segunda-feira, 29 de abril de 2024

RC Especial Modelo 1986: Anderson e o Circo da Guerra dos Meninos em Brasília...

Notem que o Rei Roberto Carlos, três anos depois, está beeem mais à vontade cantando em dueto com Gal Costa...

 





















O “Roberto Carlos Especial: Um Circo Chamado Brasil”, apresentado pela Globo em 30 de dezembro 1986 e que estreou no canal Viva em 2021, é o mais nacionalista, político e eclético dos programas estrelados pelo Rei até então, e mesmo depois disso, político pelo momento que o país vivia, redemocratização, Nova República, Plano Cruzado, não confundir com “Primo Cruzado”, Assembleia Nacional Constituinte, que Clodovil chamava por outro nome (!!!), eclético e nacionalista por ir além do patamar da MPB e trazer artistas do pagode e do sertanejo, que bombavam entre o publico da época, confirmando no caso do sertanejo a aposta feita em se aproximar do gênero com “Caminhoneiro”, e a recíproca era verdadeira, e quanto ao pagode, também pela homenagem que seria feita a Roberto pela escola de samba carioca Unidos de Cabuçu no Carnaval de 1987 – muito antes da Beija Flor de Nilópolis ser campeã falando sobre o Rei em 2011... O especial começa apresentando um circo armado sobre o mapa do Brasil, artes do chargista Chico Caruso, “Rede Globo Apresenta Roberto Carlos Especial Um Circo Chamado Brasil”, a música circense tem acordes de "Verde e Amarelo", a câmera se aproxima da entrada do circo, “Um Programa Augusto César Vannucci”, Roberto Carlos coloca maquiagem de palhaço – exatamente, a cena é reaproveitada do especial de 1979, apesar da aparência do Rei ter mudado muito em sete anos, maldita economia de isopor – mais um close no circo, “Texto Wilson Rocha Ronaldo Bôscoli”, Roberto coloca a boca do palhaço anos atrás ao som de uma versão circense de “Verde e Amarelo”, é o circo de novo, “Direção Alexandre Brás”, agora o nariz, que o Rei se atrapalhou todo naquele especial, mais circo, “Direção Geral Augusto César Vannucci”, agora a peruquinha, close na entrada do “Circo Brazil”, esferas prateadas no corredor, o Bozo com sérias restrições orçamentárias bate palma para louco dançar (!!!), chegamos no picadeiro, cercado de neon e mais esferas, onde Roberto, de cara limpa, com seu visual de 1986, “mullet” no cabelo, todo de preto (em 1979 ele usava roupa branca), a frente de um painel com personalidades brasileiras – Carlos Drummond de Andrade, Carmem Miranda, Chacrinha, Di Cavalcanti, Dias Gomes, Edson (OG), Janete Clair, Milton Nascimento, Nelson Piquet, Villa Lobos, Vinícius de Moraes - declara, “o circo é um país onde moraram todos os que foram ou são crianças, mas já não fazem mais circos como os da minha infância, hoje os circos são de plástico, são de alumínio, de neon, no circo da Fórmula-1 acontece apenas a mágica de milhares de cavalos voando, no circo eletrônico, quase todas as fantasias são possíveis, a televisão é um circo fantástico” – que diferença do textão lido sete anos atrás, que não se levava a sério, combinando com a maquiagem de palhaço do Rei, a menção a Fórmula-1 é uma diferença significativa entre os dois textos, não por acaso, na década de 1980, o bicampeonato de Nelson Piquet e depois a ascensão de Ayrton Senna tornou a competição automobilística a atração mais rentável comercialmente da Globo, mais ou menos como é o BBB hoje, numa época em que, como diria Luis Roberto de Múcio, a emissora não tinha uma “grade de futebol” para faturar... Roberto Carlos levanta a voz, “respeitável público, venha conhecer um circo onde brasileiros que somos, somos show e aplauso, participe sem medo do circo Brasil, basta ser brasileiro, basta saber se virar”, um time de tecladistas, junto com Eduardo Lages e sua orquestra, entram em cena para trazer as atrações do espetáculo, tocam os tamborins, “Aquarela do Brasil” para Gal Costa, Chitãozinho e Xororó aplaudem, lasers no picadeiro, teclados em profusão, “O Trenzinho do Caipira”, Cristian e Ralf batem palmas, Erasmo Carlos e os violinos, os tecladistas vão de “Brasileirinho”, Almir Guineto, Zeca Pagodinho aplaude, Arlindo Cruz, segurando o cavaquinho, e Jovelina Pérola Negra também, toca o trombone, a orquestra vem com “Asa Branca”, o sertanejo Ranchinho ri litros, trompete, tamborins e o maestro sambando, “O Guarani”, Tom Jobim e “Aquarela no Brasil” fechando a apresentação da orquestra de Lages – é o especial mais “nacional e popular” da história, entendedores entenderão...  Close no tecladinho e nas guitarras, Gal Costa, de vestido vermelho, canta “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, em dueto com Roberto Carlos, que veste um impecável smoking, gravatinha borboleta e lenço branco na lapela – ao contrário da visível vergonha alheia da parceria no especial de 1983, desta vez o Rei segue um roteiro diferente, olhando de forma decidida para a sorridente Gal, criando um clima intimista, mais um especial e os dois ficam juntos... Ops!!!... O sol nasce na região da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, Roberto Carlos diz, em meio a imagens dos barracos, “é assim que moram tantos brasileiros, talvez por isso essa gente seja tão musical e tem uma alma tão rica, e é das favelas que saem os pagodeiros para invadir os palcos de todo o Brasil rumo aos continentes, é o Brasil se curtindo musicalmente” - falando assim, dava até para imaginar o Rei entrando na roda – de samba – porém ele deixou pelo comparecimento num estúdio de desenho onde um grupo de chargistas trabalha forte, a fim de apreciar seus trabalhos... O "tour" começa com Lan, “um italiano que ama a música popular brasileira, as escolas de samba e principalmente as mulatas”, que retrata Jovelina Pérola Negra, “é isso aí, devo dizer que bom gosto eu tenho, então é uma monarquia, tem uma rainha aqui no pagode, alis, a rainha de um movimento que pegou firme no Brasil, incluindo você”, Roberto concorda, “quem não???”, prosseguindo com seus comentários, “Ique, mangueirense, corinthiano e botafoguense, sofredor mesmo, a juventude na caricatura brasileira”, deixa o cara desenhar o Almir Guineto, pô, “Ique, me conta uma coisa aqui, como é que é essa história do Lan em relação ao cachê do Funaro, que é um cachê difícil, eu não entendi bem essa história do cachê, contra pra mim como é que é”, lá vai o caricaturista explicar, “essa história do cachê é que na medida que o personagem é difícil de fazer, é um cachê difícil de ganhar, e o Tancredo é um cachê fácil, com três traços você constrói o Tancredo, agora o Funaro não é cachê difícil porque ele é difícil de desenhar, ele é cachê difícil porque tá com ágio” – Roberto ri litros com a piada sobre o Ministro da Fazenda do governo de José Sarney que implantou o Plano Cruzado em fevereiro de 1986, com seus tabelamentos de preços que não eram seguidos pelo mercado, obrigando os consumidores a pagarem mais pelos produtos, de carne a carros, anos depois Ique realizaria as caricaturas do elenco do “Zorra Total”, usadas na abertura do humorístico... Agora aparece a elaboração de uma charge de Zeca Pagodinho, o Rei fala de seu autor, “Chico Caruso de São Paulo, terra de Belmonte, Nhô Totico, de Mazaroppi, dizem que a ironia é o seu traço forte na caricatura, Chico, você faz um humor paulista???”, o irmão gêmeo de Paulo Caruso responde, eu acho que pode ser considerado humor paulista, embora eu viva no Rio há oito anos se a gente pensar na fumaça e na fuligem de São Paulo que corrói os metais mais nobres, talvez eu faça um pouco de humor paulista”, o Rei sai de fininho diante da resposta ligeiramente corrosiva do desenhista que por muito tempo trabalhou nas charges eletrônicas mostradas nos noticiários da Globo, digo, e passa ao próximo chargista, que está justamente desenhando Roberto, “Ramadi, um jeitão árabe num carioca da gema, suas caricaturas são verdadeiros retratos com humor, ô Ramadi, ninguém reclama de vez em quando, não”, o caricaturista confessa, “reclamar, reclamam sim, mas eu explico que a caricatura é a melhor forma de homenagem, uma homenagem sem bajulação, e quando insistem em reclamar, eu faço a minha caricatura, aí fica tranquilo”, a propósito, o Rei dá seu parecer sobre o desenho, “sem reclamações, tá tudo bem”, então é por isso que os quatro retratos caricaturados tornam-se o cenário para uma apresentação de Almir Guineto, Fundo de Quintal – olha o Arlindo Cruz no cavaquinho - Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho – magérrimo, com um rosto mais fino, do tempo que Dondon jogava no Andaraí – e o garoto Anderson, futuramente o Anderson do Molejão, o qual saiu de cena no último dia 26 de abril, que cantam “Pagode do Rei”, composição de Almir, Zeca, Arlindo, Sombrinha e Jovelina, “do tempo da jovem guarda foi rei, e até hoje não tem pra ninguém, sonhei, sonhei que rei cantava pagode também” – com menos frequência do que suas incursões pela música sertaneja, meio japonês no samba, o romantismo do Rei tem mais identificação com as canções caipiras, coisa que puseram em sua cabeça, mas, enfim... Corta para o Sambódromo carioca, na região da Rua Marquês de Sapucaí, vazio, à noite, Roberto Carlos fala, “vai ser aqui, bicho, aqui neste lugar, neste Circo Máximo, nesta Arena de concreto onde todos os anos desfila o Imperador Povo, carregando em triunfo a emoção e a fantasia de milhões de brasileiros, eu nem sei se vai dar para aguentar”, agora as imagens são do Sambódromo cheio, durante os desfiles das escolas de samba, o Rei caminha pelo Sambódromo ouvindo o pequeno Anderson (Andrezão!!!), pensando, “imagina o que terá passado o coração sensível de Braguinha, toda a Marquês aos seus pés”, entram imagens de um desfile da Mangueira, que homenageou o compositor com o enredo “Yes, Nós Temos Braguinha”, em 1984, ano da inauguração do Sambódromo e da transmissão exclusiva da TV Manchete, logo depois, o Sambódromo vazio, onde o Rei segue a caminhada, “Herivelto Martins, que justa homenagem a um sambista tão querido e importante”, feita pela Unidos da Ponte em 1986, “Tá na Hora do Samba que Fala mais Alto, que Fala Primeiro”, Roberto prossegue, “Caymmi, o grande Caymmi que pegou um Ita no Norte, sem imaginar que ia atracar na Praça da Apoteose”, reverenciado também em 1986 com o enredo campeão “Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira Tem”, o famoso "tem xinxim e acarajé, tamborim e samba no pé", cante com a voz do Jamelão, internauta Pedro Henrique, o Rei chega a Apoteose com Anderson, que se tornaria um dos expoentes do pagode uma década depois,“quanta glória, e eu agora vou sentir toda essa emoção, será que dá para aguentar”, a imagem de Roberto funde-se com a do Sambódromo, corta para a quadra da Unidos de Cabuçu em dia de ensaio, vide closes das fantasias, embalado pelo samba enredo “Roberto Carlos na Cidade da Fantasia”, de Adilson Gavião, Adalto Magalha e Sérgio Magnata, “olha, você sabe muito bem, certos Detalhes de uma vida agitada, o que me vale é a palavra amiga, sempre tão querida do meu camarada, um Amante à Moda Antiga, nesse palco de Emoções, quero que um amor seja eterno, o resto Que Vá Tudo Pro Inferno”, o Roberto caminha na Sapucaí enquanto a quadra da Cabuçu está lotada, foca no trabalho forte da confecção das fantasias e dos carros alegóricos, no caso o que representa a música “As Baleias”, sem economizar no isopor, a máquina de costura, o Rei no Sambódromo e a cuíca na quadra não param, foca nos tamborins e no pavilhão, o meste-sala e a porta bandeira comparecem na Sapucaí, a torcida vibra, Roberto pensa na letra de "Emoções", “quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo” – conforme relatado no “Memória Globo”, a Unidos de Cabuçu ficou em décimo lugar no desfile das escolas de samba cariocas em 1987, onde a Mangueira conquistou o bicampeonato homenageando Carlos Drummond de Andrade, “No Reino das Palavras”, pois é, não é, nem todo mundo lembra de “Uma Palavra Amiga”, música da fase "soul" do cantor que Régis Tadeu tanto curte, Roberto Carlos teve de esperar até 2011, há poucas semanas de completar 70 anos de vida, para ser campeão na Sapucaí com a Beija Flor de Nilópolis, que cantou “A Simplicidade do Rei”, “quando o amor invade a alma, é magia, é inspiração pra nossa canção, poesia, o beijo na flor é só pra dizer, como é grande o meu amor por você!!!”... Depois do intervalo, um helicóptero sobrevoa copas de árvores numa área de mata enquanto Roberto Carlos comenta, “quantos Brasis cabem no Brasil”, pessoas comparecem par preencher a plateia, “são necessários muitos corações para sentir tudo isso”, no helicóptero, Chitãozinho e Xororó só observam a paisagem, “há muita música e poesia no campo, na praia, na cidade, na estrada, na planície”, a dupla sertaneja canta “A Majestade O Sabiá”, “cada um tem sua linguagem para paquerar sua amada, são os amores de Guimarães Rosa, de Luiz Gonzaga e de Catulo, amores cheios de paixão sertaneja”, a plateia fica num circo, o helicóptero sobrevoa um bairro de periferia, agora são Cristian e Ralf que só observam os prédios de São Paulo, também cantando “Chora Peito”, mais prédios, um circo visto do alto, “quem tem medo de brega não entende de Brasil”, entra Ranchinho, o do Alvarenga, falando com Roberto, “olha aí como tem muié, rapaiz!!!”, o Rei concorda, circo do alto de novo, “um capítulo inteiro da gloriosa história da música sertaneja, saindo do interior e invadindo a metrópole”, close na lona do circo, palmas no picadeiro, Roberto canta “Debaixo dos Caracóis dos Teus Cabelos” com o ex-marido de Gretchen, quer dizer, Crisitian e Ralf, vestidos de caubóis, acordeom acompanhado – curioso ver que em seu diálogo com o sertanejo, seria “breganejo”, Roberto Carlos veio com a homenagem a Caetano Veloso, um artista beeem distante desse gênero, e olha que esta foi a primeira vez que a música, de 1971, foi tocada nos especiais, apesar da participação do próprio Caetano em 1975, porém é preciso lembrar que a ditadura, o motivo do auto-exílio de Veloso e da música, “Quero Voltar Pra Bahia” também, acabou apenas em 1985... Abraços, aplausos, close no tecladinho, Roberto canta com Chitãozinho e Xororó, de blazers de ombreiras, “De Coração Pra Coração”, do disco de 1985, “por essa madrugada afora, seu beijo no amanhecer,  nós somos só nós dois agora, e tanta coisa pra dizer”, com segunda voz e tudo – a música, escrita por um timaço de compositores, Mauro Motta, Robson Jorge, Lincoln Olivetti e Isolda Bourdot, é mais romântica, não tanto como “Fio de Cabelo”, mas, enfim... Como não há show de Roberto Carlos sem “stand-up”, lá vai o Rei, “eu quero anunciar aqui, com muita honra, uma emoção muito grande, ele que tem, sei lá, mais de meio século de alegria, de humor, um humor ingênuo, sertanejo, com vocês, Ranchinho”, que comparece de chapéu de palha e camisa quadriculada, as duplas aplaudem, Roberto abraça, palmas da plateia, Ranchinho ri, “rê rê, olha aí que beleza, olha aí como tem muié, tem mais muié aí do que home, né, Roberto”, que concorda, “felizmente, né”, Ranchinho fala, “que beleza, ê, rê rê!!!”, Roberto está feliz, “que maravilha ter você aqui, que alegria” – “muito obrigado”, agradece o parceiro de Alvarenga – “realmente é uma honra de estar ao lado desse homem que tem meio século de alegria, de humor”, Ranchinho corrige, “mais um bocadinho, mais um bocadinho”, faz sentido, a dupla Alvarenga e Ranchinho começou em 1929, “55, 55 de carreira, não diz isso a ninguém, tô dizendo a você”, o Rei acha graça, “é só pra mim, ninguém tá sabendo”, ambos os dois riem, Ranchinho pede, “o pessoal tá alegre aí, ó, ô, Roberto, eu até queria cantar uma música, se você me permitir”, Roberto autoriza, “pode fazer o que você quiser aqui”, Ranchinho prossegue, “vou dividir aqui com a pratéia, que vai bater palmas, vai bater parma pra mim, agora esse pessoalzinho aí vai bater pro Roberto”, que li litros e surpreende Ranchinho ao cantar a melodia de uma música da dupla, “você lembra, é”, o Rei explica, “era o prefixo do Ranchinho, que fazia a dupla Alvarenga e Ranchinho”, os dois repetem a música, “quando aparecer uma gravadora que queira que eu grave, vou gravar”, Roberto propõe, “eu ponho a letra”, Ranchinho acha graça, “junto com o Erasmo, então vamos ensaiar, primeiro vamos ensaiá, vamos ver como sai agora, é só isso, uma mão com a outra, batê parma, minha gente, é fácil”, o Rei acrescenta, “é menos complicado”, assim Ranchinho canta, e Roberto, com a plateia, acompanha aplaudindo “Valsa das Palmas”,  gravada em 1941, “o meu lado tá batendo mais que o seu!!!”, Roberto acusa, “também tem nego de braços cruzados”, Ranchinho aponta, “acho que tem gente com a mão ocupada, tem gente até batendo um no outro” (!!!), e bate palma, “a muié é como bife, meu avô sempre dizia, quanto mais se bate nela, mas ela fica macia, bate agora, mais um pouco, outra vez, obrigado, bate agora, mais um pouco, outra vez, obrigado" – muito antes da Lei Maria da Penha, digo, pioneira do sertanejo, a dupla Alvarenga e Ranchinho ficou conhecida pelas músicas satíricas, Alvarenga só houve um, Murilo Alvarenga, que saiu de cena em 1978, mas houve três Ranchinhos, primeiro Diésis Gaia, integrou a dupla até 1965, o meio-irmão de Alvarenga, Delamare de Abreu, chegou a cantar com ele na década de 1950, porém quem assumiu de vez o posto foi Homero Campos, conhecido como “Ranchinho II” ou “Ranchinho da Viola”, o que fez o dueto no palco com Roberto, figurinha carimbada do “Som Brasil” quando era apresentado por Rolando Boldrin, o qual fazia as vezes de Alvarenga, sendo que ele saiu de cena em 1997, falando em pioneirismo, era essa a grande chance de Bob Nelson ter participado do especial do Rei, que coisa, não ... Ranchinho pede a palavra, “bão, gente, eu também tenho a minha dupra, né, cada um tem a sua, eu tenho, eu vou apresentar pra vocês a maior dupla do momento no Brasil, é o Nhô Erasmo e o Nhô Berto!!!”, o Rei ri e aplaude, Erasmo chega beijando o rosto de Ranchinho e depois o de Roberto, que acompanha em “Caminhoneiro”, bem como Chitãozinho e Xororó e, claro, Cristian e Ralf, essa canção abriu porteiras, digo, portas – muito antes de “Arrasta Uma Cadeira”, que Roberto gravou com Chitãozinho e Xororó em 2005 e com o cantor mexicano Marco Antonio Solis em 2015, da versão de “Índia” lançada no mesmo ano, parte da trilha da novela “Alma Gêmea”, sem medo das comparações com a versão de Paulo Sérgio (ou a do Tiririca...), e do álbum ao vivo “Emoções Sertanejas”, de 2010, que registrou parcerias do Rei, entre outros artistas, com Almir Sater, Bruno e Marrone, César Menotti e Fabiano, Gian e Giovani, Leonardo, Milionário e José Rico, Paula Fernandes e Roberta Miranda, as próprias... Ops!!!...















E prestes a ser homenageado no Carnaval, o Rei trabalhou forte no pagodão, com o futuro Anderson do Molejão...






































O circo desenhado por Chico Caruso anuncia a volta do intervalo sem "break", a estação ferroviária de Cachoeiro do Itapemirim comparece na tela, o homem fez 4,5, assim como o letreiro, “texto Rubem Braga”, que é lido por Patrícia Pillar, vestida de branco, cabelo curto, diferente da Linda Bastos de "Roque Santeiro", “essa é uma história que acontece em qualquer lugar do mundo, um rapazinho do interior se despede da família, vai partir pra cidade grande pra lutar pela vida, ele está sentado no banco da estação, a espera do trem, seu pai pouco lhe pode dar além de bons conselhos e sua bagagem toda se resume num violão” – vide garoto de calças curtas segurando o instrumento ao lado do pai na plataforma, alis, fiquem atentos a vestimenta da criança – “naquela casa simples onde ele vivia, o trem é aquele misto que sai por aí aos solavancos, parando em todo lugar, a música é simples, a letra também é muito simples, mas é bem possível que alguns de vocês fiquem bastante comovidos, porque o rapazinho do violão, com seu paletó de brim, se chama Roberto Carlos” – e Rubem Braga, cronista e escritor, autor de “A Borboleta Amarela”, aquela crônica do flamboyant, também nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, como Roberto... Entra um panorama da cidade, o trem a vapor se aproxima soltando (muita) fumaça preta, foca na placa da Rua João de Deus Madureira, endereço onde Roberto viveu na infância, de volta ao vagão, Roberto canta, sentado na poltrona, com o pé no assento da frente (!!!), “Aquela Casa Simples”, a alavanca da linha de trem é acionada, uma mulher na janela afaga os cabelos do garoto da estação, representando o pequeno Roberto e a mãe, dona Laura (mais conhecida como Lady Laura), “naquela casa simples você falou pra mim, que eu tivesse cuidado, e não sofresse com as coisas desse mundo, que eu fosse um bom menino, que eu trabalhasse muito, que o nome do meu pai soubesse honrar, e nunca fosse um vagabundo”, o trem segue viagem entre rios e montanhas, o rapazinho de suspensórios vai até a igreja, atenção para o detalhe, de calças curtas, avista o altar e reza, Roberto faz o pingente no trem para apreciar melhor a paisagem, como no especial de 1976, anoitece, olha a alavanca de novo, foca em Cachoeiro, o garoto lê nas escadarias da escola Muniz Freire, de calça curta e meia longa, olha aí de novo, depois arruma a mochila para ir a escola, desce a escada ligeiro, atravessa a ponte fluvial que corta Cachoeiro, “vida minha, vida minha, vida minha, vida minha, recordações”, mais fumaça preta do trem, close no pequeno Roberto, interpretado por Allan de Campos, já é noite, lá está o menino na janela do vagão, em casa, atravessando a ponte, o trem chega na estação de Cachoeiro, os moradores acenam para o Rei do lado de fora do vagão – Roberto mudou-se para a casa de uma tia em Niterói, lembrem-se da resenha sobre João Gilberto nas barcas, no especial de 1977, aos 12 anos, com um pouco mais de idade que a criança que o representou, o acidente sofrido pelo cantor aconteceu quanto ele tinha seis anos de idade, notem o anacronismo, em junho de 1947, onde perdeu parte da perna direita, apesar das cenas da igreja e da escola serem focalizadas de longe, o garoto aparece com as duas pernas, descendo escada na correria, sem muletas, que Roberto usou até os 13, 14 anos de idade, conforme relatou em entrevista com Nelson Motta para a produção de uma minissérie biográfica, em 2021, anos depois da descrição do acidente ter sido o motivo por trás da proibição de uma série de reportagens de Ivan Finotti no jornal “Notícias Populares”, em 1993, e da biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo César de Araújo, o fã de Paulo Sérgio, nesse caso, a principal alegação feita publicamente era a falta de autorização, em 2006, mesmo tendo sido citado pelo cantor nas letras das músicas “Traumas”, de 1971, e “O Divã”, de 1972, e de forma mais velada em "Lady Laura", de 1978, e mesmo em "Aquela Casa Simples", ainda que a música lançada no disco de 1986 tenha sido ilustrada de forma beeem romanceada, a própria série acabou engavetada após a saída de cena seu diretor, Breno Silveira, o mesmo de “Dois Filhos de Francisco”, em maio de 2022... Corta para Glória Pires, com um cabelo bufante que somado ao preto do plano de fundo a deixa meio Elvira, A Rainha das Trevas, que lê uma crônica de Artur da Távola, o crítico televisivo e fundador do PSDB, que definiu para a Globo o que era seu Padrão de Qualidade, “só quem vivencia a morte sabe o verdadeiro valor da vida, a humanidade precisou construir artefatos de morte em massa pra perceber que a vida é o bem supremo, precisou poluir matas e rios para entender melhor a natureza” – entra a imagem de uma cidade arrasada por um bombardeio aéreo – “precisou armar o apocalipse para entender o significado de uma flor, precisou matar os rios para vivenciar a destruição como um mal, precisou afundar-se na violência para reinventar o gesto de amizade e paz” – mais uma cena da cidade bombardeada – “talvez o homem só aprenda pelo contraste, sem conflitos entre decisões, ideias e conceitos, não aparece a maravilha da liberdade, o apocalipse é o oposto sombrio da proclamação da vida, a vida é mais forte que a morte, que o amor, que o ódio, a liberdade que a prisão, a esperança que a depressão, o homem matará o apocalipse de amor”, uma bateria antiaérea é disparada, explode a bomba atômica, Roberto Carlos comparece de camiseta sem mangas, num cenário perpassado por feixes de raio laser, Rogério Ceni, corre aqui e bailarinos em “chroma-key” onde são projetadas imagens de explosões nucleares, guerras, indústrias poluidoras e protestos, tudo isso para ilustrar outro lançamento do disco de 1986, “Apocalipse”, “profecias confirmadas, alertam, que é o fim da estrada, tempo de dor, falta de amor, perto do fim do mundo, drogas num mar sem porto, a violência, o crime, na aprovação do aborto” – distopia da Guerra Fria, escatologia fundamentalista ou um esforço para ser o pai da Cléo Pires, digo...  Depois do por do sol no mar, surge uma bela e sorridente mulher negra, escolhendo roupas numa boutique, descendo a escada rolante do shopping, trabalhando forte nos aparelhos da academia, dançando com um LP de Roberto Carlos na mão, corta para um circo de lona estrelada, onde Roberto Carlos, usando um vistoso terno e chapéu brancos, o próprio malandro da Lapa carioca, apresenta-se para os integrantes da Unidos de Cabuçu, foca no mestre-sala e na porta-bandeira, o Rei, acompanhado das guitarras de sua banda, canta um dos lançamentos do ano, “Nega”, “fiquei o tempo todo olhando o sorriso dela, aquele seu balanço e toda a beleza dela, juntei o meu carinho com o chamego dela, gosto dela”, a moça da academia aparece passando batom e arrumando os cabelos, finalmente comparecendo no picadeiro sambando num vestido de estampa de oncinha verde (!!!), aberto numa das laterais, Roberto até revira os olhos (!!!), antes de dançar com ela, Margareth Menezes, digo, a passista Fátima, “juntei minha viola com o pandeiro dela”, com direito a piscadinha  no final – e depois Régis Tadeu reclama que o Rei não se renovou, digo, notem que o especial tem a marca registrada da gestão Vannucci, quadros variados fazendo o esquenta do show... Na volta do intervalo com "break", Roberto Carlos comenta sobre as imagens de uma casa ajardinada e repleta de flores e árvores frutíferas, com vista para a praia, “jardins do Antônio Brasileiro, olha que coisa mais coerente, Antônio Brasileiro de Almeida Jobim, é concha de praia, é toco sozinho, é mar aberto, é mata fechada, é canto de pássaro, é tudo o que pulsa no coração do Brasil”, corta para o interior da residência na região do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, onde Tom toca seu piano e Roberto só observa ele cantar “Estrada do Sol”, de 1958, o Rei acompanha, “é de manhã, vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu, ainda estão a brilhar, ainda estão a dançar, ao vento alegre que me traz esta canção” – esta é uma das três músicas que Jobim compôs em parceria com Dolores Duran, gravada pela primeira vez nesse mesmo ano por Agnaldo Rayol, Agostinho dos Santos e Sylvia Telles, Rodrigo Faour, corre aqui... No final, Roberto elogia, “maravilha, Tom”, que retribui a gentileza, quem dera ter um intérprete assim”, o Rei ri litros, “você sabe que eu fico emocionado com essa sua facilidade de falar da natureza nas suas músicas, com essa forma tão bonita, quer dizer, isso é uma emoção mesmo essa sua defesa da natureza”, Jobim comenta, “a gente tem tentado, mas às vezes não sai muito fácil, eu tenho visto muita destruição, agora do avião eu olhei lá embaixo, o Brasil, eles cortam todo o mato, uma devastação danada”,  ouve-se o canto de aves, Tom Jobim aparece no meio do Jardim Botânico do Rio, ali perto da sede carioca da Globo, como que regendo a natureza, foca no Pantanal e na capivara, não esqueçam do jacaré e das cataratas do Iguaçu, o Rei e Tom conversam na mata, voa beija-flor, Roberto só observa a mata, tome siriema, lobo guará, tuiuiú, os peixes nadando contra a corrente na piracema, revoada de pássaros, Roberto e Jobim abraçam uma árvore, Tom comenta, “outro dia encontrei o Rubem, eu perguntei, como é que tá a mata lá do vale do Rio Doce, ele falou, asfaltaram tudo", olha a garça com uma cobra no bico (!!!), Roberto comenta, “a gente se esquece que precisa da natureza, a gente até esquece que vive na natureza”, Tom olha para o céu e observa, “e acabando a natureza, acaba a gente”, pássaros voam ao som do instrumental de “Eu Quero Apenas”,  a trilha continua, mais cataratas, o beija-flor toma seu néctar com “Detalhes” ao fundo, voltam a capivara e o regente Tom Jobim, mais jacaré, mais tuiuiú, Tom reflete, “eu vejo muita destruição, eles cortam toda a mata, uma devastação danada, e acabando a natureza, acaba a gente, acaba o meu bisneto, o seu bisneto”, Roberto concorda, “é isso aí, Tom” – sim, Rubem Braga também era amigo de Tom, assim como Antônio Pedro e Catifunda, conforme visto naquele episódio da “Escolinha do Professor Raimundo” mostrado pelo Viva, alis, bem que o canal poderia resgatar o especial “Antônio Brasileiro”, digo... Falando em Tom Jobim, a próxima música interpretada por Roberto Carlos é uma composição dele, com letra de Aloysio de Oliveira, “Dindi”, de 1959, “ah, Dindi, se soubesses o bem que eu te quero, o mundo seria Dindi, tudo Dindi, lindo Dindi”, acompanhada pelos pianos de Eduardo Lages, Luizinho Eça, Edson Frederico, Pedrinho Mattar e Eduardo Souto Neto - um verdadeiro “Disney Especial Os Pianistas”, Dindi era o apelido da cantora Sylvia Telles, a primeira a gravar a música, e que depois casaria com Aloysio de Oliveira, porém a irmã de Tom, Helena Jobim, explica em seu livro que o nome Dindi na realidade vinha de uma fazenda na região de Petrópolis chamada Dirindi, pois é, não é... 















Para recitar no especial, Cassia Kiss usou um figurino mais democrático do que Cássia Kis Magro em 2022, digo...



















































Depois do intervalo com "break", a parte “show” do especial começa no palco do Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, com sons de aviões a jato e a orquestra de Eduardo Lages tocando trechos de “Detalhes” e “A Guerra dos Meninos” ´para saudar a entrada de Roberto Carlos, vestido com blazer azul royal, broche de asas na lapela, o Rei acena para a plateia, cumprimenta o maestro, ao som da introdução de “Verde e Amarelo”, o coral RC3 levanta o público, revivendo o clima eufórico da apresentação da música no especial anterior – assim, nem parece que a Seleção Brasileira foi eliminada da Copa do Mundo do México em junho, digo... Animado, Roberto Carlos pega o microfone e, ao invés de interpretar sua canção patriótica,  deixa pelo trabalho forte no “stand-up”, quase sussurrando para o público, “muito obrigado por terem vindo, pra mim é uma coisa muito boa ter vocês aqui, e a gente poder curtir junto esse momento, e claro, falar de amor” – foca em Myriam Rios na plateia, ao contrário do especial do ano passado, em que ganhou música e clipe em sua homenagem, desta vez, ela apenas foi flagrada ligeiramente no gargarejo – “e essa forma que a Isolda falou é uma forma delicadíssima, muita coisa deve ter acontecido para ela dizer tudo isso nessa música”, então é por isso que o Rei canta “Outra Vez”, o clássico do disco de 1977, no meio da música, Cássia Kis Magro, que na ocasião assinava Cássia Kiss, comparece para trabalhar forte na declamação, “no seu corpo imprudente e lindo, vestido apenas de meus versos, eu sei que sempre o amor infindo se renova a cada um dos meus regressos, novos e inconstantes, como dois meninos assustados, somos mais amados, mais amantes, mais felinos, exaustos e totais, plenos em espaços, dividimos em perdas iguais nossos cansaços e luzimos intensos a luz, então, crucificado no seu corpo cruz eu morro de prazer, nos seus amados braços, eu morro de viver essa verdade inteira, e esta sua maneira de fazer amor, leva o pranto nosso, lágrima primeira, que desce pela cama como agora e dá a cor que se parece a aurora, o aroma que perfuma o amor, que luz, chega” (outra releitura de Ronaldo Bôscoli, "Cavalgada" começou assim em 1979...), e Roberto conclui a canção, “das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter, só assim sinto você bem perto de mim, outra vez” – como diria Lulu das Medalhas em “Roque Santeiro”, “reza de dois é mais forte”, o cabelo da atriz, repartido no meio, confere a ela um ar “vintage”, embora o vestido vermelho seja bem diferente da roupa verde e do sobretudo marrom com que compareceu ao ato antidemocrático na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias, no Rio, em 2 de novembro de 2022, o que será que os minions iam pensar... Ops!!!... Um foco de luz percorre a plateia do Teatro Fênix enquanto Roberto Carlos inicia mais um “stand up”, “Erasmo Carlos, desde antes da Jovem Guarda, é meu amigo de fé, meu irmão, meu camarada, o meu amigo Erasmo Carlos!!!”, que comparece no palco com um paletó prateado “risca de giz”, abraça o Rei, faz um gesto mostrando que o coração bate forte e interpreta “Abra Seus Olhos”, música lançada naquele mesmo ano de 1986, “corta, pra mim não tem problema, devolve o meu ingresso, que hoje é sábado, e eu vou pra outro cinema, fui” – e pensar que nem havia Letterboxd nessa época, digo, percebe-se que o paletó era para combinar com a cinefilia da canção e os cabelos grisalhos do cantor, embora as luzes do palco tenham deixado as mechas do Tremendão com um tom sulferino... Ops!!!...  Roberto Carlos abraça o amigo de fé irmão camarada, a orquestra de Ricardo Lages parte para a próxima música, o Rei arregaça as mangas do blazer e canta “Emoções”, aplausos, braço erguido, músicos trabalhando forte no instrumental, braços abertos, “mas eu estou aqui, vivendo esse momento lindo, de frente pra você, e as emoções se repetindo”, o agradecimento só vem, “obrigado por tudo, pela presença, por esse carinho, por esse amor, um Ano Novo maravilhoso para todos, que Deus proteja e abençoe a todos, que Deus proteja e abençoe o Brasil, obrigado, obrigado!!!”, cumprimentos ao maestro e começa a distribuição de flores – uma delas é recolhida e beijada por ninguém menos que Myriam Rios, em uma discreta participação no especial, que coisa, não...  Intervalo com "break", volta o cirquinho, Roberto Carlos comparece de branco no meio do picadeiro, com neon e bolas prateadas à maneira das vinhetas da Globo, para mais um monólogo, ao fundo “Verde e Amarelo” em ritmo circense, agora com texto de Ferreira Gullar, poeta maranhense contemporâneo do presidente José Sarney, futuramente um dos autores da novela "Araponga", de 1990, “que belo país esse o nosso, a gente sente orgulho dele, mas não é esse orgulho ufanista, é o orgulho de saber que essa mistura de branco com negro e com índio terminou dando certo, somos um povo criativo, determinado, e por isso mesmo construímos esse país, um país cheio de problemas, é claro, mas a gente vai resolver” – nacionalismo “raiz”, muito antes dos patos amarelos e dos minions... Ops!!!... Foca no Congresso Nacional, no céu de Brasília, no Palácio da Justiça, no Memorial JK e na Catedral de Brasileira, pois Roberto Carlos, com esse mesmo céu por trás (!!!), canta “A Guerra dos Meninos”, enquanto uma multidão de crianças, vestidas com camisetas brancas que lembram vagamente o uniforme do São Paulo (!!!), percorre a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, o Rei segue o monólogo, “sabe por que, porque a vida tem que ser boa para todos e não apenas para alguns, para todos, para todos de ponta a ponta da cidade, de ponta a ponta do país, porque a alegria e a felicidade é um bem social que tem que ser humanamente repartido”, a garotada amiga chega ao Congresso Nacional, e com Roberto erguendo o braço à frente, sobem a rampa do parlamento,  “e quantos mais houvessem para ouvir, e a fé em cada coração, na força daquela canção, seria ouvida lá no céu por Deus”, mais monólogo, “há as crianças que tem casa, escola, família e carinho, há aquelas milhões de crianças que tem apenas o sapato das ruas, e essa é sua casa, sua escola, a maior escola do Brasil, em cada cidade ela tem o tamanho da cidade, em cada esquina, a criança, o jovem, recebe uma lição de desamor, de injustiça e de violência”, a criançada comparece nos corredores do Congresso, “a cidade terá que se tornar justa para ser uma escola de justiça, para que nela as crianças e os jovens aprendam a acreditar numa vida melhor e possam afinal sorrir para o futuro”, as crianças ocupam todos os espaços no auditório e na rampa do Congresso, “de todos os lugares vinham aos milhares, e em pouco tempo eram milhões, invadindo ruas, campos e cidades, espalhando amor aos corações, em resposta, o céu se iluminou, uma luz imensa apareceu, tocaram fortes os sinos, os sons eram divinos, a paz tão esperada aconteceu” – qualquer semelhança com os acontecimentos na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 é mera coincidência, depois dizem que não era uma tentativa de golpe de Estado, Xandão, corre aqui, ah, sim, pela chamada do especial de 1985 existente no YT, essa apresentação deveria ter ido ao ar no programa do ano anterior... Roberto Carlos canta os inimigos que se abraçavam, sobem os créditos, a começar pelos convidados, inclusive “Chrystian e Ralph”, sem alusão ao personagem dos Simpsons, série que estrearia apenas em 1989, incluindo os caricaturistas Chico Caruso, Ique e Lan, além dos pianistas Pedrinho Mattar e Eduardo Souto Neto, o próprio, também maestro, autor do “Tema da Vitória” das transmissões de Fórmula-1 da Globo, depois associado a Ayrton Senna com o tricampeonato na categoria e a sua saída de cena no autódromo de Ímola em 1994,  sem esquecer de "Anderson", o “menino Allan de Campos” e a “sambista Fátima”, entram as 16 músicas apresentadas no especial, entre as quais o samba-enredo da Unidos de Cabuçu, e no final, na parte dos agradecimentos, junto com a Rede Ferroviária Federal, a Prefeitura Municipal de Cachoeiro do Itapemirim, "Dorival Caymi" e Herivelto Martins, temos “Chitãozinho e Xororó Gentilmente Cedidos pelo SBT” – era a época que os cantores sertanejos tinham atrações apresentadas antes do “Programa Silvio Santos”, nos domingos de manhã, além dos pais de Sandy e Júnior (!!!), também ganharam programas no SBT Inezita Barroso, a própria, as duplas João Mineiro e Marciano, Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco, além de Irídio e Irineu, do sucesso “Mina D’Água”, bem que Roberto poderia ter cantado essa no especial... Ops!!!...



































Que movimentação é essa na região da Praça dos Três Poderes, meu Rei???... Vamos chamar o Xandão... Ops!!!...


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