Quatro anos atrás, nosso itinerário incluiu quatro jogos, sete viagens de avião, muitas de ônibus e metrô - e protestos... |
No próximo dia 17 de junho começa a Copa das Confederações da FIFA ™ na Rússia... A competição terá a participação dos russos – que em 2018 sediarão a Copa do Mundo da FIFA ™ - da Alemanha, atual campeã mundial, do Chile, bicampeão sul-americano, do México, vencedor da Copa de Ouro da CONCACAF, de Camarões, detentor do título de campeão africano, de Portugal, que venceu a Eurocopa, da Austrália, campeã da Copa da Ásia, e da Nova Zelândia, ganhadora do título da Oceania... O Brasil, atual tricampeão do torneio, não participará da disputa... O que não deixa de ser muito estranho, pois a última edição da Copa das Confederações da FIFA ™ aconteceu no país... Vivida intensamente pelos brasileiros... Nós também... A competição não teria jogos em São Paulo, pois o Fielzão, na região de Itaquera, ainda estava em obras... A capital paulista recebeu apenas o sorteio dos grupos, realizado em dezembro de 2012 no Palácio das Convenções do Anhembi... Assim, para acompanhar o torneio de perto, sempre no finais de semana, era preciso elaborar um itinerário de viagens... Além de adquirir os ingressos, naturalmente... O percurso começaria com um voo de Congonhas até Brasília, pela Gol, decolando às 6h32 e pousando às 8h12, onde aconteceria a partida de abertura, entre Brasil e Japão, no dia 15 de junho, um sábado... Depois de pernoitar em um hotel da capital federal, mais um voo de Brasília até Cumbica, na manhã de 16 de junho, um domingo, com saída 7h10 e chegada 8h40... A passagem de ida e volta custou R$ 469, um pouco mais do que a diária do hotel, que saiu por R$ 373... Em seguida, às 10h35, embarque na avioneta da Gol para o Rio de Janeiro, com chegada prevista no Aeroporto Santos Dumont, às 11h22, para assistir a partida entre Itália e México, no Maracanã... A viagem de volta pela Gol, depois de passar pela Casa dos Lunáticos e pela Parmê, tinha partida marcada para 21h38 e chegada em Cumbica programada para 22h55... A empolgação – e o limite do cartão – era tal que a possibilidade de ir diretamente de Brasília para o Rio de Janeiro nem foi considerada... No dia 22 de junho, embarque em Congonhas às 7h14 da manhã, pela TAM, rumo ao aeroporto de Confins, chegando às 8h33, para assistir a partida entre Japão e México, no Mineirão... Volta marcada para 20h38, também via TAM, com chegada em São Paulo 21h52... Ida e volta ao preço total de R$ 731,04... Por fim, no dia 30 de junho, voando para o Rio, a fim de assistir a decisão no Maracanã, com saída de Cumbica 9h e chegada no Galeão 10h21, passagem R$ 362... A volta para São Paulo aconteceria apenas no dia seguinte, 1º de julho, saindo do Galeão 6h48 e chegando em Congonhas 7h56, passagem R$ 600... Como se nota, havia uma forte crença de que essa história de caos aéreo era apenas intriga da oposição, digo... Não houve problemas para adquirir os ingressos dos jogos entre Itália e México e Brasil e Japão no site oficial da FIFA, duas semanas antes do início da competição... Os ingressos de categoria 1 – na lateral do campo - tanto para o Maracanã quanto para o Mineirão, custaram R$ 228 cada um... O problema apareceu na hora de comprar ingressos para o jogo de abertura, no Mané Garrincha... Tudo esgotado!!!... Para comparecer à partida entre Brasil e Japão, o jeito era adquirir uma entrada em páginas alternativas de venda de ingressos na internet... Desse modo, um bilhete de categoria 2 – atrás do gol - para o jogo, cujo preço oficial era de 190 reais, saiu por R$ 984,93... O detalhe é que o nome do comprador original veio impresso na entrada... A mesma dificuldade aconteceu na compra de ingressos para a final, que seria disputada entre Brasil e Espanha... A solução veio de outra página de venda de bilhetes... Que cobrou R$ 1.500 por um ingresso de categoria 1 no Maracanã, cujo valor de face era de R$ 418... Ah, sim... O bilhete originalmente era da cota de um dos patrocinadores do torneio...
Bons tempos em que Dilma Rousseff era presidenta e apenas as vaias dos coxinhas de camisa da CBF incomodavam... |
Para não perder o voo em Congonhas, valeu até pernoitar em um hotelzinho em frente ao aeroporto... O voo da Gol, empresa aérea oficial da CBF, vide Neymar (OG)na capa da revista de bordo, não atrasou... Na chegada ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, estavam a disposição os ônibus que levariam até o Plano Piloto, carros com ar-condicionado e tarifa de R$ 8,00... O ponto final da viagem seria o Setor Hoteleiro Norte, próximo da Torre de TV, onde fica o hotel reservado pela Decolar.Com... Como a diária começava apenas ao meio-dia, deu para ir a pé até a antiga Rodoviária de Brasília, hoje terminal de ônibus urbanos, com uma excelente vista da Praça dos Três Poderes, e depois no Shopping Conjunto Nacional... Também era possível chegar ao estádio Mané Garrincha – inexplicavelmente rebatizado de estádio Nacional – com uma caminhada, e assim foi feito... O mesmo caminho seria trilhado pelos manifestantes que protestaram na entrada do estádio, fazendo com que os torcedores também enfrentassem a cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal, suas bombas de efeito moral e seus sprays de gás de pimenta... Os protestos iniciados em São Paulo, devido ao aumento das passagens de ônibus e Metrô de R$ 3 para R$ 3,20, acompanhariam a competição desde o início até o final... Inicialmente organizadas pela militância progressista, as manifestações incluíram a crítica aos gastos governamentais para a realização do evento, porém acabariam sequestradas pela mídia corporativa, que transformou os protestos em uma cruzada contra o governo de Dilma Rousseff... Que ao abrir oficialmente a competição teve o desprazer de ouvir uma sonora vaia puxada pelos coxinhas que vestiam a camisa da CBF, pedidos de “fair-play” do presidente da FIFA, Joseph Blatter, à parte... Dentro de campo, o time de Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira não teve dificuldades para vencer o Japão por 3 a 0... Encerrada a partida, sem as exaltações que a antecederam, a volta para o hotel foi tranquila e necessária para tomar um banho e se arrumar para jantar com um colega de rede residente na capital federal... No dia seguinte, não houve tempo para tomar o café da manhã do hotel, pois era preciso chamar um táxi até o aeroporto e tomar o voo para São Paulo... Feito em uma avioneta da Gol, mas que ainda tinha pintado na fuselagem o nome da Varig... Ao desembarque em Cumbica seguiu-se a fila do embarque para o Rio de Janeiro... O voo para o Santos Dumont não atrasou, entretanto, era preciso retirar os ingressos da partida no Maracanã... No Galeão!!!... Nada que um táxi dividido com outros torcedores não resolvesse... Havia um posto da FIFA no Aeroporto Internacional Tom Jobim – e uma imensa fila para fazer a retirada... Felizmente, também deu para pegar o ingresso do jogo de Belo Horizonte... Entrada na mão, faltavam poucas horas para o jogo, marcado para as 16 horas, então o percurso até a Casa dos Lunáticos seria feito, mais uma vez, de táxi, este com um único passageiro pagante... Uma passagem rápida, apenas para Pancada fazer companhia, vestido com uma camiseta da seleção do México, no caminho até a estação Afonso Pena do metrô, com transbordo na Central e chegada na estação Maracanã... Nosso humorista, que preferiu assistir o jogo pela televisão, ao voltar para casa, acabaria metido na confusão criada pela repressão policial aos manifestantes, na região da estação de São Cristóvão... Felizmente, nosso fornecedor de DVD conseguiu retornar para a Casa dos Lunáticos, enquanto a Itália vencia o México por 2 a 1... Vitória devidamente celebrada com um rodízio na pizzaria Parmê, na região da Rua Afonso Pena, na Tijuca... A comemoração foi rápida, pois era preciso pegar mais um táxi e comparecer ao Galeão antes da saída do voo da Gol para Cumbica... Que além de ter atrasado, teve seu embarque realizado em terra, vide ônibus de pista... Felizmente, foi possível chegar em Guarulhos, tomar o Airport Bus Service da EMTU até o Tatuapé e dali pegar o Metrô, mais um ônibus e chegar em casa, bem depois da meia-noite...
Mais do que o preço dos ingressos, o que indignava a população eram os vinte centavos - e não só apenas isso... |
O clima para o jogo entre México e Japão, em 22 de junho, era o mais tenso possível... Durante a semana, aconteceram os protestos mais violentos registrados durante o torneio, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo... As manifestações conseguiram com que o aumento da tarifa nas duas capitais fosse anulado, porém os boatos de cancelamento do torneio eram constantes... A viagem para Belo Horizonte, pela TAM, não teve maiores problemas, numa demonstração que o caos aéreo, se existia, era da porta da avioneta para fora... Do mesmo modo, chegar ao Mineirão, apesar do Aeroporto Internacional Tancredo Neves estar muito distante de Belo Horizonte, não apresentou dificuldade... Pelo menos para os portadores de ingresso, que podiam viajar de graça nos ônibus que fazem a conexão entre o terminal aéreo e a cidade... Tanto México quanto Japão já estavam eliminados da competição, o que fazia com que o clima entre os torcedores dos dois países fosse o mais tranquilo possível... O mesmo não podia se dizer dos manifestantes e da polícia... Os protestos acabaram sendo confinados em um local distante do estádio, no campus da UFMG, que a repressão policial transformou em uma terra arrasada... Os policiais implicaram até com o feijão tropeiro vendido no Mineirão, porém não interferiram na vitória do México por 2 a 1... A viagem de volta a Confins, no mesmo serviço de ônibus da ida, seria interrompida por um protesto que bloqueou uma das vias por onde passaria o futuro BRT de Belo Horizonte... Apesar da impaciência de alguns coxinhas de camisa da CBF, o motorista do ônibus negociou pacientemente com os manifestantes, e o veículo pode prosseguir... O voo para São Paulo estava perdido, entretanto o importante é que não houve violência policial contra o protesto... Melhor ainda para a TAM, que pode faturar com a compra de uma passagem para o primeiro voo até São Paulo no domingo... Depois de uma noite em claro no aeroporto de Confins, onde as opções de alimentação se resumiam a um Bob’s e a um Spoleto e por toda a parte se viam pessoas deitadas no chão ou nos bancos do setor de embarque, tentando tirar uma soneca... No dia seguinte, depois da chegada em Cumbica, finalmente era possível dormir em casa... Em 30 de junho, dia da finalíssima entre Brasil e Espanha, a jornada começou cedo, num ônibus do Airport Bus Service, repleto de pessoas que iam fazer visita no presídio que fica no caminho para o aeroporto de Cumbica... Na chegada no voo da TAM ao Galeão, um táxi foi requisitado para ir até Copacabana, a fim de fazer a retirada do ingresso... O endereço confundiu até os policiais a quem foi pedida uma orientação, porém o local foi encontrado... O bilhete foi entregue no subsolo do lugar indicado para a entrega... Como ele estava próximo da praia, nada melhor do que dar uma esticadinha até a praia de Copacabana, entre quiosques, esculturas na areia e ônibus de excursão se preparando para levar turistas até o estádio... O jogo está marcado para as 19 horas, então há tempo para ir até a estação Cantagalo e de lá seguir até Afonso Pena... No caminho até a Casa dos Lunáticos, forte policiamento, manifestantes impedidos de se aproximar do Maracanã e tapumes nas fachadas das agências bancárias atingidas pelos protestos dos dias anteriores... Muito pouco, se comparado à brutalidade da repressão policial... Na Casa dos Lunáticos, o serviço de bordo tinha pão com salsicha, enquanto da janela se via a cavalaria da PM na Praça da Bandeira, em marcha até o Maracanã... A chegada ao estádio não teve sobressaltos, e a despeito da forte presença policial, os torcedores fantasiados esbanjavam alegria e até protestavam... No campo, a Seleção Brasileira realizou uma partida memorável e venceu a Espanha por 3 a 0, conquistando o tricampeonato do torneio... Entregue o troféu e dada a volta olímpica, começou a epopeia para pegar o metrô... Que teve a entrada liberada, já que os torcedores lotavam a passarela que liga a estação ao Maracanã... O próprio secretário de transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, tentava organizar a confusão de gente que entoava refrões escrachando a derrotada seleção espanhola... Ficou tarde para um rodízio na Parmê, porém Pancada ajudou a levar as pizzas encomendadas ali mesmo para serem saboreadas na Casa dos Lunáticos, enquanto passava o “Jogo dos Pontinhos” do “Programa Silvio Santos”... O voo de volta a São Paulo sairia apenas na manhã seguinte, logo cedo... No táxi de Congonhas para casa, o “Estadão” manchetava a vitória brasileira e lembrava que não haveria descanso, pois a segunda-feira seria de trabalho... Com a felicidade estampada no rosto, já que ninguém imaginava o que aconteceria com a Seleção Brasileira no Mundial de 2014 e nem com a presidenta Dilma Rousseff em seu segundo mandato...
Para a Seleção Brasileira, a Copa de 2013 teve um final feliz, porém este ano ela não poderá defender o título... |
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