sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

A Luta Pelo Transporte na Região de Orlando...

Levando turistas dos hotéis para os parques, um ônibus Gillig BRT que trabalhou forte em Reading, Pensilvânia... 


















































“Aqui é tudo muito longe... As famílias precisam ter três, quatro carros na garagem”... A frase do motorista de aplicativo mostra de forma resumida a situação da mobilidade na região de Orlando...  Tomemos como referência a Grande Laranja, na região de Kissimmee, na beira da estrada 192, onde há muitos hotéis frequentados por brasileiros e latino-americanos que pagam a viagem em doze vezes e não incluem aluguel de carro no pacote... Uma consulta ao Google Maps © mostra que daquele local até o shopping Florida Mall a distância é de 15 milhas – ou seja, 23 quilômetros!!!... Sem ônibus direto... O passageiro precisa ir até o terminal intermodal de Kissimmee – que fica ao lado da estação ferroviária da cidade – e de lá pegar outra condução para o shopping... Onde está localizada uma “Superstop”, ou seja uma estação de transferência, onde há linhas inclusive para o aeroporto internacional de Orlando (MCO)... Pelo menos, há a opção de comprar um passe de um dia ao preço de 4,50 dólares – 36 reais – que dá direito a utilizar quantas conduções forem necessárias... A viagem em carros de aplicativos – Uber © ou Lyft ©, este facilmente identificável pelo adesivo vistoso nos para-brisas – sai por 21 dólares, quer dizer, 84 reais... O veículo deixa a 192, com os simpáticos carros de polícia do “sheriff” de Kissimmee e alcança o shopping pelas autoestradas I-4 e 528, onde o policiamento é feito pela “highway patrol”, muito mais dura em sua atuação... As dificuldades de quem não dirige continuam na chegada ao shopping... Por exemplo, para comparecer ao Best Buy, loja de eletroeletrônicos que de tanto atender brasileiros permite pagamento em reais no cartão, é preciso sair do cento de compras e atravessar a estrada 441... Certo, há faixa e semáforos para pedestres, porém, a prioridade é toda dos automóveis de passeio e dos caminhões... Em alguns momentos, a sensação é de estar na Raposo Tavares em São Paulo ou na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, sem passarelas... Ou então, de tentar atravessar a Rua Teixeira Soares, também no Rio, onde está localizada a Casa dos Lunáticos... Então é por isso que Pancada vai até a Praça da Bandeira para usar a passarela... Uma comodidade que não há nas proximidades do Florida Mall... 


















Ônibus mantém placas originais de regras de segurança, nas versões em inglês e também em espanhol...


















































Os hotéis da região de Kissimmee oferecem transporte gratuito até os parques do Valdisnei, Universal e Sea World, mais conhecido como “shuttle”... É o grande atrativo para os turistas que não alugam carro... Funciona muito bem para os parques do Valdisnei... Isso porque há um terminal central para todo o complexo... Ele ficava no Epcot, porém foi transferido para o Valdisnei Hollywood Studios, operando em instalações provisórias até a conclusão do terminal definitivo... Dali partem os ônibus do Valdisnei Tranport – alguns adesivados com anúncios dos mais recentes filmes do Valdisnei e da Marvel – para os outros parques, o centro de compras Valdisnei Springs e os hotéis na área do complexo... Para a Universal e o Sea World, o serviço apresenta eventuais irregularidades... Na recepção dos hotéis, são distribuídos folhetos que especificam os horários e o regulamento do serviço de “shuttle”... Também indicam a empresa responsável pelo serviço, que mudou este ano... Na Grande Laranja, há dois horários de ônibus, às 8 horas e as 10h50... Ambos os dois bastante razoáveis, ali é uma das últimas paradas no percurso pela 192, pois a empresa atende a vários hotéis da região... As normas do atendimento especificam que os passageiros devem estar no lobby do hotel dez minutos antes do horário previsto para a chegada... Previsto porque é especificado que devido ao trânsito e a demanda, pode haver um atraso de 20 a 25 minutos... Então é por isso que em geral o ônibus das 10h50 chegava invariavelmente depois de 11h15... A empresa anterior utilizava carros baixados da Lynx, que opera as linhas urbanas de Orlando... A atual foi buscar seu veículo um pouco mais longe, na região de Reading, na Pensilvânia,  a mil milhas – 1.800 quilômetros de distância... É um Gillig BRT 35’ motor Cummins ISL, transmissão Allison B400R, ano 2005, o primeiro desse modelo fabricado pela Gillig Corporation, na Califórnia...  Fazia parte do sistema BARTA, sigla para Berks Area Regional Transportation Authority, com 19 linhas e 52 ônibus não só apenas na cidade de Reading, mas em todo o condado de Berks... Ainda possui a pintura original da BARTA, azul no teto e cinza na lateral – que conta com faixas onduladas nas cores da bandeira estadunidense, azul e vermelha... Até o slogan – “More than a ride!!!” – e o prefixo original – 0534... No verbete sobre a BARTA na Wikipedia, o veículo consta como um dos cinco, de um lote de 17, que foram retirados de circulação pela empresa em 2018... Em sua operação na Flórida, o ônibus ainda ostenta as regras de segurança de Reading, nas versões em inglês e espanhol...  “Agressão ao motorista deste veículo é crime no estado da Pensilvânia”... “Não se permite fumar, comer, beber ou ouvir música (sem fones de ouvido)”... “Saia pela porta traseira quando possível”... “Fique no banco até que pare ônibus”... “Os assentos mais próximos do motorista são reservados para os passageiros idosos e portadores de necessidades especiais... Faça o favor de oferecer estes assentos a eles quando necessário”... “A lei proíbe ficar de pé diante da linha amarela no piso do ônibus”... “É punido com multa ou condenação o vandalismo ou grafite em qualquer parte do ônibus”... “Não fale com o motorista enquanto o ônibus estiver em movimento”... “Mantenha o corredor livre”... “Por favor, avise o motorista sobre qualquer problema de segurança”... Outro aviso, também em inglês e espanhol, especifica que “BARTA se compromete a prestar serviço sem fazer discriminação para garantir que nenhuma pessoa seja excluída por sua raça, cor ou nacionalidade, de acordo com o Título IV da Lei de Direitos Civis de 1965”... Inclusive colocando à disposição um oficial de direitos civis para atender os passageiros...  Foi mantido ainda o anúncio de uma casa de penhores... “Dinheiro rápido, empréstimos fáceis, grande negócios todos os dias”... “Dinheiro por joias e diamantes”... Atendendo as cidades  de Allentown, Reading, Shillington, Lancaster e York... Não que esse serviço seja útil para os turistas, mas, enfim... 


















Evento incomum na região central da Flórida, temporal fez terminal de ônibus parecer localizado em São Paulo...



















































Dotado de ar-condicionado, o ônibus possui piso baixo e assentos estofados... No fundo, apesar da climatização, o veículo é um pouco mais quente pela presença do motor... O volume de passageiros variava muito, porém sempre sobrava um assento vago mesmo nos dias de maior demanda... Na chegada no Valdisnei Hollywood Studios, Universal ou Sea World, o  motorista sempre informa  o horário e a plataforma em que irá comparecer para levar os visitantes de volta aos hotéis, normalmente no início da noite...  A maioria ouve e segue o seu caminho, mas havia um grupo de turistas que conversava longamente com o condutor... Os argentinos... Como aquela mãe que conversava tendo seu filho ao lado, barra da camisa alviceleste saindo pelo agasalho... Devido à situação econômica delicada do país, eles precisavam ter certeza a que hora o ônibus voltaria, já que chamar um aplicativo estava fora de cogitação... Não era o caso da família brasileira que no Animal Kingdom, na qual o pai queria saber de onde saía o ônibus para o Hollywood Studios... Enquanto o filho se equilibrava nas grades da plataforma, a mãe falava no celular que queriam voltar a tempo para seu hotel, na região da Internacional Drive... Sinal de que a verba da viagem era um pouco maior, já que a hospedagem lá é um pouco mais cara que em Kissimmee... No entanto, o assunto seguinte era a urgência de se comparecer ao Walmart ©, pois o pão estava acabando... Um indício da estadia em um hotel sem café da manhã incluso na diária... O ônibus chegou e ao desembarcarem, já sabendo que a condução para seu hotel já passou, correram para o ponto de embarque da Uber ©, presentes em todos os parques... A corrida para a região da Grande Laranja sai por cerca de 11 dólares – 44 reais... Se tiverem sorte, o aplicativo os direcionou para um motorista brasileiro, que complementa sua renda como prestador de serviços e garante o comparecimento da família no espetáculo natalino do hotel Gaylord Palms...   A pressa era aumentada pelo fato de que aquela segunda feira foi um dos 65 dias do ano em que se chove no centro da Flórida... Os argentinos não tinham a mesma opção...  O terminal do Studios é provisório,  pois como ele passará a centralizar a chegada dos ônibus de “shuttle” vindos dos hotéis (o parque é o mais próximo do acesso rodoviário do complexo...) e também dos veículos de excursão, precisou ser ampliado... Assim cada plataforma tem uma tenda de lona para abrigar os passageiros...  Conforme a chuva aumentou, as famílias da Argentina – e uma do Paraguai, que falava português – se aglomeraram debaixo do toldo... O temporal que se seguiu fez com que o terminal lembrasse os existentes na cidade de São Paulo, com os ônibus quase aquaplanando nas pistas cheias de água... O menino argentino, abraçava a mãe perguntava o tempo todo... “Donde estas el colectivo???”... A singularidade da fala era o uso do termo que designa os ônibus no país de Maurício Macri... O aguaceiro atrasou um pouco a chegada do ônibus, prevista para 19h50... O garoto impaciente comemorou quando o antigo 0534 da BARTA estacionou na plataforma... O orçamento dos argentinos estava a salvo de um rombo...  No dia seguinte, não choveu, porém o carro baixado da Pensilvânia deu lugar a um Gillig Advantage Low Floor branco, com o prefixo 9001... Mais antigo que o remanescente da BARTA, pois em seu anterior havia um adesivo “United We Stand”... Da campanha patriótica iniciada após os atentados terroristas em Nova Iorque, acontecidos em 11 de setembro de 2001... Que diferença do “Make America Great Again”, hein, Trump... Ops!!!... 




















Chuva atrasou o "shuttle" e fez o pequeno argentino ficar perguntando o tempo todo.. "Donde estas el colectivo???"...

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