Um crime ocorrido em 2000 inspirou o drama de Íris, porém os comentários do Twitter (C) são de 2016 mesmo... |
A novela “Laços de Família” é exibida de segunda a sábado pelo canal Viva às 13h30 e às 23h45... Grande sucesso da Globo no ano 2000, a trama deve seu êxito ao aguçado senso de observação do cotidiano de seu ator, Manoel Carlos, e também a cenas baseadas em fatos reais que aconteceram de verdade... Como por exemplo, o assassinato de Ingrid, interpretada por Lilia Cabral, a mãe de Irislene, ou apenas Íris, vivida por Deborah Secco... Claramente inspirado no caso do sequestro do ônibus 174, Rodoviária / Gávea, da empresa Amigos Unidos, acontecido no dia 12 de junho de 2000, na região da Rua Jardim Botânico, Pancada... Sendo que a novela estreou uma semana antes, em 5 de junho... Na ocasião, a professora Geisa Firmo Gonçalves acabou morta por Sandro Barbosa do Nascimento, o sequestrador, no momento em que ele descia do ônibus e se entregava para a polícia... Um atirador do BOPE, ao alvejá-lo com uma submetralhadora, acertou de raspão o queixo de Geisa, que servia de escudo humano para Sandro... Que imediatamente deu três tiros nas costas da professora... O sequestrador foi imobilizado pela polícia – e asfixiado no camburão... Tudo acompanhado ao vivo pelas emissoras de televisão, vide audiência histórica do “Cidade Alerta”, Datena... Na novela, a história foi diferente, a começar pela cena do crime... Um posto de gasolina, na região da Lagoa Rodrigo de Freitas... Onde estava parado para abastecer o táxi que levava Ingrid e Íris... Como não havia Uber naquela época, mãe e filha saíram de uma igreja em Ipanema e fizeram sinal para um taxista, pedindo para que as levasse ao Leblon e depois ao aeroporto do Galeão – Antônio Carlos Jobim, como assinalou Íris – pois Ingrid tinha passagem marcada para Porto Alegre... Enquanto o carro era abastecido, Iris exercitou seu lado “ninfetal” indo comprar um pirulito na loja de conveniência do posto... Nesse momento, um assaltante fugia da polícia, correndo no meio da rua, por entre os automóveis... Ao chegar no posto, mirou sua arma para Íris e tomou-a como refém, para o desespero de Ingrid... Que sai do táxi e é levada pelo assaltante para dentro da loja de conveniência... O posto é cercado pela polícia e o comandante da operação, vivido por Adriano Garib, começa a negociar... O assaltante pede à caixa da loja que escreva em um pedaço de papel sua exigência para libertar os reféns – Íris, Ingrid, funcionários e clientes... Tudo isso em meio a frequentes ameaças... “Eu vou matar a princesa!!!”, disse, enquanto colocava Iris sob sua mira... A mensagem é levada por um dos reféns, a cara do Zé Loreto... Ingrid implora pelas “pessoas de bem” dentro da loja – que tinha para vender o livro das Organizações Tabajara - e o assaltante, que recarregava seu revólver, pede para ela calar a bola, senão... O sequestrador exigiu um carro com tanque cheio para a fuga, exigência atendida pelo comandante enquanto atiradores de elite eram posicionados em pontos estratégicos... Sniper Americano começou assim... Após dar um prazo de 15 minutos, e recusar a oferta do comandante, que queria trocar de lugar com os reféns, finalmente o assaltante resolve se entregar, levando Íris consigo... Ingrid se opõe e sai com os dois da loja... Quando se aproximam do carro, o assaltante pede para Ingrid ir embora... Ao perceber sua recusa, atira no peito da mãe de Íris – que vê a vida passar por seus olhos antes de cair no chão... Logo em seguida, ele também é alvejado - não mostraram quem fez o disparo, mas este não é um caso de “Han atirou primeiro”, Pablo Miyazawa, é claro que um dos atiradores disparou o gatilho... Íris vê tudo de dentro do carro que seria usado na fuga... Desesperada, bate no vidro e grita... Quando Ingrid caiu, Íris saiu do carro, mas já era tarde... Só restava gritar, já que era fim de capítulo...
A maneira com que Ingrid foi assassinada comove até hoje o Mestre - que gosta muito de Lilia Cabral... |
O cerco policial era acompanhado pela televisão e assim é visto por Marta – papel da atriz e produtora do “Fantástico” Arlete Heringer, também autora do livro “Paguei o Maior Mico” – no haras onde trabalha Pedro – José Mayer, o próprio – que sai cantando pneu com sua picape para avisar a enteada de Ingrid e meia-irmã de Íris – Helena, a protagonista da história, Vera Fischer... Que não estava em seu apartamento, mas entretida com o aniversário de uma colega da clínica de estética da qual é proprietária, imaginou que Ingrid já estivesse no aeroporto... Ao ligar para sua empregada, Zilda – Thalma de Freitas, a única personagem que trabalhava na novela, segundo o Casseta e Planeta – Helena descobre que a mala de Ingrid ainda está em sua casa e pede para que ela espere pela madrasta... Preocupada, Helena comenta com a amiga Yvete que deveria se preocupar mais com Ingrid... Um entregador de comida comenta do sequestro, porém outra amiga de Helena, Márcia, não quer que liguem a televisão, pois está louca para almoçar... Só que é preciso esperar o marido de Yvete, Viriato, e sua filha, Rachel... Ainda preocupada com Ingrid, Helena telefona para Zilda e pede para a empregada deixar a mala na portaria, com o Bira... Viriato chega com o bolo de aniversário, reclamando do trânsito também... Logo depois dos parabéns, é o próprio porteiro quem dá a notícia do sequestro para Helena... No momento que Ingrid leva o tiro, todos na casa de Yvete acompanham o desfecho pela televisão – menos Helena, vide cancelamento das consultas na clínica, Viriato... Helena e Pedro chegaram ao posto de gasolina no capítulo seguinte, exatamente no momento em que Íris gritava e o resgate chegava – para nada, pois Ingrid já estava sem vida... Íris é levada da cena do crime por Helena e Pedro vai avisar que ela precisará depor na polícia... Anoitece e Íris é levada por Helena para seu apartamento, onde é recebida por Zilda, que fez uma canja, e Camila, que não vai com a cara de sua “tia”, Carolina Dieckmann... Cabe a Helena, como toda protagonista de novela de Maneco, a tarefa de confortar Íris... No dia seguinte, pela manhã, Pedro comparece ao apartamento para avisar que conseguiu a liberação do corpo de Ingrid graças a um amigo do haras e já providenciou o translado para Porto Alegre, onde será enterrada com o pai de Helena... Íris vai viajar com Pedro, não sem antes chorar no ombro de Camila... Na missa de corpo presente, já no Rio Grande do Sul, comparecem Helena, Pedro e Íris... Fazia sol na hora do enterro, o que não é muito comum em novelas do Maneco... O assassinato repercute em todos os núcleos da trama... A mãe de Capitu está perplexa com a violência, Valderez de Barros... O pai se choca com a crueldade e o modo com que as pessoas estão a mercê de qualquer bandido, Leonardo Villar... A mãe diz que nem em casa se tem mais sossego... “Que mundo a gente vai deixar para essas crianças???”... Vide seu neto Bruno, filho de Capitu... Um amigo da família, Onofre, constata que a população está se tornando refém do próprio medo, André Valli... “O único perigo real que existe na vida é o ser humano”, conclui o velho Pascoal... Cíntia, a veterinária do haras, liga para Zilda a fim de saber como está Íris... “Em vez de especularem sobre a tragédia, deviam fazer uma reflexão sobre os motivos de tanta violência”, reclama Olívia, a mãe de Cintia... “São matérias sensacionalistas demais!!!”... A empregada da família lembra que crimes como esse são frequentes na região da Baixada Fluminense... Olívia prossegue, Marli Bueno... “Vi numa reportagem que a reação de uma criança ao ser assaltada é quase de conformismo”... Eládio diz que leu no jornal sobre a diferença salarial entre os policiais brasileiros e argentinos... “O argentino ganha em média três vezes mais”... Cintia observa que apesar dos armamentos obsoletos e dos policiais mal treinados, a sociedade não pode se conformar com a banalização da violência, Helena Ranaldi... “As pessoas se fecham em seus condomínios e seus carros blindados”, acrescenta Olívia... Cintia, antes de ir falar com Pedro sobre o ocorrido e consolar Íris, diz que há quem se mobilize, como um colega de faculdade que faz parte do Viva Rio e vai organizar uma passeata, com todo mundo vestido de branco... Só faltaram os argumentos bem construídos do tipo “bandido bom é bandido morto”, as defesas fundamentadas da redução da maioridade penal – embora o assaltante não aparentasse ter menos de 18 anos – e aqueles juízes da internet a decretarem que Íris é culpada...
O simples fato de Capitu sair de casa para ter aulas na faculdade já era mais do que suficiente... |
O assassinato de Ingrid ainda renderia assunto para os diálogos de mais um capítulo, vide missa de sétimo dia... Em meio a tantas discussões sobre violência, Camila lembra que a vida continua... Por isso vai tirar Edu de sua própria mãe, Helena... Quer dizer, vai comparecer à faculdade com Capitu... Quando as duas vão pegar o elevador, deparam com Fred, irmão de Camila – e amante de Capitu – Clara, esposa de Fred, e a pequena Nina, sobrinha de Camila... Nem é preciso dizer que, 16 anos depois, nossa preferida continua a ser a personagem de Giovanna Antonelli, por razões evidentes... Flávio Silvino, quer dizer, Paulo tinha razão... Quem era criança ou adolescente na época certamente se apetece mais com Íris, que fazia o estilo “Lolita” – a minissérie “Presença de Anita”, também escrita pelo Maneco, estrearia apenas no ano seguinte – porém, para quem era mais crescidinho, a garota de programa que abandonava a profissão para ficar com seu grande amor era muito mais fascinante... Mesmo que Fred abrisse mão de ninguém menos que Regiane Alves... Uma combinação perfeita de rosto angelical com personagem de mente perturbada, que só as novelas do Maneco conseguiam... O ódio de Clara era tão intenso que nas discussões com Fred sobrava para Nina... Quer dizer, para a atriz mirim que fazia a filha de Clara e Fred... Tanto que Larissa Honorato teve que ser substituída por Júlia Magessi, vide livro do Fábio Costa, digo... Vale lembrar que durante “Laços de Família” o juiz Siro Darlan, da Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, trabalhou forte contra a presença de atores e atrizes menores de idade nas gravações da novela... Inclusive a própria filha do autor, Júlia Almeida, que tinha apenas 17 anos... O juiz reparou em algo mais que a famosa mancha no pescoço da atriz... De fato, no dia 8 de setembro de 2000, o Ministério da Justiça baixou a portaria 796, que estabelecia os “critérios classificatórios das diversões públicas e de programas de rádio e televisão”... Assim, a pequena Rachel, interpretada por Carla Diaz, ouvir as discussões de seus pais Yvete (Soraia Ravenle) e Viriato (José Vitor Castiel) sobre impotência sexual, aos olhos do governo da época, era a maior fria... “Laços de Família” passou a não ser recomendada para menores de 12 anos... Novela que graças ao apurado senso estético de seu diretor de núcleo, Ricardo Waddington, era muito bem servida no que diz respeito ao gênero feminino – inclusive a “sócia” do diretor na época, Helena Ranaldi... Se bem que, boa mesmo era a Helena interpretada pelo Bussunda na paródia “Esculachos de Família”... Agora, Júlia Feldens, a Ciça, era uma daquelas mulheres que faziam o Mestre esquecer o doce de leite e a paçoquinha... A fisioterapeuta do Paulo também – mas só porque Cinthia Benini fez o anúncio do Lacto-Purga ®, aquele da “horinha sagrada”... E Lilia Cabral, é claro... Nosso internauta-mor não é o “Tem que Dar”, porém concorda que o Maneco ficou devendo uma Helena para ela... Nos dias de hoje, com certeza haveria muita implicância com a cafajestagem explícita de Danilo, Alexandre Borges... E principalmente com a exposição de Ritinha, Juliana Paes... O patrão assediando a empregada até ganhou um toque de humor, mas é “Casa Grande e Senzala” demais para quem acredita que o impeachment de Dilma é golpe... Quem disse que Ritinha trabalhava com carteira assinada, Dona Nenê, quer dizer, Dona Alma... Vivida por Marieta Severo, que ganhou do Mestre o apelido de “Mãe da Selena Gomez”, o que revela uma certa inveja do Lineuzinho, Pancada... Quanto a questões de conteúdo, há quem pense como nosso internauta-mor e queira o fim do BBB e da putaria das novelas... Se bem que... Para Mister OG, sem a Ritinha já estaria bom, digo...
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