Que "Padaria" não saiba, mas estatura do Arthur de "A Praça é Nossa" é menor que original, que já não é alta... |
No BBB, todo ano, desde que divividram a casa em Camarote e Pipoca, quando acaba a temporada é assim: o desenrolar do jogo é elogiado, mas quem vence é criticado... Certo, desta vez sobraram ataques ao vencedor depois do final da edição, tem muita coisa que estava acumulada do ano passado, porém sempre surgem sugestões para mudar o funcionamento do “reality”... Várias delas se repetem a cada final de temporada, o que não é por acaso, porque a direção continua a apostar na “força do hábito” para conduizir o programa com fórmulas que tem perdido força, principalmente pelo aumento da mobilização organizada do público nas redes sociais, hoje em dia a narrativa dos programas da Globo não é comprada com tanta facilidade pela audiência como nos anos iniciais da atração... A sugestão mais frequente ganhou até o nome de seu maior defensor nas redes sociais, 1. Emenda Chico Sarney, assim batizada porque o colunista da UOL ano após ano sempre pede que a votação nos paredões seja limitada a um voto por CPF... Em tese, fim da festa de "fandoms", ADMs e "bots", todavia na prática, são apontados como obstáculos para a adoção dessa medida a limitação do número de votantes, e dar bilhão no paredão é atualmente o maior trunfo da produção na hora de buscar anunciantes para o programa, além da existência de geradores de CPF aleatórios... Então é por isso que algumas subemendas, quer dizer, propostas nas redes sugerem que os votos seja limitados a uma certa quantidade por CPF, entretanto, independente do número, os obstáculos de implantação permanecem os mesmos... O voto para ficar nos paredões, mais conhecido como, 2. Fórmula Fazenda, que tem esse nome por ser repetida a exaustão pelos “fanboys” do “reality” da Record, que são como os “SBTistas” da virada do século, só veem “A Fazenda” na frente e acreditam que os esquemas de Rodrigo Carelli e companhia são perfeitos e seriam a salvação do BBB, ou no mínimo garantem o biscoito em grupos sobre o programa da Globo... Então é por isso que nessa categoria também podem ser incluídas outras sugestões inspiradas em “A Fazenda”, como atribuir tarefas aos competidores ou oferecer benefícios aos que voltam do paredão... Ao ver a defesa que é feita do voto para ficar, dá para imaginar que estamos diante de uma fórmula "antiecológica", porque seu principal efeito, ao preservar concorrentes competitivos, supostamente seria eliminar as “plantas” da casa... E o exemplo citado neste ano é a permanência de Jessi nos paredões em que saíram Rodrigo e Jade Picón, como em outras temporadas era a estadia prolongada de Rízia Cerqueira no BBB19... Claro que os defensores da ideia, como fanáticos pela “Fazenda” que são, superestimam a sugestão, assegurando que irá mudar por completo o BBB, mesmo ignorando que a base dos dois “realities” é diferente, na Globo vale mais o protagonismo, na Record é a polêmica, por isso lá é mais interessante o voto para ficar... Ou que as ocasiões onde o critério foi adotado na atração global, o resultado não foi o que os seus adeptos esperariam, como no superparedão do BBB19, no qual a própria Rízia foi a quarta colocada na votação para ficar na casa, entre 17 concorrentes... E aqui entre nós, esse negócio de rotular o competidor como “planta” está virando pretexto para injúria racial disfarçada, tanto que um dos principais alvos desse tipo de crítica é Thelminha Assis, a vencedora do BBB20, porém vocês não estão preparados para essa conversa... Além do mais, num contexto em que os “fandoms” tem influência cada vez mais crescente no resultado das votações, é razoável supor que o votar para ficar, que poderia funcionar com as “plantas”, não teria eficácia contra “cactos” e outras espécies... Ops!!!...
PA da PN é interpretado por ele próprio, Buiú, exatamente o apelido de Douglas Silva na época de infância... |
No início da temporada do BBB, para tentar fazer a Pipoca estourar, a direção chamou o Casimiro, quer dizer, manobrou para atribuir os problemas do “reality” ao pessoal do Camarote, ou melhor, sobrou para o gordinho de novo, Tiago Abravanel... Isso deu força a uma sugestão de extinção do grupo, 3. Critério Censitário: fim do Camarote, dentro da lógica de que o “reality” supostamente funcionava melhor com anônimos que precisam do prêmio, e evidentemente, os Camarotes são as últimas pessoas no mundo que necessitariam do dinheiro, Tiago, então... Uma ideia que é refutada pela própria lógica de seus defensores, que ao defenderem competidores “jogadores”, algo que em outros setores da sociedade é chamado de “meritocracia”, rechaçam competidores de origem mais humilde, exatamente os que se enquadrariam nessa necessidade do dinheiro da premiação, Jessi, por exemplo, ganhava pouco mais que o salário mínimo como professora, rotulando eles automaticamente como “vitimistas”... Claro que a explicação dessa contradição é bem complexa, envolvendo desde ressentimentos com o resultado das duas últimas temporadas, especialmente a do ano passado, que ficaram represados pelo fato de Juliette Freire ter sido altamente aclamada (merecidamente, mas também para garantir alguns acordos comerciais de terceiros...), ou mesmo por ela ser branca, até arraigados preconceitos de classe, gênero e raça impregnados na sociedade brasileira e potencializados pelo bozismo, mas, enfim... Nesse ponto temos que dar razão ao Ciro e ao Matheus do OBQDC, o Camarote salvou o “reality” do ostracismo depois da monstruosidade que foi o BBB19, e esse ano novamente cumpriu essa função, afinal, o competidor que fez o programa se movimentar e acontecer nas redes sociais era exatamente um Camarote, Arthur Aguiar... Imagina o BBB 21 sem Camarotes e a direção tendo que segurar a “força do hábito” de Bárbara Heck para garantir um mínimo de audiência com o público mais conservador, especialmente os bolsominions???... Afora que os Camarotes garantem o “buzz” antes do início da temporada, pela expectativa de quem serão, Léo Dias, corre aqui, e por sua biografia pré-confinamento, Maíra Cardi, corre aqui, e também por cumprirem a função de “coelhos de prova”, que ditam o ritmo no começo da corrida e às vezes até vencem, então é por isso que Arthur voltou fantasiado de coelhinho da Páscoa ao sair do Quarto Secreto, digo... Falando em grana, a ideia de que o empenho no jogo é diretamente proporcional ao rombo no orçamento deu força a outra sugestão que envolve dinheiro, 4. Critério Censitário: Reajuste do Prêmio, não são apenas porque ele é o mesmo há uma década, mas também porque hoje a principal ocupação em vista para os competidores que saem do confinamento é ser “influencer” nas redes sociais, melhor dizendo, fazerem publis, e o BBB21 trouxe muita visibilidade até a concorrentes de outras temporadas, até a Paula Porca, de quem os anunciantes fugiram como o diabo da cruz depois de vencer o BBB 19 daquele jeito, emplacou o seu post anunciando energético... Sabe-se que o "reality" hoje é feito por uma fração muito pequena do que fatura em publicidade, mesmo com os pagamentos de lucros e dividendos aos acionistas da Globo, leia-se filhos e netos de Roberto Marinho, ainda sobra muito dinheiro... E aqui temos de evocar a famosa “força do hábito” do Bofinho, porque custou caro implantar a atração, pela aquisição dos direitos, que incluía outros formatos e uma parceria com a Endemol para comercializá-los no mercado brasileiro (e que, por exemplo, vendeu o conceito do "Topa ou Não Topa" para o SBT...), afora a tecnologia adotada, logo, fazia sentido, além das mesquinharias a varejo no dia-a-dia da casa, pagar um prêmio de apenas 500 mil reais ao vencedor, um verdadeiro "Show do Meio Milhão", e conforme a atração se consolidou, aumentar o valor até chegar a 1,5 milhão de reais, que é muito dinheiro diante do valor do salário mínimo (1.212 reais), mas é pouco comparado aos ganhos globais... E hoje em dia, essa estagnação não se justifica, inclusive pela pressão inflacionária no Brasil na última década, até o salário mínimo subiu (era 200 reais em 2002...), ainda que sem aumento efetivo, sendo algo que precisa ser resolvido efetivamente e não, como soubemos quando elaborávamos esse post, reajustando o prêmio do vencedor para 2 milhões de reais, só para o ganhador pagar mais Imposto de Renda, que também precisa reajustar as alíquotas há anos, a reforma tributária não acontece nunca, as classes mais baixas continuam proporcionalmente com os impostos mais pesados, etc,etc, etc... Alis, outras propostas que envolvem dinheiro, como o uso de estalecas para adquirir vantagens competitivas, serviriam mais para trazer ao confinamento as disparidades de renda que infelizmente estamos acostumados a ver fora da casa, aumentar o prêmio do campeão só depende do Bofinho criar vergonha na cara... Ops!!!!...
O Douglas original sofreu com as plaquinhas do "jogo da discórdia", o "cover" do SBT deu o troco no Cazalbé... |
Entre as sugestões para mudar as dinâmicas de votação, 5. Avalanche de Asteriscos, a mais comum é a volta do paredão duplo... Faz sentido, porque desde o início da era Camarote e Pipoca houve apenas um paredão duplo, entre Hadson e Felipe Prior, no BBB 20, e quatro paredões de quatro (!!!), um no BBB 20, o falso do BBB 21 e dois no BBB 22, um deles de mentirinha... Portanto, o restante dos paredões foram todos triplos, e nisso reside a maior dificuldade para mudar, novamente trazendo a questão da “força do hábito” do Bofinho, os paredões triplos se tornaram com o passar do tempo, desde que surgiram no BBB8 para impedir disputas embaraçosas como Alemão X Siri, a maneira mais cômoda de conduzir o jogo, tanto que desde o BBB 20 eles seguem até o final (o paredão de quatro que tirou Jessi na última temporada foi exceção, acreditaram que dava para eliminar Arthur com apenas um terço dos votos contra ele...) e, que pelo padrão da dona dos direitos, a Endemol, é necessariamente com três competidores, salvo imprevistos... Também é pedida a mudança das dinâmicas de votação, em especial o fim dos contragolpes e a volta ao esquema habitual, com o indicado do Líder e o dois mais votados da casa, em alguns casos com um nome escolhido pelo Big Fone, que tocaria mais vezes e não só apenas com essa função, tudo isso sem Bate Volta, ou que pelo menos ele aconteça menos vezes ou tenha menos provas de sorte... O curioso é que os contragolpes e a prova Bate Volta surgiram exatamente para agitar as rotinas de votação, tanto que outra ideia bem difundida para conturbar o confinamento são os 6. Jogos Vorazes, dinâmicas que saciariam a sede de sadismo de setores da audiência, como provas mais desgastantes ou humilhantes tipo "esfrega o esponjão", Xepa mais rigorosa... Nesse caso, a dificuldade para colocar essas ideias em prática, além do setor da audiência que tem repulsa a crueldade, que obrigou a abastecerem mais a Xepa por razões de pandemia e neste ano apareceu nas queixas contra o "Acampamento" de Jessi no gramado, são os patrocinadores... Um pouco menos no caso da Xepa, muito mais quanto às provas, porque eles forçaram a direção a ser mais cuidadosa na sua organização, as contestações acabavam batendo na porta dos anunciantes... Outro ponto bem criticado este ano, o predomínio de provas de habilidade e velocidade, tem na sua raiz na opção da produção em atingir um público que não é o “target” do “reality”, porém influi na audiência e até na publicidade, que é o infantil, criança curte colorido e correria, daí as provas viram um tipo de “playground”, sem fogo no parquinho... Ops!!!... Um fato é evidente, houve pouca alternância de grupos na liderança na última temporada, dos dez Camarotes, sete foram Líderes, todos os cinco homens e duas mulheres, entre doze Camarotes, somente dois alcançaram a liderança, todos eles homens, o que é um bom exemplo do estrago que faz a “força do hábito”, tantas lideranças deveriam desgastar fortemente o Camarote, o que não aconteceu, assim como ir sete vezes ao paredão não impediu a vitória de Arthur, também contrariando uma tendência histórica... O que nos leva às duas últimas sugestões desta lista são, ao mesmo tempo, as menos viáveis de serem seguidas e as que mais nos apetecem, 7. Fim do Voto Popular e 8. Mudança de Diretor: Chega de Força do Hábito, e elas também estão relacionadas... Sem a votação do público, o programa provavelmente adotaria o esquema do “Big Brother” dos Estados Unidos, no qual o eliminado é decidido pelo voto da casa, e o campeão é definido por um júri formado pelos eliminados... Ou seja, sem jogo externo, os competidores ficariam concentrados apenas e tão somente no jogo interno, estimularia uma postura competitiva e desencorajaria uma atitude vegetativa... Ops!!!... O problema é o fato de ser pouco provável que quem dirige a atração atualmente abra mão do voto do público, e não é nem só apenas pela questão financeira... Porque muito além do uso das votações como atrativo na comercialização do programa, o que mantém essa bodega no ar é a sensação de poder que a interatividade passa ao telespectador, isto é, a ideia de que está na mão dele decidir os rumos do programa nos paredões, e uma produção ancorada na "força do hábito" dificilmente vai pensar nisso, nem como teste, embora já tenha feito algo análogo na eliminação da Tetê no BBB19... Assim chegamos a última e mais utópica de todas as sugestões aqui debatidas, a mudança de diretor, ou melhor, a saída do Bofinho... Porque repetir as mesmas fórmulas no “reality”, com mudanças pontuais apenas a título de disfarçar a fadiga do material, fez ele criar uma rede de proteção maior que a da Jade Picón, hoje, tudo na Globo que não é dramaturgia, esporte e jornalismo está sob o comando dele, então é por isso que Ana Furtado e André Marques são tão onipresentes na programação da Globo... Mesmo perdendo a disputa de narrativas para as redes sociais com cada vez mais frequência, ele não vai abrir mão da zona de conforto, de trocar de Ferrari todo ano, vai fazer a Bárbara Heck e manter a “velha firma” por "força do hábito"... Não conseguindo dobrar o “fandom” que manda nas votações, vai fazer como no BBB17 e agora no BBB22, montar o programa para os “haters”, ou ficar dando palco para porca, como no BBB 19, ou ainda cobrar “pedágio”, como no BBB21, sempre acreditando que ainda tem uma chance de manter sua soberania na condução do programa, como acontecida nas primeiras temporadas, onde seu vencedor era conduzido do começo ao fim... A questão é que no momento a saída do Bofinho da Globo dependeria de um atrito muito forte com a família Marinho, exatamente como aconteceu no caso do pai, Bofão, na década de 1990 do século passado... Sem contar a dificuldade de encontrar um substituto, porque colocar os diretores a seu serviço na emissora atualmente é trocar seis por meia dúzia... Tirar Rodrigo Carelli da Record é uma opção, especificidades de “A Fazenda” à parte, na Globo já resistiram a colocar o Mion a frente do BBB, e como o Tadeu não comprometeu, não vai ser tão fácil o apresentador do “Caldeirão” assumir o posto... Resta pensar em algum novato, ou um estrangeiro indicado pela Endemol, afinal, o formato é dela, vide a diretora do “Big Brother” de Portugal, Cristina Ferreira, mesmo que já tenha sido “aliciada” pelo Bofinho, que vai tentar mais uma vez realizar seu sonho de fazer um BBB de inverno, ano passado ele quis fazer com ex-BBBs, não foi adiante porque “No Limite” com antigos confinados não pegou, e assim estender a força do hábito para o restante do ano... Ainda assim, teríamos novidades a vista, afinal, de vez em quando, um patrício no comando funciona, no futebol é assim... Ops!!!...
No caso de Pedro Snoopy, também tocam "Because I Got High" quando ele dá suas travadas na "Praça"... |