segunda-feira, 9 de setembro de 2024

RC Especial Modelo 2006 (off): Porque Jorge Ben Jor Também Foi Jovem Guarda...

No ano do CD com duetos dos especiais, Roberto trabalha forte com Marisa Monte - e a Sônia Braga só observa...




































O “Roberto Carlos Especial” de 2006, apresentado pela Globo em 16 de dezembro daquele ano (e no canal Viva em 2019...), apesar de ter sido gravado numa casa de espetáculos, como vinha sendo feito desde 2002, e um dos mais “televisivos” da atração na década, por uma razão simples, o lançamento do ano do Rei, em CD e DVD, foi a coletânea “Duetos”, Roberto gravou poucas músicas em parceria nos seus álbuns de estúdio e ao vivo, no entanto, elas são uma atração quase obrigatória nos especiais globais, até então, Roberto cantou sozinho apenas nos programas de 1980 e 2000, isso fez com que várias características da atração antes de Roberto Talma assumir a direção em 1998 foram retomadas de forma plena, o próprio cenário contava com o logotipo “RC” e um telão que nos closes era possível ver os “pixels” que foram as imagens, os globais que compareceram na plateia foram focalizados constantemente, nesse ponto, a atriz Narjara Turetta, com duas aparições, repetiu o show a parte que deu em 1987, os “stand-ups” antes das canções e os “medleys” de músicas voltaram com força total, um esquema oriundo dos shows produzidos por Miele e Bôscoli como uma forma de ensinar o público a qualificar o cantor, isso e os convidados do primeiro time da MPB nos primeiros dez anos de especiais, na verdade, Talma só conseguiu impor seu estilo podando mais uma vez a oferta de flores no final, enquanto as parcerias do especial, com Marisa Monte, Jorge Benjor e MC Leozinho, viriam a ser incluídas em um novo álbum de duetos, lançados em 2015... Também seguindo o estilo dos programas mais antigos, o especial começa com uma mensagem de Roberto Carlos,  com “Namoradinha de Um Amigo Meu” ao fundo, “esse é um momento muito especial pra mim, todo fim de ano, quando eu venho encontrar vocês, isso é muito especial, eu fico ansioso, preparo, o coração bate forte, tudo isso pra gente se encontrar, e isso há muitos anos”, foca no palco com o logotipo RC no telão, uma estela entre as letras, a plateia vazia, agora a trilha é “O Calhambeque”, “eu não tenho dúvida que existe entre nós uma grande história de amor”, o coral canta “É Preciso Saber Viver”, “e o amor é a coisa mais importante que existe, o que há de mais bonito, como é bom quando a gente se entende de verdade com alguém, são os encontros, as parcerias, os duetos, que dão sentido á vida, e principalmente as parcerias de amor”, ao fundo, “Fé”, “e essa parceria que é maravilhosa, que é a parceria do artista com o público”, corta para o depoimento de Nívea Maria Graieb, de óculos e lenço na cabeça, “só o fato de estar na estrada há tantos anos e fazendo sucesso é a prova maior de que sim, o conteúdo das músicas do Roberto, meu Deus do céu, representam a fé, o amor de todo o povo brasileiro, e a minha também”, fala a loira de chapéu e óculos escuros, “se eu tivesse que ter uma trilha sonora da minha vida, eu gostaria que fossem as músicas do Roberto Carlos”, a morena de cabelos presos, “as músicas me traz muitas saudades e emanações boas”, a trilha é “Além do Horizonte”, a adolescente manda um beijo, “lá em casa todo mundo assiste”, a experiente atriz Laura Cardoso afirma, “Roberto, “você é eterno, você é maravilhoso, adoro tudo de você, cara”, a jovem promessa Paolla Oliveira é a próxima, “você é realmente especial, professor, uma luz transcende qualquer coisa, os anos, as idades e tudo o mais”, Thiago Rodrigues afirma, “acho que ele faz parte da história musical de todo brasileiro, acho que todo mundo conhece uma música, tem uma música marcante do Roberto, pra contar”, na espera do show, a fã declara, “não tem fim de ano sem o especial do Roberto, é tradição pra família brasileira” – embora os depoimentos tentem atribuir ao Rei uma aura “atemporal”, a maioria das pessoas escolhidas para falar mostra que o público do cantor tem quase a mesma idade que ele e não necessariamente se renovou, especificamente, o uso de depoimentos remete à novela “Páginas da Vida”, de Manoel Carlos, que a Globo exibia em 2006, a qual encerrava cada capítulo com um depoimento confessional de pessoas anônimas, mais especificamente ao testemunho veiculado no dia 15 de julho, quando Nelly da Conceição, com 65 anos, revelou que descobriu o prazer sexual aos 45 anos, "eu colecionava discos do Roberto Carlos e, aos 45 anos, ganhei um LP dele, botei na vitrola a música ‘Côncavo e Convexo’ e fui dormir, quando acordei, estava com a perna suspensa, a calcinha na mão e toda babada, comentei com as amigas, elas disseram: 'Você gozou!!!', aí é que vim saber o que era gozo, moral da história: sou uma mulher de 68 anos, que homem pra mim não faz falta, eu mesma dou meu jeito", apesar do depoimento ter inspirado um episódio de “A Grande Família”, “Joga Pedra na Nenê”, ainda em 2006, hoje exibido regularmente pelo Viva, o depoimento foi cortado da apresentação de “Páginas da Vida” no canal, em novembro de 2021... Bolinha na tela, “Rede Globo apresenta”, o auditório começa a lotar, vem o logotipo “RC Especial”, mais espectadores comparecem, “convidados Marisa Monte Jorge Benjor, Erasmo Carlos, Wanderléa, MC Leozinho”, foca no ensaio da orquestra no palco, “roteiro Rafael Dragaud”, o Sol se põe no telão, “direção geral Mário Meirelles Roberto Talma”, close no guitarrista, no tecladista e no violinista, “núcleo Roberto Talma”, a orquestra regida por Eduardo Lages toca “Emoções”, “senhoras e senhores, com vocês, Roberto Carlos!!!”, RC na tela, saxofones trabalhando forte, Roberto comparece no palco, aplaudido de pé pelo público, blazer azul, camisa branca, o Rei agradece os aplausos e põe a mão no peito, palmas para a orquestra, cumprimentos ao maestro, Roberto pega o microfone, põe a mão no peito, toma fôlego e canta “Emoções”, de 1981, cartas manuscritas no telão, “Detalhes” citada no teclado, um RC em cada ponta do palco, um “ahan” que é quase um gemido, na parte instrumental, foca em Sônia Braga, a própria, que atuou em “Páginas da Vida”, ao lado do ator Sidney Sampaio, um “big bang” no telão, os dois atores são focalizados mais de perto, toca o trombone de vara e os saxofones, o Rei abre os braços, “eu estou aqui, vivendo esse momento lindo”, o gemidinho no final vem na hora do close no baterista, aplausos, mais um close em Sidney e Sônia, olha a Ivete Sangalo no gargarejo – o comparecimento de Sônia, então com 56 anos, demonstra que o público-alvo do especial não tem a idade de sua sobrinha Alice Braga, que na ocasião tinha a metade da idade da tia, 23 anos... Roberto Carlos pronuncia sua frase clássica, incluindo uma pausa dramática, “que prazer... rever vocês”, prosseguindo, “mais uma vez, aqui no Rio de Janeiro, nosso especial de fim de ano, na Rede Globo de Televisão, e o obrigado por tudo isso, por todo esse carinho, por essas coisas lindas que eu tenho recebido de vocês, obrigado por esse amor, obrigado”, aplausos, “gostaria de dizer muitas outras coisas no início desse show, mas eu acho que vou dizer melhor cantando”, mais especificamente erguendo a sobrancelha e interpretando “Como é Grande Meu Amor por Você”, de 1967, resgatada na década de 1990 por uma campanha publicitária, público acompanhando o refrão, tubos vermelhos no telão, a feição de vasos sanguíneos, com coraçõezinhos na ponta, uma pausa para ouvir o coro da audiência, aquele rapaz perto do Amin Khader na plateia tem permissão para filmar ou gravar áudio com o celular???, close nos violinos, “Tutuca nas cordas, só”, “nunca se esqueça nenhum segundo, que eu tenho o amor maior do mundo, como é grande o meu amor, por você, mas como é grande o meu amor”, o público presente completa, “por você”, o Rei sorri e repete, “por você”, palmas, casa cheia, RC no telão, Roberto Carlos parte para o “stand-up”, “os duetos e os encontros continuam a acontecer na vida da gente e a influenciar a nossa vida constantemente, com certeza, faz tempo que eu queria cantar com ela, mas esse ano a gente conseguiu combinar as agendas, uma das maiores cantoras do Brasil, essa estrela, Marisa Monte!!!”, que comparece num vestido longo estampado azul, canta sozinha “Amor, I Love You”, composição dela e de Carlinhos Brown, o próprio, lançada em 1999, e acompanhada pelo Rei, “Eu Te Amo, Eu Te Amo, Eu Te Amo”, feita por ele e Erasmo Carlos, do disco “O Inimitável”, de 1968, ela estende as mãos e dança como se estivesse hipnotizada, pede para a plateia cantar o refrão, na parte de Roberto solta um “uuhu”, telão com desenhos psicodélicos, a atriz Fabíula Nascimento só observa no gargarejo, a sua esquerda o diretor Mauro Mendonça Filho, a sua direita, o ator Marcos Frota, os dois cantam o refrão, Paula Burlamaqui na plateia também, na parte instrumental, ele bate palmas, ela dança, a colunista Hildegard Angel curtiu, o tecladista trabalha forte, ela lembra que cartas já não adiantam mais, fumaça no palco, simula um desmaio ao dizer que vai telefonar dizendo que está quase morrendo de saudades, não esqueça o refrão, Roberto, o agudo vem para ela falar o quanto sofreu, refrão de novo, um abraço, de óculos, a atriz Joana Balaguer, a Jaque da temporada 2005 de “Palhação”, só observa, ela bate palmas, ele repete, “eu te amo, eu te amo, eu te amo”, tome “uuhu” no fim, com o telão psicodélico ao fundo, abraços e beijos na saída – pelo menos duas gerações a frente de Roberto na linha do tempo da  música brasileira, Marisa Monte é o sopro de renovação que os duetos com cantoras trazem ao especial, como mais recentemente o fizeram Paula Fernandes e Ana Castela, agora, para essa parceria ser mais memorável, só se Marisa estivesse acompanhada de seus colegas Tribalistas, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, já pensou cantarem “Já Sei Namorar” ou “Velha Infância” de quatro... Ops!!!...


















Dueto do Rei com Jorge Ben Jor em "Taj Mahal" redefine conceito de rolê aleatório, com MC Leozinho também...







































Depois do intervalo, Roberto Carlos declara, “tem coisas que acontecem na nossa vida que a gente não sabe explicar, por exemplo, eu vou trazer um cara aqui que eu nem mesmo sei porque, né, durante todo esse tempo dos nossos especiais ele nunca esteve aqui conosco, além de tudo ele é meu compadre, é verdade, um grande companheiro, que também participou da Jovem Guarda, um artista sensacional, uma carreira linda, pra animar essa festa, Jorge Benjor”, todo de branco, óculos escuros, trazendo sua guitarra, repetindo o gesto com que Roberto apresentava os artistas que cantavam no programa “Jovem Guarda”, da TV Record, aplausos, Lauro César Muniz, é você???, abraço, cumprimento, Jorge diz, “eu e meu compadre”, o Rei responde, “eu sou padrinho do Gabriel” – filho de Benjor com Domingas – Jorge diz, “20 anos depois, maravilha, estou emocionadíssimo”, Roberto fala, “que bom ter você aqui, Benjor responde, “você é o eterno Rei”, que fica encabulado, “eu só canto, você que é o grande agitador das festas”, então é por isso que Jorge toca sua guitarra e canta em dueto “Que Maravilha”, feita em parceria com Toquinho, o próprio, no final, Roberto se empolga e confessa, “olha só o que ele disse no meu ouvido, é uma brasa, mora???, que maravilha!!!, agora vou deixar você com Taj Mahal”, Benjor pede, “você dá uma canja no final”, o Rei concorda, “uma canjinha, sim, mas eu quero deixar você, vamos lá”, o maestro executa os acordes iniciais, o monumento indiano aparece na tela, e claro que Roberto não se limitou a bater palmas, enquanto Amin Khader vibra na plateia, após uma saidinha do palco, ele trabalha forte no “tetê teteretê tetê teteretê tetê tetê”, entusiasmando Jorge, “eu e o Rei!!!”, o público se deslumbra com o Rei cantando o refrão, aplaudindo vigorosamente enquanto os dois cantores se abraçam, “obrigado Jorge, que maravilha”, é Selton Melo na plateia??? – Jorge Benjor, que queria ser futebolista, começou no rock, quando era conhecido por “Babulina” na região do Rio Comprido, mesmo apelido que Tim Maia ganhou na Tijuca, ambos os dois por cantarem “Bop-A-Lena”, de Ronnie Self, um expoente do “rockabilly”, na época da Jovem Guarda, já conhecido de Roberto, era o “Bidu”, nome de um disco que gravou com os fevers, não o cachorro do Franjinha, mas uma gíria para “adivinhão”, porém se distanciou do movimento, enveredando-se pelo samba, samba-rock, sambalanço, bossa nova e funk, o que em parte explica os tantos anos que demorou para comparecer no especial do compadre, redefinindo o conceito de rolê aleatório quando chamou o Rei para lhe acompanhar em “Taj Mahal”...  Que venha o “stand-up” real, “na época da Jovem Guarda, as canções de um modo geral eram bem ingênuas, né, não que nós fossemos ingênuos, não, as canções pelo menos eram, só tô querendo dizer que os tempos eram outros, né, e com certeza, um tempo depois, a gente começou a dizer ou falar de outras coisas nas canções que a gente fazia, mas naquele tempo, era mais ou menos assim”, Roberto Carlos canta “Não Quero Ver Você Triste”, de 1965, uma chuvinha no telão, “o que é que você tem, conta pra mim, não quero ver você triste assim, não fique triste, o mundo é bom, a felicidade até existe”, aplausos, o Rei vai de “Eu Estou Apaixonado por Você”, de 1966, “eu estou apaixonado por você, e nem mesmo tenho jeito de falar do meu amor, que é grande sim, que é tudo enfim, que existe em mim, eu estou apaixonado”, de “Aquele Beijo Que Te Dei”, também de 1965, a plateia acompanha, “aquele beijo que te dei, nunca, nunca mais esquecerei, a noite linda de luar, Lua testemunha tão vulgar, lembro de você e fico triste, até me dá vontade de chorar, de lembrar que o amor não mais existe, não mais existe, mas eu sempre hei de te amar, ou ou, aquele beijo, ou ou, aquele beijo”, então é por isso que a próxima música do “medley” é “Splish Splash”, de 1963, “splish splash!!!, fez o beijo que eu dei, splish splash!!!, fez o beijo que eu dei, nela dentro do cinema, todo mundo olhou-me condenando, só porque eu estava amando, agora lá em casa, todo mundo vai saber, que o beijo que eu dei nela, fez barulho sem querer, yeah!!!, splish splash!!!, todo mundo olhou, mas com água na boca, muita gente ficou, hiê!!! hiê!!!, splish splash!!!, , hiê!!! hiê!!!, splish splash!!! splish splash!!!”, Dani Bananinha na plateia curtiu, “amebas” no telão, “Paulinho na guitarra solo!!!”, olha o Sidney Sampaio ali no canto, “Splish splash!!!” – notem que o “stand-up” que antecede o “pot-pourri” tem uma função pedagógica, de ir formando o público ao mostrar a evolução do estilo do cantor, que baladas românticas a parte, a princípio não teria derivado para o brega... E vem mais monólogo por aí, “tem muito tempo que não canto essa música, alguns anos, olha, faz tanto tempo que eu tenho certeza agora que a terapia tá dando certo”, a plateia ri um pouco e aplaude um pouquinho mas, Roberto Carlos canta “Negro Gato”, de 1966, composição de Getúlio Côrtes, gravada primeiro por Renato e Seus Blue Caps em 1964, luzes alaranjadas iluminam o palco, a plateia segue a canção, o Rei quase sussurra a letra, sopros trabalhando forte na parte instrumental, telão como que sofrendo interferências na imagem, e algumas estrelas, “eu sou um negro gato, vocês, eu sou um negro gato, eu sou um negro gato, eu sou um negro gato, eu sou um negro, gato” – nos especiais, a última aparição de “Negro Gato” foi em 1981, naquele número em que o ator e dançarino Paulette interpretava o felino, de olho numa gata branca vivida pela cantora Rosemary, na fase em que a Jovem Guarda abria a atração como o “cantinho das crianças” do programa, também para ressaltar a evolução de Roberto... Que depois do intervalo conta sobre uma nova experiência que viveu recentemente, “esse ano eu tava ouvindo rádio e ouvi uma canção, um funk, é, fiquei pensando, caramba, que letra maneira essa, sabe” – a plateia ri – “verdade, eu falei, um funk com uma letra que na verdade é uma letra, uma poesia realmente bonita, uma coisa da maior simplicidade, mas de amor, uma canção de amor, falei, pô, quem fez isso, quem foi os caras, esse funk eu acho que até dava para cantar” – o público ri litros – “eu falei, caramba, isso não é a minha praia, não é minha praia, pra andar nessa praia, eu preciso de alguém que né, sei lá, mostre quais são os caminhos aí, e aí pensei, esse menino é grande, esse garoto realmente, professor, é fantástico, é um sucesso incrível, com esse funk romântico, maneiro, MC Leozinho!!!”, que comparece aplaudido pela audiência e pelo Rei em pessoa, dá um abraço e parte para o dueto em “Ela Só Pensa em Beijar”, também conhecida como “Se Ela Dança Eu Danço”,  composição lançada como “single” em junho de 2006, e incluída em seu primeiro disco, “ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar, e vem comigo dançar” – a plateia dança junto – “dançar, dançar, dançar” – como a dançarina de funk no telão, Valesca Popozuda, é você??? – o samba começou assim nos especiais de Roberto, dobrando a aposta no rolê aleatório do dueto com Jorge Ben Jor em “Taj Mahal”,  e pensar que apenas três anos depois, MC Leozinho compareceria na segunda temporada de “A Fazenda”, na Record... Roberto Carlos retorna para seu repertório com “O Portão”, de 1974, como ele mesmo diz, “flashback” (“love songs”, digo...), a plateia acompanha o refrão, e para quem sentiu a falta de um gatíneo no telão em “Negro Gato”, desta vez compareceu na tela, não o cachorro que sorri latido, e que teria sido inspirado no “massacote” que Roberto tinha em sua casa na região do Morumbi, “sino” um portão em estilo colonial, como que para receber em grande estilo os convidados do próximo bloco, “nesse show a gente está falando nas parcerias, nos duetos que eu já fiz na minha vida, em todos os sentidos, e convidei dois grandes artistas, mas acima de tudo, dois amigos fantásticos, irmãos que eu tenho, um irmão e uma irmã, o meu amigo Erasmo Carlos e a minha maninha Wanderléa!!!”, que comparecem no palco de mão dadas, o Tremendão de terno branco, a Ternurinha de vestido preto, abraços, aplausos, um grito de “Roberto!!!”, o Rei comenta, “a gente hoje estava falando do dia que a gente se conheceu, muita coisa aconteceu, e logicamente algumas coisas que a gente de repente não se lembra, ou sei lá, o vídeo lembra a gente, com certeza, principalmente as coisas do palco, a gente queria lembrar, e como a gente tá fazendo esse, esse show fala dos nossos duetos, nossas parcerias” – “nossos momentos”, diz Wanderléa – “todas essas coisas lindas que fizeram com a que a gente estivesse sempre juntos, então é por isso que vamos olhar alguma coisa daquele tempo???”, nesse caso, Erasmo e Roberto cantando “Tutti-Frutti” para homenagear Elvis Presley no especial de 1977, um enxerto estadunidense num programa fortemente trabalhado na latinidade, “Wanderléa” vem com “Ternura” no especial de 1990 (o último exibido pelo Viva em 2024, apesar da promessa de mostrar todos os programas gravados até 2017...), a cantora não sabe se olha para si mesma no show gravado no Maracanãzinho ou para a plateia que canta junto, olha lá o Leopoldo Pacheco, mas achando tudo lindo, Roberto fala, “a gente continua fazendo esses duetos, trietos, qualquer coisa desse tipo, né, com certeza, vamos lá”, e o trio canta “Amigo”, de 1977, com o telão mostrando retratos no estilo “pop art” do Rei, da Ternurinha e do Tremendão enquadrados em fundos multicoloridos e emoldurados dentro de corações, a introdução instrumental que virou “Aqui tem um banco de louco” nas vozes da torcida corinthiana dois anos depois, em 2008, Roberto põe a mão no “coração de menino” de Erasmo, que prova que o Rei foi “um grande guerreiro” e “seu coração é uma casa de portas abertas”, Wandeca fala em “ajudar na saída”, olha o Dedé batucando, a Ternurinha comanda a coreografia enquanto o Rei e o Tremendão cantam, no caso de Erasmo, dançando também, um apontando para o outro, os três abraçados na hora do “não preciso nem dizer, tudo isso o que eu te digo, mas é muito bom saber, que você é meu amigo”, Denise Saraceni, é você???, o refrão mais uma vez, para Erasmo, reverência de Roberto, para Wanderleia, um beijo do Rei no rosto – simplesmente a música mais conhecida de Roberto Carlos em todo o mundo, com uma ajudinha dos mexicanos e do Papa João Paulo II, a essa altura já substituído por Joseph Ratzinger, mais conhecido como Bento XVI, o próprio selo do cantor se chamava Amigo Records...























Sendo que pôia da Solineuza deixou a Marinete no forró e compareceu pessoalmente à apresentação de Roberto... 



























Roberto Carlos faz mais um “stand-up”, “um dos duetos inesquecíveis que eu tenho desse DVD e CD é o dueto com Tom Jobim”, corta para o músico trabalhando forte no teclado do piano e cantando “Lígia” no especial de 1976, como atestam os créditos da música na primeira versão da fonte Globoface, sem sombras, o Rei de terno preto, lenço branco no pescoço e rosa na lapela, entra no dueto, os aplausos trazem o Roberto de 2006 de volta, “esse cara inesquecível, fantástico, que eu tive o prazer de gravar uma de suas canções em espanhol, vou cantar agora”, e o Rei interpreta, após algumas imagens em preto-e-branco de Tom aparecerem na tela, “Insensatez”, composição de 1961, melodia de Jobim e letra em português do poeta Vinícius de Moraes, o próprio, “Paulinho no violão solo” – música que Roberto gravou no disco “Canciones Que Amo”, de 1997, uma versão que ele mesmo traduziu, e pensar que dez anos depois Tom e Vinícius foram os nomes dados aos mascotes dos Jogos do Rio em 2016... Segue-se mais um “stand-up” de Roberto Carlos, “há pouco eu falei da ingenuidade das canções da Jovem Guarda, ah, mas agora eu queria falar da evolução de tudo isso, porque na verdade, porque logo depois, logo um tempo depois, ou dois, depois da Jovem Guarda, ah, eu comecei com Erasmo a fazer canções falando um pouco mais daquilo que a gente falava na Jovem Guarda, falando um pouco mais de sensualidade, principalmente, né, naturalmente tudo isso tava na nossa cabeça, só que por alguma razão, a gente ainda não tinha disparado tudo isso, a verdade é que tudo começou quando eu disse, eu te proponho”, e canta “Proposta”, de 1973, Lua no céu e mariposas voando no telão, olha a Solineuza, digo, Dira Paes no palco, a série “A Diarista” estava na terceira temporada, a penúltima, o “stand-up” continua, o primeiro passo é sempre o mais difícil, mas aí já tinha sido dado o primeiro passo, então, no seu corpo é que eu encontro”, vamos de “Seu Corpo”, do disco do cachimbo, de 1975, o telão se enche de cores, emendando com “Os Seus Botões”, de 1976, “os botões da blusa, que você usava, e meio confusa, desabotoava, vinham pouco a pouco, me deixando ver, no meio de tudo, um pouco de você”, agora vem a esquecida (pelo menos nos especiais mais recentes...) última estrofe de “Café da Manhã”, de 1978, “nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão, braços que se abraçam, bocas que murmuram palavras de amor, enquanto se procuram”, voltamos a “Seus Botões”, a capa dependurada, “e aquela blusa, que você usava, num canto qualquer, tranquila esperava”, o “stand-up” não para, apesar dos aplausos, “e aí, e aí veio a noite, e a noite, com certeza a gente faz os planos do dia seguinte, né”, risos, o Rei vai de “Café da Manhã” desde o inicio, olha a lua e as mariposas de novo, corrigindo a si mesmo, “desfrutemos de tudo”, “já é noite e o dia termina, vou pedir o jantar, vou pedir o jantar, vou pedir o jantar”, Daniel Filho, o próprio, e Narjara Turetta, a própria, acham graça na plateia  - esse “pot-pourri” romântico, sensual e didático (!!!) era comum nos especiais dos anos 1980 e 1990, era uma forma do roteirista (incialmente, Ronaldo Bôscoli) de colocar o Rei em outro patamar da música brasileira, quanto a Dira Paes, voltaria no papel da Norminha de “Caminho das Índias” oferecendo leite quente a Roberto no palco do especial de 2009... Na volta do intervalo, mais “stand-up”, “a parceria, os duetos, são realmente coisas importantes na vida da gente, mas a parceria mais importante sem dúvida, é a parceria no amor” – ajeita o microfone – “com certeza que essa é a parceira e o dueto mais importante e mais bonito de toda a minha vida, logicamente que eu tô falando da minha parceria no amor com a Maria Rita” – aplausos – “e dessa parceria nasceu essa canção”, no caso, “Eu Te Amo Tanto”, de 1998, gravada quando a esposa de Roberto foi diagnosticada com câncer, que faria ela sair de cena no final do ano seguinte, olha o logo do especial no telão na parte instrumental, aplausos, quando o Rei puxa palmas, é que ele vai cantar “Jesus Cristo”, de 1970, fechando o show em grande estilo, a plateia acompanha, no gargarejo, o ator Mário Gomes, o próprio, balança o pezinho de uma criança adormecida (!!!), lotação esgotada, close no coral, foca no teclado, olha a Narjara Turetta de novo, o maestro de costas para a audiência (!!!), “vocês!!!”, o público canta o refrão, Ellen Jabour, é você???, o Rei abre os braços, “obrigado, obrigado, obrigado, por esse amor, esse carinho, essas coisas maravilhosas aqui com vocês mais uma vez, obrigado, esse show eu ofereço ao meu Deus de bondade, esse show eu dedico com todo meu amor a Maria Rita, obrigado, obrigado, obrigado, Feliz Natal, um Ano Novo maravilhoso pra todos, obrigado, obrigado, obrigado!!!”, sobem os créditos com as músicas tocadas no especial, “teclados Tutuca Borba”, Roberto cumprimenta o maestro Lages, “percussão Dedé Marques”, o Rei recebe as flores, o nome do empresário Dody Sirena passa pela tela, Roberto beija uma flor branca  e deixa numa estante de partituras,  o palco é focalizado de longe, bolinha na tela, “Realização Central Globo de Produção © 2006 TV Globo” – e desta vez voltaram a cortar a oferta de flores, pô, Talma!!!... 



































Daniel Filho e Narjara Turetta riram litros da insistência em pedir o jantar no final da música"Café da Manhã"... 


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