|
Como comparecerás a final, Scaloni, tempo normal, como Billardo em 1986, ou pênaltis, como Billardo em 1990... |
|
Apesar de não ter cara de areia mijada, Slatko Dalic é comparado ao ex-presidente do Timão, Andrés Sanchez... |
O primeiro finalista da Copa do Mundo da FIFA ™ será definido nesta terça-feira, na partida entre Argentina e Croácia, no estádio Lusail... A Argentina compareceu em 18 das 22 Copas disputadas, só não esteve na França, em 1938, por ter sido preterida como sede do torneio, em 1950 e 1954, devido a greves de jogadores e os desfalques provocados pela liga pirata da Colômbia, e em 1970, desclassificada pelo Peru nas Eliminatórias... Conquistou o título em 1978, em seus próprios domínios, sem Maradona, chegou ao bi em 1986, no México, com Maradona no auge, foi vice-campeã na Itália, em 1990, com Maradona em declínio, mas ainda decisivo, e também no Brasil em 2014, quando Messi perdeu a chance de confirmar no Maracanã seu excepcional talento com um título mundial (caso sirva de consolo, sete anos depois, no mesmo Maracanã, ele faturou a Copa América, mas essa é outra história...), afora as participações em que foi muito badalada e não foi longe, como na Suécia em 1958, na França em 1998, sob o comando de Daniel Passarella, o próprio, em 2002, dirigida por Marcelo Bielsa, em 2006, liderada por José Pekerman, e em 2010, sob a batuta do saudoso Don Diego Armando Maradona... Na Copa de 2018, tendo como técnico o genial tanto quanto temperamental Jorge Sampaoli, os argentinos foram embora da Rússia nas oitavas de final, após tomarem um baile de bola da França, que depois de estar perdendo por 2 a 1, virou o jogo para 4 a 3... Sampaoli jogou o boné e ele caiu no colo de seu auxiliar Lionel Scaloni, que de “interino fixo”, consolidou-se como treinador da seleção, conquistando a citada Copa América que deveria acontecer na Argentina e na Colômbia e foi realizada meio que às escondidas no Brasil... Scaloni conta com o talento do experiente Messi, que tem aparecido em todos os jogos, com maior ou menor poder de decisão, e, quando as contusões permitem, com o do também experiente Di Maria, dessa forma os argentinos tem crescido de produção, e o camisa 10 está cercado de bons companheiro de equipes, mais Enzo Fernandez e Julián Alvarez do que De Paul e Mc Allister, menos Lautaro Martinez, e a vitória nos pênaltis sobre a Holanda mostrou que a equipe também pensa nas penalidades, com o goleiro Emiliano Martinez atestando que sua escolha para ser figurinha da Coca-Cola © foi um grande acerto, com defesas que lembraram os grandes momentos de Sérgio Goicoechea na Copa de 1990... A Croácia, que era parte da antiga Iugoslávia, compareceu a sua primeira Copa do Mundo em 1998, quando logo de cara chegou ao terceiro lugar, mesmo perdendo para Argentina por 1 a 0 na primeira fase, deixando a Alemanha pelo caminho com um 3 a 0 e vencendo a Holanda na decisão do terceiro lugar após ter levado a virada dos anfitriões franceses, dois gols de Lilliam Thuram, o papi de Marcus Thuram da atual seleção da França, e emplacando o artilheiro do torneio, Davor Suker, com seis gols, hoje presidente da federação de futebol do país... Em 2002, apesar da vitória sobre a Itália, as derrotas para México e Equador levaram a eliminação na primeira fase, o mesmo ocorrendo em 2006, no grupo do Brasil, em que a derrota no campo por 1 a 0, gol de Cacá, foi compensada pelo show da torcida com os sinalizadores no Olympiastadion, em Berlim, na sequência, os empates com Japão e Austrália decretaram a saída dos croatas... Ausentes em 2010, os croatas compareceram em 2014 com suas toucas de nadador no Fielzão para fazer o jogo de abertura da Copa contra o Brasil, saíram na frente com um gol contra de Marcelo, o “homem-bomba”, porém tomaram a remontada e perderam por 3 a 1, fizeram 4 a 0 em Camarões, jogando em Manaus, e ficaram de fora da Copa ao serem derrotados por 3 a 1 pelo México na Arena Pernambuco... Na Rússia, em 2018, os croatas venceram todos os seus jogos na primeira fase, 2 a 0 na Nigéria, um irrepreensível 3 a 0 em cima da Argentina, gols de Rebic, Rakitic e Modric, e um 2 a 1 sobre a Islândia para confirmar o primeiro lugar no grupo... Mas foi nos mata-matas que a Croácia revelou o estilo de jogo que lhe traz êxito até hoje, cozinhar as partidas no tempo regulamentar em banho-maria e definir na prorrogação e principalmente nos pênaltis... Assim aconteceu com a Dinamarca, 1 a 1 no tempo normal, 3 a 2 nas penalidades, e a Rússia, 2 a 2 com a bola rolando e 4 a 3 nas cobranças de pênalti, o goleiro Subasic pegando muito, o enredo foi um pouco diferente nas semi-finais, vitória sobre a Inglaterra por 2 a 1 com gol de Mandzukic na prorrogação, no entanto os croatas se candidataram a ser a primeira seleção campeã do mundo jogando oito partidas, o que não aconteceu devido a goleada imposta pela França na finalíssima, um 4 a 2 em que Mandzukic fez gol a favor e contra... Alis, classificadas Croácia e França, a final deste Mundial será a repetição do anterior, exatamente como aconteceu com Alemanha "Occipital" e Argentina em 1986 e 1990, com um título para cada lado... Nesta Copa, a campanha da Croácia na primeira fase foi invicta, porém um pouco mais modesta, uma vitória e dois empates sem gols, era preciso contornar o declínio geracional que afetou a Bélgica, jogaram para conseguir a classificação e depois o pragmatismo dos pênaltis levou a empatar os jogos contra Japão e Brasil – este na prorrogação, poucos minutos depois de terem levado um gol de placa de Neymar (OG) – e o goleiro Livajkovic, com suas defesas, explicar porque Subasic está no banco... A liderança da equipe cabe a Modric, o tipo de jogador que todo treinador europeu ama, dá o primeiro combate e arma o contragolpe, o gol do Petkovic do mal passou por ele, o camisa 10 é o principal nome de um coletivo afinado na marcação com Gvardiol e Lovren na defesa, Brozovic e Kovacic no meio, e na frente, Kramaric e Perisic, o famoso “Perissé”, isso sem contar o lateral direito Juranovic e seus arremessos laterais que são autênticos petardos com destino a área adversária, em resumo, os croatas têm poder de reação e qualidade suficiente para definir no tempo normal, ou até na prorrogação, porém a prioridade é nos penais...
Quarta-feira a França enfrenta o Marrocos no Estádio Al Bayt, quando será decidido o segundo finalista do Mundial... Os franceses, apesar de estarem por trás da criação da FIFA e da Copa do Mundo, Jules Rimet, corre aqui, não eram mais que elegantes coadjuvantes no torneio, ou não passando da primeira fase, como em 1930, 1934, 1954, 1966 e 1978, ou não indo além das quartas-de-final, como na edição que sediaram em 1938, ou simplesmente não se classificando nas eliminatórias, como em 1950 – ano em que recusaram o convite para substituir a Escócia, alegando que não iam jogar uma partida em Porto Alegre e outra no Recife – 1962, 1970 e 1974, e a exceção que confirma a norma é o time terceiro colocado em 1958, com os insuperáveis 13 gols de Just Fontaine, nascido no Marrocos... A situação mudou com a geração de Platini e Tigana, que foi semifinalista em 1982 e 1986, nesse caso, eliminando o Brasil nos pênaltis, porém os franceses passaram por outro hiato, não se classificando para as Copas de 1990 e 1994, de sorte que conseguiram o direito de sediar o Mundial de 1998, o primeiro com 32 equipes, o que ajudou vários países a assegurem o comparecimento no torneio com mais frequência, Itália corre aqui... Jogando em seus domínios, os franceses viraram a página, graças principalmente ao fato de terem assumido uma plenamente uma escalação multiétnica que apenas se ensaiava em Copas anteriores, e os 3 a 0 fora o baile de Zinedine Zidane, de família argelina, confirmaram um novo membro no clube dos campeões mundiais... Claro que a França dormiu um pouco sobre os louros da vitória em casa, caiu na primeira fase em 2002, teve fôlego para chegar à final em 2006, porém a cabeçada de Zidane em seu último ato nas Copas do Mundo pesou, e não foi só no Materazzi, e a insistência em manter o técnico Raymond Domenech levou o que ainda restava de uma geração vitoriosa a novamente cair na primeira fase em 2010... A situação mudou quando o capitão de 1998, Didier Deschamps, assumiu a equipe e conseguiu levar a bom termo a renovação da equipe, mostrando resultados já em 2014, com vitórias sobre Honduras em Porto Alegre (3 a 0), Suíça na Fonte Nova (5 a 2), pula o empate com o Equador no Maracanã (0 a 0) – o Mário Filho foi palco da final, porém nas fases anteriores recebeu partidas com poucos ou nenhum gol – e Nigéria em Brasília (2 a 0), só caindo para a Alemanha, também no Maracanã, com uma derrota por 1 a 0... Em 2018, com Griezmann, Pogba e Varane no auge, e a jovem revelação Kylian Mbappé, os franceses fizeram 2 a 1 na Austrália, 1 a 0 no Peru, empataram com a Dinamarca, e deslancharam nos mata-matas, 4 a 3 na Argentina, 2 a 0 no Uruguai, 1 a 0 na Bélgica, que havia eliminado o Brasil, e 4 a 3 na Croácia, conquistando o segundo título mundial... No Mundial do Catar, cuja realização foi apoiada entusiasticamente pelos franceses, Michel Platini, corre aqui, no que pesem desfalques como os de Benzema e Pogba, Mbappé está cada vez mais decisivo – quando sai jogando, é claro – descobrindo espaço até em jogos com marcação muito pesada, como a difícil vitória sobre a Inglaterra, fazendo jogadas dignas do Edson (OG), apesar de muitos acharem que ele é filho do Dida, digo, a esplendorosa juventude de Mbappé é complementada pela experiência de Griezmann nas assistências, calibrando um jogo coletivo que troca passes e ataca em velocidade na medida certa, como atestam os “rushs” de Dembelé e Theo Hernandez, o gol de Tchouameni na vitória em cima dos ingleses e a fase “artilheira” de Olivier Giroud, de bem com as finalizações, sem esquecer de Upamecano trabalhando forte na defesa e do goleiro Hugo Lloris, heroico sobrevivente do “time sem vergonha” de 2010... Ops!!!... O Marrocos já é um grande vitorioso por ser o primeiro selecionado africano a alcançar as semifinais da Copa do Mundo, como já havia sido no México em 1970, ao marcar o retorno da África ao torneio depois de 36 anos, e em 1986, quando a equipe dirigida pelo brasileiro José Faria superou a barreira da primeira fase... Depois de participações discretas em 1994 e 1998, nesta última levando o primeiro gol de Ronaldo em Mundiais, na vitória sobre o Brasil por 3 a 0, retornando apenas em 2018, cinco anos depois do Raja Casablanca ter eliminado o Galo nas semifinais do Mundial de Clubes da FIFA ™ em Marraquexe, retorno que se deve ao fato da seleção ter investido nos emigrados, invertendo o movimento que fortaleceu, por exemplo, o antigo senhorio, a França... Na Rússia, dirigidos por Herve Renard, o mesmo francês que comandou a Arábia Saudita no Catar, os marroquinos perderam para o Irã por 1 a 0, com um gol contra de Bouhaddouz aos 49 minutos do segundo tempo, para Portugal por 1 a 0, gol de Cristiano Ronaldo (que começou jogando...) e empatou com a Espanha em 2 a 2, resultado que não garantiu a classificação para as oitavas, sem que ninguém imaginasse a repetição do resultado no mata-mata de 2022... O que aconteceu, somada a vitória nos pênaltis, após a classificação invicta, em primeiro lugar no grupo, empatando com a Croácia – e o Marrocos é uma espécie de Croácia que não usa uniforme quadriculado, digo – e vencendo Bélgica e Canadá, e a partida com a Espanha, definida no tempo normal, serviu de troco para a derrota na Rússia, com CR7 assistindo de camarote o voo de En Nesyri para marcar o gol que abriu as portas para as semifinais... Um feito inédito para o continente africano, ainda que a equipe de Wallid Regragui tenha o estilo típico das equipes europeias pré-“tiki-taka”, marcação muito forte (inclusive da torcida, que tomou emprestado dos tunisianos o hábito de vaiar a posse de bola adversária o tempo todo...), recuperação rápida da bola e contra-ataques ligeiros, aqui temperados com a habilidade pela direita de Hakimi e Ziyech, este o homem das bolas paradas e cruzamentos... O que de fato lembra a Croácia, bem como o potencial para decidir nos 90 minutos, embora a preferência seja pelos pênaltis, não que Ounahi seja um Modric, porém ele exerce o mesmo trabalho forte do croata, assim como Boufal se destaca nas jogadas de velocidade, En Nesyri nas finalizações, Amrabat e Saiss na marcação e, por último mas não menos importante, o excelente desempenho sobre as traves do goleiro Bounou, Bono para os biscoiteiros e fãs do U2, o que inclui as defesas de pênaltis no jogo com a Espanha...
|
Com o bicampeonato ou não, Didier Deschamps pode fazer o Adenor e deixar a seleção francesa após o Mundial... |
|
Wallid Regragui concretizou a previsão de que os africanos iriam mais longe na Copa com os próprios técnicos... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário