Vista do gramado do Estádio Centenário, no ponto mais alto da Tribuna Olímpica, é excelente, e vale a ida ao museu... |
A melhor maneira de comparecer ao Estádio Centenário, em Montevidéu, continua a ser por meio dos ônibus da linha CA 1 da CUTCSA, Ciudad Vieja / Tres Cruces... Especialmente quando se embarca em um Marcopolo Gran Viale com motor Agrale, todo adesivado com a campanha publicitária da cobertura da empresa uruguaia de telecomunicações, a Antel, para a Copa do Mundo da Rússia, estrelada por Luisito Suárez de celular na mão, não na boca... A passagem custa 26 pesos (um pouco mais de 3 reais, considerando o câmbio local, em que 1 real vale 8 pesos...) e ao descer em frente ao Shopping Tres Cruces, que também é a estação rodoviária da cidade, é só seguir a pé pela Avenida Itália até o Parque Battle Y Ordoñez, onde fica o estádio... De preferência pelo canteiro central, para apreciar os ônibus suburbanos brasileiros e chineses da CUTCSA, COPSA e UCOT... No caminho, está o monumento aos campeões mundiais de 1950, com as marcas dos pés de Alcides Ghigghia, que marcou o gol da vitória da Celeste no Maracanã, e uma lista de vencedores que começa com a Bélgica – medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1920... Um artifício para incluir os títulos uruguaios nos Jogos de 1924 e 1928... A entrada do Museu do Estádio Centenário fica na Tribuna Olímpica, um pouco depois da escola primária que funciona no local... Alis, pequenos estudantes de jaleco são conduzidos por suas professoras pelas dependências do museu, que foi acrescido de um quadro á óleo em que Cavani, Suárez e companhia conquistam a Rússia, vide Kremlin ao fundo... A entrada custa 60 pesos, e quem quiser subir até o alto da Torre das Homenagens, na Tribuna Olímpica, pode tomar o elevador por mais 50 pesos... É só pagar, em pesos ou dólares, no caixa da loja do museu, onde armários de madeira guardam suvenires e livros sobre o futebol uruguaio... Entre eles, há dois muito bons, sobre o título olímpico de 1924 e a Copa do Mundo de 1950... Dos itens em exposição, as fotos que mostram a construção em tempo recorde do estádio, para o primeiro Mundial, em 1930, impressionam tanto quanto a camisa da Adidas © usada pelo Uruguai no Mundialito de 1980... Ali perto, no Monumento a Carreta, um gerente de banco aposentado que visitava o Uruguai com a filha, lembrava que naquela compareceu de carro ao país – dinheiro não era problema, ele supervisionava todas as agências do Estado de São Paulo – e esteve em todos os jogos do torneio... Inclusive na final, em que a Celeste venceu o Brasil por 2 a 1... A poprósito, falando no Brasil, o Pó-de-Arroz está presente em vários recantos do museu... Seja na caricatura de Diego Lugano com um machado na mão ou na foto do Peñarol campeão da Libertadores de 1987, onde jogava o jovem Diego Aguirre, atual treinador do time do Morumbi... Usar um agasalho do “San Pablo” é garantia de uma recepção calorosa da parte dos uruguaios... Os motoristas de ônibus nunca vão confundir você com um representante da Intendência Municipal de Montevidéu... A subida no alto da Torre das Homenagens, um pouco mais à frente do acesso à Tribuna Olimpica, é feita na companhia de uma ascensorista... O elevador ascende a uma altura similar a de um prédio de 27 andares... O mirante é todo envidraçado e, apesar do espaço exíguo - que impede a visão por inteiro do gramado - a vista da capital uruguaia garante excelentes fotos para o Instagram ©... Outro panorama aprazível é o que se descortina do farol de Colônia do Sacramento, a cidade fundada pelos portugueses bem defronte a Buenos Aires, no estuário do Rio da Prata... Aqui a subida é feita pelos 181 degraus verdes de uma escada em caracol, depois do pagamento de 25 pesos... Recomenda-se o uso de agasalho, pois quem sobe desprevenido pode descer espirrando... No alto, junto a lâmpada do farol, pode-se ver o centro histórico de Colônia... Há menos carros antigos nas ruas - e o restaurante tinha um excelente macarrão com frango, mas nada de Roberto Carlos no repertório do cantor que se apresentava para os fregueses - mas as plantas e flores que crescem nas fachadas das casas permanecem... Também se contempla o Prata e a barca do Buquebus fazendo a travessia até o Porto Madero, em Buenos Aires, um pontinho perdido no horizonte... Claro que a melhor maneira de comparecer a Colônia é de ônibus, como faz a Vavatur... De preferência com uma parada na Granja Arenas, onde Don Emilio corta pessoalmente o queijo que vende aos fregueses, com a mesma paciência que usou na formação da maior coleção de lápis do mundo... Se der tempo, na volta a Montevidéu dá para descer até o porto e descobrir entre as linhas suburbanas do Terminal Baltasar Brum (TBB), que a UCOT ainda mantém Busscar Urbanus em serviço regular... A seguir, o relato das visitas ao Estádio Centenário e a Colônia do Sacramento feitas em dezembro de 2014...
O Estádio Centenário em Montevidéu, Uruguai, é simplesmente um monumento do futebol mundial... Palavras da Fifa, que em 1983 concedeu o título ao estádio que sediou a final da primeira Copa do Mundo da história, realizada em 1930... O nome se deve a comemoração do centenário da promulgação da primeira constituição do pais, acontecida em 1830, e que serviu de motivo para os uruguaios se candidatarem a realização do primeiro Mundial de seleções da Fifa... Comparecer pessoalmente ao estádio não é difícil... Digamos que o internauta se encontra na Praça Independência, a principal da capital uruguaia, onde o presidente Pepe Mujica trabalha, no edifício da Presidência da República... Se seguir na direção do Palácio Salvo, o prédio mais conhecido da cidade, chegará na Avenida 18 de Julho... Então, é prestar atenção nos pontos de ônibus e pegar qualquer linha que vá até o Boulevard General Artigas... Por exemplo, a CA1 da CUTCSA, Ciudad Vieja – Tres Cruces... A passagem vai custar 16 pesos... Aproximadamente R$ 1,50... Pode pagar com dinheiro que o cartão ainda está em fase de testes... Será preciso então descer no ponto final, no Shopping Tres Cruces, que fica bem em cima do Terminal Rodoviário de Montevideu... Com ônibus para todo o país, internauta Chico Melancia... Depois de atravessar a rua e passar por uma praça com uma grande bandeira uruguaia, entra-se na Avenida Itália até se chegar ao Parque Battle e Ordoñez... Atrás dele, onde os futuros motoristas da cidade têm aulas de direção, está o Centenário... A entrada do museu é próxima ao Portão11, na Tribuna Amsterdam, em homenagem ao título olímpico de 1928, que corresponde às arquibancadas e cadeiras atrás do gol à esquerda das cabines de rádio e televisão... Um pouco mais adiante, há a entrada da escola pública existente dentro do estádio... Em frente a sua porta, armou-se um cercado em que as crianças brincam na hora do recreio, com seus aventais brancos e gravatas azuis... Quanto ao musceu, funciona de segunda à sexta-feira – como já vimos, os uruguaios não abrem mão de usufruir o fim de semana – das 10 às 17 horas... É preciso tocar uma campainha e pagar 100 pesos – cerca de R$ 10 – para poder entrar... Então, nosso colega de rede terá dois andares de exposição para percorrer... E o direito a visitar o campo de jogo... Sem dar muita bola, por exemplo, para o chão forrado ora de flores amarelas que caíram das árvores, ora pelos folhetos amarelos e negros das chapas que disputam a presidência do Peñarol, um dos dois grandes times do país, ao lado do Nacional, do lado de fora do estadio...
Falar em "El Negro Jefe", quer dizer, em Obdúlio Varela, deixa o internauta Pedro Henrique todo empolgadinho... |
No andar térreo estão objetos relacionados às origens do futebol uruguaio... Como as bandeiras das equipes fundadoras da Associação Uruguaia de Futebol... Jornais de época trazem as repercussões dos títulos olímpicos conquistados na França e na Holanda – com direito a um anúncio de um filme de Charles Chaplin onde o próprio se dirige ao leitor em primeira pessoa... E ainda estávamos nos tempos do cinema mudo... Enquadradas nas paredes estão ainda as bandeiras carregadas pelos jogadores nas conquistas dos Jogos Olímpicos... Algumas já bem desgastadas, como se tivessem comparecido a guerras de verdade... Há objetos de jogadores históricos, como Nasazzi, e menções a jogadores recentes, como Forlan e Suárez... Se a sala de reuniões é decorada com fotos de mitos como Leandro Andrade e Obdúlio Varela, também há espaço para os medalhistas olímpicos do país, em modalidades como basquete masculino e boxe... Afora as camisas usadas por Geoffrey Hurst em 1966 e Liliam Thuram em 1998, originais... Subindo a escada – o elevador está em fase de instalação – segue a viagem no tempo... De início com as origens da AUF, da Copa América e da Comnebol – estas duas criações uruguaias, com móveis de época... Também a mesa e a máquina de escrever usadas no Tribunal de Penas da AUF estão lá... STJD começou assim... Os títulos olímpicos de 1924 e 1928 são evocados por objetos pessoais dos jogadores participantes e pelos próprios assessórios de jogo, como chuteiras e camisas – uma delas toda manchada de sangue, para quem acredita em raça... Sobre a Copa do Mundo de 1930, é rememorada a construção do Estádio Centenário, obra que deslanchou nos últimos 40 dias... Há espaço para cada uma das 13 seleções presentes – vide camisa original da seleção peruana – os destaques da Celeste na competição, como “Manco” Castro, uma sequência de fotos dos quatro gols marcados na Argentina na decisão e, claro, a Copa Jules Rimet... Artigos interessantes são os bottons usados pela organização do evento... E ainda o mobiliário do plenário do congresso da Fifa utilizado durante a Copa... Para falar da Copa do Mundo de 1950, um busto e a camisa de El Negro Jefe, Obdúlio Varela, líder da equipe... Ao lado deles, tambores usados no Carnaval uruguaio, que ressaltam sua condição de amigo do internauta Pedro Henrique... Grandes painéis mostram flagrantes dos gols de Schiaffino e Ghiggia na vitória decisiva sobre o Brasil, a monumentalidade do Maracanã e a entrega da taça por Jules Rimet... Ali perto, temos duas camisas da Seleção Brasileira, do Edson (OG) e de Vavá... Estão perto dos troféus, objetos e fotos das conquistas uruguaias na Copa América, Campeonato Sul-Americano Juvenil e até o famoso Mundialito – chamado por eles de Copa de Ouro – realizado em 1980 ali mesmo, no Centenário... Que a própria Celeste venceu, derrotando o Brasil na final... Sendo que as camisas dos autores dos dois gols, da Adidas © estão expostas ali, numa gentileza do internauta Chico Melancia... Que como não pode ir ao show do Paul Mc Cartney no Allianz Chiqueiro, ao saber que o ex-beatle se apresentou no estádio de Montevidéu, ofereceu um quadro com sua caricatura... Que está bem pertinho do desenho que representa Sebastian “Loco” Abreu... As charges de Leandro Andrade foram feitas pelo internauta Pedro Henrique, é preciso que se diga...
Antes da Tribuna Olímpica, estão os balcões onde vendem "chorizos", "frankfurters", "hamburguesas" e "refrescos"... |
Então se entra por uma porta à esquerda e se chega ao espaço onde ficam as lanchonetes do estádio... Este poderia também ser considerado um lugar histórico, digno de visitação e contemplação respeitosa... Ali os torcedores que assistem aos jogos podem adquirir chorizos (pao com linguiça...), frankfurters (cachorros-quentes...), hamburguesas (hambúrgueres...), refrescos (refrigerantes...), churros (os próprios...) e ate mesmo um café com po moído na hora... Mais um lance de escadas e se chega a Tribuna Olimpica, na lateral do campo oposta as cabines de radio e televisão... Que tem esse nome devido ao bicampeonato olímpico que a Celeste obteve em 1924 e 1928... A arquibancada na lateral oposta e chamada de Tribuna America, em homenagem ao continente onde esta localizado o Uruguai... As arquibancadas atrás dos gols se chamam Tribuna Colombes – devido ao local onde o time olímpico disputou seus jogos na vitoriosa campanha de 1924 – e Tribuna Amsterdam – em referencia ao lugar da medalha de ouro em 1928... O Centenario começou a ser construído em 1929, pouco menos de um ano antes da realização da primeira Copa do Mundo... No museu e possível ver uma sequencia de fotos que mostra o avanço das obras em tempo recorde... Inclusive a Torre das Homenagens, o ponto mais alto do estadio, localizada na Tribuna Olimpica... Ali também fica o lugar mais alto do Centenario ocupado pelos torcedores, em um lance de arquibancadas logo acima das cadeiras... Apesar da visível fragilidade da estrutura de concreto, a visibilidade daquele ponto e excelente... Bem ao lado, estão os banheiros, que apesar de antigos, funcionam muito bem... As cadeiras logo abaixo são de plástico, bastante desgastadas pelo tempo... Ainda há jornais, embalagens e pedaços de papelão espalhados pelo estádio, que restaram da ultima partida realizada ali, a derrota do Penarol para o Racing por 3 a 2, na ultima rodada do Torneio Apertura, vencido pelo Nacional... Isso explica os tantos folhetos da campanha para a presidência do clube espalhados do lado de fora do estádio... Um pleito tao mobilizador quanto a própria escolha do presidente do Uruguai... E olha que Montevideu ainda esta cheia de propagandas tanto do vencedor – o ex-presidente Tabare Vasquez, que volta ao cargo que entregou a Pepe Mujica em 2010 – quanto do perdedor do segundo turno – Lacalle Pou, filho do ex-presidente Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Blanco) – e o nome que ficou de fora do turno final, Pedro Bordaberry, também filho de ex-presidente, do Partido Colorado... De volta ao Centenario, mais perto do campo, depois de um grande fosso ao redor do campo, há mais um setor de cadeiras, nas laterais, e a geral, atrás dos gols... O gramado em boas condições (e o museu bem organizado, também...) contrasta fortemente com o estado de conservação das arquibancadas e cadeiras... Se de fato os uruguaios tem a pretensão de voltar a receber a Copa do Mundo em 2030, ano do primeiro centenário do torneio, terão de fazer reformas profundas... Maracana começou assim... Pelo menos a faculdade de Medicina da Universidade da Republica (UDELAR) esta ali do lado, Ronaldo... Seu grande prédio e visível do estádio, assim como os ônibus da CUTCSA que passam nas ruas do entorno... E com o modal sobre pneus em pleno funcionamento, quem precisa de trilhos, internauta Chico Melancia... Depois do comparecimento a Punta Del Este era hora de tomar a direção oposta no Uruguai, rumo a Colônia do Sacramento, cidade próxima a costa da Argentina... A saída de Montevidéu se dá pela região do porto, repleta de navios e de ônibus estacionados em um grande terminal... Também se vê a estação central de trens da cidade – e muitos vagões abandonados... Além das instalações portuárias, há as usinas de biodiesel, elaborado a partir do óleo de girassol, alternativa energética para um país que não produz petróleo (todo importado da Venezuela...) e o óleo diesel é permitido em veículos de passeio... Só três bandeiras de postos de combustíveis operam no país... Ancap (estatal...), Esso e Petrobrás... Antes de deixar a capital uruguaia, a “ruta” (estrada...) passa pelos bairros populares da La Teja – região do presidente eleito (pela segunda vez...) Tabaré Vasquez – e Cerro, onde o atual presidente Pepe Mujica segue a tradição dos imigrantes italianos que se estabeleceram na região e cultiva flores... No meio do caminho, uma parada em San José, com sua praça central tipicamente interioriana... Onde se destaca o Teatro Macció, que recebeu a última apresentação de Carlos Gardel no país, em 1933... De volta a estrada, ao longe se avistam as grandes hélices para produção de energia eólica, mais uma alternativa energética pensada por um país quase alternativo, como o futebol do nosso interior... Colônia do Sacramento foi fundada pelos portugueses em 1680... O objetivo era ter um porto às margens do Rio da Prata, a uma distância estratégica – cerca de 50 quilômetros – de Buenos Aires, então uma possessão espanhola, cujo porto escoava a prata extraída da região andina... Da presença lusitana restaram apenas algumas construções em estilo colonial... Algumas restauradas e transformadas em museus... A igreja matriz, por exemplo, parcialmente destruída nas guerras pelo controle da região, foi reformada por um arquiteto uruguaio chamado Tomás Turíbio... O nome é esse mesmo... O calçamento de pedras da cidade, do tipo pé-de-moleque, faz Colônia ser um pouco parecida com Paraty... No seu setor colonial, evidentemente... Lugar onde não podem circular os ônibus de linha da cidade... Torinos vermelhos, bonitos... E alguns carros antigos viraram floreiras em frente à restaurantes... Outros veículos apenas se deixam esvair pela ação do tempo... Nos restaurantes, há música ao vivo, com direito a esgotar o repertório de Roberto Carlos... Desde “Detalhes”, passando por “Amada Amante” e chegando até a “Esse Cara Sou Eu”... Na volta, há a única praça de touros do Uruguai - hoje abandonada - e a famosa Granja Arenas, em que Don Emílio Arenas reuniu a maior coleção de lápis do mundo – e produz um doce de leite muito melhor que mulher...
Item mais valioso do museu é camisa Adidas (C) da Celeste campeã do Mundialito de 1980, doada pelo Melancia... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário