segunda-feira, 19 de agosto de 2024

RC Especial Modelo 2003 (off): Entre Zeca Pagodinho e as Colunas do Maracanãzinho...

E depois da pirâmide do Via Funchal, uma majestosa colunata no Maracanãzinho: a suntuosidade segue em alta...



 































O Roberto Carlos Especial de 2003, exibido pela Globo em 20 de dezembro daquele ano, e mostrado pelo canal Viva em 2018, manteve a proposta do programa anterior,  resgatar o esplendor dos especiais realizados nas décadas de 1970 e 1980,  com uma apresentação no Maracanãzinho, o qual já havia recebido os programas de 1984 e 1990, em um palco ornado com colunas majestosas,  o toque do Talma são os depoimentos antes das músicas, desta vez sem entrevistador,  de modo a valorizar o disco do ano, "Pra Sempre", todo ele de composições inéditas gravadas em estúdio, com destaque para as homenagens a Maria Rita, que no programa tomou o espaço das canções sobre fé,  o Rei voltou a receber convidados no show, o mais frequente entre eles, o amigo Erasmo Carlos, além de Zeca Pagodinho, esse em estúdio, mas, enfim, e a suntuosidade do palco contrasta com os efeitos não tão à altura dos clipes... O programa começa com o tradicional mosaico de imagens de Roberto Carlos, desta vez sem as capas de discos, com fotos em alto-contraste e o “RC Especial” em letras prateadas, entram imagens em tom de azul com Roberto cantando e atuando em seus filmes, a orquestra toca ao fundo, corta para a palavra do Rei, “logicamente que eu demoro muito mais hoje em dia pra compor uma canção do que antigamente, no início... a gente compunha com mais rapidez, mas não sei se a gente ia tão fundo, né, mas... a média varia muito, não dá nem pra dizer quanto a gente demora mais, eu, ou sozinho ou com o Erasmo, demoro pra compor uma canção, mas logicamente muito mais que antigamente”, mais cenas dos filmes, além do Lobo Mau do “Show do Dia 7” da velha Record, Roberto segue dizendo, “eu por exemplo gosto de dizer exatamente aquilo que eu tô pensando, não contento com uma coisa que chegue perto, quero dizer exatamente aquilo que eu quero dizer, às vezes demora uma semana numa frase, às vezes demoro uma semana numa frase buscando uma outra forma, e às vezes muda o verso todo por causa daquela frase pra que aquela frase diga exatamente aquilo que eu quero dizer, eu não me contento em chegar perto daquilo que eu sinto, quero dizer exatamente o que eu sinto”, outras cenas de cinema, a orquestra vai de “Além do Horizonte” a “Parei na Contramão”, adiante, meu Rei, “bom, as músicas novas são Pra Sempre, Todo Mundo Me Pergunta, O Cadillac, Com Você, o Acróstico, qual a outra, O Encontro” – seis de dez faixas do álbum, completado com “Seres Humanos” e três músicas de outros compositores – “eu gosto de todas, não posso dizer que eu tenho preferência, porque elas são feitas pra mesma musa, então eu acho que cada canção que eu fiz para esse disco, sei lá, eu falo de uma parte, de um detalhe, do amor que eu sinto pela Maria Rita”, a orquestra toca “Por Isso Corro Demais”, outras imagens de filme aparecem na tela, Roberto declara, “o amor pra mim é a coisa mais importante da vida, não existe nada mais importante do que o amor, nada, absolutamente nada, o amor, o amor é tudo, o amor, quando a gente ama verdadeiramente, e é amado verdadeiramente, isso é tudo que se pode esperar da vida, o resto é um bônus, o resto é lucro, é verdade, o amor supera tudo, o amor está acima de qualquer coisa”  - além de reafirmar sua ideia de amor, Roberto Carlos avisa que seu novo disco, “Pra Sempre” vem com várias músicas inéditas, um álbum de estúdio, ao contrário do álbum de 2002, gravado ao vivo, e a ausência da figura do entrevistador, papel que coube a Glória Maria no especial anterior, permite que o Rei fale apenas de música, principalmente da própria, digo... O maestro Eduardo Lages rege a orquestra no palco montado no Maracanãzinho, o telão ao centro é ladeado por enormes colunas iluminadas internamente, foca no palco por inteiro e na plateia, bolinha na tela, “Rede Globo apresenta”, o anúncio, “senhoras e senhores, Roberto Carlos!!!”, vem o logo, “RC Especial”, a orquestra toca “Emoções”, “regência Maestro Eduardo Lages”, caleidoscópio no telão, “convidados Erasmo Carlos Zeca Pagodinho” – ano passado para não passarem em branco, creditaram Glória Maria como convidada, e ela nem pisou no palco, “roteirista Rafael Dragaud”, ouve-se o burburinho da plateia, “direção geral Mário Meirelles Roberto Talma”, o publico na pista se levanta para aplaudir a chegada de Roberto Carlos, “direção de núcleo Roberto Talma”, o por do sol no Pão de Açúcar e o Cristo Redentor à noite no telão, Roberto, todo de branco, agradece os aplausos, bate palmas para a orquestra, cumprimenta Eduardo Lages, pega o microfone, toma fôlego diante da agitação dos que compareceram ao ginásio e canta “Emoções”, quase obrigatória desde 1981, close nos flautistas, o público canta junto, a citação instrumental de “Detalhes”, as grandiosas colunas do palco se apequenam quando focalizadas com o teto do Maracanãzinho, o maestro passa por trás de Roberto, fotógrafos trabalhando forte no gargarejo, o Rei só observa o pessoal do sax na parte instrumental, a dancinha é coisa do passado, uma ajustadinha no pedestal do microfone, o público e o saxofonista não param, vibra a plateia com as emoções se repetindo, chega o crédito, “Emoções (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)”, e o gemidinho implacável – nisso o Talma não mexe, digo... Na tela e no telão do palco do Maracanãzinho surgem imagens familiares ao espectadores do especial, aquela “stock footage” do sol se pondo no horizonte e refletindo seus raios num corpo d’água, para ninguém reparar colocaram frases da letra da música que Roberto Carlos vai apresentar, “Amor Perfeito”, de 1986, e que entrou na “playlist” do programa apenas em 2002, claro que a música não precisou da atração para fazer sucesso, como se nota pelo público cantando junto, “fecho os olhos pra não ver passar o tempo, sinto falta de você, anjo bom, amor perfeito no meu peito, sem você não sei viver, vem, que eu conto os dias, conto as horas pra te ver, eu não consigo te esquecer, cada minuto é muito tempo sem você, sem você”, o maestro trabalha forte com o instrumental na orquestra, a plateia continua acompanhando o Rei, um relógio aparece no telão, o coro da plateia vai um tom acima de Roberto, foca no pianista e no tecladista, entram os créditos, “Amor Perfeito (Michael Sullivan / Paulo Massadas / Lincoln Olivetti / Robson Jorge)”, close no sax, a vista de longe do palco também inclui o teto do ginásio, “eu não vou saber me acostumar, sem sua mão pra me acalmar, sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você, vem me tirar da solidão, fazer feliz meu coração, já não importa quem errou, o que passou, passou, então vem, vem, vem, vem”, colunas no palco e caleidoscópio no telão, e a plateia incansável, cantando até o fim, quando Roberto prolonga o “ê” de você – insistimos, a música ficou tanto tempo fora dos especiais porque o cantor privilegiava composições próprias (e algumas do maestro Lages...), foi resgatada quando gravada pelo Babado Novo de Cláudia Leitte, isso porque, como lembra Michael Sullivan, o nome da música ia ser “Na Dança das Horas”, mudado a pedido do próprio Rei... Roberto Carlos dá seu depoimento, adivinhem, numa sala de estar cenográfica, esse coringa do Talma, “amor pra sempre, com certeza, hehehehe, tô aqui, hehehehe, pra comprovar isso, amor pra sempre com certeza existe, o amor eterno é isso, quando as almas, quando existe o amor verdadeiro, são as almas que se amam, né, então esse amor é pra sempre”, corta para o “crooner” Roberto, que acompanhado de sua banda, notem o Dedé no bongô, usando terno azul e gravata-borboleta branca, canta no bailinho “Pra Sempre”, música que dá nome ao disco lançado em 5 de dezembro de 2003, “tudo nesse mundo pode se modificar, pode até mudar a posição do sol e o mar, que eu vou te amar, eu vou te amar, haja o que houver, nada vai mudar, cada vez maior eu sei que o nosso amor será, pra sempre”, os casais dançam na pista, eles de smoking, elas de vestido longo, a música é creditada, “Pra Sempre (Roberto Carlos)”, “esteja onde estiver, passe o tempo que passar, não importa quando, eu sei que o nosso amor será, pra sempre”, a câmera se afasta do palco, mostrando as mesas com flores do “serviço de bordo”,  “dias vão nascer, estaremos lado a lado, ventos vão soprar, estaremos abraçados”, segue o baile, “e a noite as estrelas no céu,  estarão sorrindo, olhando pra nós e dizendo, como esse amor é lindo, tão lindo, tão lindo”, um elegante lustre de cristal faz parte do cenário, “haja o que houver, nada vai mudar, cada vez maior eu sei que o nosso amor será, pra sempre, sempre nos amamos, em algum tempo, em algum lugar, são as nossas almas que se amam e vão se amar, pra sempreeeeeeee,  por séculos, milênios, dimensões qualquer lugar, somos um do outro, e assim sempre será, nada vai mudar, a gente vai se amar, pra sempre, pra sempre, pra sempre”, reparem que o Rei não mexe no microfone, como faz nas apresentações ao vivo, entram imagens de casais ilustres durante o instrumental, Glória Menezes e Tarcísio Meira, Lidiane Barbosa e Tony Ramos, Patrícia Pilar e Ciro Gomes, os próprios, Cláudia Raia e Edson Celulari, Malu Mader e Tony Bellotto, Rita Lee e Roberto de Carvalho, Ana Lima e Gabriel, O Pensador, Nicette Bruno e Paulo Goulart – quando se casaram, em 1954 – Assíria Lemos e Edson (OG) , Alexandre Borges e Júlia Lemmertz casando, Sandra e Zico, Andréa e Luigi Baricelli – ela grávida, ele muuuu!!! – Lisandra Souto e Tande casando – voltamos ao Rei, “e a noite as estrelas no céu, estarão sorrindo, olhando pra nós e dizendo, como esse amor é lindo, tão lindo, tão lindo”, vela na mesa, nesse ponto a melodia da música lembra fortemente “Emoções”, o baile continua, a direita de Roberto, o piano de Antônio Wanderley, “sempre nos amamos,  em algum tempo, em algum lugar, são as nossas almas que se amam e vão se amar, pra sempreeeeeeee, por séculos, milênios, dimensões qualquer lugar, somos um do outro, e assim sempre será, nada vai mudar, a gente vai se amar, pra sempre, pra sempre, pra sempre, pra sempre, pra sempre”, o baile embaça e Roberto Carlos surge dançando com Maria Rita, com uma aura azul envolvendo o casal, vide sorrisos, entra o “teaser” do dueto com Zeca Pagodinho, onde Roberto para de cantar para ouvir o “larará” do sambista em “Além do Horizonte”, acompanhando-o em seguida, os dois concordam, “tá maneiro” – a sacada do bailinho anos 1950 já foi usada no especial de 1988, com um “feat.” de Isabela Garcia, que naquela ocasião estava no auge da fama com protagonista da novela “Bebê a Bordo”, por acaso dirigida por Roberto Talma, falando em novelas, foi um ano bom para a Globo no segmento, no horário das seis, a desastrada “Sabor da Paixão” foi substituída pela hoje pouco lembrada “Agora é Que São Elas”, outra direção de Talma, sucedida pela muito reprisada “Chocolate com Pimenta”,  às sete, “O Beijo do Vampiro” deu lugar a incompreendida “Kubanacan”, que foi enfim entendida ao ser disponibilizada na Globoplay (Roberto Talma substituiu o diretor Wolf Maia...), e às oito, “Mulheres Apaixonadas” compensou a falta de êxito de “Esperança” e “Celebridade” manteve o nível, alis, as fotos de casais exibidas no clipe lembram a abertura de “Mulheres Apaixonadas”, a diferença que são em “petro e bancro” e não num tom sulferino, alis, os especiais da gestão Talma são tão esmerados com a cenografia, mas pecam um pouco na pós-produção, se bem que não dava para exigir muito da cena de Roberto Carlos e Maria Rita dançando, pois foi tirada de um vídeo amador...
















Zeca Pagodinho trouxe músicos,"laraiá", e pôs "Além do Horizonte" para sambar - cantando sua letra original... 












































Voltando do intervalo, maestro regendo, trompetes tocando, sax em foco, telão ligado, Roberto Carlos interpreta “Força Estranha”, música de Caetano Veloso que gravou em 1978, “eu vi um menino correndo, eu vi o tempo, brincando ao redor do caminho daquele menino”, imagens de caleidoscópio no telão, força no sax, as colunas do palco, “por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar, por isso é que eu canto, não posso parar, por isso essa voz tamanha”, na parte dos “cabelos brancos na fronte do artista”, uma ajeitadinha nos próprios e o comentário enfático, “Caetano disse isso há 35 anos!!!”, mão no peito, foca no pianista na frente do maestro, “e o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada é o sol”, o palco visto do alto do ginásio, teclado trabalhando forte, Dedé na bateria, Roberto sorri e ergue o braço, “por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar, por isso é que eu canto, não posso parar, por isso essa voz, essa voz, essa voz tamanha”, hora de dar crédito, “Força Estranha (Caetano Veloso)”, aplausos da plateia, Roberto emenda com uma composição solo, “Como é Grande o Meu Amor por Você”, de 1967, o público canta junto, “eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você, e não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”, a imagem do Rei surge no telão, emoldurada pela colunata do palco, o cantor só ouvindo a plateia cantar em coro, o palco é iluminado com luzes azuis, foca em Sérgio Marone e Deborah Secco na plateia, ela, a Darlene da novela “Celebridade”, em exibição pela Globo, ele, o Victor da temporada 2003 de “Palhação”, o Rei destaca o teclado solo na parte instrumental, o crédito só vem, “Como é Grande o Meu Amor Por Você (Roberto Carlos)”, “nunca se esqueça, nem um segundo, que eu tenho o amor maior do mundo, como é grande o meu amor por você, mas como é grande o meu amor por você”, Roberto ouve o “por você” do público, sorri e termina a música com seu “por você”, palmas da plateia – vejam o contraste, em uma música, prevalece a interpretação pessoal da composição de Caetano, logo a câmera fica mais tempo registrando o Rei, enquanto na outra, é destacada a interação com o público, inclusive com alguns globais no gargarejo, em outras palavras, o estilo Talma e seu oposto, quem sabe o Mauro Meirelles, digo... Roberto Carlos fala na sala, “dos anos 1990 pra cá eu tive uma década de muita felicidade, logicamente enquanto me casei com a Maria Rita” – em 1996, após alguns anos de namoro – “quando eu tive o privilégio de saber o que é um amor sem limites, um amor verdadeiro, aquele eterno, esse foi o meu momento, de felicidade”, foca nas fotos de Maria Rita sorrindo, sozinha e acompanhada de Roberto, no palco o Rei canta “Todo Mundo Me Pergunta”, lançamento do álbum “Para Sempre”, “todo mundo me pergunta, por que é que eu vivo só pensando nela, mas eu sei que todo mundo sabe bem, por que é que eu falo tanto nela, ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for”, a orquestra por trás do cantor, foca nos violinistas, “em qualquer lugar que eu vou, por onde eu passo, aonde estou eu penso nela, uma frase, uma canção, uma palavra, um gesto apenas eu penso nela, ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for”, mais um close no violino, o Rei movimenta o microfone, “caminhando entre as pessoas, tanta coisa a minha volta e eu só vejo, o momento de sentir o seu abraço, e a doçura do seu beijo, à tardinha eu olho o céu e vejo um pássaro voando, é primavera, vou voar e vou depressa ao encontro dela, por que eu sei que ele me espera”, os violinistas seguem trabalhando forte, uma tomada do teto do Maracanãzinho, “ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for, sempre juntos nós estamos, tanto faz se é chuva, sol, se sopra o vento, quando eu choro ela me anima, ela me ensina a enfrentar o sofrimento, quando eu canto ela me olha, me sorri, e me aplaude emocionada, e depois ele me espera, ela me abraça, ela me beija apaixonada”, mais violinos, Robertão no telão, close nos violinistas, “ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for, ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for”, mãos para trás no solo de sax de Milton Guedes, o próprio, e sua camisa bordada, os créditos, “Todo Mundo Me Pergunta (Roberto Carlos)”, a violinista percebe a aproximação da câmera, Roberto cantando no palco e no telão, “ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for, ela é minha vida, ela é meu amor, e eu só penso nela seja aonde for”, Milton trabalhando forte no saxofone, os violinistas também, na hora dos aplausos, reaparece a imagem de Maria Rita, também batendo palmas para o cantor – ela se tornou de fato uma figura descrita na letras de Roberto depois do diagnóstico da doença e principalmente após sua saída de cena em 1999, através da visão muito pessoal de quem sabia porque estava lá, notem que o Rei assina essas músicas sozinho, antes, a influência dela se fazia sentir nas canções religiosas, ainda que Roberto tenha associado suas canções temáticas sobre mulheres, como “Coisa Bonita” e “O Charme de Teus Óculos”, a ela, porém fez essa associação depois que começou a gravar suas homenagens musicais... Segue-se um teaser do próximo bloco, Roberto Carlos canta “Além do Horizonte”, “onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza”, Zeca Pagodinho pede, “vou fazer um trechinho”, Roberto permite, “vai lá, haha”, Zeca canta, “lá nesse lugar o amanhecer é lindo, flores festejando o dia que vem vindo”, entra a vinheta de intervalo com o instrumental de “Emoções”, na volta, Roberto Carlos e Zeca Pagodinho, cada qual em seu banquinho, Roberto de azul, Zeca de branco, dialogam, Roberto fala, “que começa”, Zeca responde, “deixa eu agradecer primeiro por me convidar”, o Rei diz, “pô, rapaz, obrigado você por ter aceito”, o sambista retribui, “é um grande prazer pra mim e pro mundo do samba, estar podendo estar aqui nesse palco maravilhoso”, o cantor sorri, “obrigado por você estar aqui”, Zeca diz, “quer começar”, Roberto muda de assunto,  “já era pra gente ter se encontrado ano passado aqui já” – seria a primeira vez, não considerando o especial de 1986, em que o sambista estava acompanhado do outros intérpretes e de Anderson, futuramente do Molejão – Zeca observa, “fique tranquilo, tudo a seu lugar, que bom, vou deixar contigo, é tua obra, segura firme”, o Rei canta a música lançada em 1975, “além do horizonte deve ter,  algum lugar bonito pra viver em paz, onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza”, Zeca pede para fazer um trechinho, “lá nesse lugar o amanhecer é lindo, com flores festejando mais um dia que vem vindo”, flautinha ao fundo,  “onde a gente pode se deitar no campo, se amar na relva escutando o canto dos pássaros”, e elogia a letra, “que beleza”, Roberto sorri e continua, “aproveitar a tarde sem pensar na vida, andar despreocupado sem saber a hora de voltar”, close no flautista, “bronzear o corpo todo sem censura, gozar a liberdade de uma vida sem frescura”, entram os créditos, “Além do Horizonte (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)”, justamente na parte modificada da letra, quando Zeca avisa, “agora é vem o coro”, no caso, o “backing vocal” dele próprio, Roberto repete, “agora vem o coro, as meninas”, que cantam, “se você não vem comigo tudo isso vai ficar, no horizonte esperando por nós dois”, o Rei observa, “alis, quem devia ter começado era você, na verdade, cantar essa  música em ritmo de samba é a primeira vez que faço”, Zeca aponta, “mas ficou bom”, o cantor responde, “mas você tem que dar a dica”, o sambista devolve, “você é malandro”, risos, ao fundo se ouve o coral cantado a versão original da letra, “se você não vem comigo nada disso tem valor, de que vale o paraíso sem o amor”, o refrão é com Roberto, “além do horizonte existe um lugar, bonito e tranquilo, pra gente se amar”, foca no baterista, a parte preferida de Erasmo Carlos é em dueto,  “lararala laralá, lararala laralá”, o solo de Zeca é na base do “lalalalaiá laialaía”, ele se elogia, “tá maneiro”, o Rei concorda, “tá maneiro”, fazendo o seu “lararala laralá”, Zeca manda mais um “lararala laralá” com balanço, o cantor elogia, “que maravilha!!!”, lembrando, “o coro, agora”, os “backing vocals”, além das duas mulheres, um homem, trabalham forte, “se você não vem comigo, tudo isso vai ficar, esperando por nós dois, se você não vem comigo, nada disso tem valor, de que vale o paraíso sem amor”, a letra original, o sambista pede, “mais bonito agora!!!”, Roberto responde, “vamos nessa”, close no violão, “além do horizonte existe um lugar, bonito e tranquilo, pra gente se amar”, antes do “larará” do Erasmo, mais um pedido de Zeca, “toca o cavaco moleque, bonito!!!”, mais flauta, Roberto para de cantar para ouvir o “larará” do parceiro no dueto, olha o maestro Eduardo Lages no piano, “lararala laralá, lararala laralá”, depois do “laraiá” de Zeca, o Rei pede para parar o samba, digo, o “parça” aplaude, “bom show, parabéns pra nós” – se não compõe sambas, Roberto Carlos canta com os sambistas, em um número gravado em estúdio que até poderia lembrar o “Acústico MTV”, caso o negócio do canal musical não fosse o rock, nesse caso ficou com Zeca Pagodinho a responsabilidade sobre os arranjos e a orquestração, ou melhor, a orquestra foi dispensada, o maestro foi para o piano e quem deu o tom foram os percussionistas, a flauta e o cavaquinho, garantindo uma levada de samba para a música – e sem mexer na letra... Roberto Carlos, que aparentemente não reparou nesse detalhe, sem alusões aos presentes, garante, “claro que se eu gosto de samba, eu gosto do Zeca, quem gosta de Zeca gosta do samba, o Zeca realmente é um artista maravilhoso, professor, o Zeca tem algo que é realmente muito forte, professor, naquilo que ele faz, naquilo que ele canta, enfim, naquilo que ele diz também, ele é um cara espirituosíssimo, de um bom humor e de umas sacadas fantásticas, eu sou fã do Zeca Pagodinho”, que de volta ao estúdio, canta um de seus grandes sucessos, “Verdade”, do disco “Deixa Clarear”, de 1996, “descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri sem querer a vida, verdade, acompanhado por seus músicos (e os do Rei...), closes no pandeiro, no reco-reco e no surdo, Zeca abre os braços, vem os créditos, “Verdade (Nelson Rufino / Carlinhos Santana)”, o coral trabalha forte no refrão, Zeca completa a canção em pé, Roberto aplaude nos bastidores, Zeca agradece, o Rei acrescenta, “a música está em todos os lugares, pra mim é um privilégio estar nesse negócio, trabalhar com música e viver de música, é um privilégio que nós músicos, cantores e compositores temos”, e vem a vinheta do intervalo  - falando nisso, ainda deu tempo do especial alcançar o êxito além do samba alcançado por Zeca com “Verdade” e amplificado por “Deixa a Vida Me Levar”, o hino escolhido pelos jogadores na conquista do penta em 2002, as agências de publicidade responsáveis pelos anúncios de cerveja que o digam... Ops!!!... 











Ausente da atração há cinco anos, Erasmo Carlos voltou ao palco, todavia não participou do depoimento do Rei...































Roberto Carlos comenta a respeito de uma música do novo disco, “Pra Sempre”, “quando eu tava fazendo esta música, eu encontrei, viajando pra São Paulo, no avião, Maria Rita e eu encontramos com Emerson Fittipaldi, que é meu amigão, e comecei a falar sobre Cadillac e aquilo, e ele me falou que tinha três Cadillacs em Miami, e aí combinamos, e perguntei se ele vendia um, e ele, não, eu vendo sim, o 1960 e o 1968, me parece que o 1954 ele não vende, é dele, é o xodó dele, e tal”, corta para o Cadillac conversível vermelho placa DEM 1960, inserido no cenário virtual de uma paisagem desértica, com o Rei ao lado, todo de azul, da calça ao colete, cantando “O Cadillac”, “peguei meu Cadillac, 1960, e nele eu me sentia com metade de quarenta, em meu Cadillac, meu Cadillac, saí pela cidade, me sentindo um jovenzinho, e na primeira esquina, parei ao lado de um brotinho, no meu Cadillac, meu Cadillac, e o brotinho do meu lado, ao sair deixou comigo o meu passado”, Roberto sai rodando com carrão, “fui à casa da Dorinha, minha antiga namorada, e como nos velhos tempos, parei em cima da calçada, o meu Cadillac, meu Cadillac, veio um cara lá de dentro, perguntou a que eu vinha, e cheio de intimidade perguntei pela Dorinha, o meio sério, ele me disse: a Dorinha é minha agora, é melhor você chama-la de Dona Dora”, o Cadillac passa por um outdoor, chegando a uma lanchonete dos anos 1960 bem ao lado da casa da Dorinha, “meu Cadillac lindo, longo, conversível, extravagante, quase seis metros de um vermelho cintilante, me lembro bem da minha juventude linda, tudo era alegria eu me lembro bem ainda, a tarde vinha vindo e pra casa eu voltava. peguei o meu amor que no caminho me esperava, em meu Cadillac, meu Cadillac”, o veículo volta a percorrer a década de 1960, todo mundo paralisado, até o pipoqueiro na esquina, “depois de um longo beijo, contei à ela as novidades, que eu viajei no tempo e estava doido de saudade, saudade dela, no meu Cadillac, já na garagem o pé no breque, o Cadillac ao lado do meu calhambeque”, na parte instrumental, todo mundo trabalhando forte na dança, mais um outdoor, “C’mon Let’s Rock”, o Rei volta a elogiar a metragem do carro, que vai do deserto a lanchonete num show de efeitos especiais, Roberto vai pegar seu amor, terminando sorridente o passeio na rua dos anos 1960, “meu calhambeque” – sim, a música é uma versão “adulta” de “O Calhambeque”, fortemente trabalhada no “country” e no “blues”, levando-se em conta que a versão brasileira de “Road Hog” reforçava bastante a associação da Jovem Guarda com o universo infantil, comum nos primeiros especiais, mas como Roberto já fez uma canção nostálgica há muito tempo, “Jovens Tardes de Domingo”, dá para dizer que a canção do Cadillac é a versão “melhor idade” da música do calhambeque, digo... No próximo depoimento, Roberto Carlos resgata suas raízes tijucanas, “foi na Rua do Matoso, quem me apresentou o Erasmo foi o Arlênio, que estudava comigo na mesma escola, na escola Ultra, na região da Praça da Bandeira, e me contou que tinha uma turma na Rua do Matoso, que era, puxa, os caras gostavam de música, que tinham um conjunto, que tinham isso e aquilo, e daí um dia eu fui lá, e foi aí que eu conheci o Erasmo, o Tim Maia, e aí eu conheci a turma toda, a gente fez um conjunto, Os Sputniks, né, aí depois a gente mudou o nome para The Sneakers, hehehehe, e foi aí que Erasmo e eu começamos a compor, nossa amizade é uma coisa interessante, vamos dizer, dia do aniversário do Erasmo, de repente ele me liga e diz, bicho, tô ligando porque você não me deu os parabéns, até agora você não me ligou, sabe, no meu aniversário também eu tô ligando porque não sei se você conseguiu ligar pra falar comigo, o telefone tá ocupado todo esse tempo, tal, mas me dá os parabéns, vai”, voltamos ao Maracanãzinho, Roberto apresenta, “Meu amigo, Erasmo Carlos”, aplaudindo o Tremendão, que vem de camiseta e calça pretas, usando uma jaqueta branca, a panorâmica da colunata do palco revela uma bandeira do Foguinho tremulando na plateia, um aperto de mão, um abraço, um soquinho (!!!), a dupla canta “É Preciso Saber Viver”, composta em 1968, incluída na trilha do filme “O Diamante Cor-de-Rosa” em 1970 e no disco de 1975, Erasmo começa, a plateia na pista, do alto de suas cadeiras de plástico, acompanha a canção, na vez de Roberto ele dá aquela mexida na letra, bem na frente do outro compositor, “se o bem e o bem existem, você pode escolher, é preciso saber viver”, o público segue cantando junto, um abraço na hora do instrumental, com direito a créditos, “É Preciso Saber Viver (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)”, aquele close no violão, o Rei insiste, “se o bem e o bem existem, você pode escolher, é preciso saber viver”, a plateia não para, o coral colabora, a dupla pinta no telão, um faixa no meio do público pede um beijo na bochecha do Rei (!!!), Erasmo ri, meio Nelson dos “Simpsons”, “hahaha”, mais um abraço no amigo, aplausos no ginásio lotado, depois do intervalo, coral introduz a performance solo de Erasmo em “ Mesmo que Seja Eu”, que lançou em 1982, no disco “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor”, “sei que você fez os seus castelos, e sonhou ser salva do dragão, desilusão, meu bem, quando acordou, estava sem ninguém”,  a citação aos castelos combina com as colunas do palco, bem como a menção a “espada do seu salvador” (!!!),  foca no público e no teclado, o Tremendão reforça a parte do “aumenta o rádio” com o gesto de girar o botão, “filosofia e poesia, é o que dizia minha vó, antes mal acompanhada do que só, você precisa de um homem, pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu, hey!!!”, o coral trabalha forte nos “backing vocals”, um rasante pela pista, olha o crédito, “Mesmo Que Seja Eu (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)”, as metáforas ficam com ele, Erasmo ergue o braço, “mesmo que seja eu!!!”, as colunas ficam amarelas, a imagem congela quando o Tremendão levanta o indicador (!!!), Roberto declara no estúdio, “meu irmão, meu amigo de fé, meu irmão camarada, realmente, professor, essa letra não tem nada de invenção, olha, é verdadeiríssima” – mais ainda porque é o primeiro comparecimento de Erasmo Carlos no especial desde 1998, melhor só no caso de participação do Tremendão na parte dos depoimentos... Retornando ao Maracanãzinho, Roberto Carlos pega seu violão, senta no banquinho e parte para a versão acústica, sem alusões aos presentes, de “Detalhes”, do disco de 1971, concentradíssimo, como se não estivesse ouvindo as manifestações ruidosas da plateia, o Rei no telão e no palco, iluminado apenas com um foco de luz sobre o cantor, a orquestra acompanha discretamente, pequenas pausas para ouvir o “lembrar de mim” do público, foca na silhueta do tecladista, no “desesperada você tenta até o fim” vem os créditos, “Detalhes (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)”, olha o monitor mostrando a letra ao pé do cantor, aplausos para “de vez em quando você vai lembrar de mim”, o primeiro verso da música vem com várias repetições da palavra “muito”, “não adianta nem tentar me esquecer, não... não”, Dedé Santana, corre aqui, e tem beijinho no violão – insistimos, o Rei já interpretava “Detalhes” dessa forma bem antes do “Acústico MTV” de 2001... Depois do intervalo, Roberto explica uma faixa importante de seu novo álbum de estúdio, “a primeira letra de cada frase forme o nome da pessoa que a gente está escrevendo, no caso, o acróstico que eu fiz, é um acróstico pra Maria Rita, as letras, a primeira letra de cada frase, você olhando, vai dizendo, Maria Rita meu amor”, a sala de estar que serve de cenário para os depoimentos do Rei é focalizada do alto quando Roberto começa a tocar, acompanhando-se no piano, “Acróstico”, Mais que a minha própria vida, Além do que eu sonhei pra mim, Raio de luz, Inspiração, Amor você é assim, Rima dos versos que eu canto, Imenso amor que eu falo tanto, Tudo pra mim, Amo você assim, Meu coração, Eternamente, Um dia eu te entreguei, Amo você, Mais do que tudo eu sei, O sol, Raiou pra mim quando eu te encontrei, Meu coração, Eternamente, Um dia eu te entreguei, Amo você, Mais do que tudo eu sei, O sol, Raiou pra mim quando eu te encontrei”, quase uma declamação, as frases da música vão aparecendo na tela, com uma estrela destacando a primeira letra, assim, de forma bem didática, na parte instrumental o acróstico vem ligeiro, na tela embaçada, agora Roberto canta sem legendas, e depois do sol raiar no reencontro, a surge a frase formada na canção, “Maria Rita Meu Amor” – na verdade, a letra tem um “Meu Amor a Mais”, apesar da fonte imitando letra manuscrita que foi usada ser bem discreta, aos olhos de hoje o clipe lembra aquelas mensagens de “bom dia” mandadas via WhatsApp ©, digo... Roberto Carlos comenta, “a obra de Jesus Cristo é indiscutível, Jesus é o máximo, fazendo todas as considerações, sempre, a análise final é que a obra de Jesus e Jesus são indiscutíveis”, o que nos leva ao Maracanãzinho e a “Jesus Cristo”, de 1970, que a plateia acompanha batendo palmas, seguindo a sugestão do Rei, o crédito vem no “eu estou aqui”, “Jesus Cristo (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)”, o maestro Lages só observa, a câmera sobe trilhos passeia pelo pessoal nas grades em frente ao palco, é você, Ana Furtado???, de longe se vê o cachorreiro agitando a bandeira de seu clube, quem não agita os braços segura uma câmera no meio do público, você de novo, Ana Furtado???, e tem a mulher da plaquinha, Roberto quer ouvir e põe a mão no ouvido, “vocês!!!”, o refrão ecoa no Maracanãzinho, “Jesus Cristo, Jesus Cristo. Jesus Cristo eu estou aqui”, entram os créditos, “músico convidado Milton Guedes”, rasante na pista, “cenografia Mauro Monteiro Valéria Caldas”, o Rei agradece, “obrigado, obrigado, obrigado, por esse amor, por todas essas coisas lindas que recebi de você durante todo esse tempo, obrigado por terem vindo, obrigado, obrigado”, a câmera vai até as arquibancadas, foca no Rei, “esse show eu ofereço ao meu amor, Maria Rita, obrigado, obrigado, obrigado, obrigado, obrigado!!!”, uma rosa na tela vem com a dedicatória, “para Maria Rita”, um flash do palco, Roberto diz no estúdio, “eu quero desejar a todos um feliz Natal, um Natal maravilhoso, e um ano novo maravilhoso também, com muita saúde, muita paz e muito amor, mas muito amor, muito amor, Deus abençoe a todos”, o Rei sorri, a tela fica azul, mas não é um “bug”, só a bolinha do Hans Donner, “Realização Central Globo de Produção © 2003 TV Globo Ltda www.globo.com/rcespecial” – as cenas pós-creditos não escondem o fato de que definitivamente, Roberto Talma não curte a parte da oferta de flores... Ops!!!...






















































E a letra na tela da música "Acróstico", deixou o clipe com cara de mensagem de "bom dia"  no WhatsApp (C)... Ops!!!... 


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