 |
E a paulistana Júlia descreveu com detalhes a produção de O Mágico de Oz nos estúdios da MGM, hoje da Sony... |
A visita ao estúdio da Sony é o último "tour" da nossa viagem a Los Angeles, depois é parque, parque, parque, parque, acordamos bem cedo, 5h25 da madrugada, tínhamos anotações a fazer, tomamos café 7h35, um sanduíche NY Deli do Walmart, com pastrami, o estúdio da Sony é bastante peculiar, a maior parte de sua história foi vivida pela Metro Goldwyn Mayer, e os direitos dos filmes que fez ali até 1986 estão nas mãos da Warner, da qual a Columbia, que está completando 100 anos, foi vizinha de porta por muito tempo, uma bela história, junto com a da Screen Gems, porém ambientada no chamado "Columbia Ranch", em Burbank, são 8 horas, e depois do banho coloco uma camiseta do Playstation, o videogame da Sony, Yudi Tamashiro, corre aqui, que é vendida na C&A e ganhei no Natal do ano passado, do nosso irmão, que tem um XBox em casa, compramos para ele em Orlando... Deixamos o quarto 8h40 da madrugada, dividindo o elevador com um chinês de óculos, acompanhado da filha pequena, coloco o cartão no painel e aperto o botão do "lobby", ao chegarmos, ele sai com a menina e vão fazer fotos no saguão, o Biltmore é um hotel de luxo, classificado como quatro estrelas, realizando um forte trabalho de promoções para hospedagem e na locação de seus espaços suntuosos para filmagens, que estão registradas nos quadros com fotos colocados nas paredes dos corredores, e ao mesmo tempo possui comodidades típicas dos hotéis de estrada, como micro-ondas, máquinas de gelo e de refrigerante, que ficam na área comum dos andares... A fila na recepção indica que as pessoas estão aproveitando bem as promoções, até supomos que, com sorte, Los Angeles torne-se um destino tão concorrido como Orlando, o que dificulta são os custos, há menos voos e a passagem é mais cara, o Valdisnei é longe da cidade, mas tem a vantagem do aeroporto ser servido por metrô, e o parque da Universal também, nesse caso acreditamos que fizeram isso para o sistema ser mais rentável, o automóvel particular é de longe o principal meio de transporte da cidade... Mas o brasileiro é assim, "mochileiro" pela necessidade de economizar, a esse fator se deve uma predileção pelo turismo de natureza, mas esbanjando com alimentação, como demonstram os vlogueiros de viagem no YT, claro que há aquelas devidas exceções de turismo urbano, destinos que podem ser considerados "pão com ovo", por exemplo, Buenos Aires, Santiago, Orlando e até Nova Iorque... Passamos pelo táxi de plantão na entrada do hotel, sempre um Toyota Prius, e embarcamos no Uber, um Honda HR-V, dirigido por Zuliana, o banco traseiro todo remendado, o chão coberto de farelo, contamos que nos Estados Unidos preferimos falar espanhol, ela comenta que é possível viver falando apenas esse idioma em Los Angeles, e que os estadunidenses falam inglês "muy pegado", quer dizer, muito rápido... Para não escrever sobre a motorista do Uber durante a viagem e não parecer indiscreto, posto fotos no Instagram (C) da visita à Paramount, a Red Dot Sale, a despedida da guia, depois faço cliques da janela do carro, inclusive de uma lanchonete Jack In The Box, só para postarmos que tinha uma na região da Brigadeiro, ao lado do Jumbo que virou a primeira loja do Extra, porque quem trouxe a franquia para o Brasil foi o Grupo Pão de Açúcar, a Robeks Fresh Juices & Smoothies nós não conhecemos, já o restaurante indiano Samosa House, não confundir com Samosa & Company, Erik Jacquin, indica que estamos chegando, Zuliana faz o retorno na entrada do estúdio e nos deixa na esquina com o Starbucks, bem a frente a um canteiro com as viçosas suculentas tão ao gosto da nossa mãe... Desembarcamos 9h03, um "Culver City Bus" de cor verde dobra a esquina, notamos que na fachada do restaurante indiano há uma placa de propaganda eleitoral, atravessamos a rua e vamos fotografar, "Raji Rab Governor, Real Change, Real Relief, Real Fast", Ronald Reagan e Arnold Schwarzenegger começaram assim, administrando a Califórnia, eles eram Republicanos, Raji é Democrata, embora tenham acontecido eleições no começo do mês, a propaganda é para o pleito de 3 de novembro de 2026, do lado da rua do Samosa House, há um condomínio residencial de casas térreas, voltamos para o lado do estúdio, fotografando um parquímetro, que não é aquele achado pelo Homer Simpson no lixão, usado para enganar seu vizinho Ned Flanders, e chegamos a porta do estúdio de Culver City, com seus respectivos canteiros de suculentas rodeando as placas da Sony Pictures e da Sony Music, e num poste perto da portaria, vemos o anúncio de uma professora de alemão, Julia Bogatyreva, ilustrado com a foto de seu rosto, desses que você pode destacar um papelzinho com o telefone de contato, muito comuns em murais de faculdades, quer saber, acho que vamos votar nela, digo... Postamos no Instagram o Jack, o Raj, a xará, as suculentas, clicamos alguns Culver City Bus que passavam e encaramos a portaria 9h26, interfonamos, "studio tour", abriram o portão, o segurança na cancela disse "bom dia" mas desconfiou da gente fazendo foto, apesar de termos visto o "Visitor Center" do lado esquerdo, fomos para o estacionamento, na direção oposta, onde fica a recepção do "tour", que está em reforma, passamos pela entrada dos banheiros, onde há máquinas de refrigerante e "snacks" e chegamos a rampa que serve de "sala de espera" da vista guiada, na base há um "banner", "book your tour today" e o detector de metais operado por um homem negro alto de meia-idade, na subida estão os bancos para aguardar a vez de ser introduzido no estúdio... O grupo das 9h30 estava acabando de sair, levado por uma guia muito parecida com Miley Cirus, que nos perguntou se estávamos no tour das 9h30, das 10 horas ou das 10h30, respondemos que tínhamos reserva para as 10h30 da madrugada e fomos pegar uma Coca Zero na máquina, observando para o nosso amigo Luis Paulo que a latinha custou 1,50 dólar, nas máquinas do hotel, a garrafa de 600 mililitros é 3 dólares, mesmo preço da Coca Zero de dois litros na loja de conveniência Walgreens, por ser tudo em dólares, ele acha caro, mas se diverte convertendo, ao contrário da maioria dos turistas brasileiros... Sentamos num banco para ler o relato de Érico Veríssimo sobre sua visita a Culver City em 1941, quando o estúdio era ocupado pela Metro, o escritor gaúcho conta que compareceu de ônibus, "em menos de meia hora de viagem", nossa viagem com Zuliana no Uber demorou 24 minutos, ao custo de 44,94 dólares (28,09 dólares de impostos...), no estúdio ele viu a filmagem de um drama de guerra, "They Met in Bombay", ele escreveu "Bombaim", o nome pelo qual era conhecida a cidade de Mumbai, na Índia, então uma possessão inglesa em plena Segunda Guerra Mundial, o filme é estrelado por Clark Gable, o próprio, de quem Érico ressaltou a pele bronzeada e os músculos, e Rosalind Russell, da qual destacou a inteligência, produção dirigida por John Ford, para quem o Rhett Butler de "E O Vento Levou" teria resmungado ao saber que teria de refazer uma cena de batalha, "que exército brabo!!!", para nossa surpresa, ao pesquisamos no Google o título em português, "Aventura no Oriente", descobrimos que na verdade o diretor do filme era Clarence Brown, nessa época John Ford filmava "Como Era Verde Meu Vale", observação que registramos de pronto no Instagram (C)... Perto das 10 horas da madrugada, pensamos em ir até a mesa que servia de sede do "Visitor Center" para apresentar o "voucher" do "tour", mas a passagem está obstruida, tento novamente e encontro duas guias, uma loira baixa de olhos verdes e uma oriental mais alta, de cabelos castanhos, que verifica meu nome na lista, momento onde temos a satisfação de saber que ela é brasileira, veio de São Paulo e se chama Júlia, ou seja, a visita vai ter outro sabor, pergunto o "What is your name???" da outra guia, ela diz que se chama Emma, pego outra Coca Zero na máquina e volto para a rampa de espera, no alto há dois "backdrops", um com "papparazzi" fotografando e outro com o logo do estúdio, na rampa, atrás dos bancos, há "banners" das produções da Sony Animation, "Angry Birds", Miranha, "Hotel Transilvânia" e "Tá Chovendo Hambúrguer" e dos "game shows" "Jeopardy" e "Wheel of Fortune" , nessa altura, havia 15 pessoas no local, que tem aquecedor, desnecessário naquele dia porque o tempo estava bom, e fomos contabilizando os novos visitantes que chegavam, todos somados no WhatsApp, 22, 25, 28, 30, não podemos esquecer que estamos na semana do "Thanksgiving Day", época que os estadunidenses viajam muito pelo país, chega a hora de entrar na fila do raio-X, paramos no "banner" com os apresentadores do "Wheel of Fortune", Pat Sajak e Wanna White, abro o celular e busco uma foto de Silvio Santos e Rebeca Abravanel no "Roda a Roda Jequiti" para efeito de comparação, chega a nossa vez, colocamos em potinhos os itens críticos da revista, celular, carteira, câmera, e passamos pelo raio-X, que o "tour" comece...
 |
Apenas Barbra Streisand pode usar o estúdio exclusivo para trilhas de filmes, tanto que gravou 11 álbuns por ali... |
Somos levados ao "visitor center", passando pelos cartazes dos próximos lançamentos do estúdio, por exemplo, "Karate Kid Legends", que estreia nos Estados Unidos em 25 de fevereiro, olhamos o furgão de aluguel de têxteis, a parede com a placa de Akio Morita, o fundador da Sony, depois dissemos, de brincadeira, que trouxemos nossa câmera Cybershot e o celular Z10 para visitar a casa do vovô, do lado oposto, as paredes da garagem são tomadas pelos lançamentos musicais da casa, uma paisagem dominada por Beyoncé cavalgando no anúncio de "Cowboy Carter", os "beyhives" brasileiros iam ficar doidos, entramos no centro de visitantes, cruzamos a portaria que tem bonecos de papelão de Rita Rayworth, As Panteras (alguém sussurra o nome original, "Charlie's Angels") e o Miranha é entramos no pequeno museu que tem tudo sobre "Breaking Bad" e "The Goldbergs" é nada sobre "Seinfeld", a não ser o cenário da série, objetos de "Men In Black", figurinos de Katey Sagal como Peg Bundy a Camilla Cabello como Cinderela, apetrechos dos Caça Fantasmas e o beco instagramável do Miranha e seus inimigos, onde aproveitamos para falar com Júlia:
- Você sabe o nome das séries em português...
- Nem todas, nem todas...
- É o grande problema dos "tours" de estúdio, no da Warner as meninas não sabiam que "Full House" é "Três é Demais"...
Claro que esse é uma preocupação principalmente no caso da Warner, cujo "tour" é oferecido pelas agências de turismo brasileiras, ao contrário das visitas a Paramount e a própria Sony e o da Universal quase não têm brasileiros, diferente dos parques de Orlando... A guia foi ajudar os visitantes a tirarem fotos com as estatuetas do Emmy e do Troféu Imprensa, digo, do Oscar, que não é o irmão do Tadeu Schmidt, o sistema de som do museu nos trouxe uma excelente lembrança do Brasil, a mísica "Stayin' Alive", o tema de abertura de "A Fazenda", continuamos a registrar os itens em exposição, com certa dificuldade, havia 30 pessoas num recinto pequeno, porém nos encontramos ao ver um porta-retrato com a foto de Tobey Maguire como Peter Parker, aí decidimos fazer um ensaio com outros retratos de família, da série "The Crown", Ice Cube e aquele com o vidro quebrado das Panteras... Hora de ver o filme com a história do estúdio, no caminho para a sala de projeção, fotografo a placa do Stage 30, um carrinho elétrico da brigada de incêndio com a bandeira dos Estados Unidos, os quadros no corredor que dá acesso à sala são "Karate Kid Legends", "Venom: The Last Dance", "Heart Eyes", mistura de comédia romântica e terror (estreia em 7 de fevereiro nos Estados Unidos...), "One of Them Days", comédia, ("Um Daqueles Dias", em tradução literal...), "Kraven: The Hunter", com um dos vilões do Miranha, e "Paddington in Peru", aponto para o cartaz com o ursinho de pelúcia inglês e brinco com a guia, "achou que eu ia falar do Venom, hein???"... Sentamos no último assento disponível na salinha para ver o filme que começa com o "Hello, Hello, Hello!!!" de "Os Três Patetas", com Joe Besser, feita para a abertura da última leva de curtas de cinema, lançados pela Columbia entre 1957 e 1958, era o ato final do trio na tela grande, todavia, o braço televisivo do estúdio na época, a Screen Gems levou a série para a televisão em 1959, causando um "boom" que tornou os Patetas "atemporais", e levou a produção de um desenho animado, com introdução "live-action", e uma sequência de longas-metragens, todos com Joe De Rita completando o grupo... Logo depois é contada a história da fundação da Columbia, concebida para ser uma produtora que filmava com extrema rapidez, chamada inicialmente de CBC, iniciais dos sobrenomes de seus fundadores, Harry Cohn, Joe Brandt e Jack Cohn, sigla adaptada para "Corned Beef and Cabbage", carne enlatada com repolho, um prato servido pelos imigrantes irlandeses no Dia de São Patrício, porém a produtora vai adquirindo uma excelente reputação a partir da cena da carona em "Aconteceu Naquela Noite", de 1934, até tornar-se "o estúdio que mais ganhou Oscars de Melhor Filme do que qualquer outro" (doze entre 1934 e 1987, este com "O Último Imperador"...), corta para a trajetória da antiga ocupante das instalações de Culver City, a Metro, com referências a "O Mágico de Oz", de 1939 e a escolinha do estúdio onde Elizabeth Taylor era a aluna mais inteligente da classe, é abordada a saída da Metro em 1986 e a chegada da Columbia , já sob o comando da Sony, em 1989, a linha do tempo é recuada para mostrar a trajetória da Screen Gems, depois Columbia Pictures Television e por fim Sony Pictures Television, com um portfólio de séries consagradas que vai de "Papai Sabe Tudo" a "Seinfeld", passando por "Jeannie é Um Gênio" e "Um Amor de Família", são mostrados os êxitos recentes da Sony Animation e uma coletânea de cenas de filmes clássicos, como "Doutor Fantástico", "Nosso Amor de Ontem", "Taxi Driver" e "Caça Fantasmas", fechando com Will Smith em "Homens de Preto" e um trailer de "Paddington in Peru"... Nesse momento, quando vemos que o filme está salvo em um pen drive, Emma e Julia anunciam que o pessoal na sala será dividido em dois grupos, naturalmente olhamos para a brasileira pedindo para ficar com ela, na saída, passando pelo estúdio 27, falei:
- Aquela cena do "Caça Fantasmas" que aparece no filme foi feita no hotel onde estou hospedado, no centro de Los Angeles...
- Acho que me lembro...
- É muito usado em filmagens, até de um clipe da Taylor Swift...
- Tenho uma amiga que participou de um clipe dela...
Comentei também que para a minha geração, o nome Screen Gems representa muito, porque boa parte dos desenhos animados e séries de sucesso que víamos na televisão entre as décadas de 1960 e 1980 vieram dela, por exemplo, "A Screen Gems do Brasil apresenta um show de bom humor e gargalhadas com Os Três Patetas", Júlia lembrou que o escritório da Screen Gems fica ali no estúdio (embora hoje ela não seja voltada a produção para televisão...) e mencionei um amigo que é não só apenas um grande fã como especialista nos Três Patetas, e certamente ficaria muito satisfeito em comparecer neste "tour"... Paramos na porta do Stage 15, o qual não temos permissão de fotografar, apesar de estar ocupado com um cenário que lembra vagamente uma caverna, lacuna que é compensada pelas explicações de Júlia, que parou em frente a placa que indica os filmes realizados no estúdio, ladeada por duas bicicletas, a guia, que demonstrou ter muita habilidade para ir falando e andando para trás, posicionada a frente do grupo de visitantes, revela uma desenvoltura ainda maior ao descrever os filmes que foram rodados no Stage 15, como "O Mágico de Oz", falando em inglês, com riqueza de detalhes e pontuando sua fala com gestos, quase uma atriz em cena, nem é preciso tradução quando ela fala da Estrada de Tijolos Amarelos, e cita outras produções feitas naquele local, entre elas, "Força Aérea Um", "Homens de Preto", "Godzilla", "O Pequeno Stuart Little", "O Expresso Polar" e "Homem-Aranha"... Vemos um anúncio das viagens espaciais da Helios Aerospace, usado na série "For All Mankind", passamos pelo Stage 8, Stage 22 e Stage 7, todos trabalhado normalmente, e chegamos a área do estúdio que reproduz os "backlots" da Columbia e da Metro, abrigando setores da produção de filmes e a parte administrativa de algumas empresas do grupo da Sony, que contrastam com a moderna torre envidraçada com mesinhas de café no térreo, no antigo Stage 6, que hoje abriga a Screen Gems e o setor de aquisições internacionais da Sony Pictures Television, a guia aponta que ali filmaram "Cantando na Chuva", de 1952, nós lembramos do diálogo do Chapolin com o faxineiro do estúdio:
- Não estava chovendo...
- O engraçado é que sempre pensei que Gene Kelly soubesse dançar...
Explico que nesse esquete da saga "O Show Deve Continuar", Chespirito fez um cover de Gene Kelly cantando e dançando "Singing In The Rain", o que motivou o comentário do faxineiro, aponto a ela a placa do "Robert Young Building", que homenageia o protagonista de "Papai Sabe Tudo", um dos primeiros grandes sucessos da Screen Gems, e que inspirou "All In The Family", base da nossa "A Grande Família", os estadunidenses mais velhos do grupo riram litros com a cena do piano, exibida no filme sobre a história do estúdio, pegamos o beco e chegamos na entrada do edifício de Post-Production Services, com o William Holden Theater, Kim Novak Theater, Anthony Quinn Theater, Burt Lancaster Theater, ADR Stage 1, Foley Stage A, Dub Stage 17, Post Media Center... Julia avisa novamente que não poderemos fotografar, brincamos, "a guia na porta pode???", passamos por uma máquina de videoteipe da Sony e logo entramos na sala abarrotada de quinquilharias onde o técnico de efeitos sonoros, o "foley", produz todos os sons que são inseridos nos filmes, os visitantes põem os pés com gosto nos diversos tipos de piso existente na sala, a guia conta que o técnico reproduz até o barulho de um estômago roncando, faz menção aos ruídos de gelo congelando, demonstra como são feitos os ruídos de passos na floresta, amassando fita cassete, e arrasta um tubo metálico no chão para produzir um som usado nos filmes do Miranha, claro que a atividade do "foley" não se resume a mexer naqueles badulaques todos, e passamos por sua sala de trabalho com computadores de última geração e posters de filmes, um deles nos motivou a falar com Julia na saída:
- Vimos um cartaz autografado pelo Quentin Tarantino, com dedicatória ao "foley"...
- Sim, ele é um dos profissionais mais requisitados da indústria...
- Faltou só simular cavalgada com casca de coco - lá dentro a gente fez o Jean Michael Winslow e produzimos alguns ruídos com a boca, além de latidos e miados, até do "outro gato" do Chaves...
- A gente não achou onde estava...
- O Lima Duarte começou no rádio como sonoplasta em 1946 e teve uma reportagem que ele fez o barulho das patas dos cavalos com os cocos...
Na saída, em meio a imagens de filmes clássicos nas paredes do Sound Department, chegamos ao John Williams Music Building, onde está o Barbra Streisand Scoring Stage, fotos não permitidas, o qual no corredor de entrada tem placas com todas as trilhas sonoras gravadas naquele estúdio e seus autores, dos mais diversos estúdios, a guia cita especificamente Danny Elfman, autor do tema de "Os Simpsons", ao final do corredor, ao lado da porta de entrada, está a foto de Barbra, o estúdio é um enorme salão com paredes revestidas de madeira, com um telão no perto, ali onde fica o piano, com microfones em profusão para captar vozes e instrumentos, Júlia aponta para dois objetos pendurados no teto, uma bicicleta, resultado de uma trollagem com um técnico de som eficiente em seu serviço, mas chatinho no convívio, e uma miniatura da nave USS Enterprise, porque a trilha de "Star Trek", de 2009, foi feita aqui, a guia acrescentou que somente trilhas de filmes são gravadas no estúdio, a única pessoa do meio musical que grava discos naquelas instalações é a própria Barbra Streisand, que já realizou onze álbuns de estúdio, fomos em seguida para a sala de mixagem, que também é vedado a fotos, embora possua uma mesa de som quilométrica, com milhares de botões, um enorme hub de computador iluminado por uma luz azulada e ouvimos as explicações da guia em confortáveis poltronas de couro, uma delas teria recebido Strven Spielberg, na saída do estúdio, um japonês que estava acompanhado do filho fotografou o corredor do estúdio do lado de fora, e era visível em seu rosto a frustração por não ter podido fazer fotos lá dentro, nem do retrato da Bruna Griphao estadunidense, digo, da nossa parte confirmamos a informação sobre a exclusividade e os álbuns gravados pela cantora e atriz, pois já estávamos imaginando que Roberto Carlos, artista da Sony desde os tempos em que a gravadora se chamava CBS, tivesse gravado lá, a guia esclareceu, "não, talvez só alguém convidado pela Barbra, próximo a ela", citamos o Roberto porque, além de estarmos no dia em que ele gravaria o show a ser exibido no especial de final de ano da Globo, o qual especula-se que seja o último, devido a falta de acordo para a renovação de contrato do cantor com a emissora, que vence em março de 2025, Pancada nos informou que as reprises dos especiais de 2014 e 2015, já programadas pelo Canal Viva, que este ano mostrou todos os shows realizados entre 1974 e 1990, e de 2010 a 2013, foram canceladas, e o painel que representa a Sony Music tem Beatles, Michael Jackson e Roy Orbison, mas não o Rei, e pensar que aquela gravadora que reunia quase todos os astros e estrelas da MPB anunciava, "só não temos o Roberto Carlos"... Falando em fotografar, é hora de fazer o registro da visita com o fotógrafo oficial do estúdio, a gente que estava com a camisa do Playstation, fez questão de posar junto com nossa câmera Sony Cybershot, falando para a guia após a foto que aquele modelo é vendido no Mercado Livre por 3.500 reais, porque ela é muito boa para gravar vídeos do YouTube, preciosidade maior, só as câmeras Pentax na mão do turista japonês e de seu filho, onde conseguem filme de película???... Chegamos perto de dois carros ECTO-1 de "Os Caça-Fantasmas", a guia não acreditou que customizaram uma Caravan para fazer uma "Câmera Escondida" com temática da franquia no SBT, na Ivan Reitman Way, Júlia mostrou a fachada de prédio decorada como o QG do grupo, a "station wagon" dos Goldbergs, apontamos que parece o carro do Chevy Chase em "Férias Frustradas", vide revestimento imitando madeira na carroceria, o carrinho de futebol estadunidense com "Arnold Schwarzenegger vestido de velhinho da Quaker", usado em "Anjos da Lei 2" e o Pontiac Aztec da série Breaking Bad...
- Se aparecer no Uber, cancela, digo...
- Cybetruck também, acrescenta a guia, vimos um Dodge de "Cobra Kai" e diante do anúncio da Bellboy Biscuits na fachada do David Lean Building, olhamos por um dos buracos de bala do motorhome de Walter White e fotografamos o interior do veículo, seguindo pelo Gene Autry Building, homenagem ao famoso "The Singing Cowboy", Júlia inicia mais uma "corrida Naruto" para mostrar a rua pavimentada com Tijolos que remete a MGM, que tem edificações em vários estilos, neoclássico, vitoriano, art-decô, californiano, olha o Astaire Building, um boneco de ventríloquo tipo Sinforoso e Super Mario dão uma espiadinha da janela, as vitrine de uma loja trazem imagens de Rita Hayworth, que era Margarita Cansino, "nunca houve uma mulher como Gilda" e de Robert de Niro em "Taxi Drive", comento que um estagiário nosso fez um moicano igual ao de Travis Bickle, olha o Miranha na fachada de um cinema que anuncia o filme "Sem Volta Para Casa", um arco-íris ao fundo, que simboliza o estúdio, "somewhere over the rainbow", avistado perto do prédio que tem ao lado da porta uma placa com o desenho de um charuto e a inscrição Burns Building, para quem não ligou o nome à pessoa, é uma referência não ao patrão de Homer Simpson, "sino" a George Burns, um experiente comerciante que fazia o papel de Deus nos filmes da "Sessão da Tarde", perto do Ganer Cafe temos as vitrines do Cruchyroll, o "streaming" de animes da Sony, do "Shark Tank", a evolução do Miranha nos filmes do estúdio, o Capra Building, um banco de fachada que alude ao diretor Frank Capra, de "A Felicidade Não Se Compra", de 1946, um clássico televisivo natalino nos Estados Unidos e chegando a porta do Studio Store, recebemos do fotógrafo nossa foto em que colocaram ao fundo o cenário de "Jeopardy", podia ser o do "Roda a Roda", quer dizer, do "Wheel of Fortune"... Logo que abrimos a porta da lojinha, demos de cara com um bebezão, quer dizer, o livro oficial dos 100 anos da Columbia que custou 104 dólares, comentei com a guia, cujos pais ainda moram em São Paulo, que adquirimos na Festa do Livro com 50% de desconto, um preço similar ao praticado nos Estados Unidos. menor que o brasileiro, nesse de Los Angeles livros da Taschen sobre Los Angeles, adquirido por 250 reais, o que mesmo convetendo não chega aos 70 dólares do preço no site estadunidense da editora alemã, e a obra a respeito da cobertura fotográfica de Hollywood pela revista "Life" entre 1936 e 1972, inclusive o almoço festivo com o "casting" da Metro que apareceu no filme da entrada, pagamos a compra no caixa onde estavam um rapaz gordinho e uma garota baixinha, ao mesmo tempo que falávamos para Julia do desvalorizado "brazilian money", compramos uma sacola retornável por 1,65, "é muito boa", disse a guia, "vamos usar nas compras em São Paulo", respondemos, e fotografamos detalhes da loja, Miranha, o Geleia de "Os Caça-Fantasmas" e um livrão só com fotos de cachorros da raça golden retriever... Deixamos a loja, caminhamos por entre os paineis do Playstation e da Sony Music, a cooperativa de crédito ("loans"), o Studio Service Center, "Net Zero", o guia do tour das 10 horas da madrugada fazendo graça com um copo de café na mão, perguntamos a guia se vamos ver o "set" do "Roda a Roda", digo, do "Wheel of Fortune", a resposta é afirmativa, "se der tempo, e deve dar", olha a Screen Gems de novo, Stage 7, Stage 22, Stage 9 e chegamos ao local das gravações do "game-show" Jeopardy, olha as bancadas dos competidores e do apresentador, esta com todas as respostas, a estante repleta de estatuetas douradas do Emmy, um vídeo com George W.Bush e Jerry Springer, com quem Ratinho foi comparado quando despontou na transferência da CNT para a Record, em 1997, até no envolvimento com a política, Jerry foi prefeito de Cincinati, Ohio, nosso Carlos Massa foi vereador, deputado federal e é pai do governador reeleito do Paraná, Ratinho Junior, tem "Jeopardy" na capa da "Mad", que coincidência, Alfred E. Neuman e George W. Bush são separados no nascimento, e no jogo de tabuleiro dos Simpsons, no auditório da atração, Júlia fala para uma plateia atenta, que inclui uma senhorinha negra de cabelos brancos com dúvidas sobre o programa, o nosso questionamento fica para a saída:
- Os visitantes que não são dos Estados Unidos perguntam o que significa "Jeopardy"???...
- Sim...
- E o que quer dizer???...
- Algo como "risco", "perigo"...
"PRE-RI-GO", como diria o Seu Madruga dando aula (é Senhor Professor!!!...), no Brasil era capaz de chamarem de "Leopardo", nos vídeos do programa no YT dá para ter uma ideia do formato, os concorrentes arriscam-se a adivinhar quem é a pessoa ou o objeto a partir de suas características, "é cantor", "se come com pão", e por aí vai, Silvio Santos apresentava um "game" chamado "Arrisca Tudo", por falar no saudoso Senor Abravanel, a banquinha com o almoço da produção já está posicionada no caminho para o estúdio do "Wheel of Fortune", onde travamos um diálogo crucial com Julia:
-Vem muitos brasileiros por aqui????...
- De vez em quando...
- Eles percebem a semelhança entre o "Wheel of Fortune" e o "Roda a Roda"???...
- Não...
- Inacreditável, porque é muito evidente...
No corredor do estúdio estão as fotos do "host", Pat Sajak, que comandava a roleta, igual a de Silvio Santos, e Wanna White, que virava as letras do painel, igual ao do SBT, Patrícia Salvador, corre aqui, o microfone na parede indica que o programa tinha seu próprio Lombardi, o locutor Charlie O'Donniel, que trabalhou forte de 1976 a 2010, hoje a função é de Jim Thornton, o nosso Lombardi saiu de cena em 2009, sempre cultivando um mistério sobre seu rosto, poucas vezes mostrado na televisão, como na transmissão que a Globo fez do desfile da Tradição que homenageou Silvio Santos em 2001, entrevista cortada do vídeo do desfile que o SBT inesperadamente reapresentou logo após o Carnaval de 2024, e não só apenas isso, a tipologia das letras e números na roleta é igual, o BANKRUPT deles é o nosso PERDE TUDO, a guia conta na plateia com vista para a roleta coberta por um plástico do "poltergeist" que rondou o estúdio e a gente abre a foto dos apresentadores do "Brazilian Wheel of Fortune", Silvio e a filha Rebeca ("vou mijar!!!') no celular, para registrar com o cenário estadunidense, lembrando a Julia que sou do tempo do "Roletrando", nome intraduzível para o inglês, com tema de abertura escolhido pelo famoso sonoplasta Laurino Salvador, "Love Music", de Percy Faith, incluída no álbum "Disco Party", de 1975... Saímos do estúdio e avistamos a caixa d'água com o logotipo da Columbia Pictures "sustentada" por "banners" de séries da Sony na base, "The Boys", "The Good Doctor', "Lista Negra" (James Spader sem o cabelão de "Tuff Turf, O Rebelde"...), "Cobra Kai" e "The Goldbergs", o "Wheel of Fortune" é feito no Stage 11, Júlia fala que não há Stage 13 por razões de superstição, olha a moça de bicicleta, o meio de transporte mais usado para deslocamentos dentro do estúdio, a resenha da rodinha de funcionários, a entrada do Stage 15, a mulher apressada do figurino levando um vestido no cabide, placa do Stage 12, Stage 14, a placa "Scenic Arts" , os cartazes das próximas estreias e a despedida de Júlia, às 12h34, até a próxima!!!, a satisfação de ter uma brasileira como guia é indescritível, lembrando que uma das divisões do estúdio, a Sony Pictures Classics, é responsável pela distribuição e divulgação internacional de "Ainda Estou Aqui", produzido pela Globoplay, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernandinha Torres e Selton Mello...
 |
Quem poderia imaginar que os brasileiros não percebem semelhança entre Wheel of Fortune e Roda a Roda???... |
Atravessamos o portão do estúdio e caminhamos até o centro comercial do próximo quarteirão para almoçar no Pampa's Grill, um restaurante brasileiro que funciona a todo vapor, com os churrasqueiros reparando que estavam sendo fotografados, tanto quanto o buffet a quilo, ou melhor, a libra, que equivale a 453,5 gramas, pouca guarnição, até abrimos mão da carne de panela e do pão de queijo, e tome churrasco, pode baixar tudo, frango não, compensamos com duas linguicetas do Defante, aqui feitas com carne bovina, picanha, alcatra, maminha, carneiro, os churrasqueiros trabalharam forte, e os estadunidenses esperando na fila, imagina se tivesse cupim, não esqueçam do guaraná zero, tudo, comida mais bebida, deu 42 dólares, com direito a dispenser de molho de pimenta verde (spicy) e vermelho (jalapeño)... Terminado o almoço, vimos que dava tempo para uma visitinha ao estádio Los Angeles Memorial Coliseum, ainda no Brasil assistimos no YT as narrações de Álvaro José, na Band, e Osmar Santos, na Globo, da vitória de Joaquim Cruz na prova de 800 metros do atletismo dos Jogos Olímpicos de 1984, a primeira conquista de medalha de ouro transmitida ao vivo pela TV para o Brasil, que viu a arrancada do corredor brasiliense, de Taguatinga, na segunda metade da prova, a volta olímpica com a bandeira do Brasil e a emoção ao ouvir o Hino Nacional, na única vez que foi executado nos Jogos, o preço do Uber era um pouco puxado, 32,96 dólares, porém consideramos válido o sacrifício, embarcamos no carro de Sukhjinder, um rapaz barbudinho, quase íamos às lágrimas pensando na vitória de Joaquim Cruz, deixamos Culver City e chegamos a região do Museu de História Natural de Los Angeles, com "estaltas" de dinossauros enfeitadas com guirlandas natalinas, lembramos daquele episódio do "Feliz Dia da Geladeira" da Família Dinossauros, uma forma de não repetir o anacronismo dos Flinstones comemorando o Natal, em 29 minutos chegamos ao estádio, igual a todos os outros que recebem partidas de futebol estadunidense, com "naming rights", a parte de trás das arquibancas tem as cores vermelha e azul, as mesmas do time que manda seus jogos no local, o USC Trojans, da liga universitária, e da segurança que aborda o motorista em um portão aleatório, tivemos de pesquisar na Internet do celular uma foto da fachada principal do estádio para mostrar a ela, que indicou o caminho, porém o motorista andou uns poucos metros e nos deixou no portão seguinte, que não era o das fotos, descemos pensando na fria que havíamos entrado, quando aconteceu o "plot twist", o Uber voltou e deixou a gente mais alguns metros a frente, onde queríamos ficar, na entrada principal do Los Angeles Memorial Coliseum, que conhecemos assistindo os Jogos Olímpicos de 1984 pela televisão, o homem-foguete vestido de astronauta voando ao redor, porém, as grades que cercam o estádio estavam cobertas por um plástico preto, as únicas fotos que conseguimos fazer da fachada e das "estaltas" de atletas fronteiras foram pelas frestas da cobertura e das grades, um pouco comprometidas pelo sol das 14h45, vimos a placa de um programa de visitação, supostamente nas segundas e sábados, seguimos até o portão 29, onde ouvimos uma voz, que devia ser de um vigia, dizendo, "gate 16!!!", caminhamos por uma calçada coberta de folhas secas típicas do outono, numa trilha de postes com "banners" recordando os principais momentos dos 100 anos do estádio, comemorados em 2023, não só apenas no esporte, aqui aconteceram comícios de John Kennedy e Martin Luther King, um megashow de Bruce Springsteen e uma mossa rezada pelo Papa João Paulo II, temos certeza que o velho Woyjtila preferia o Maracanã, com a torcida do Flu cantando "A Bênção, João de Deus", no caso dos Jogos Olímpicos de 1984, a figura lembrada é a do corredor Carl Lewis, avistamos na cerca uma placa alertando, "Não Interaja com os Animais", domésticos e silvestres, no exato momento que um gato saiu de um buraco no plástico e foi correndo até o descampado do lado oposto ao estádio, bem em frente ao Museu de História Natural, onde alguns garotos jogavam futebol estadunidense, cena que já vimos no estacionamento em frente ao Estádio Azteca, na Cidade do México, será que teve calistenia com suquinho de laranja, avistamos um imenso museu de arte em fase final de obras, uma edificação futurista que é a versão mal desenhada do MAC de Niterói, o "disco voador" de Oscar Niemeyer, chegamos ao Portão 16, onde uma segurança conversava no celular dentro de uma guarita, ela saiu visivelmente contrariada por interromper a conversa telefônica, e provavelmente também por ter sido trollada pelo colega vigia do Portão 29, que mandou aquele sujeito para seu posto, disse que a entrada era proibida porque o estádio está sendo preparado para um jogo de futebol estadunidense, e não adiantou jogar no tradutor do Google e perguntar quais eram os dias de visitação, ela simplesmente voltou para a guarita e contou do ocorrido para uma colega de trabalho, da nossa parte, demos de ombros e voltamos para o descampado, pensamos em voltar a fachada principal e fazer mais fotos, porém decidimos postar no Instagram as imagens que já havíamos feito, um pouco pela frustração, ao mesmo tempo que nos dávamos por satisfeitos em ter registrado as placas sobre contato com animais e itens proibidos, quando sentamos num banco de concreto para pedir o Uber, tivemos a surpresa mais agradável daquela visita pouco empolgante, ele foi colocado na época dos Jogos Olímpicos de 1984, o que era atestado pelo símbolo da competição em baixo-relevo, e aquelas estrelinhas conhecemos muito bem, pois tínhamos uma camiseta com o símbolo e a mascote dos Jogos, a águia Sam, que usava cartola, com uma relíquia dessas, não dava para ficar com raiva, Elia Junior sentou aqui, pô!!!, foi uma providencial injeção de ânimo, porque o Uber veio só na terceira tentativa, mais tarde descobri que as visitas ao Coliseum acontecem nos domingos e terças, porém eu creio que seja melhor esperar pelos Jogos Olímpicos de 2028, que acontecerão ali, certamente com o estádio despojado de suas referências ao futebol estadunidense, na viagem com Murilo, fiz duas constatações importantes, o metrô, Linha 3, Amarela, passa bem perto do estádio, que fica em um parque, trafegando no nível da rua, e o campus da University of Southern California (USC) é grande, o motorista ainda nos brindou com uma passagem pelo "Skid Row", a área historicamente degradada do centro de Los Angeles, com as calçadas tomadas de barracas de sem-teto dos dois lados da rua, tudo isso a apenas três quarteirões de distância do hotel onde estamos hospedados, depois desse trecho, fizemos algumas fotos pela janela do carro para relaxar... No hotel, as luzes de Natal acabaram de ser instaladas no saguão, e uma cadeira estava reservada para o Papai Noel no acesso ao corredor, subimos para o quarto onde estava a nossa espera uma Coca Zero de dois litros geladíssima, pronta para ser aberta, lemos o livro do centenário da Columbia, focado no cinema e nos filmes de maior sucesso, poderiam ter citado "Os Três Patetas", mas é aquilo, o êxito deles na televisão foi muito maior, no livro "O Gênio do Sistema", sobre a Era de Ouro de Hollywood, o autor aponta que a Columbia era a menor das "majors", os grandes estúdios da época, porém adaptou-se bem à televisão (graças a Screen Gems), e postamos fotos até dizer chega... Saio para jantar no Central Market às 17h35, queria comer no box da salsicha, mas fecha cedo e logo estávamos novamente no balcão do China Cafe, onde a balconista enchia potinhos de pimenta, a propósito, a gente já desenvolveu todo um método para saborear o chow mein da casa, as carnes vão na borda do prato, no meio fica o macarrão, ali nós colocamos o shoyu do horóscopo chinês (2025 é o ano da cobra), a pimenta sriracha e o "chile" de pontinho, um tipo de pimenta calabresa com molho, muito forte, o caldo de missô que vem com o prato deixamos com a tampa aberta, para esfriar, com ele e a adocicada Diet Coke rebatemos a pimenta, enquanto as caixas de som sintonizadas no Spotify tocam uma "playlist" de música mexicana romântica, "eres la viva imagen de la derrota" ("Frente a Frente", Los Yonics), na saída, supomos que aquele rapaz irrequieto numa das mesas do mercado estaria nos seguindo, certeza mesmo é que o dono do bar La Cita estava na porta, lembrei do Peter Griffin cafetão, a Pershing Square está com uma vibe meio Tóquio, com os grupos de meninas de preto usando minissaia, ainda imaginávamos que estávamos sendo seguidos, fomos pela rua dr trás do hotel, pegamos a Grand Avenue, vimos um vendedor de bananas em frente ao carrinho de cachorro-quente onde o cartaz indicava que o dono é hondurenho, chegamos até a 8th Street (o hotel fica na 5th Street) sem botar que havíamos ido longe demais, porque prestamos mais atenção no morador de rua sentado na calçada com um cartaz pedindo doações e a família muçulmana que saía do mercado carregando uma dúzia de galões de água, vimos uma CVS, entramos, na estrada havia um segurança negro com cachorro a esquerda e uma árvore de Natal feita de garrafas PET de refrigerante a direita, apesar dessa inspirada decoração, só tinha Coca Zero de 1,5 litro, entrei no Whole Foods Market, porém aquele supermercado só vende produtos orgânicos para uma clientela "hister", restando somente a opção do Walgreens, onde a Coca Sem Açúcar estava no fundo da prateleira, e a fila estava longa, dali observamos um rapaz de azul entrar, indo direto para seção de acessórios para celular, fazendo menção de furtar um fone de ouvido, o que não era uma boa ideia, a prateleira ficava ao lado dos caixas, logo dois seguranças detiveram o rapaz, que tentou puxar conversa, mas foi posto para fora da loja, essa conversa de furtos à vontade é coisa de gente mal informada, porque a prevenção é pesadíssima, paguei nossa compra, duas Cocas Zero e um biscoito natalino muito vendido na loja, "one bottle in each bag, please", sai e numa parte escura da transversal da 7th Street, vi a mesma pessoa de azul, percebemos do que se tratava, ele não queria furtar nada, só "filmar" a clientela e investir em quem passasse naquela área sem iluminação, pegamos a direção oposta para voltar ao hotel, à noite, qualquer cidade do mundo é perigosa, especialmente nas áreas centrais, dá medo, mas também uma certa satisfação quando fazemos algum flagrante, e sendo véspera de feriado, o comércio fecha cedo, exceto talvez aquele bar com uma placa cheia de "Corotinhos", a versão alcoólica do Dollynho, "Jingle Bells At Joyce", de volta ao hotel, nos deparamos com os convidados de um "bar mitzvah" que acontece no salão de festas, o pai que era a cara do Sargento Rocha de "Tropa de Elite" levou suas filhas adolescentes de longo e o irmão menor de smoking para fazerem fotos na cadeira do Papai Noel, no corredor, o velho rabi na cadeira nos lembrou Silvio Santos, porém vendo a foto que fizemos, não reparamos no bigode, estávamos de volta ao quarto 19h30, e o biscoito recheado com chocolate do Walgreens não é nenhuma madeleine do Marcel Proust, porém garantiu inspiração para uma noite em claro escrevendo...
 |
Mas tudo que conseguimos no Coliseu foi descobrir banco onde Elia Junior sentou nos Jogos Olímpicos de 1984... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário