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| Internauta Chico Melancia acredita que Jean ganhou porque o público não se apetece com loiras como a Grazi... |
(Publicado originalmente em 30 de janeiro de 2015...) Esqueça os recordes nas votações e na audiência... O BBB 5 é marcado por ter o vencedor mais singular de todos os tempos... Ao mesmo tempo muito distante dos padrões consagrados para os participantes bem-sucedidos do “reality-show” e próximo demais do Brasil real... Ele cumpriu sua jornada, como outros ganhadores... Porém sua vitória seria uma daquelas raras concessões a uma figura única... Que se revelou muito maior que o programa após seu encerramento... E que mesmo defendendo a atração, é constantemente negado e sabotado pela direção, que parece não tolerar mais participantes como ele, como se dissesse... “É o jogo, estúpido!!!”... Apesar do discurso de acolhimento à diversidade, ela serve mesmo é como motor da disputa... Jean Willys reunia características que costumavam ser determinantes do fracasso no BBB – e no Brasil fora do “Big Brother”... Jean é baiano (de Alagoinhas, onde nasceu...), e até então o número de nordestinos que havia participado do programa não dava para encher a casa, que ainda não sofria com o excesso de lotação... Jean é jornalista e professor universitário – em uma atração onde mesmo o conhecimento prático e pragmático usado nas articulações de votos era execrado e predominava um elogio ao anti-intelectualismo, vide o destaque constante às gafes dos participantes... Na edição anterior, os erros de português serviram até para exaltar Solange e atacar Juliana... Jean é negro – e os poucos amigos do internauta Pedro Henrique que já tinham participado do programa faziam quase sempre a linha “atlética”... E principalmente, Jean é homossexual – era apenas o segundo participante a declarar essa condição em toda a história do BBB, um programa que sempre trabalhou forte o sexismo e a heterossexualidade... E costumava usar as insinuações sobre a sexualidade dos confinados para ironiza-los e eliminá-los... Vide Fabrício no BBB 2 e Rogério no BBB 4... Cabe lembrar que no ano anterior, o SBT fez uma tentativa de reviver a “Casa dos Artistas”, agregando a escolha de um ator para as novelas da emissora, fórmula inspirada no programa mexicano “Protagonistas de Novela”... O programa, que foi conduzido principalmente por Regina Volpato, com pouca participação de Silvio Santos, tinha entre seus integrantes um transexual, Bianca Soares... Eliminada na segunda semana, mas um marco em um “reality-show” conservador em certos aspectos... No dia da estreia do BBB 5, em 10 de janeiro de 2005, aconteceu a carreata conduzindo os participantes do hotel onde estavam hospedados pela direção até os estúdios da Globo... Um evento tão promocional quanto contradizente com a intenção de isolar os confinados do mundo exterior... A carreata teve o acompanhamento de Rodrigo Scarpa, o “Repórter Vesgo” do “Pânico na TV”... Que se estranhou com Jean e chegou a dizer que ele seria o primeiro eliminado do BBB 5... Quase acertou... Em seu primeiro paredão, Jean enfrentaria uma disputa acirradíssima com a estudante Juliana... Também baiana (de Prado, onde nasceu...) e como Jean, um tipo fora dos padrões estéticos consagrados pelo “reality-show”... Inclusive por seus 18 anos e pelos piercings em seu corpo... Contra Jean, estava o grupo que direção batizaria de “Os Inacreditáveis”... Composto pelo mineiro Alan Passos, o paulista Giuliano Ciarelli, a pernambucana Karla Barbosa, a cearense Natália Nara, o paulista Paulo André – o PA, amigo do internauta Pedro Henrique, o também paulista Rogério Padovan – que seria apontado como o líder do grupo – e a carioca Tatiana Machado, a Tathy Rio... A favor de Jean, o grupo que recebeu a designação de “Os Defensores”... A ideia de que só o jogo defensivo era permitido ainda dominaria o programa por um bom tempo, sendo superada apenas no BBB 9... Faziam parte a paramaense Grazi Massafera, o próprio Jean, o paulista Sammy Ueda e a pernambucana Tatiane Nascimento, a Tati Pink... Na votação, ambos os emparedados abriram o jogo... Juliana, indicada pela líder Natália, admitiu que havia uma combinação para votar em Jean... Este, votado por Alan, Giuliano, Juliana, PA, Rogério e Thaty Rio, afirmou ser alvo de um complô, e que ele também passava pela rejeição de sua condição sexual... Assunto que não importava nem um honorável pouquinho para o Boninho... O importante para a direção é que havia um confronto estabelecido, com papeis bem definidos de protagonista e antagonista, com força para sustentar o programa até o fim... Se surgisse alguma discussão sobre preconceito e diversidade, esta serviria apenas para colocar mais combustível nessa rivalidade latente... Esta é a concessão que Boninho fez... Tanto que no BBB 10 (2 X 5=10), Bofinho inverteu a fórmula com o embate entre Dourado e Dicesar... Só para provar que seu modelo de “reality-show” era melhor, diante de um novo concorrente, “A Fazenda”, na Record... Mas isso será tratado mais adiante... Voltando ao BBB 5, Jean teria um batismo de fogo no paredão com Juliana, eliminada com 50,49% do votos... A partir daí a maquina com suas engrenagens devidamente azeitadas andaria como que sozinha...
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| Internauta Pedro Henrique até admirava Alan, mas seu maior amigo na casa era Paulo André, o popular PA... |
Dois participantes entraram por sorteio no BBB 5... A fluminense Marielza Santos (de Duque de Caxias...) e o catarinense Marcos Maçaneiro... Suas trajetórias dentro da casa seriam breves... Com 12 dias de confinamento, Marielza sofreu um AVC quando estava na banheira de hidromassagem... A dona de casa seria socorrida justamente pelo Doutor Gê, aquele que a direção colocaria no posto de grande vilão do programa, e retirada do BBB... Seu tratamento médico passaria a ser custeado pela Globo... No paredão seguinte, Marcos – indicado pelo líder Sammy - acabou eliminado com 61% dos votos, em uma disputa com Jean – que levou os mesmos votos da semana anterior, menos o de Juliana, por motivos óbvios... A saída rápida dos dois participantes sorteado pelo menos dava a Bofinho a vantagem de passar ao público a impressão que desta vez “a carta” não venceria... Marielza foi substituída pela carioca Aline... Que não obstante despertar desconfianças por entrar depois dos demais – pois supostamente teria mais informações sobre o jogo, a velha crença de que o programa tem que dar para ser uma caverna, sem contato com o mundo, ainda que faça carreatas na estreia e saídas ao longo do confinamento – ainda se aliou ao grupo visto como a “Turma do Mal”... Não demorou para a direção colar nela o apelido de “X-9” – reduzindo seu papel ao de uma simples alcaguete – mesmo sendo negra, enquanto favorecia o grupo dos “Defensores” com seguidas lideranças... O esquema demonstrou todo seu potencial no paredão entre o jogador de futebol Giuliano e a cabeleireira Tati Pink... O paulista – goleiro com passagens por Volta Redonda, Araçatuba, Joinville e Tubarão - que tinha sido imunizado por Marcos na semana anterior, desta vez não foi protegido (PA imunizou o Doutor Gê...)... Acabou indicado pela líder Grazi... Enquanto isso, Tati recebeu seis votos – os cinco que Jean recebeu uma semana antes e o da conterrânea Karla... No dia do paredão, a surpresa... Giuliano acabou eliminado com 87% dos votos, derrubando o recorde negativo de Estela Padilha no primeiro BBB... Na semana seguinte, a liderança coube ao líder dos “Defensores”, Jean... Que não hesitou em indicar o arqui-rival Doutor Gê, o cabeça dos “Inacreditáveis”... Na votação, Sammy foi o escolhido do médico, do engenheiro mecânico Alan, da dona de casa Aline e da apresentadora de televisão Natália... No paredão, o recorde de Giuliano seria detonado em apenas uma semana... O Doutor Gê recebeu 92% dos votos de um total de 31 milhões de votantes... Pedro Bial até se deu ao luxo de citar o dramaturgo e poeta romano Terêncio em seu discurso de eliminação... Sim, a frase “nada do que é humano me é estranho” era uma das primeiras citações feitas pelo apresentador no programa... A líder seguinte foi Tati Pink, que emparedou PA... Protegido por Alan na semana anterior, não teve a mesma sorte com o mineiro que, anjo novamente, imunizou Natália... Sua adversária seria Aline, votada por Alan e Grazi – na primeira vez que o casal votou unido – além de Sammy... Apesar do comparecimento de dois “Inacreditáveis” no paredão, o entusiasmo do público arrefeceu um pouco... PA teve “apenas” 72% dos votos, internauta Pedro Henrique... A situação mudaria em seguida, quando a liderança passou para Thaty Rio... A promotora de eventos levou Jean ao paredão... O professor, por sua vez puxou o voto dos “Defensores” em Natália... A apresentadora de televisão – que usava seus longos cabelos negros com franja para esconder as orelhas de abano – sairia com 88% dos votos... Fora do programa, ela se tornaria pastora evangélica e jornalista... A carioca Thaty iria da liderança ao paredão, indicada por Grazi... Numa disputa com Aline, votada por Jean, Sammy e Tati Pink... Acabou eliminada com 68% dos votos... A modelo paranaense, que disputara o concurso de Miss Brasil no ano anterior, teria sua vez no paredão indicada pela dançarina Karla... Sua adversária seria Aline, novamente com o voto dos quatro “Defensores”... No dia do paredão, a carioca foi chamada sem rodeios de X-9... Enquanto isso, a edição exaltava o romance de Alan e Grazi, além da liberdade e a felicidade de Jean ao som de Legião Urbana... O pai de Grazzi compareceu na plateia vestido de miss para homenagear a filha... Aline cairia com 95% dos votos, um recorde de rejeição que se mantem há quase dez anos... Karla seria a próxima eliminada, mesmo imunizando Jean, com 76% dos votos, numa disputa com Alan, que se tornaria o último remanescente dos “Inacreditáveis”... Ter uma Grazi do lado sempre ajuda...
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| Doutor Kenji tentou fazer segredo, porém todo o Brasil soube que ela era amiguinho da Grazi e do Jean... |
Alan, ao conquistar sua primeira liderança, não teve dificuldade para indicar Tati... Sammy, o último anjo, estava auto-imunizado... O problema é que na votação ele teve de desempatar a disputa entre Jean e Grazi, sua sócia... Claro que ele escolheu a paranaense, e o baiano dividiu o paredão com a pernambucana... Que saiu com 64% dos votos... Nem o alegado interesse por Sammy ajudou... Para Alan, restou ser eliminado no paredão da antevéspera da final, com 76% dos votos... Sem mais opções, pois Sammy era líder, o engenheiro e a modelo emparedaram Jean, que recebeu mais um impulso decisivo rumo à vitória na finalíssima sobrevivendo ao quinto paredão... A decisão, no dia 29 de março, reunia o discreto Sammy, que a direção chamou de “Ninja Ensaboado”... A simpática Grazi, que com sua origem humilde e seu jeito simples de moça do interior, tornou-se o exemplo mais bem-acabado do chamado “blefe feminino”, que seria retomado em outras edições... Aquela participante com uma beleza quase irresistível e um romantismo a toda prova que ameaça roubar a cena e o grande prêmio do “reality-show”... Quase um Simon, O Simpático, o personagem da série “Agente 86” que hipnotizava a todos apenas com o seu sorriso... Só que também havia Jean, com todo o peso de sua trajetória dentro da casa... Uma superação comparável à de Maria do Carmo na novela “Senhora do Destino”, grande sucesso das novelas globais da época... Ao invés de premiar a “Cinderela” Grazi, Boninho, que ainda tinha Bárbara Paz como exemplo a não ser seguido, e sabendo que muitos internautas não queriam a vitória de Grazi pois isso tiraria ela das páginas das revistas masculinas, fez uma inédita concessão à diversidade... Sammy teve 5% dos votos... Grazi ainda conseguiu 40% dos votos - na enquete da UOL ela ganhou, acreditem... Mas Jean seria o campeão ao receber 55% dos votos... Um ponto fora da curva no BBB... Inclusive fora da casa, onde se tornou maior do que o programa, ao se desviar das incertezas e da fugacidade de uma carreira artística e entrar para a política, se tornando um dos parlamentares mais atuantes e combativos no Congresso Nacional... Grazi, por sua vez, abraçaria a profissão de atriz e se converteu na ex-concorrente do “reality-show” mais bem sucedida dentro da Globo, com várias novelas no currículo... Até o Troféu Imprensa ela já ganhou... As sete primeiras edições do BBB corresponderiam a uma “Era de Ouro” do “reality-show”... Tanto que concentram as edições que consideramos as melhores... Todas elas, especialmente as mais bem-sucedidas (BBB 1,BBB 3, BBB 5 e BBB 7) com esquemas muito parecidos em seu desenvolvimento, eventualmente saindo um pouco fora da curva, porém consolidando as mesmas fórmulas a cada edição... A partir do BBB 8, em que as estruturas clássicas mostraram fortes sinais de desgaste, o que se viu é um esforço contínuo ora de reinvenção ora de reafirmação... O programa voltou a ter um concorrente na mídia e no imaginário do público – “A Fazenda” – e o avanço das redes sociais fez crescer a força das torcidas de internet, ao mesmo tempo em que tornava o público médio da atração mais “adolescente” - e a dependência da direção delas, conforme a audiência da televisão aberta continuou a diminuir... Hoje, a renovação prometida é uma “volta às origens”... A Fazenda incorporou aspectos do BBB – provas pela liderança, votações abertas – embora no início tenha lançado mão do mesmo recurso à “escola global” usado na “Casa dos Artistas”... Depois, começou a investir em figuras mais polêmicas como chamarizes e a demonstrar maior flexibilidade na escolha dos vencedores, principalmente mulheres... Sem contar a valorização dos casais... E isso influiria no BBB... Em 2005, no entanto, o maior adversário do “reality-show” era seu próprio diretor...
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| Bofinho fez Marielza sofrer um AVC na Jacuzzi e o Mestre não se conforma até hoje, pois torcia por ela... |
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