sexta-feira, 1 de junho de 2018

Trocando a Latinha pela Figurinha do Edson (OG)...

Evento organizado pela editora do álbum da Copa terminou com uma concorridíssima distribuição de figurinhas...














































Nosso irmão deu a senha em abril... “Você vai colecionar as figurinhas da Copa???... Eu comprei o álbum de capa dura”... Temos esse hábito desde 1990, quando a Panini lançou seu primeiro álbum do Mundial no Brasil, em parceria com a Editora Abril... Neste ano, a tarefa não seria simples, porém o movimento de troca de figurinhas foi muito mais intenso... Primeiramente, FORA TEMER... Quer dizer, pela situação econômica do país...  Para completarmos o álbum de capa dura que compramos em um estande da Panini, adquirimos 300 reais de figurinhas... Ou seja, 150 pacotinhos, 2 reais cada, contendo 5 cromos por pacote...  O que equivale a 750 figurinhas, um pouco mais que os 681 cromos do livro ilustrado... Depois das compras, começamos a trocar as repetidas... A Panini brasileira trabalhou mais forte no marketing de lançamento da coleção também por um fator externo...  A Itália ficou de fora da Copa do Mundo pela primeira vez desde que a editora começou a fazer livros ilustrados dos Mundiais, em 1970... Sem o mercado italiano, era preciso concentrar forças para conquistar os colecionadores de outros países, como o Brasil ou o Peru... Onde a classificação para a Copa depois de 36 anos de ausência do torneio levou a uma febre de figurinhas... E ao surgimento de falsificadores de cromos, conforme noticiou a imprensa peruana em abril, pouco depois do lançamento do álbum, e o site do “Estadão” nesta semana, após a polícia do país descobrir outro fabricante clandestino de figurinhas... Vendidas no mercado informal por até 2 dólares cada – quase oito reais... Faz sentido... Demoramos para tirar a figurinha de Paolo Guerrero, que felizmente jogará o Mundial e o último jogador das 32 seleções que estarão na Rússia a ter seu cromo colado no álbum foi seu conterrâneo Luis Advíncula... O relato sobre as falsificações é uma história digna do livro “O Gênio do Crime”, de João Carlos Marinho... Lançando em 1969, no tempo das figurinhas premiadas, hoje proibidas no Brasil, o livro mostra as aventuras da Turma do Gordo – Bolacha, Edmundo e Pituca – para desvendar o mistério das figurinhas falsas...  O álbum da Copa de 2018 traz uma versão contemporânea das figurinhas carimbadas, que não dão direito a prêmios, embora consegui-las seja uma façanha digna de troféu... São as figurinhas brilhantes , no início do álbum – emblema e mascote da Copa, bola oficial, Copa FIFA  - os distintivos das seleções – neste ano, a Panini conseguiu autorização para reproduzir os “Three Lions” da Inglaterra -  e no final do livro ilustrado as “Legends”, cromos com os campeões mundiais e os jogadores recordistas das Copas...  Só o fato de serem 50 figurinhas numa coleção com 681 já dá a elas uma condição de raridade – elas já são em menor número...  E nesse grupo restrito há um cromo que é mais raro que qualquer outro, o 680, que mostra o Edson (OG) comemorando um gol na Copa do Mundo de 1970 e faz referência à sua condição de jogador com maior número de títulos mundiais conquistados, em 1958, 1962 e 1970, entende???...














Muita gente estendeu a mão para conseguir as cobiçadas figurinhas brilhantes, mesmo que fossem todas iguais...














































Depois da última compra de figurinhas, fizemos as compras e anotamos – sem recorrer a apps de celular – que faltavam 156 cromos para completar nosso álbum, 33 delas brilhantes... Em um sábado à noite, partimos para trocar as repetidas em um espaço disponibilizado no Shopping Boulevard Tatuapé... Outro efeito do marketing de lançamento feito pela Panini, vários shoppings de São Paulo criaram locais específicos para as trocas... O investimento não é grande, alguns cartazes, decoração do espaço, e desse modo os centros de compras conseguem um bom motivos  para mais pessoas frequentarem o local... Previamente, já tínhamos conseguido alguns cromos que faltavam com nosso irmão, que completou primeiro seu álbum, e fizemos trocas com dois colegas de trabalho, que colecionaram as figurinhas para os filhos... Porém, tínhamos um bom número de repetidas na mão...  Alguns jogadores saem com muita frequência, como Aleksandr Kokorin, da Rússia – que nem vai jogar o Mundial – Matías Vecino do Uruguai, Andrés Iniesta, da Espanha, Paul Pogba, da França, Andreas Bjelland, da Dinamarca, a equipe da Sérvia, adversária do Brasil na primeira fase, e até o distintivo da Arábia Saudita... Por outro lado, são mais difíceis de aparecer o português Cristiano Ronaldo (o argentino Messi, por exemplo, sai muito mais...), o peruano Paolo Guerrero, os brasileiros Filipe Luis e Gabriel Jesus, o cartaz da cidade de Nijni-Novgorod, entre os distintivos, os de Portugal e Uruguai... E, claro, a figurinha do Edson (OG)... Alis, a principal regra das trocas é que figurinha brilhante só se troca por outra brilhante, de preferência... Então é por isso que depois de quatro horas de trocas, todas as 119 que conseguimos eram de figurinhas simples... Desse total, 112 delas conseguidas com colecionadores comuns... Crianças e adultos, de todos os sexos, que vinham atrás de figurinhas, brilhantes ou não, para completar seus álbuns, mas podendo trocar repetidas por repetidas para igualar as trocas... Naquela noite havia apenas um colecionador dos que podem ser chamados de “profissionais”... Estes que comparecem com caixas e fichários repletos de figurinhas, prontos para trocar e até vender cromos... O que estava no shopping é pago para completar álbuns, e dessa forma já havia completado uma dúzia deles... Seis figurinhas ele aceitou trocar na base de uma por uma... Pelo cromo de Gabriel Jesus, ele pediu sete comuns, “porque é do Brasil”, e também por que seu estoque entre as figurinhas 200 e 300 – o que inclui as seleções da França, Austrália, Peru, Dinamarca e Argentina – estava baixo...  Ainda assim, o saldo do primeiro dia de trocas foi bastante positivo... Agora só faltavam três jogadores em nosso álbum... Khalid Boutaib, do Marrocos, figurinha 168, Ousmane Dembelé, da França, figurinha 210, e Advincula, do Peru, figurinha 239... O que de certa forma confirma a observação do “profissional”...  Além delas e do cartaz, restavam conseguir 33 cromos, de um total de 37, todos eles brilhantes... Missão complicada para quem não quisesse fazer novas compras ou um pedido à Panini... No sábado seguinte, a editora realizou no estádio do Pacaembu o “Panini Day”... Que intitulou de forma ambiciosa como “a maior troca de figurinhas do mundo”... Um pouco menos para quem compareceu ao estádio pouco antes do final do evento, às 17 horas... Não que faltassem colecionadores interessados em trocas, porém a fila do “Turbilhão de Figurinhas” – uma forma de obter cromos de graça – já estava fechada... A esperança de completar o álbum seria renovada quando os promotores da Panini começaram a distribuir figurinhas em frente ao portão principal do estádio... Inclusive as cobiçadas brilhantes... Rapidamente eles se viram cercados por uma multidão de crianças e adultos interessados em ganhar os cromos... Por mais que pedissem para as pessoas fazerem filas para a distribuição, era complicado controlar a avidez dos colecionadores, alguns deles voltando várias vezes para pegar mais cromos, mais disputados que gasolina, digo... Felizmente não tiveram a ideia de imitar Silvio Santos no “Topa Tudo por Dinheiro” e jogar as figurinhas para o alto, o que poderia levar a uma tragédia... No meio da confusão de braços estendidos era comum o promotor, ou a promotora, enfiarem a mão numa sacola e entregaram um bolo de figurinhas iguais... Assim, ficamos cheios de “Legends” do Uruguai campeão em 1930 e da Inglaterra campeã em 1966... Porém, após o caos da distribuição, com trocas entre as pessoas que conseguiram pegar figurinhas, conseguimos nada menos que 15 cromos brilhantes diferentes, além de um número suficiente de repetidos para poder trocar e conseguir terminar o álbum... Naquele mesmo dia, de volta ao Boulevard, em duas trocas encontramos os três jogadores que faltavam – Advincula foi o último deles – e mais três brilhantes, incluindo o distintivo da Rússia e a “Legends” da Espanha campeã de 2010...















Shopping centers de São Paulo criaram espaços para colecionadores amadores e profissionais fazerem as trocas....














































As figurinhas brilhantes que não foram para o álbum seriam reservadas para troca no espaço do Shopping Metrô Itaquera, no dia seguinte, domingo, à tarde...  Ali estão colocadas mesas para os colecionadores fazerem trocas... Cada uma devidamente ocupada por um “profissional” e sua pasta abarrotada de cromos... O primeiro deles, na mesa com a bandeira da Espanha no tampo, tinha até cartão oferecendo seus serviços e o respectivo número do WhatsApp (C)...  Com ele conseguimos os distintivos de Arábia Saudita, Dinamarca e Islândia... Também tinha os distintivos de Uruguai e Portugal, mas nem ofereceu para troca... Afinal, são mais difíceis de sair, e sempre há a possibilidade de vender os cromos... Pelo cartaz de Nijni-Novgorod, pediu duas figurinhas de sedes, pois só possuía aquela em estoque... Na mesa à sua direita, havia uma mulher, que não se interessou pelas figurinhas “Legends”, pois tinha como prioridade “desovar” elas... Desse modo, só deu para pegar a da Alemanha campeã de 2014, pois a do título do Brasil em 1958 – a mais rara entre as dos campeões mundiais – já tinha acabado... Na mesa da Alemanha, os “profissionais” eram pai e filho... Eles possuíam os distintivos de Uruguai, Portugal e do Brasil, que só trocaram porque tinham mais de quatro no estoque... A prioridade, claro, é a venda... Um rapaz que havia acabado de chegar tinha até os preços cobrados pelas figurinhas avulsas em sua pasta... Em compensação, sua troca seria a mais vantajosa, pois entregamos as nossas “Legends” repetidas e recebemos 12 distintivos... Um deles, o da Inglaterra, foi trocado pelo cromo do Brasil de 1958 – que um garoto tinha acabado de conseguir com um “profissional” de óculos... Exatamente a próxima pessoa com quem negociamos... “Eu te ajudei, você me ajudou”, era seu slogan, repetido a cada troca concluída... Pediu alto, nossos 11 distintivos por 5 figurinhas da primeira página, entre elas os logos da FIFA e da Panini... Como precisávamos apenas de 3, ele voltou 2  distintivos – Arábia Saudita e Tunísia – e a gente ficou com uma repetida, a metade de baixo do logotipo da Copa... Quando a mulher foi embora, ele assumiu a mesa dela... O garoto magrelo que encontrou no seu lugar tinha a figurinha que faltava na primeira página, a metade de cima do logotipo – trocada pela repetida e pelo distintivo da Arábia Saudita... Além dos discípulos de Rui Ferreira, também fizemos trocas com colecionadores amadores... Um deles ficou com Neymar (OG) em troca de Paulinho, Renato Augusto e Willian – mas só porque não queria se desfazer de Gabriel Jesus... Ao final do périplo pelas mesas, conseguimos 14 dos 15 cromos que ainda faltavam no álbum... A última figurinha pendente era a do Edson (OG)... Essa, um senhor com corrente de ouro no pescoço, acompanhado do neto – que não via a hora de sair dali para ir comer e brincar no shopping – vendia por 10 reais... Um pouco mais do que o custo de encomendar na Panini – 40 centavos pelo cromo mais 9 reais de frete... Em geral, quem tem o Edson (OG) ou vende ou troca por uma grande quantidade de figurinhas, comuns ou brilhantes... De volta ao Shopping Boulevard Tatuapé, no final da tarde, comentamos com outros colecionadores que provavelmente só a “Dona Panini” teria esse cromo... Ao nosso lado, um garoto de boné chamado Vitor Hugo colava figurinhas em seu álbum, ajudado pela mãe... Cromos autocolantes, uma facilidade que não existia no primeiro álbum da Panini, em 1990... O que implicava em um gasto adicional com cola... O menino ficou surpreso ao saber que Javier Mascherano havia jogado no Timão – não era nascido nessa época... Depois que vendemos a brilhante da Argentina, que tínhamos conseguido numa troca pela da Tunísia - por 2 reais – o comprador queria pagar a metade, mas argumentamos que 1 real não dava para comprar um pacote de figurinhas e ele aceitou pagar mais, lembrando da lei da oferta de da procura – comentamos sobre a figurinha do Edson (OG), enquanto guardávamos nossas repetidas numa latinha que veio de brinde em um “pack” de envelopes  com cromos, que tinha na tampa o cartaz da cidade de Saransk... Imediatamente, o pai do garoto, que também usava boné e estava vendendo o cromo, fez a oferta... “Troco pela lata!!!”...  Negócio fechado!!!... Nosso álbum de capa dura estava completo, a tempo de voltarmos para casa e assistir o Silvio Santos... Já pensando em completar o álbum de capa cartão que veio de brinde em uma compra de figurinhas... Como elas envolvem os maiores gastos, o livro ilustrado é uma “commodity”... No caso do segundo álbum, preferimos já encomendar as brilhantes – o máximo por pedido é de 40 cromos - mas com certeza vamos mais uma vez trabalhar forte no troca-troca... Ops!!!...














Figurinha mais difícil do álbum, a do Edson (OG), nos custou uma latinha com o cartaz da cidade de Saransk...

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