segunda-feira, 15 de julho de 2024

RC Especial Modelo 1997 (off): O Rei, O Papa, A Angélica, os Padres e os Titãs...

Roberto Carlos sentiu-se honrado em dançar com "princesa" Angélica, todavia cantou para uma vilã de novela...

 


























































Exibido pelo canal Viva em 2017, o “Roberto Carlos Especial” de 1997, que a Globo apresentou em 23 de dezembro daquele ano, foi o último dirigido por Jorge Fernando, que imprimiu um ritmo mais ágil, o seu próprio, ao programa, o único dos quatro que comandou com a maioria das cenas gravadas em estúdios, depois de privilegiar a realização da atração em casas de espetáculos, onde conseguia maior variedade de cenários, desta vez,  o pequeno palco circular no Projac criou um clima bem voz e violão, especialmente no caso dos duetos com artistas que tinham acabado de fazer o “Acústico MTV”, no caso, Gal Costa e os Titãs, os quais, a exemplo de outros convidados, Angélica, Só Pra Contrariar e os padres Antônio Maria e Zezinho, tiveram direito a cantar suas próprias músicas, estes dois últimos embalados pela apresentação do Rei para o Papa João Paulo II, que compareceu no Rio de Janeiro em outubro, no Encontro Mundial das Famílias, que o Verdinho não tem, digo...O começo do programa é com o instrumental de “Força Estranha”, a cargo da orquestra de Eduardo Lages, a bolinha da Globo surge com o letreiro na fonte Globoface, “Rede Globo apresenta”, Roberto Carlos pisa no palco em 1974, surge num mosaico de imagens com a túnica branca do programa do ano anterior, surge o logo “RC97”, letras e números contornados nas cores do arco-íris, o coral vai de “Olha”, Roberto no palco em 1975 e 1976, “participações especiais Angélica”, o Rei no “telethon” de 1978, “Gal Costa Só Pra Contrariar”, o Rei se apresenta nos especiais de 1979 e 1981, “Erasmo Carlos Titãs”, a orquestra toca “Outra Vez”, “Padre Antônio Maria Padre Zezinho”, olha o palco de 1987, “Viviane Passmanter Murilo Benício”, a chegada de Roberto em 1988 e 1991, “textos Miele”, paletó amarelo em 1992, “criação e direção Jorge Fernando”, a cortina sobe, iluminada por luzes estreladas, e Roberto Carlos comparece no palco, ao som do instrumental de “Como é Grande Meu Amor por Você”, o cenário é até simples, um portão desenhado em neon e um palco circular branco, o Rei agradece a plateia e canta “Emoções”, de 1981, com dancinha e o indispensável gemidinho no final – a trilha de abertura é do maestro Eduardo Lages, “Amor”, usada na turnê de mesmo nome do Rei, realizada entre 1996 e 1997, que os fãs procuram registros em vídeo, falando nisso, Jorge Fernando fechou seu ciclo na direção dos especiais com a mesma retrospectiva na abertura, desta vez apenas com cenas de palco, gravadas no Teatro Fênix, mas sem a plateia dos Trapalhões, que coisa, não... Após os aplausos, Roberto Carlos vai de “stand-up”, “é muito bom estar aqui, sempre nessa época do Natal, quando a gente faz o especial, né, eu vivo realmente emoções fantásticas, pra mim é uma alegria poder cantar nessa época, enfim, viver num momento só, as emoções de todo ano num só programa, um programa que pra mim é sempre um presente de Natal, é, sem dúvida alguma, um presente de Natal ligado a tudo que eu acho mais importante no Natal” – aponta para o alto – “Jesus”, aplausos, e como o fundo musical da orquestra de Eduardo Lages já indicava, Roberto canta “Como é Grande Meu Amor por Você”, de 1967, regravada em 1996, o maestro e seus violinistas trabalham forte, o último "por você" é da parte do público, o Rei ri, olha a Maria Rita na plateia, Roberto comenta, "eu diria que essa é uma timidez afinada, mas não foi tão afinada assim, pode afinar agora", cantando de novo, "mas como é grande, o meu amor...", foca em Maria Rita outra vez na hora do "por você" do público, e o Rei acrescenta um "por você" – o contrato com a Nestlé, uma das razões do resgate da música, ainda estava em vigor, digo... Roberto Carlos só observa o tecladista conferindo a partitura e o maestro Eduardo Lages regendo a orquestra, sorri, pega o microfone, “esse meu novo disco é todo em espanhol” – no caso, álbum de estúdio “Canciones Que Amo” – “mas de uma forma muito fácil de se entender mesmo em português” – inclusive “Coração de Jesus” foi gravada no idioma de Camões, não de Cervantes – “são canções que eu canto desde que eu comecei a cantar em Cachoeiro, alis, eu viajo a Cachoeiro toda a vez que eu canto essas canções”, e interpreta o bolero “Abrázame Asi”, do argentino Mário Clavell, composto em 1950, “Abrázame así, que esta noche yo quiero sentir, de tu pecho el inquieto latir, cuando estás a mi lado, Abrázame así, que en la vida no hay nada mejor, que decirle que sí al corazón, cuando pide cariño”, um telão surge no palco e mostra cenas de Laura e Leonardo, personagens de Murilo Benício e Viviane Passmanter na novela “Por Amor”, que a Globo exibia na época do especial, passeando, conversando, ela beijando ele de surpresa, ela abraçando ele, também de surpresa, numa “pool party”, Leonardo só observando Laura na piscina parando de nadar para começar a resenha, foca na violinista da orquestra, “Acércate a mí, y esta noche vivamos los dos, la bendita locura de amo, Abrázame así!!!”, Laura só observa Leonardo lendo, joga tênis com ele, é salva quando sua cadeira de rodas é arremessada dentro da piscina por Eduarda – uma das cenas mais icônicas da novela, uma das primeiras exibidas pelo canal Viva, em 2010, e olha que não foi o único empurrão nem o único salvamento – só bebendo, Leonardo, o Rei saúda o solo da orquestra e vê no telão ambos os dois personagens trocarem olhares e sorrirem, “Abrázame así, que en la vida no hay nada mejor, que decirle que sí al corazón, cuando pide cariño”, Leonardo beija  no carro, Laura ri, foca na orquestra, os dois se encontram na festa, na quadra de tênis, na beira da piscina, onde ela lê e ele nada (!!!), “Acércate a mí,, y esta noche vivamos los dos, la bendita locura de amor, Abrázame así!!!,  Así!!!, Abrázame Asi!!!”, no telão, Laura beija o rosto de Leonardo e sai de fininho, colocando os óculos escuros” – Laura é uma das vilãs mais icônicas de toda a obra novelística de Manoel Carlos, surgida no momento em que Thalia fazia bombar as novelas mexicanas no Brasil, e “Abrazáme Asi” foi incluída na trilha sonora de “Por Amor”, como tema do personagem de Murilo Benício, vide “Memória Globo”, o tema de Laura era “Às Vezes Nunca”, interpretado por Verônica Sabino, além de “Stay With Me”, de Jocelyn Enriquez, na trilha internacional, um privilégio que Leonardo não tinha, dado o destaque maior na história de seu “crush”, que só queria fazer ciúmes em Fábio Assunção, quer dizer, em Marcelo, para o desespero de Gabriela Duarte, digo, de Eduarda, a odiada... Ops!!!... Roberto Carlos só espera a orquestra e o tecladista entrarem com os acordes para cantar mais uma faixa de “Canciones Que Amo”, “Adiós”, composição de Enric Madriguera, um violinista catalão radicado nos Estados Unidos, gravada em 1931, com versão brasileira de Osni Silva, de 1956, entretanto o Rei defendeu a canção em seu idioma original, assim como fizera anteriormente seu concorrente latino, Julio Iglesias, “Adiós,  Me voy, linda morena, lejos de ti, El alma hecha una pena porque al partir, No quiero que olvides nuestro amor, Hermosa flor, Mi alma cautivaste, Con la fragancia de tu candor”, notem que o arranjo de Eduardo Lages na parte instrumental tem algumas notas de “Detalhes” – cantar para o Papa foi um reforço da já grande visibilidade do Rei na América de “habla hispana”, digo...






















E o dueto do Rei com o Só Pra Contrariar em "Amigo" foi aplaudido entusiasticamente por dona Hilda Rebello...

































Roberto Carlos interpreta “Música Suave”, de 1978,  aplausos e close no teclado, fazendo o gesto de que está dançando acompanhado e de rosto colado, “Ainda bem que tocou, Essa música suave, Eu posso dançar com você, Como no passado, Dançando assim, Eu tenho você nos meus braços, E posso sentir seu corpo macio, Seu peito desse jeito, Apertado no meu peito, E seu rosto colado no meu, Me convida a dizer, Coisas que as outras pessoas, Não devem saber, Me abrace mais forte, Não se importe com os outros casais, Que bom se essa música, Não terminasse jamais”, tome “stand-up”, “curioso, né, sempre que eu canto essa canção, eu me imagino muitas vezes dançando, com alguém, como diz a canção, é, mas eu viajo nessa imaginação, porque naturalmente passa a ser uma imaginação de sonhos, uma coisa de dizem, então me vejo dançando com uma princesa, imaginem vocês, eu dançando com uma princesa, aí eu fico pensando que princesa poderia ter dançando comigo aqui, que princesa poderia ter dançando comigo aqui, logicamente, essa linda princesa, essa princesa maravilhosa, que nós temos aqui, Angélica!!!”, que comparece num vestido longo prateado e num instante é envolvida nos braços do Rei, ficando cara a cara com um Roberto que não acredita no que fez, “uau, não adianta!!!”, os dois começam a dançar, o Rei diz, “você reparou que, que eu digo nessa canção, como é mesmo, eu posso dançar com você como no passado”, a futura senhora Luciano Huck responde, “eu reparei, o Brasil inteiro reparou, né, Roberto, alis, quantas gordinhas, magrinhas, altinhas, baixinhas, de óculos, sem óculos, gostariam de estar no meu lugar agora, gente, hein”, Roberto faz cara de que não é com ele, a protagonista da novelinha “Caça-Talentos” cantarola, “eu não queria ter você em um programa”, olha a Xereta fazendo foto na plateia, o Rei reconhece a canção, é de seu repertório, “Falando Sério, é, Falando Sério, hehehe, mas olha, sabe que não é a primeira vez que eu tenho você em meus braços, como diz a canção, é, eu já peguei você no colo”, a apresentadora de “Bambuluá” admite, “é”, Roberto explica, “quando você era garotinha, você era menininha, você ainda é garotinha, você era mais menininha”, a “host” do “Video Game” observa, “eu era garotinha, mas te achava um boa-pinta” – “é mesmo???”, questiona o Rei – “é verdade”, Roberto pega o gancho, “bom, então agora é a minha vez de dizer que o Brasil inteiro acha que boa pinta, boa pinta mesmo, é a sua”, a apresentadora do “Estrelas” ri litros, “acho que nessa dancei, dancei, dancei”, o Rei também ri, “dançou, mas no bom sentido, porque eu também acho que o Brasil inteiro gostaria de estar aqui no meu lugar dançando com você”, a “host” do “reality” musical “Fama” se afasta um pouco e interpreta “Música Suave”, “E seu rosto colado no meu, Me convida a dizer, Coisas que as outras pessoas, Não devem saber, Me abrace mais forte, Não se importe com os outros casais”, terminando com um abraço e um dueto,  Que bom se essa música, Não terminasse jamais”, mais um abraço dela, “obrigado”, retribuído pelo Rei ao microfone, “obrigado, Angélica, que prazer que eu tive de dançar com uma princesa”, ela responde, “o prazer que eu tive de estar ao lado do Rei, um presente lindo, obrigada”, Roberto ri e aplaude com a plateia – Angélica foi contratada pela Globo em 1996, para apresentar o programa infantil “Angel Mix”, depois do sucesso a frente do “Clube da Criança” e do “Milk Shake” na Manchete e da “Casa da Angélica”, “Passa ou Repassa” e “TV Animal”, no SBT, o que levou também a uma carreira musical, mesmo que a voz não fosse perfeita, Xuxa começou assim, dizem que das apresentadoras infantis da época, Mara Maravilha e Mariane Dombrowa eram as melhores cantando, bom, Eliana gravou o tema da novela “Garotas Bonitas”, exibida pelo SBT em 1993, faixa de seu primeiro disco, “Os Dedinhos”, voltando a Angélica, por alguns anos ela teria seu próprio especial de final de ano na Globo, uma tradição deixada de lado quando a apresentadora deixou a apresentação de programas infantis... Roberto Carlos inicia mais um “stand-up” enquanto uma névoa cenográfica se espalha pelo piso do palco, “é impossível não ter saudades da Jovem Guarda, não ter saudades da Jovem Guarda é como não ter saudades da própria juventude, a Jovem Guarda é será sempre para todos nós, para todos aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar dela como um, como uma fruta, uma fruta chamada juventude, é claro”, o maestro Lages só observa e rege, “que a gente mordeu e jamais esqueceu o gosto”, o Rei começa a cantar “Jovens Tardes de Domingo”, de 1977, “Eu me lembro com saudade, O tempo que passou, O tempo passa tão depressa, Mas em mim deixou, Jovens tardes de domingo, Tantas alegrias, Velhos tempos, Belos dias”, o “stand-up” continua, “na verdade, todos os dias são belos, e todos os tempos são belos, quando a gente tem o prazer de chamar e ter com a gente, Gal Costa!!!”, que não é exatamente do movimento da Jovem Guarda, mas, enfim, a música “Baby” fala em “ouvir aquela canção do Roberto”, Gal comparece usando uma camisa branca, “essa maravilha de Gal”, a cantora dá um abraço, prosseguindo com a música, “Canções usavam formas simples, Pra falar de amor” – Roberto interrompe, “quase não deu tempo pra cantar, não é, Gal???” – “Carrões e gente numa festa, De sorriso e cor, Jovens tardes de domingo, Tantas alegrias, Velhos tempos, Belos dias, Hoje os meus domingos, São doces recordações, Daquelas tardes de guitarras, Sonhos e emoções, O que foi felicidade, Me mata agora de saudade”, o dueto, “Velhos tempos,  Belos dias, Velhos tempos, Belos dias, Velhos tempos, Belos dias”, Roberto e Gal acomodam-se cada um em seu banquinho, o Rei pega o violão e põe a mão no joelho da cantora, chamando a atenção para seu comentário, “sabe que a primeira vez que eu ouvi você cantando, ah, Sua Estupidez” – “ahã”, diz Gal – “não, minha estupidez”, ela ri, “sua, porque eu cantei três e você nunca quis”, Roberto propõe, “vamos fazer a quarta, hehehe”, Gal começa o dueto de “Sua Estupidez”, que ele gravou em 1969 e ela em 1971, “Meu bem, ô meu bem, Você tem que acreditar em mim, Ninguém pode destruir assim, Um grande amor, Não dê ouvidos a maldade alheia, E creia, Sua estupidez não lhe deixa ver, Que eu te amo”, o Rei vai de voz e violão, “Meu bem, uuh, meu bem, Use a inteligência uma vez só, Quantos idiotas vivem só, Sem ter amor, E você vai ficar também sozinha, Eu sei porquê, Sua estupidez não lhe deixa ver, Que eu te amo”, Gal e seu vozeirão de novo, “Quantas vezes eu tentei falar,  Que no mundo não há mais lugar, Pra quem toma decisões na vida, Sem pensar”, Roberto mais uma vez, quase sussurrando, “Conte ao menos até três, Se precisar conte outra vez, Mas pense outra vez, Meu bem, meu bem, meu bem, Eu te amo”, Gal acha graça, “Meu bem, ooh meu bem, Sua incompreensão já é demais, Nunca vi alguém tão incapaz, De compreender, Que o meu amor é bem maior, Que tudo que existe, Mas, sua estupidez não lhe deixa ver,” o Rei arremata, “Que eu te amo, tanto”, olha o dueto, “Ah, eu te amo, Eu te amo”, aplausos e um caloroso abraço – a eletricidade no ar dos encontros anteriores de Gal e Roberto deu lugar a um momento descontraído entre o cantor e a cantora, e o clima quase intimista não é por acaso, Gal Costa gravou um “Acústico MTV” em julho de 1997, experiência que o Rei teria quatro anos depois... Antes, é preciso que Roberto Carlos tem mais uma parceria para anunciar, “eles são, eles são de Minas, mineiros, uai, né, mas todo Brasil canta o sucesso dessa banda de samba fantástica, dessa banda de samba maravilhosa, desses meninos maravilhosos que são Só Pra Contrariar!!!”, na verdade, a banda já estava no palco, quem comparece é o vocalista, Alexandre Pires, o próprio, vestindo um paletó azul-metálico, aplaudido e cumprimentando, ao som de uma introdução em ritmo de pagode de “Amigo”, de 1977, que começa a cantar incentivado por Roberto, “Você meu amigo de fé, meu irmão camarada, Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas, Cabeça de homem mas o coração de menino, Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada”, é a vez do Rei,   Me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro, Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro, O seu coração é uma casa de portas abertas, Amigo você é o mais certo das horas incertas”, palco e plateia vocalizam a introdução da música, duas décadas antes do “Não para, não para, não para” da torcida corinthiana, Alexandre cumprimenta e sorri, “Às vezes em certos momentos difíceis da vida,, Em que precisamos de alguém pra ajudar na saída, A sua palavra de força, de fé e de carinho, Me dá a certeza de que eu nunca estive sozinho”, Roberto sorri e dá um abraço,  “Você meu amigo de fé, meu irmão camarada, Sorriso e abraço festivo da minha chegada, Você que me diz as verdades com frases abertas, Amigo você é o mais certo das horas incertas”, agora o coral cuida da introdução, apoiado pelos saxofonistas, os dois agora, “Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que você é meu amigo, Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que eu tenho um grande amigo, Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que você... É meu... Amigo!!!”, o bate-bola no finzinho da canção resulta em aplausos e num abraço emocionado, testemunhado por dona Hilda Rebello, o Rei agradece, “obrigado, obrigado, só pra contrariar, esses meninos maravilhosos, mineiros, mineiros”, Alexandre Pires discretamente tira um cisco do olho, “Alexandre menino, olha aí”, o vocalista agradece a plateia que o aplaude, Roberto acha graça da emoção de Alexandre e o abraça, “não dá para segurar”, o Rei fala, “maravilha, bicho, cê sabe que, todo mundo sabe que cês são mineiros” – Alexandre Pires sorri, “é sim”, não confundir com “Aécim”, digo – “mineiro é aquele que faz tudo quietinho”, o auditório ri litros – “é, na moita, sabe como é que é, quando aparece, né, tudo” – o vocalista do SPC continua emocionado – “então eu gostaria que você cantasse o mineirinho, de mineirinho não tem nada, é Mineirão!!!”, Alexandre sorri, “obrigado, Rei, que honra”, Roberto retribui, “honra pra mim, obrigado, meu irmão”, hora do pagodeiro cantar e também dançar, “Mineirinho”, de 1997, sem referências ao refrigerante comercializado no Rio de Janeiro, antes, um aviso, “deixa eu parar de chorar um pouquinho, olha o mineirinho entrando em ação, vamos lá”, “Eu não tenho culpa de comer quietinho, No meu cantinho boto pra quebrar, Levo a minha vida, bem do meu jeitinho, Sou de fazer, não sou de falar, Quer saber o que tenho pra lhe dar, Vai fazer você delirar, Tem sabor de queijo com docinho, Meu benzinho, você vai gostar, É tão maneiro, uai, é bom demais, Não tem como duvidar, O meu tempero, uai, mineiro faz, Quem prova, se amarra”, o grupo faz a segunda voz, “Ai, ai, não tem como duvidar, Faz, faz, quem prova, se amarra”, olha o Fernando Pires na bateria, tome sambadinha de Alexandre Pires no palco, “olha o som, Só Pra Contrariar”, um toque de sanfona no teclado, “diz aí, Fernando”, Alexandre parte para o xaxado, com as mãos nas costas, um "moonwalk" no final, Roberto abraça, Alexandre Pires revela, “esse momento é um momento máximo do Só Pra Contrariar, participar desse especial com você, o Rei, o Rei da música brasileira, é uma emoção muito grande”, o Rei responde, “ah!!!, pra nós é uma alegria ter vocês aqui, essa banda de samba fantástica que como eu disse que vocês são, Alexandre, obrigado, e a vocês todos, meninos, obrigado, Deus abençoe vocês”, Alexandre Pires e Roberto se abraçam, aplausos – o pagode anos 1990 chega aos especiais de Roberto Carlos na própria década em que alcançou o sucesso nacionalmente, o Rei continuou a ser um sambista bissexto, porém serviu claramente de inspiração a Alexandre Pires, e outros expoentes do movimento, Belo, corre aqui, a partirem para a carreira solo como cantores românticos, no caso de Alexandre, gravando em espanhol para distribuição internacional, culminando em um encontro com o presidente estadunidense George W. Bush na Casa Branca em 2003... E vem mais “stand-up” de Roberto Carlos por aí, “meu grande compositor, meu grande poeta, meu grande amigo, meu irmão camarada, meu amigo de fé, meu irmãozinho Erasmo Carlos, meu amigo Erasmo Carlos!!!”, de terno branco e camisa azul, que logo depois do abraço e do beijo – na testa de Roberto – já começa a cantar “Sentado a Beira do Caminho”, que o próprio Tremendão gravou em 1969, num compacto simples, e novamente, em dueto com Roberto, no disco “Erasmo Carlos Convida”, de 1980, “Eu não posso mais ficar aqui, A esperar, Que um dia de repente, Você volte para mim, Vejo caminhões, E carros apressados, A passar por mim, Estou sentado à beira, De um caminho, Que não tem mais fim”, sua vez, Roberto, “Meu olhar se perde na poeira, Dessa estrada triste, Onde a tristeza, E a saudade de você, Ainda existe, Esse Sol que queima, No meu rosto, Um resto de esperança, De ao menos ver de perto, O seu olhar, Que eu trago na lembrança”, ambos os dois, “Preciso acabar logo com isso, Preciso lembrar que eu existo, Que eu existo, que eu existo”, a canção se alonga, porém Erasmo sabe que isso dá mais tempo de tela a ele, “Vem a chuva, molha o meu rosto, E então eu choro tanto, Minhas lágrimas, E os pingos dessa chuva, Se confundem com o meu pranto, Olho pra mim mesmo, me procuro, E não encontro nada, Sou um pobre resto de esperança, À beira de uma estrada”, teclados trabalhando forte, Roberto também, “Carros, caminhões, poeira, Estrada, tudo, tudo, tudo, Se confunde em minha mente, Minha sombra me acompanha, E vê que eu, Estou morrendo lentamente,  Só você não vê que eu, Não posso mais, Ficar aqui sozinho” – “sozinho”, repete Erasmo -  “Esperando a vida inteira, Por você, Sentado à beira do caminho”, vem o refrão, com a parte preferida do Tremendão, “larará lará lará lará, larará lará lará lará lará”, que agradece a Roberto com abraço, beijo e mão no peito – os dois primeiros especiais dirigidos por Jorge Fernando recolocaram a Jovem Guarda em lugar de destaque na atração, enquanto nos dois últimos o movimento apareceu muito discretamente, lembrando por Erasmo e, neste ano, por Gal Costa, que era do Time Violão enquanto Roberto fechava com o Time Guitarra Elétrica, digo...











Emoção de Paulo Miklos por estar ao lado de Roberto era bastante visível, já o Rei se acostumou com Gal Costa...





































Roberto Carlos declara, “há muito tempo existe uma admiração muito grande e uma vontade imensa de fazer alguma coisa juntos, ah, eu gosto muito dessa banda, essa banda realmente tem feito trabalhos fantásticos, trabalhos maravilhosos, essa grande banda de rock que eu ando realmente, Titãs!!!”, que comparecem ao círculo no palco, alguns usando óculos escuros, o Rei segue com a saudação, “gravaram um grande disco, como sempre”, Branco Mello abraça Roberto, Charles Gavin vai para a bateria, e Paulo Miklos fica frente a frente com o cantor, cada qual no seu banquinho, ele de terno branco, o Rei de azul, ambos os dois dão as mãos, foca no sax e no teclado,  para interpretarem “É Preciso Saber Viver”, que Roberto lançou em disco em 1974, antes havia aparecido no filme “O Diamante Cor-de-Rosa”, e grupo de rock incluiu no álbum “Volume Dois”, de 1998, Miklos começa, “Quem espera que a vida, Seja feita de ilusão, Pode até ficar maluco, Ou morrer na solidão, É preciso ter cuidado, Pra mais tarde não sofrer, É preciso saber viver”,  olha o Nando Reis e o Tony Belotto, Marcelo Fromer, que saiu de cena num acidente de trânsito em 2001, é encoberto por Roberto, que  segue a canção, “Toda pedra do caminho, , Você deve retirar, Numa flor que tem espinhos, Você pode se arranhar, Se o bem e o mal existem, Você pode escolher, É preciso saber viver”, todos agora, “É preciso saber viver, É preciso saber viver, É preciso saber viver, Saber viver”, foca no violino da orquestra, no violão de Nando Reis e na guitarra de Tony Belotto trabalhando forte no instrumental da música, Paulo Miklos leva o indicador a cabeça, comentando, “filosofia pura”, close na bateria e nos violinos da orquestra, que gesto de arminha é esse, Paulo Miklos, que em seguida bate palmas com Roberto, foca no guitarrista da banda e na violinista, olha no teclado o Sérgio Britto, um flagra no auditório, olha a contrabaixista da orquestra, a violinista de novo, outra vez Nando Reis e Tony Belotto, Gavin na bateria, close na guitarra, palmas e mais palmas, foca no pandeiro de Branco Mello, mais um close em Sérgio Britto, outro no sax da orquestra, o Rei e o Titã cumprimentam-se no final – música conhecida também como “É Duro Ser o ET”, em alusão a um personagem que surgiu no programa “Ratinho Livre”, na TV Record, naquele final de ano de 1997, quando o repórter Rodolfo Carlos de Almeida prometeu que ia trazer um alienígena no palco do programa, e levou dentro de uma caixa um conhecido da região de Osasco, Cláudio Chirinhan, que ao sair no tapa com Ratinho ao vivo quando o apresentador abriu a caixa, ganhou o apelido de ET, falando em Ratinho, no começo de 1998, o programa da Record, alcançando picos de quase 40 pontos de audiência, encerrou o costume da Globo de reprisar o especial de Roberto durante o verão, o de 1997 foi o último que teve essa deferência...  Aplausos, Marcelo Fromer mudou de lugar para ser focalizado pelas câmeras, Paulo Miklos canta e Roberto faz o dueto em “Pra Dizer Adeus”, que a banda lançou no álbum “Televisão”, em 1985, “Você apareceu do nada, E você mexeu demais comigo, Não quero ser só mais um amigo” – aponta para o Rei, que prossegue com a música – “Você nunca me viu sozinho, E você nunca me ouviu chorar, Não dá pra imaginar quanto” – o Rei lembra de “Quando”, todos, “É cedo ou tarde demais, Pra dizer adeus, pra dizer jamais”, Miklos gesticula, à maneira de Roberto, “Às vezes fico assim pensando, Essa distância é tão ruim, Por que você não vem pra mim???”, a bola volta para o Rei, “Eu já fiquei tão mal sozinho, Eu já tentei, eu quis chamar, Não dá pra imaginar quanto”, todo mundo novamente, “É cedo ou tarde demais, Pra dizer adeus, pra dizer jamais”, as meninas da plateia batem palmas, a bateria vista do alto, Miklos e Roberto riem litros, olha o violoncelo da orquestra, canta, Branco, o vocalista Miklos vai de “Yes!!!”, outro close nos violinos, a bateria e um “give me five” para fechar, a plateia, a banda e o Rei aplaudem de pé – lembrando que no começo a banda se chamava “Os Titãs do Ié-Ié-Ié”, fazendo referência ao rock dos anos 1960, o Rei sabe porque estava lá, e em março de 1997, os Titãs gravaram no Rio o “Acústico MTV”, cuja estética inspirou a apresentação no especial de Roberto, que gravaria o seu em 2001, polêmicas a parte... Depois da mitologia grega, a fé cristã, Roberto Carlos, sozinho no palco, canta “Coração de Jesus”, do disco de 1997, com um portal de neon se abrindo no palco,  citando as “portas abertas” da letra, “No coração de Jesus tenho tudo que eu quero, No coração de Jesus, Tenho a paz que eu preciso, Tenho o abrigo perfeito, Contra qualquer perigo tenho o apoio da mão, Do verdadeiro amigo”, o coral acompanha, , “Aqui estamos coração de Jesus, Nos abençoe, coração de Jesus, E nos perdoa tê-lo posto na cruz, Coração de Jesus”, o Rei abre os braços, olha a Dona Hilda no gargarejo, os aplausos seguem e o Rei faz seu “stand-up” em cima, “eu tenho o grande prazer de convidar duas pessoas que há muito tempo eu tenho o interesse em divulgar, Padre Zezinho e Padre Antônio Maria”, a orquestra toca “Oração pelas Famílias”, do Padre Zezinho, de terno, Roberto elogia, “canção maravilhosa, que faz parte da campanha da vinda do Padre, do Papa”, abraçando Padre Antônio Maria, de batina, Zezinho canta, “Que nenhuma família, Comece em qualquer de repente, Que nenhuma família, Termine por falta de amor,  Que o casal seja um para o outro, De corpo e de mente, E que nada no mundo, Separe um casal sonhador”, é a vez de Antônio Maria, “Que nenhuma família, Se abrigue debaixo da ponte, Que ninguém interfira, No lar e na vida dos dois, Que ninguém os obrigue a viver, Sem nenhum horizonte, Que eles vivam do ontem, no hoje, Em função de um depois”, sua vez, Roberto, “Que a família comece, E termine sabendo onde vai, E que o homem carregue nos ombros, A graça de um pai, Que a mulher seja um céu de ternura, Aconchego e calor, E que os filhos conheçam, A força que brota do amor”, Rei pede, “todos”, “Abençoa, senhor, as famílias, amém, Abençoa, senhor, a minha também, Abençoa, senhor, as famílias, amém, Abençoa, senhor, a minha também”, olha a câmera “xereta” trabalhando forte na plateia, Roberto abraça os dois padres, “maravilha!!!”, as mulheres no palco acompanham, inclusive Maria Rita, a própria, a plateia levanta as mãos na hora do refrão, a capela do Rei, “abençoa  Senhor... a minha também!!!”, mais um abraço nos padres, aplausos em pé, Roberto pede a benção a Antônio Maria e Zezinho, o coral trabalha forte vocalizando canto gregoriano, lasers surgem no palco, Roberto Carlos canta “Jesus Cristo”, de 1970, marcando o ritmo com palmas, em meio a imagens da apresentação do cantor durante a missa rezada pelo Papa João Paulo II no Aterro do Flamengo durante o II Encontro Mundial das Famílias, realizado um par de meses antes, em outubro de 1997,  foca no Cristo Redentor, no Papa, na plateia e na orquestra, e vem os agradecimentos do Rei, “obrigado, obrigado, por esse carinho de sempre, obrigado por tudo, e que Deus abençoe a todos, Feliz Natal, um Natal Maravilhoso e um Ano Novo maravilhoso, com muita paz, muita saúde, muito amor, que Deus proteja e abençoe, obrigado, obrigado, obrigado”, foca na dona Hilda, antes do coral finalizar, a orquestra vai de “Amigo”, o Rei aplaude e agradece novamente, “obrigado, obrigado, obrigado!!!, Feliz Natal e um Ano Novo Maravilhoso, que Deus abençoe a todos”, Roberto pega as flores e começa a oferecer ao pessoal do gargarejo, sobem os créditos, 16 músicas tocadas no especial,  “diretor convidado Felipe Sá”, a fã estende a mão para receber uma rosa, o Rei beija e arremessa as flores, outra fã espera pela sua rosa, “gerente de produção Sérgio Madureira”, a distribuição continua, “núcleo Jorge Fernando”, terminando quando surge a bolinha da Globo e o Rei recebe um buquê de flores, dado por uma pessoa de boné que o abraça – a ligação de Roberto Carlos com João Paulo II já vinha de bem antes, quando o Papa visitou o México em 1979, momento em que houve a reaproximação do Vaticano com o governo mexicano, um século depois do surgimento do Estado laico com as Leis de Reforma, e o Papa foi recebido no estádio Azteca por um coro de crianças cantando “Amigo”, pedindo para ver a letra da música, anos depois, Roberto cantaria para o Papa na missa realizada no Aterro do Flamengo, na terceira visita de João Paulo II ao Brasil, durante o Encontro Mundial das Famílias, num momento em que as igrejas evangélicas vem em ascensão no país e as músicas religiosas do cantor estão em sua fase mais católica, citando Nossa Senhora, o terço e o Sagrado Coração de Jesus, e ao contrário do que costuma acontecer nos especiais, onde a tendência surge e depois é pautada pelo programa, agora Roberto se antecipou ao apogeu dos padres cantores, movimento que ganharia força no ano seguinte com o Padre Marcelo Rossi...





























































E no momento em que os padres cantam a família, é focalizada Maria Rita, que casou-se  com Roberto em 1996...




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