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Cantando "Caminhoneiro" num Mercedão 1932, Roberto não esqueceu de por a foto de Myriam Rios no painel... |
Inédito no Viva, o "Roberto Carlos Especial" de 1984, apresentado nesse ano em 28 de dezembro, um domingo, às 17h15, vai além da simples sequência de quadros e conta uma história que é associada ao registro do show, a partir da música "Caminhoneiro", canção que dialoga com um público de gosto musical mais despojado, deixando um pouco de lado as letras rebuscadas, o próprio Roberto definiu a música, versão dele e de Erasmo Carlos para "Gentle On My MInd", de John Hartford, como um "country chegadinho assim para o sertanejo", e os convidados em outro patamar, partindo para o pop, um pouco também pelo horário de exibição do programa, assim, ao invés de Djavan e Gal Costa, comparecem no especial o Balão Mágico e a Blitz, presença garantida também pelo fato dos produtores desses grupos serem contemporâneos de Roberto na Jovem Guarda, como lembra o Lobão – e você não, Ritchie... Ops!!!... O programa começa com bolinha na tela, “Rede Globo Apresenta”, Roberto Carlos acelerando sua Mercedes (o carro) na região da Barra da Tijuca, o farol fecha, “Roberto Carlos Especial”, o Rei respeita a sinalização de trânsito e para, “Um Programa Aloysio Legey Walter Lacet Redação Ronaldo Bôscoli”, ao volante, Roberto olha para o outro lado da pista e vê a Mercedes (o caminhão), “Cenografia Mauro Monteiro Sandra Demôro e Cláudio Dâmaso”, um plano mais aberto mostra um caminhão 1932 baú turbocooler trucado, estampado com faixas em tons de verde, “Iluminação Peter Gasper, Áudio Antônio Faya, Edição Beto Mariano João Rodrigues”, Roberto só observa a carreta que não é a Furacão, “produção musical Sérgio de Carvalho”, close no Mercedão, o Rei imagina estar dando a partida no caminhão, sorri, olhando atentamente a si mesmo tentando sintonizar o rádio na cabine, “Direção de Criação Macedo Miranda, Filho”, entram os primeiros acordes de “Caminhoneiro”, o Roberto do carro continua olhando, o caminhão pega a estrada, “Direção Geral Maurício Tavares”, o Rei pega-te bruto, quer dizer, pega o bruto e começa a cantar, que coisa, não, “Caminhoneiro”, lançamento do disco de 1984, percorrendo estradas que cortam matas, morros, mares e rios, passando por outros caminhões de várias marcas e modelos, os bicudinhos da Mercedes são maioria, por entre pontes e viadutos, o limpador de para-brisa trabalha forte com uma chuvinha na rodovia, Myriam Rios se faz presente na foto colocada no painel, “eu sei, tô correndo ao encontro dela, coração tá disparado, mas eu ando com cuidado, não me arrisco na banguela” – Roberto Carlos voltaria a boleia, sem alusões dos carreteiros presentes, para cantar "Caminhoneiro" na estrada nos especiais de 1995, sem retrato no painel, e de 2004, com a foto de Maria Rita, antes do encontro com Pedro e Bino de "Carga Pesada", um clássico do canal Viva, por ora, Régis Tadeu, corre aqui que o homem se reinventou, digo, numa entrevista a revista “Caminhoneiro”, Roberto Carlos contou que mostrava os rascunhos da letra da música para um carreteiro amigo, a fim de colocar as palavras mais adequadas à turma do trecho, embora estivesse um pouco preocupado no que dizia respeito à tradução da expressão “banguela” para a versão em espanhol da canção, optando por “marcha suelta”... O caminhão de Roberto Carlos entra numa estrada de terra, a trilha sonora agora é na base dos bandolins e banjos, então é por isso que indígenas a cavalo perseguem uma diligência conduzida por um caubói todo de branco disparando flechas, Roberto só observa a cena e oferece carona no vaqueiro, que não é outro senão Beto Carreiro, ou melhor, Erasmo Carlos, relutante em aceitar a oferta do caminhoneiro apesar de ter uma flecha atravessando seu chapéu, o Rei pergunta o que o Tremendão está fazendo ali, ele responde, “estou correndo atrás dos meus sonhos”, Roberto diz, “eu também”, levando Erasmo a pular da diligência, “segura aí que eu vou entrar nos seus sonhos”, numa manobra ousada, o amigo de fé e irmão camarada pula no caminhão, abre a porta, na cabine, ele nota que o chapéu está danificado, mete um caco à Didi Mocó, “é do figurino da Globo”, lembra de fechar a porta, pede aos indígenas que o perseguem voltarem para a realidade, o grupo desaparece na estrada – a predileção de Roberto Carlos por filmes de faroeste é bem conhecida, foi até retratada no especial de 1975, a novidade aqui é o especial contar uma história, normalmente os quadros não tinham ligação entre si, estilo trazido do "Fantástico" por Augusto César Vannucci, da fase da Jovem Guarda o Rei ia para as músicas românticas e depois para as canções religiosas, ah sim, Régis Tadeu deve estar certo, porque esse esquema meio “road movie” foi repetido com algumas mudanças no programa de 1995 e com o elenco do "remake" de "Carga Pesada", em 2004, é uma cilada, Bino... Tocam os bandolins, Roberto diz que conhece o caubói de algum lugar, e vice-versa, pois Erasmo teve a mesma impressão, nesse momento a dupla avista no acostamento, perto da placa do limite de velocidade (60 quilômetros por hora), uma menina de vestido e chapéu branco, sentada a beira do caminho, sem alusões aos presentes, o Tremendão abre a porta do caminhão e o Rei pergunta, “oi, senhorita, podemos ajudar em alguma coisa???”, a garotinha, nada mais nada menos que Simony, então integrante da Turma do Balão Mágico, dá uma resposta atravessada, baseada em fatos reais, “ah, vai procurar sua turma”, Roberto é gentil, “vou sim, mas você, pra onde vai???”, Simony explica, “vou procurar a minha, você me leva???”, Roberto oferece carona, “levo, vem, vai”, faz sentido, caminhoneiro embarcar uma criança no meio da estrada, complicado, Erasmo se encarrega de colocar a menina mala, digo, a menina e sua mala na boleia do caminhão, Simony pergunta sobre Erasmo a Roberto, que cita a canção, “amigo de fé, irmão camarada, tá achando ele bonito???”, a garota é taxativa, “amigo não precisa ser bonito, amigo é amigo e pronto”, servindo de deixa para cantar com o Rei “É Tão Lindo”, dividindo a cena com o Tremendão e uma pobre criatura, sem alusões aos filmes presentes, em forma de desenho animado, num show de efeitos especiais, o que inclui Erasmo Carlos with lasers fazendo aparecer chapéus de palha e bengala para dar número de sapateado, Simony até beija o bicho (!!!), “se tem bigodes de foca, nariz de tamanduá, parece meio estranho, hein???, também um bico de pato, e um jeitão de sabiá” – a letra é uma tradução feita pelo músico Edgar Poças, o próprio, criador da Turma do Balão Mágico, de “It’s Not Easy”, canção de Al Kasha e Joel Hirshorn, da trilha do filme “Meu Amigo, o Dragão” (“Pete’s Dragon”), lançado pelo Valdisnei em 16 de dezembro de 1977, que por acaso também combinava animação com “live-action” (o “remake” de 2016 combina atores reais com CGI), o personagem que contracena com Erasmo, Simony e Roberto, cuja animação não é creditada (provavelmente é da equipe de efeitos especiais, Sérgio Farjala, Zanata e Alair Quintanilha), que na versão original da música é um dragão com “cabeça de camelo”, “pescoço de crocodilo” e “orelhas de vaca”, aqui foi criado a partir da tradução da música, com um bico de pato que lembra a turma de Patópolis, o que leva a um questionamento, não podia ser o Fofão???, afinal, ele contracenava com Simony no programa “Balão Mágico” e seu criador, Orival Pessini, produzia os shows da Turma do Balão Mágico, em resumo, o Rei quase criou o conceito da Carreta Furacão... Ops!!!...
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Em um show de efeitos especiais, Roberto, Erasmo e Simony fizeram versão brasileira do filme "Pete's Dragon"... |
De volta a estrada, Simony avista um balão, “olha lá a minha turma!!!”, despede-se de Erasmo com beijos e vai encontrar Mike e Toby, seus companheiros de Balão Mágico, para juntos cruzarem os céus num lindo balão que não era azul, “sino” vermelho, Jairzinho nem fazia parte do grupo ainda, entra o intervalo sem "break", na volta, já é noite, Erasmo comenta, “quanta verdade existe nos cordéis de estrada, tem uma muito interessante, vivo todo arranhado, mas não largo a minha gata”, Roberto ri litros, o Tremendão manda outra, “meu amor virou cinza porque eu mandei brasa”, o Rei lembra da Jovem Guarda e até sugere colocar o trecho de uma canção do movimento no para-choque, “pode vir quente que eu estou fervendo”- Erasmo na verdade falava das famosas frases de para-choque de caminhão, o texto deu uma derrapada aí, literalmente... Ops!!!... É noite na estrada, Roberto Carlos é ofuscado pelo farol alto dos caminhões no sentido oposto, Erasmo Carlos diz que é “código de caminhoneiros, bicho”, “sinal de que tem blitz na estrada”, então é por isso que o Tremendão liga o rádio e começa a tocar “Radioatividade”, faixa do segundo álbum, quem poderia imaginar, da banda Blitz, o Rei e seu amigo param num posto de gasolina, a imagem fica em preto-e-branco quando entram no bar, cujo visual remete às lanchonetes drive-in estadunidenses da década de 1950, a dupla chega no balcão, pede cerveja, mas Evandro Mesquita em pessoa, de óculos óculos, cita a si mesmo em “Você Não Soube Me Amar”, “só tem chope!!!”, Erasmo entra na brincadeira, “desce dois, desce mais”, antes que Roberto falasse a parte da batata frita, Paulão da Regulagem se antecipa e parte para o “ok, você venceu!!!”, pedindo que Roberto e Erasmo saiam para encontrar com os outros integrantes da Blitz, que comparecem num carrão conversível, Evandro propõe, “a gente já tá na estrada há um tempão, será que pra matar a sede não sai um rock aí da dupla???”, Roberto hesita, “vocês escolhem”, a vocalista da Blitz, Márcia Bulcão, incentiva, “vocês que escolhem aí”, Erasmo nota que tem algo errado que não está certo e num estalar de dedos, restitui as cores ao posto, que também tinha ficado preto e branco, então é por isso que o Rei canta “Garota Papo Firme”, de 1966, primeira vez no especial, fortemente trabalhada nos tempos da brilhantina e na “new wave”, o Tremedão vai de "Lobo Mau", lançada em 1965, dentro do bar, a Blitz ataca de “Parei na Contramão”, de 1963, Evandro pega o telefone e diz a suas "backing vocals", Fernanda Abreu e Márcia, que encontrou a gata com “calça boca-de-sino pestana dupla com pisca-pisca e salto carrapeta dois andares” e perguntou se ela conhecia “a nova do Roberto e Erasmo”, elas pedem, “canta aí”, Paulão interpreta “Eu Te Darei o Céu”, também de 1966, em seguida, o vocalista da Blitz conta que ofereceu a gata “um pedaço de pizza e uma cuba libre”, Fernanda e Márcia também querem “uma banana split com marshmellow”, o jeito é recorrer a “Splish Splash”, de 1963, enquanto Roberto é beijado, e ao contrário da canção, não apanha (!!!), Evandro sai do bar e faz sua versão da introdução de “O Calhambeque”, “essa é uma das muitas histórias que acontecem com a Blitz, primeiro Batata Frita, Você Não Soube Me Amar, Geme Geme, Bete Frígida e A Dois Passos do Paraíso, que também é muito interessante”, usando a mangueira da bomba de gasolina como microfone, chama “o Tremendão Erasmo Carlos e o meu amigo Roberto Carlos”, Ritchie, corre aqui, para cantarem “Festa de Arromba”, que Erasmo lançou no disco “A Pescaria”, de 1965 – a maioria das músicas desta parte do especial são versões de canções estrangeiras, o que não deixa de ser curioso, porque Roberto e Erasmo diferenciavam-se de seus contemporâneos na Jovem Guarda por gravarem as próprias composições, aí é que entra o Lobão saindo da Blitz depois da banda ser capa da “IstoÉ”, por razões de não concordar com os produtores, oriundos do movimento, insistirem na regravação de canções da década de 1960, em especial “Biquíni de Bolinha Amarelinha”, pela banda que estava na linha de frente do rock brasileiro nos anos 1980... O Rei e seu amigo voltam para o caminhão e, depois do intervalo sem "break", partem para um esquema mais raiz no estacionamento do posto, só voz e violão, Roberto comenta, “que festa, hein, bicho???”, Erasmo concorda, “como nos velhos tempos”, o Rei confirma, “como nos velhos tempos, alis, por falar em velhos tempos, a gente tem rodado um bocado de estrada, de calhambeque, Cadillac, caminhão, né, mas sempre máquinas incríveis”, o Tremendão observa, “carros envenenadíssimos, verdadeiros devoradores de asfalto”, Roberto está de acordo, “e tem sido muito bom, porque a gente tem aprendido muito, nessas estradas, né”, Erasmo aponta, “e principalmente porque, as estradas assim, nas estradas assim acontecem milhões de histórias, e sempre precisam de cantadores pra essas histórias”, Roberto apoia, “cantadores e contadores”, assim, com o Tremendão no violão e o Rei acompanhando, os dois interpretam “Sentado a Beira do Caminho”, de 1970, vide disco “Erasmo Carlos e os Tremendões”, baseada em "Honey", do estadunidense Bobby Russell, a música, cantada entre carreteiros descansando e fazendo o jantar, termina no meio do Maracanãzinho, com o 1932 no palco, maior "merchan" da Mercedes, embaixo de uma estrutura de neon, os degraus no chão lembrando a abertura de 1983 do “Fantástico”, a das pirâmides de CGI, inclusive a parte com os bailarinos foi gravada ali mesmo no ginásio, quase falindo a Globo (!!!), agora o público canta junto, tome “tananá” no final, Mari González – a parte do show começou mais cedo, porém esse não é o final da história, uma vez que o especial tem até cena pós-créditos... Ops!!!..
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Paulão da Regulagem não veio para consertar o caminhão de Roberto, "sino" tocar com seus parceiros da Blitz... |
A plateia que lota o Maracanãzinho bate palmas, Roberto e Erasmo se aplaudem, o Rei pede, “por favor, dá um close nele”, Erasmo se enquadra, Roberto dá um “like”, 20 anos antes da criação do Fecebook © e o Tremendão canta “Close”, do disco “Buraco Negro”, de 1984, “não fosse o gogó e os pés, a minha lente entrava na dela, no ponto da mulher nota dez, dá um close nela!!!”, a plateia acompanhando com aplausos, olha a mulher tirando foto com câmera "Xereta", a orquestra e as “backing vocals” sorrindo litros – uma referência a modelo Roberta Close, nascida Luis Roberto Gambine Moreira, com clipe e tudo, a letra fala em “tritão, a sereia mais bonita”, quando o Chapolin se depara com a múmia trazida pelos comparsas do ex da guia do museu e diz que não está gostando nada da cara dela, o personagem do Ramón Valdés, dublado pelo Carlos Seidl, detona, “se quiser, nós podemos trazer a Roberta Close”, e mesmo que a trans sequer conhecesse o cantor quando a música foi lançada, não faltaram pessoas que já foram fazer fofoca dizendo que os dois tinham um caso, pelo menos ninguém falava “o” Roberta Close, como ninguém falava “o” Rogéria, na letra há ainda uma citação a construção do Sambódromo carioca, que levou a transmissão exclusiva do desfile pela TV Manchete, surgida em 1983, “esse inenarrável monumento, num dado momento, faz a praia inteira levantar, numa apoteose a beira mar”... Roberto Carlos, de terno azul e gravata florida, que divide a autoria da música com Erasmo, beija a mão do amigo, e canta “Outra Vez”, a clássica composição de Isolda Bourdot, não confundir com "Quero Ver Outra Vez", lançada em 1977, criando um clima romântico no ginásio, que canta junto, o Rei até abre o microfone para a plateia, depois do intervalo com "break", Roberto anuncia que fez a versão de uma música de Lennon e McCartney, a plateia vibra, “essa versão, essa música foi batizada por uma das frases que Lennon disse muito pela vida, Eu Te Amo”, mostrando então sua versão para “And I Love Her”, de 1964, incluída no álbum do ano, com um caprichado solo de guitarra, “foi tanto que eu te amei, e não sabia que pouco a pouco eu, eu te perdia, eu te amo” – Erasmo Carlos disse em sua autobiografia, Denilson Monteiro, corre aqui, que caso ele, Roberto e Tim Maia tivessem se encontrado com Raul Seixas na década de 1960, teriam sido os Beatles brasileiros, o fato é que a música já tinha sido citada na homenagem a Lennon no especial de 1981, quando o Rei cantou “Imagine” em inglês, também em 1987 com Gabriela, na novela “O Clone”, em 2001, usaram uma outra versão, gravada por Lara Fabian... O romantismo segue como prioridade quando Roberto Carlos vai de “Detalhes”, de 1971, “pensando ter amor nesse momento, desesperada você tenta até o fim, mas até nesse momento, você vai, você vai lembrar de mim”, tirar do repertório do show ficou só na ideia daquele “stand-up” no Theatro Mvnicipal de São Paulo em 1981, a mulher em close não é a Myriam Rios, tampouco a Roberta (!!!), tome gesticulação na hora de falar “dos erros do meu português ruim” e do “não vai dizer o meu nome a pessoa errada” (!!!), afora a luta com o fio do microfone, o foco na então princesa consorte do Rei fica para “Cama e Mesa”, do álbum de 1981, com fusão de imagens inclusive – uma oportuna lembrança do clipe “chapliniano” do especial de 1982, que tinha coraçõezinhos do Chaves antes mesmo da estreia da série mexicana no Brasil, que havia acontecido poucos meses antes, em 20 de agosto de 1984, tudo bem, era o episódio do Conde Chihuahua, digo, do Conde Terra Nova no Chapolin, mas, enfim... Entra o intervalo, com "break", na volta o Rei é flagrado no meio de “Força Estranha”, a composição de Caetano Veloso, especialmente escrita para Roberto, que a gravou em 1978, incluindo ela no especial do ano seguinte, bem na parte inicial cortada pelo Viva por razões de defeitos na fita, “por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar, por isso é que eu canto não posso parar, por isso essa voz, essa voz tamanha”, olha o craque Zico na plateia, meses antes de deixar o futebol italiano e voltar a jogar no Brasil, a orquestra e o coral incentivam Roberto a interpretar a música no braço (!!!), o Rei agradece os aplausos e emenda, após outra ajeitada no fio do microfone, com “O Côncavo e o Convexo”, de 1983, Myriam Rios sorri no gargarejo com a aula prática de geometria (!!!), o maestro Eduardo Lages só acompanha, a próxima música é “Amante a Moda Antiga”, lançada no disco de 1980, “muitas manchas de batom daquele amasso no portão” à parte (!!!) – nesta parte do show, mais romântica, o público no Maracanãzinho ouve mais, acompanha menos e aplaude igual, o Rei faz dancinha, e outro Roberto, o Dinamite, um convidado mais de acordo com as preferências clubísticas do astro do show, é visto na plateia... Roberto Carlos volta para o “stand-up”, “quem nunca escreveu uma canção com uma frase de caminhão, e quem não escreveu uma frase de rock no cromado do para-choque???, Você Não Soube Me Amar!!!, é o Blitz, é o Blitz, que venham um, que venham dois, que venham todos!!!”, então é por isso que o grupo comparece no palco, Evandro Mesquita é saudado carinhosamente por Roberto, “grande garoto, grande Evandro, tá tudo muito bom, tá tudo muito bem???”, não para cantar “Você Não Soube Me Amar”, a música de 1982 que alçou a Blitz ao estrelato, “sino”, aproveitando a sugestão que Paulão da Regulagem fez ao Rei por estarem juntos na mesma estrada para cantarem “A Dois Passos do Paraíso”, do álbum “Radioatividade”, de 1983, até porque Roberto acreditou, “mas isso é muito perto”, Evandro, com um “mullet” de fazer inveja a Renato Gaúcho quando jogava, Márcia e Fernanda de venusianas (!!!), responde, “depende da curva”, o Rei pede, “claro, senta pau” (!!!), vide o rei boquiaberto quando Evandro conta a história da "Mariposa de Guadalupe" abandonada por um caminhoneiro de Miracema do Norte, respondendo a carta enviada a Radio Atividade com um "Não Quero Ver Você Triste Assim"– Ritchie, corre aqui, falando em especiais, bem que o Viva poderia reprisar o especial que a banda gravou na Globo nesse mesmo ano, “As Aventuras da Blitz Contra o Gênio do Mal”, ou vão esperar o Paulão ir de Gal Costa para reprisar a reprise da Globo, digo... No final da música, somos surpreendidos com Elizabeth Savalla sentada numa rede e fazendo na varanda um sorteio da Monange, valendo 5 milhões de cruzeiros em joias, ganhas por uma carta vinda da região da Vila Andrade, onde futuramente a Globo instalaria sua sede paulistana, a versão no YT, por ser extraída de um VHS da Globo Vídeo, obviamente não tem o anúncio, que não é propriamente algo estranho para o telespectador mais fiel do Viva, vários programas dos Trapalhões, que habitualmente ocupavam o horário do especial, passaram com os sorteios, Yakult, TecToy, Avanço, etc, etc, etc, mais um intervalo e Roberto Carlos retorna ao trivial, ou melhor, a “Café da Manhã”, de 1978, pode pedir o jantar, no final, um agradecimento, “quando eu estou com você, o meu corpo e minha alma são um coração que bate inteiro e forte”, a plateia apupa, “é, podem crer que o que eu sinto aqui eu digo aqui”, o Rei leva a mão ao coração e depois a boca, “e podem crer que tudo isso que eu estou dizendo é de coração, obrigado, muito obrigado”, lançando mais uma canção de seu novo disco, “Coração”, “com o coração na voz, e o grito mais feroz, eu canto a mesma dor, de outros corações assim, que sofrem igual a mim”, logo depois, os neons acima do palco se acendem, formando uma espécie de cadeia de montanhas, e o coral da Universidade Gama Filho, regido por Abelardo Magalhães, surge para acompanhar o Rei não em “A Montanha”, “sino” em “Aleluia”, também lançada no LP de 1984, “aleluia, Aleluia, conclusão dos pensamentos meus, aleluia, aleluia, em tudo isso tem a mão de Deus”, que assinala o final do show – os coralistas seguram archotes que lembram a tocha olímpica, e pensar que Roberto sequer foi chamado para a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, ali do lado, no estádio do Maracanã... Durante a música, enquanto Roberto deseja, “feliz Ano Novo, que Deus abençoe a todos”, e oferece flores depois de dar um beijo nelas, para a plateia e para a Blitz, os créditos sobem na tela, revelando uma grande surpresa, “Diretor Convidado J.B Brasil de Oliveira” - ele mesmo, o Bofinho, atual diretor dos especiais do Rei, em sua primeira participação creditada na produção do programa, ele que então estava apenas começando na direção do “Clip Clip”, Cris Couto, corre aqui... No final da apresentação, voltamos a Roberto em sua Mercedes, o carro, sendo despertado de seu devaneio pelas batidas de Erasmo Carlos na capota, “acorda, tá sonhando no trânsito, olha o engarrafamento que tem aí atrás”, de fato os motoristas estavam trabalhando forte nas buzinas, olha um ônibus ali no fundo, aplausos e a bolinha da Globo na tela, Realização Divisão Nacional de Eventos Especiais – aqui é a surpresa é dupla, a cena pós-créditos fechando o arco do especial e o crédito da produção do programa, numa época em que a Globo investia pesado na realização de shows ao vivo, porém, nessa de terceirizar para si própria a produção do especial, perderam a primazia da Carreta Furacão... Ops!!!...
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Programa de 1984 foi o primeiro que teve colaboração do atual diretor do especial, Bofinho, o próprio... Ops!!!... |
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