular por aqui, quem vai pagar por bebida com água de graça, a não ser que você peça "bottle", isto é, uma garrafa de água mineral, que é cobrada... Como havia três duplas e a gente sobrava, fomos no banco do carona do carrinho elétrico, dirigido pela guia, que era ligeira, vide cabelos ao vento, apesar de alguma dificuldade no início, para destravar o freio, isso porque não deve ter dirigido um carro com embreagem... Com uma vista que incluía a caixa d'água do estúdio, o chamado "Tanque B", hoje estacionamento, fomos na direção dos escritórios, os "bangalôs" do estúdio, e entramos na Michael Bay Avenue, porque aqui o diretor da franquia "Transformers" manda prender e soltar, bicho... Poucos depois cruzamos a 4th Street, a 5th Street, com o Sherry Lansing Theater, cinema usado para projeções de teste, a 6th Street, o Stage 12, vimos a placa do Stage 7, onde rodaram em 1963 o filme "O Professor Aloprado", Lara cita a série policial "Monk", que na exibição da Record ganhou o subtítulo "Um Detetive Diferente", "Glee", que dizemos ser excelente, viu, Lea Michelle, e os filmes "Coneheads", no Brasil, "Cônicos e Cômicos", Dan Akroyd, corre aqui, "Vertigo", em português , "Um Corpo Que Cai", de Alfred Hitchcock, que um dos painéis da entrada informa ter trabalhado forte na Paramount (na verdade, na RKO...) até 1960... Érico Veríssimo também compareceu nos estúdios da RKO, onde conversou com Alfred Hitchcock, o próprio, que descreveu como "um homem baixo, pachorrento e gordo", salientando que "olhando para sua cara balofa e sonolenta, para aeu corpanzil rotundo, ninguém pode imaginar as sutilezas de que este inglês é capaz", registrando o apelido que o diretor recebeu na época, "Hollywood o conhece e admira pelo cognome 'O Elefante Voador'"... Durante a filmagem de uma cena de "Suspeita", com Joan Fontaine (irmã de Olivia de Havilland, sempre ela...), que é apresentado no livro com um titulo provisório, "Before the Fact", o cineasta inglês comenta para o escritor brasileiro, "com sua voz calma e suave", "a história que estou filmando é em torno de uma pequena que se casa com um rapaz para depois do casamento descobrir que ele é um mau caráter, passa a viver apavorada à ideia de que o marido a quer assassinar", ao que Érico observa, "e Joan Fontaine torna a ser o que foi em 'Rebecca', a mocinha apavorada, não acha que é prejudicial para uma artista", nesse momento, o pai de Luis Fernando Veríssimo registra que "o elefante voador dá de ombros" e diz, "isto é Hollywood"... Na frente da entrada do Formosa Group, a guia coloca seu "tablet" em ação dando um exemplo de "foley" - "sound effects", digo a ela - com "Um Lugar Silencioso" (2008), em que os sonoplastas criaram os ruídos emitidos pelas criaturas que não suportavam o mínimo barulho não amassando papéis usados, "sino" aplicando pequenas descargas elétricas em cachos de uva ou comprimindo folhas de couve, isso sem contar a captura de movimentos que faz as Tartarugas Ninja improvisarem um rap no filme "live action" de 2014, a gente puxa pela memória e lembra do desenho que passava no "Xou da Xuxa", em que Mario Jorge Andrade se acabava nos cacos que colocava nas falas do Michelangelo (dizem que essa dublagem para a Globo é parcialmente perdida, colecionadores têm apenas alguns episódios...), recordamos também que a irmã do Jovem Sheldon não sabia o nome das Tartarugas Ninja, e ele foi falar dos pintores renascentistas que batizam o quarteto... Seguimos na direção do Stage 11, a placa ao lado dos registros de incêndio, numa das ante-salas do "tour" há fotos do que sobrou dos rolos de filme consumidos pelo fogo em 1929, indica que ali filmaram "Mocinho Encrenqueiro", "Um Corpo que Cai", "Bonequinha de Luxo" e as séries "Sabrina, Aprendiz de Feiticeira" e "Todo Mundo Odeia o Chris", tive de dizer a Lara, "Tyler James Williams is very popular in Brazil" - não especifiquei as razões - "Vincent Martella too" - não falei da Ponte Preta - entramos num corredor estreito entre as edificações dos estúdios e os caminhões da produção, passamos pelo Furniture Warehouse, que guarda a mobília usada nos filmes, com uma geladeira ao lado da entrada e o cachorro Milou de "Tintin" segurando com os dentes um braço decepado, nós dissemos que ele arrancou do dono, digo, tudo para dar mais credibilidade ao aviso "Authorized Personnel Only Furniture Warehouse Is Closed To All Public", mas havia uma reprodução do depósito para os visitantes do "tour", onde ficava o doguinho do Tintim antes de virar cão de guarda... Em 1941, Érico Veríssimo descreveu desta forma os depósitos da RKO, depois incorporada à Paramount, "Despeço-me do elefante voador [Alfred Hitchcock] e vou visitar com meus dois companheiros o Property Department, conhecido na intimidade dos estúdios pela abreviatura de props. É um deposito em que se encontram coisas utilizadas ou utilizáveis em filmes e que se dividem em duas categorias: set props, isto é: mobilias, mesas, pratos, cadeiras e outros objetos como estatuetas, quadros, almofadões, etc.; e hand props, a saber: valises, isqueiros, cigarreiras, objetos, enfim, que figuram diretamente na ação e que não permanecem imóveis, como as restantes coisas do cenário. Nos props da RKO encontro tudo: mobílias de diversas épocas, quadros de pintores famosos (cópias, é claro) jarros, flores artificiais, cortinas e uma infinidade de estatuetas e bibelôs. O estúdio tem também um arsenal onde encontramos os boomerangs dos selvagens e as pistolas dos bucaneiros até a mais moderna metralhadora"... Damos uma olhada no Stage 9, dobramos a esquina no Studio Facilities Wood Building, o setor de marcenaria, e entramos na Francis Ford Coppola Avenue, homenagem ao diretor da trilogia "O Poderoso Chefão" e fã de Glauber Rocha, olhamos as palmeiras em frente a entrada dos Stages 8&9 e paramos em frente ao Stage 18, onde foi feito o filme "Ghost - Do Outro Lado da Vida", não, Demi Moore, não vimos "A Substância", porém recordamos a paródia de "Ghost" em “Os Trapalhões”, em que a personagem da senhora Bruce Willis, Molly, era feito pela Narjara Turetta, o Sam de Patrick Swayze era o Doutor Renato e a Oda Mae Brown de Whoopi Goldberg, sim, foi o papel do Mussum, além da série "Bonanza", aí recorremos ao YouTube para lembrar daquele encerramento com chamadas da programação da TV Tupi em 1979, um dos últimos "cards" menciona "Filmed At Paramount Studios"... A parada serviu para Lara nos introduzir no "sound stage", avisando na porta para deixar as bolsas no carrinho e principalmente que fotos não eram permitidas, a despeito do estúdio estar vazio, servindo para a guia explicar as diferenças do uso da câmera no cinema e na televisão, além de apontar para o teto curvo de madeira e as paredes revestidas com poliéster a título de isolamento acústico, o material a gente descobriu olhando uma etiqueta pouco antes de sair do estúdio... A proibição de fotos foi mantida quando atravessamos a rua e entramos no Stage 8&9, cuja fachada de dois andares lembra os típicos hotéis de beira de estrada dos Estados Unidos, quem já foi a Orlando e hospedou-se em Kissimmee sabe do que estamos falando, a gente certa vez tinha que pegar o "shuttle" para o Valdisnei 7h10, e o ônibus percorria todos os hotéis da US192 para chegar aos parques perto das 9 da madrugada, a cafeteria abria 7 horas e nesse horário estava formada uma fila de colombianos para pegar o café, o público desses hotéis é majoritariamente estadunidrnses que viajam de carro e turistas que vem de todos os países da América Latina, exceto o Brasil, geralmente o pessoal com mais dinheiro prefere ficar nos hoteis da International Drive, e na pandemia, os de Kissimmee viraram opção de moradia barata para quem não conseguia pagar aluguel de imóveis ou perdeu a casa por razões de execução da hipoteca, voltando ao estúdio, as citadas palmeiras reforçam o ar de "motor hotel" da entrada do estúdio, e como não temos permissão para fotografar, temos de fazer o Érico Veríssimo e exercitar seus dotes de descrição de ambientes, na chegada atravessamos um corredor delimitado pela parte de trás das tapadeiras, as paredes do cenário, e por uma lona que reproduz o "skyline" de uma grande cidade repleta de arranha-céus à noite, um paredão que também serve para esconder itens avulsos de carpintaria, por detrás da lona está o coração do cenário, um andar inteiro do edifício comercial que abriga o escritório de advocacia onde a série é ambientada, só não é uma reprodução 100% perfeita porque os refletores de luz estão colocados no lugar do teto, a propósito, a guia fala dos filtros, "filters", dissemos quando mencionou as "gelatinas" usadas para mudar a cor da iluminação, andamos por entre gabinetes de trabalho, observamos a biblioteca com uma estante repleta de livros de direito, no Brasil seria a coleção encadernada da "Revista dos Tribunais", perguntamos a Lara se os livros eram de verdadinha, ela respondeu, "alguns são, outros são falsos", nosso olhar foi educado pelo Doutor Renato mexendo nos livros de mentirinha em "Os Trapalhões", assim como imediatamente associamos ao "Casseta e Planeta" a ampla sala de reuniões, com várias cadeiras para sentarem-se os figurantes que ficam apenas balançando a cabeça, o "remake" de "Vale Tudo" é uma promessa de exaltar essa cena clássica das novelas brasileiras, e a vista termina no saguão dos elevadores cujas cabines não vão a lugar nenhum, ao lado de escadas que também não possuem serventia, com degraus em fibra de vidro imitando mármore... Na saída, vemos estacionados uma picape Ford cinza e um Lincoln marrom dos anos 1970, carrões que deixariam o nosso papi empolgado, pois sempre dirigiu táxis pequenos, do Fusca ao Uno Mille, voltamos ao carrinho, recuamos um pouco na avenida Coppola, pegando a 12th Street e logo depois dos estúdios 15 e 16 paramos no Sign Shop/Paint Shop, onde demoramos a perceber que as fotos eram permitidas, quase passamos batido pelo painel com artes que sobe e desce como um elevador, passamos por baldes de tinta, no corredor e no depósito para subir uma escada escorregadia que fez a gente sentir-se o próprio Jerry Lewis e chegar ao local de trabalho do pessoal que faz a comunicação visual dos filmes, logo de imediato salta aos olhos um cartaz de campanha de Lyndon Johnson, que era presidente dos Estados Unidos em 1964, ano do golpe militar no Brasil, a guia mostra algumas peças produzidos no local, em cima de uma mesa estão vários "P" do logotipo da Paramount e uma placa do "game show" "Let's Make a Deal", um armário de vidro guarda insígnias de "Star Trek" e adesivos de bandeiras de cartão de crédito, Lara segura a tabuleta de um café e o brasão do estado da Virgínia Ocidental, uma placa de "today's work" relaciona as séries que tiveram projetos realizados mais recentemente, como "NCIS", "Criminal Minds", "Matlock" e The Rookie", abrimos a porta com a saudação "Welcome to The Sign Shop" e somos recebidos por um asiático numa enorme mesa decorada com uma "action figure" do Capitão Kirk, o que anima as amigas, que são "trekkers", assim como são apresentadas por ele a uma arte inspirada na saga, "SEQUOIA"... Nas paredes, referências a "Forrest Gump", "I Love Lucy", Bob Esponja e Patrick Estrela, os cartazes do filme "Sunset Boulevard" ("O Crepúsculo dos Deuses") e do centenário da Paramount, uma parte é repleta de brasões e placas, do emblema do Senado dos Estados Unidos a uma reprodução da embalagem do cereal Corn Flakes, junto a mesa uma impressora do tipo "plotter" trabalha forte imprimindo cartazes, na porta da sala onde ficam computadores e as lonas para impressão de "banners" colocaram no vidro Pede Mais Um, quer dizer, Perry Mason, e na janela, "Saturday Night Fever Cafe"... Apontamos as notas de 100 dólares que estão num canto da mesa, Lara pega as células e demonstra que são falsas, "For Motion Picture Use Only", então é por isso que a efígie de Benjamin Franklin foi substituída pelo desenho do rosto de um designers do setor, logo depois a guia mostra fotografias que documentam outras importantes atividades do Sign Shop/Paint Shop, as pinturas de paisagens ("matte") e a construção de maquetes, ambas para fins cenográficos... Antes de descermos, quer dizer, de voltarmos a enfrentar a escada escorregadia, o homem calvo do dólar falso aciona o mecanismo que eleva a parede com artes do andar de baixo, um show de efeitos especiais... Embarcando outra vez no carrinho, voltamos ao Stage 18, onde Lara mostra em seu laptop fotos de bastidores de produções como "Stak Trek: Sem Fronteiras", brinco que ela era uma das figurantes, e após a passagem de um furgão da FedEx, apresenta cenas de filmes rodados naquele estúdio que entramos e não pudemos fotografar, "Um Corpo Que Cai", "Mocinho Encrenqueiro", "Quem Anda Dormindo em Minha Cama???", com Dean Martin e sem Jerry Lewis, O Poderoso Chefão e os recentes "Sexo Sem Compromisso" e "Babylon"... O carrinho segue viagem, passamos pela placa do Stage 17, pelo Stage 6, pela enfermaria do estúdio, onde um funcionário conserta os degraus da escada de acesso, até chegarmos ao mítico Stage 4, onde a guia conta uma anedota sobre "Take Breath Away", uma das "love songs" mais famosas da década de 1980, e nós mostramos a ela uma cena de "Mocinho Encrenqueiro" filmada na fachada desse mesno estúdio, tirada da versão digitalizada da gravação em VHS que fizemos da exibição do filme no Canal 21 de São Paulo, em 1997, nela, o personagem de Jerry Lewis, Morty Tashman, no início da história, cola cartazes na parede do Stage 4, e apesar de enrolar-se completamente com a tarefa, chama a atenção de um diretor da produtora Paramutual que observa suas desventuras pela janela e decidir incumbir Morty de circular como uma espécie de espião por entre todas as atividades realizadas no estúdio, inclusive a enfermaria que acabamos de ver aparece como a seção de serviços gerais da Paramutual... Lara nos proporciona mais uma rodada de tablet com os filmes rodados nos estúdios por onde passamos, entre o Stage 4, o Stage 6 frente a frente, o Ray Milland Building e a oficina ao lado do Stage 17, agora vimos cenas de "O Crepúsculo dos Deuses", "Ghost", "Família Addams" (a versão com Christina Ricci fazendo a Wandinha...) e "Quanto Mais Idiota Melhor" (Cassandra, corre aqui...), além da séries "Bonanza" e "Mc Gyver" (na Globo, "Profissão: Perigo"...)... Deixamos a avenida Coppola e pegamos um beco com depósitos de paredes de zinco usado em "Transformers", no alto um descascado anúncio da Companhia Telefônica Brasileira, quer dizer, Bell Telephone Company, o sino é o mesmo, "Serviço Local e Interurbano", o nome Bell, que vem do inventor do telefone, Alexander Graham Bell, designava as empresas telefônicas locais pertencentes ao grupo AT&T, a CTB, cuja dona era a Light, empresa de origem canadense, foi nacionalizada e depois transformada na Telesp e na Telerj, que desapareceram com a privatização do Sistema Telebrás, em 1998, a Telesp virou Telefônica e depois Vivo, a Telerj foi incorporada a Oi, que hoje só opera telefonia fixa e banda larga, a operação de celulares foi dividida entre as três empresas que dominam o setor no Brasil, Claro, TIM e Vivo, digo isso porque um tio nosso trabalhou na CTB e hoje o Passaporte Claro nos serve bem, embora antes dele tenham negado a venda de roaming internacional porque a linha era recém-adquirida e a primeira fatura não estava fechada, a batalha final de uma luta de quatro anos para trocar o celular pré-pago, que nunca tem crédito quando a gente precisa, por um de conta... Um caminhão da Topega Lumber Co. está descendo a lenha para abastecer o setor de carpintaria, que tem um pano verde na entrada para segurar a serragem, passamos de novo pelo setor de pintura, clicamos a porta da edição (Editing) que só observamos na ida, os caminhões são da Buena Vista (Valdisnei), entre o Stage15 e o Stage 16 há um "food truck", a serviço de outra empresa do grupo, a Star (antiga 20th Century Fox, cujos estúdios em Hollywood não são abertos a visitação), de novo na Michael Bay Avenue, Stage11, Stage12, caixa d'água, estacionamento con um Tesla Cybetruck parado, brincamos com a guia que esse modelo de carro não existe no Brasil, na verdade não é fabricado em nosso país, porém é possível importar uma unidade por 1,5 milhões de dólares, um levantamento de fãs da marca indica que no último mês de setembro havia nos registros do Detran dados sobre 15 Cybetruck, carro que costuma ser destruído das mais diversas formas em vídeos do TikTok, Lara conta que no passado a área do estacionamento foi cenário para filmes de faroeste, numa das fotos exibidas no tablet, dá para ver ao fundo o alto da fachada em frente ao Tanque B e o topo da caixa d'água, em outra imagem, a mesma parede, pintada de azul, faz as vezes de um céu sem nuvens... Voltando ao percurso, quase um carrinho bate num Cadillac azul, entramos no beco onde é gravada a série "The Rookie", entre a 6th Street e a Avenue C, olhamos um prédio em estilo neoclássico meio Pátio do Colégio e descemos para o almoço, não sem antes a guia apontar o "Hollywood Sign" no horizonte, exatamente atrás do Stage 30 e do Stage 31...
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E na entrada do The Archive Building, com seu monumental acervo audiovisual, um singelo aviso de Não Fume... |
Somos introduzidos no The Dining Room, um restaurante no melhor estilo "casual" e colocados numa espécie de solário, decorado com plantas, chegamos na hora que terminavam de arrumar o buffet, o cardápio do dia está nas mesas, o nosso vamos levar de recordação, uma garçonete nos serviu água e depois quando perguntou se queríamos alguma bebida em específico, pedimos Coca Zero, e seu colega garçom nos abasteceu três vezes, sempre com gelo na medida certa... Atualizei o Instagram, conferi algumas reações às postagens nas redes sociais, li rapidamente "Gato Preto em Campo de Neve" e encontrei a parte em que Érico Veríssimo almoça no restaurante do estúdio, possivelmente no mesmo local onde estamos, mas talvez um bandejão, dada a presença de figurantes caracterizados, e o pessoal que o acompanha a mesa, ao ver Bing Crosby almoçando de chapéu, comenta sobre a preocupação do ator e cantor em esconder a calvície... Vou ao buffet, tem tábua de frios e vários tipos de pães, pegamos o australiano, que assim como seu grande propagandista, o Outback, não surgiu na Austrália, uma espécie dr brusqueta com alface, nos pratos quentes, cubos de carne, chegamos na hora que repuseram o filé de frango, uma parmegiana com queijo e pouco molho de tomate, ao contrário dos pratos servidos nos restaurantes de São Paulo, e que agradam muita gente, não a nós, purê de batata, o mais saboroso de toda a viagem, porque em geral os que são servidos por aqui têm pouco tempero e é preciso recorrer ao molho para melhorar o gosto, um penne ao pesto, e de sobremesa, amoras, framboesas, morangos, brownies, cookies, que estávamos comendo quando Lara avisou que retomariamos o "tour" em breve, exatamente instantes após pedirmos mais um copo de Coke Zero Sugar, porém não atrasamos o grupo, nem mesmo escolhendo qual cartaz gostaríamos de levar de lembrança, optamos pelo de "Sonic3", que vai ser um dos presentes de Natal do nosso sobrinho, que adora games, puxou o pai... Voltamos a estrada, Stage 9 com armário na porta, Stage 23 e Stage 24, lembro de Nizo Neto dublando Michael J.Fox na "sitcom" "Caras e Caretas" e cantarolamos o tema da série de ação "The Mod Squad", também filmada no local, a trilha foi usada em "Friends" e no clipe dos "Inacreditáveis", os super-heróis do BBB5, hoje iam achar que é uma versão de "The Boys", ou seja, nem eram tão heroicos assim, olha o Stage 29 no fundo, o povo gosta de usar bicicleta por aqui, Lucy Building e Lucy Square, a moça com celular entra apressada no edifício, o laptop de Lara demonstra como "I Love Lucy" criou o esquema de filmagem em estúdios de televisão, com três câmeras, vide cena da fábrica de doces, mencionando que a produtora das séries de Lucille Ball, a Desilu, veio para o estúdio ao ser incorporada à Paramount, em 1967, seguem-se imagens comprovando que o gramado da pracinha onde estamos tem história, aparecendo nas séries "A Família Sol Lá Si Do", no original "The Brady Brunch", mas batizada no Brasil com uma referência a "A Família Do Re Mi", que no original era "The Patdrige Family", que virou um desenho com ambientação tirada de "Os Jetsons", sobre "The Brady Brunch", teve como "spin-off" o show de variedades "The Brady Brunch Comedy Hour", que ficou mais conhecido pela substituição de uma das atrizes principais, situação ironizada em "Os Simpsons" com a troca de Lisa, "Happy Days", Harry Winkler como o inesquecível Fonzie, para os estadunidenses, muito antes de "pular o tubarão", aquela mudança para salvar uma série que só precipita seu final, tipo o coma de quatro anos do Lineu na temporada 2012 de "A Grande Família", em seguida temos "Cheers" (olha a Kirstie Alley aí...) e seu "spin-off", "Fraiser", estrelado por Kelsey Grammer, a voz original de Sideshow Bob, porque na versão brasileira a nêmesis de Bart Simpson já teve quinze dubladores dubladores diferentes, incluindo André Filho e José Santa Cruz, uma constante na dublagem do "suppoting casting" da série, porque Bart só teve dois dubladores em 36 temporadas, Peterson Adriano e Rodrigo Antas, e não, Paulo Vignolo não foi o primeiro nem o único dublador de Nelson Muntz, o "Ha-Ha" típico do personagem foi feito até por duas mulheres, Carmem Sheila e Márcia Morelli, o que faz muito sentido, na versão dos Estados Unidos a voz é feita pela dubladora do Bart, a incansável Nancy Cartwright, e a recente série Big Time Rush... Vamos em frente, Stage 25, Stage 25, Leonard Nimoy St. (lembrem que ele evitou a destruição de Springfield pelo monotrilho), "Star Wagons", as parabólicas da Avenue C, "Green Lite Traillers", um gostinho do "backlot" de Nova Iorque, que inclui o prédio onde a família Rock reside em um dos apartamentos, na região de Bedstuy, o carrinho para no acesso da estação de metrô "fake" que aparece no filme "O Lobo de Wall Street" é caminhamos até o edifício em frente, a direita de uma fachada em reforma, o The Archive Building - o arquivo da Paramount, bicho!!! - embaixo da placa indicativa do edifício, um aviso, "No Smoking", os incêndios no depósito de filmes em 1929 e num dos cenários nova-iorquinos em 1983 não foram esquecidos, entramos no prédio, a direita, uma portaria repleta de objetos de cena de "Gladiador", a esquerda, funcionários trabalhando forte no computador, uma câmera 35mm, carrinhos com rolos de filmes e fitas de vídeo, painéis com cenas de filmes, um deles "Antes Só do que Mal Acompanhado", clássico da "Sessão da Tarde", com John Candy e Steve Martin sentados lado a lado, no meio, a porta do arquivo propriamente dito, Lara nos mostra uma moviola, o aparelho usado para cortar e montar filmes em película, e Moviola é outra daquelas marcas que virou sinônimo do produto, nesse momento a gente babava nos dois andares de estantes metálicas repletas de rolos de fimes de cinema, fitas quadruplex, Beta e formatos digitais para televisão, com uma etiquetagem multicolorida, nas quadruplex não achamos nenhum episódio do "Chaves", só o programa do caubói Roy Rogers, materiais de "O Poderoso Chefão" e "Gladiador" estão acondicionados em caixas de papelão, como acontecia numa certa emissora brasileira (a diferença é que não estão no banheiro...), a propósito, a aparência geral das instalações lembra o arquivo do SBT mostrado no programa "Operação Mesquita", porém com a mistura de formatos nas prateleiras dando ao local um toque bagunçado, por exemplo, numa prateleira estavam empilhados displicentemente rolos da minissérie de televisão "The Godfather Saga" e do filme "Apocalypse Now", a serie foi editada por Francis Ford Coppola compilando cenas dos dois filmes "O Poderoso Chefão" para aproveitar o "boom" de minisseries nos Estados Unidos iniciado com "Raízes" em 1977, para financiar a realização do filme, "The Godfather Saga" foi exibida no Brasil pela Band em 1978 e o diretor da emissora na época, Guga de Oliveira, irmão do Bofão e tio do Bofinho, diz em sua autobiografia que ele teve a ideia de passar "O Poderoso Chefão" em partes na emissora do Morumbi, quando na verdade a minissérie já foi adquirida pronta, a gente imagina que a parte onde tivemos acesso seja o acervo "de trabalho" e haja outra parte mais especifica para a preservação... O fato é que fizemos tantas fotos daquele "Cata Zorra" cinematográfico, sem acreditarmos no que estávamos vendo e registrando que nem demos conta que a bateria do celular dava seus últimos suspiros, quando subimos no elevador, que logo recebeu o nome de "Matlock", apesar de estar funcionando e chegamos a um mezanino onde ficam a salas do pessoal da produção de arte, com portas personalizadas, e a exposição de objetos por eles confeccionados, logo de saída vemos um colete de "Grease" e um terno de "The Offer", a série sobre os bastidores de "O Poderoso Chefão", o Ghostface de "Pânico", um pôster de "A Família Addams 2", a planta dos cenários do clássico natalino "A Felicidade Não Se Compra", estante com objetos de cena da franquia "Missão Impossível", suporte de papel higiênico usado em "Um Príncipe em Nova Iorque 2", a pistola de Antônio Bamderas, quer dizer, a arma do ator espanhol no filme do Bob Esponja, duas salas com figurinos, esculturas reproduzindo os degenerados personagens do filme "Sweeney Toad: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet", avançamos por um corredor estreito, o acompanhante da loira festiva detem-se na vitrina com "props" de "Star Trek", e a nossa bateria agonizando, mais uma vitrine, essa com adereços da série "13 Porquês", notamos as fotos nas portas dos produtores, um deles, Ray Bingham, anuncia-se como George Clooney, Edith Head está na porta, na sequência, uma revista Forbes com Fester Addams, mais conhecido como Ronaldo Giovanelli, digo, Tio Chico, na capa, o cartaz de "O Resgate do Soldado Ryan", e quando íamos chegando na sala do acervo de joias do estúdio, a bateria do celular arriou de vez... Foi então que contamos com os préstimos de Lara, que nos permitiu ir no carrinho pegar o celular de reserva e o "power bank", enquanto parte do grupo ia ao banheiro, para não deixar de registrar aquele local único, vide anúncio das projeções de teste de "Curtindo a Vida Adoidado", retornarmos, subimos de novo o "elevador de Matlock", voltamos a mostra de joias, fotografamos os adornos usados pela atriz Pola Negri na época do cinema mudo e pela cantora Rosemary Clooney em "Natal Branco" (1954)... ...voltamos às salas com figurinos e adereços, de "Os Dez Mandamentos" a "O Guru do Amor", os caninos de Eddie Murphy em "O Vampiro do Brooklyn", o cereal de "O Ditador', a bota do Tropeço da Família Addams, o retrato de Molly Ringwald na parede.. Mal tivemos tempo de fotografar todas as relíquias daquele local sagrado e, passando reto pelo metrô "fake", Lara nos levou para o interior dos prédios cenográficos, que basicamente abrigam o sistema de ventilação responsável por amenizar o clima durante as filmagens, o tablet é ligado para mostrar produções rodadas por ali, como "Forrest Gump", "Cloverfield-Monstro", "Vanilla Sky", "As Tartarugas Ninja" e "Jackass Para Sempre", deixamos o "backlot", passando pela First Entertainment Credit Union e o carrinho para em frente ao estacionamento no lugar do Tanque B, onde bem no meio tem uma Mercedes avulsa, e a atração do tablet são os filmes que inundaram o local, "Correndo Atrás do Diploma" (2002), "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2008), "Jornada nas Estrelas IV: De Volta Para Casa" (1986), "Jogos Patrióticos" (1992), "Congo" (1995) e, claro, "Os Dez Mandamentos" (1956), porque o dono da Mercedes vai se ferrar quando Moisés comparecer no estacionamento... O "tour" vai chegando ao fim, olha o Cybetruck de novo, devolvo os fones, na hora do almoço, distraído, demorei a tirar e só percebi a situação porque não queria ficar ouvindo as conversas da Lara, que agora avisa, "shopping", ou seja, a lojinha do estúdio, com a tradicional mesa da "Red Dot Sale", 1 dólar o DVD, 3 dólares o DVD, tinha o documentário "Uma Verdade Inconveniente", Al Gore, corre aqui, os filmes "No Limite" ("Overdrive"), "xXx: Reativado" ("The Return of Xander Cage"), com Vin Diesel, o próprio, "Do Jeito Que Elas Querem" ("Book Club"), "Operação Sombra" ("Jack Ryan: Shadow Recruit"), "Tudo Por Um Furo" ("Anchorman 2"), "Zoolander 2" (a capa ilustra o pote da caixinha da loja, com os funcionários na cara dos personagens...), "45 Anos", "Bumblebee" (o próprio, o robozão de Transformers...) e "Uma Repórter em Apuros" ("Whiskey Tango Foxtrot", com Tina Fey, o título original abreviado fica WTF, que papo é esse???...), uma variedade e um patamar de preços que lembra as Lojas Americanas antes da recuperação judicial... Além do saldão, há uma seção de lançamentos em DVD e BD que ocupa uma parede inteira perto do caixa, nos Estados Unidos aparentemente há espaço ainda para a mídia física, o poder aquisitivo é maior, não é aquela festa dos "serrotes" pedindo vídeos de graça que estamos acostumados no grupo dos "muquiranas", digo, de "lost media", no Facebook... Obviamente, nosso maior interesse são os livros e encontramos um tesouro, "Hollywood in Kodachrome", com fotos de astros da era de ouro dos estúdios de Hollywood (Carmem Miranda aparece em três páginas...), pela bagatela de 45 dólares, levamos também, por 23 dólares, a biografia da executiva da Paramount, Sherry Lansing, tudo deu 68 dólares, olhamos com interesse para "Drawing Directors", que estava aberto na página dos desenhos sobre Alexandro González Inarritu, que em 2 de outubro de 2026 deve lançar o filme "Judy", que não é sobre a maior rebelde sem causa de Marimbá e região, "sino", produzido e protagonizado por Tom Cruise, uma comédia dramática em que o baixinho das novinhas interpreta o homem mais poderoso do mundo, Elon Musk, corre aqui, ficamos interessados ainda pelo volume com fotos de Audrey Hepburn na década de 1960 e por Grease: The Director's Notebook", sobre a produção de "Nos Tempos da Brilhantina", porém seguramos os gastos pensando no peso da mala na viagem de volta... Na lojinha também há produtos do Bob Esponja, Sonic e Tartarugas Ninja, itens de "Missão Impossível" e "Poderoso Chefão" a dar com pau, por exemplo, o livro de receitas "The Corleone Family Cookbok" e "The Godfather Classic Quotes", de citações, aquela disputa particular entre os diretores e roteiristas de "Os Simpsons" e "Uma Família da Pesada" para ver quem cita mais filmes sobre a mafia, gênero que floresceu com a "Nova Hollywood" pela mão de cineastas que, como os criativos das animações, formaram-se em escolas de cinema, Coppola viu "Terra em Transe" durante o curso... A fila do caixa não andou muito, na frente estavam quatro chineses, um garoto e três garotas, os quais não tinham muita da lembrancinha com o logotipo do estúdio que deveriam levar, na nossa vez, os balconistas, uma moça e um rapaz barbudinho ficaram na dúvida sobre o preço dos livros, especialmente o de Sherry Lansing, a gente entende, mesmo convertendo em reais, a aquisição das obras é muito vantajosa... Saímos da loja às 14h04, Lara me entregou um canudo de papelão com o cartaz do filme "Sonic 3", que escolhemos durante o almoço e um envelope contendo a foto do Oscar, perguntei se poderia fazer uma foto do Bronson Gate, o portão histórico estampado em tantos “souvenirs” da loja, ela avisa, "está fechado para uma filmagem", então é isso, a guia leva nosso grupo para a portaria, pergunta quem vai usar Uber, reencontrei Courtney e seu boné, o porteiro passa o crachá e bye, na última foto que fiz de Lara, que lembra Patrícia Abravanel muito pelo físico esguio e pelo óculos, na comparação com as propagandas das óticas Gassi, onde a apresentadora também lembra o pai, que colocou óculos na estreia de "A Praça é Nossa", em 1987, na fotografia também apareceu a loira do casal, que tem cara de vampira, digo... Voltamos num Ford Fusion híbrido que desconfiamos ser dirigido por um brasileiro pelo nome do motorista, e de fato, Márcio veio de Fortaleza, nos perguntou do endereço, "é hotel, é???", comentamos que estamos de férias e ele sugeriu que a gente vivesse em Los Angeles para trabalhar na cidade, só se for de guia nos estúdios de cinema, problema é a nossa idade, e basicamente a demanda por guias em português é na Warner, pois na Universal, quase não há brasileiros, diferente de Orlando, lá na Flórida essa presença maciça virou tema de filme com Edu Sterblitch, "Dois é Demais em Orlando", Daniel Furlan trabalhando forte no choque de cultura e Luana Marthau excelente no papel da vlogueira que é mãe de um menino que vai visitar os parques pela primeira vez, na Califórnia, a versão em espanhol dá conta, os da Paramount e Sony são desconhecidos dos brasileiros, mas agora, que há um incremento das viagens a Los Angeles, com voos diretos, e uma certa saturação de Orlando, vide briga do Valdisnei com o governo da Flórida, quem sabe, embora viajar para Orlando ainda seja mais vantajoso quanto aos preços de passagens e hospedagens... Chegamos 14h40 no hotel e as filmagens prosseguem no bar, vamos pata nosso apartamento, postar no Instagram e pegar Coca Zero na máquina do corredor para não arriscar nosso pescoço indo no Walgreens, porém só saímos 16h15, descendo até o sexto andar porque a "vending machine" do nosso piso, o oitavo, está quebrada, e duas estadunidenses observando a Sprite Lima Limão (aquele gosto, brrrrr...) que sempre vem quando pagamos a Coca Zero com o cartão... Meia hora depois, saímos para jantar, já está anoitecendo, tem uma chuvinha na Pershing Square, clicamos o ônibus para Valdisneilândia e apertamos o passo, o China Cafe está vazio, sentamos numa mesa ao lado do caixa, comi o chow mein da casa, sem pimenta para não ficar muito indisposto, terminando a refeição imaginei que algum box do Central Market pudesse ter Coca Zero de 2 livros, porém só achei o refrigerante mexicano Jarritos, há um grande painel com garrafas de vários sabores, e Coca-Cola comum, em garrafas de vidro de "medio litro", o que no Brasil era chamado de "Coca-Cola Família", nos fundos do mercado, do lado oposto da rua, a Guadalupe Wedding Chapel, na entrada da frente, em plena calçada, um passador de cachorros... A chuva engrossou, pedi um Uber para o Walgreens que custou 16 dólares, o motorista negro perguntou o que comi no Central Market e nos deixou do lado oposto da esquina do Walgreens na 7th Street, onde o térreo de um edifício serve de acesso para q estação de metrô, a porta da loja de conveniência estava guardada desta vez por dois seguranças uniformizados, um deles a cara do Jorge Lordello, tive sorte de pegar uma promoção de Coca Zero, duas garrafas de 2 litros por 6 dólares, o preço normal é 3,39 dólares cada, sem impostos, que somados a duas sacolas plásticas de 10 cents, elevam o preço promocional a 6.95 dólares, tome fila, com a filha da mulher que orientou a moça do caixa ontem, vou a pé para o hotel, ligeiro, são 18h39 e ainda estão filmando no bar, fui para o quarto escrever e postar no Instagram, parei tudo 22h45 para a ceia, sanduíche de "roast beef and cheddar" e a Coca Zero do Walgreens agora gelada no frigobar, o lanche não comi de manhã pois ainda me recuperava das fortes emoções na churrascaria brasileira na 7th Street, regadas a muita "tap water" com gelo...
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Lara, a guia, não avisou para dono da Mercedes estacionada no Tanque B que quando Moisés voltar, alaga tudo... |
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