quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Todas as Copas (1954): Alemanha "Occipital" Vence Vestindo Adidas (C)...

Com todo respeito à equipe húngara, mas é muito fácil fazer mágica na Copa do Mundo enfrentando a Coreia do Sul...
















































(Da goleada sofrida em 1954 até a vitória em 2018 a Coreia do Sul evoluiu muito...) A Suíça, país que sedia a Fifa, recebeu a Copa do Mundo de 1954... Segundo consta, para celebrar os 50 anos de fundação da entidade presidida por Jules Rimet... Por algum motivo, a quinta edição do torneio é chamada de “A Copa que ninguém viu” no livro de três brasileiros que sabem porque estiveram lá... Armando Nogueira, Jô Soares e Roberto Muylaert... Este último também biógrafo do goleiro Barbosa, em cujo relato biográfico incluiu uma detalhada descrição do churrasco que o titular do gol brasileiro em 1950 queimou as traves do Maracanã – totalmente fantasiosa, segundo o internauta Pedro Henrique... Quanto a insinuação de que “ninguém viu a Copa”, talvez faça sentido para quem ficou no Brasil, pois só havia o rádio para acompanhar os jogos... Quem estava na Suiça e em alguns países vizinhos pode acompanhar as partidas pela televisão, uma cortesia da European Broadcasting Union, mais conhecida como Eurovisão pelos portugueses... Apesar de Portugal não ter conseguido a classificação para o Mundial, desclassificada pela Áustria... A transmissão direta também só alcançava Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Itália e a própria Suíça... Pela primeira vez, a Seleção Brasileira teve que disputar as Eliminatórias... De uniforme novo, pois também sobrou para a camisa branca com gola e mangas azuis depois da derrota no Maracanã em 1950... O novo modelo, amarelo com gola e mangas verdes, foi desenhado pelo gaúcho Adyr Schlee e escolhido em um concurso promovido pelo jornal carioca “Correio da Manhã”... A equipe brasileira superou Paraguai e Chile, vencendo todos os jogos e com uma ajudinha da ausência da Argentina e da desistência do Peru... Mais facilidade teve a Turquia, que compareceu ao seu primeiro Mundial depois de ter superado a Espanha... No sorteio... Acontecido depois que a partida-desempate em Roma terminou sem vencedor, Assaf... Que coisa,não... Ainda entre os países “europeiticos”, vale destacar o retorno da “Lemanha”, já divididida em “Occipital” e “Oriental” e a presença da Hungria, campeã olímpica de 1952, e principal representante dos países do Leste Europeu que aderiram ao socialismo depois da Segunda Guerra Mundial... Naquela base, o principal time pertencia ao Exército (Honved), o Ministro dos Esportes chefiava pessoalmente a delegação... Não que o Mestre questione o mérito dos “mágicos magiares”, mas enfrentar a Coreia do Sul – recém-saída de uma guerra fratricida com sua vizinha Coréia do Norte – no Grupo B da primeira fase é barbada no bolão...Tanto que os húngaros venceram por 9 a 0... E ainda tiveram uma forcinha dos alemães, que com um grupo onde a Turquia era cabeça-de-chave (vencida pelos tedescos por 4 a 1...), se deram ao luxo de jogar com um time reserva contra os húngaros... Perderam de 8 a 3, mas... No desempate com os turcos, já com o time titular, vitória alemã por 7 a 2... Se serve de consolo, turcos e sul-coreanos protagonizaram um clássico alternativo, bem antes da decisão de terceiro lugar em 2002, que a Turquia venceu por 7 a 0...


















Amantes de futebol alternativo ficaram satisfeitos com a goleada da Turquia sobre a Coreia do Sul na primeira fase...
















































 O Brasil foi dirigido por Zezé Moreira, cujo esquema tático retrancado era conhecido como “chave”... Vale lembrar que estávamos na terra do “ferrolho”, a clássica formação defensivista – com três atacantes, Assaf... Mesmo assim na estreia do Grupo A o Brasil venceu o México por 5 a 0, em Genebra... Que não é agua não... Na ausência de Carbajal, Mota sofreu os gols de Baltazar (OG), Didi (de falta), dois de Pinga (um de banheira..) e Julinho Botelho... Pelo regulamento da Copa, bastaria um empate com a Iugoslávia para a Seleção se classificar para as quartas-de-final... Mas quem disse que os dirigentes brasileiros sabiam???... Zeber abriu o placar, Didi empatou e os jogadores iugoslavos passaram o resto do jogo – e a prorrogação – pedindo calma aos atletas brasileiros, pois ambas as duas equipes seguiriam no Mundial com o empate em 1 a 1 em Lausanne... Alis, seria o caso de questionar a razão da prorrogação, pois os confrontos das quartas-de-final foram definidos por sorteio... No Grupo C classificaram-se o Uruguai – 2 a 0 na Tchecoslováquia e 7 a 0 na estreante Escócia – e a Áustria – 1 a 0 na Escócia e 5 a 0 na Tchecoslováquia... Esse negócio dos cabeças-de-chave não se enfrentarem é osso... No Grupo D, prosseguiram a Inglaterra – 4 a 4 na Bélgica e 2 a 0 na Suíça – e os anfitriões suíços – que venceram duas vezes a Itália, por 2 a 1 e 4 a 1, no desempate depois da derrota para os ingleses e os 4 a 1 dos italianos na Bélgica... Ufa!!!... Nas quartas-de-final, os ingleses caíram diante do Uruguai por 4 a 2, na Basileia... Suíça e Austria fizeram em Lausanne o jogo com mais gols da história das Copas – 7 a 5 para os austríacos... Não deu para o “ferrolho”, Karl Rappan – que a propósito era austríaco... A Alemanha fez 2 a 0 na Iugoslávia em Genebra... Quanto a Brasil e Hungria... O jogo entraria para a história como “A Batalha de Berna”... Não só apenas pelo que se desenrolou dentro de campo... Mesmo sem o “Major Galopante” Ferenc Puskas, os magiares fizeram 2 a 0 com apenas 7 minutos de jogo, com Hidegkuti e Sandor Kocsis – de cabeça, sendo que o húngaro também era chamado de “Cabeça de Ouro”, Baltazar (OG)... Aos 18 minutos, após falta de Buzanski em Índio dentro da área, Djalma Santos cobrou pênalti e diminuiu a diferença ... Outro pênalti – mão na bola de Pinheiro – convertido por Lantos, sem que o goleiro Castilho conseguisse fazer a defesa - ampliaria a vantagem da Hungria aos 15 minutos da etapa final... Aos 20, Julinho fez 3 a 2... Justo ele, que depois de deixar o futebol e se tornar um pacato comerciante na região da Penha, dizia a todos que o Brasil tinha jogado de igual para igual com a Hungria... Jogo disputado, vide a expulsão de Nilton Santos e Boszik, aos 26... E a de Humberto Tozzi – ainda não havia cartão vermelho – aos 34, depois de falta violenta em Lorant... Mais um gol de cabeça de Kocsis aos 43 assegurou a classificação dos húngaros... 4 a 2 para a equipe do Leste Europeu... Encerrado o jogo, começou a batalha campal... Até Puskas, que não jogou, participou da briga... O jornalista Paulo Planet Buarque mandou ver um “rabo-de-arraia” num policial suíço que tentava separar os jogadores, cena imortalizada pela revista “Paris-Match”... Episódio que o próprio não deixa de comentar em seu livro “Uma vida no plural”... Que nós recomendamos... Zezé Moreira fez questão de saudar seu colega húngaro Gustav Sebes com uma chuteirada na cabeça... Armando Nogueira fotografou o técnico com o calçado na mão partindo para o crime, um flagrante que marcou época... O chefe da delegação, João Lyra Filho, via na derrota da Seleção um complô comunista, com participação direta do árbitro inglês Arthur Ellis... “Mister Ellis” se tornaria sinônimo de juiz desonesto por muito tempo... Seu colega de arbitragem Mário Vianna disse no rádio que a Fifa era uma “camarilha de ladrões”... Declarações que abreviaram sua carreira internacional... De volta para casa, o Brasil viveria dias turbulentos com a crise política que levou ao suicídio de Getúlio Vargas – e a derrota de Marta Rocha no concurso de Miss Universo, por duas polegadas a mais...
















Apesar de esforços dos amigos para separar a briga, brasileiros foram às vias de fato com húngaros em Berna...
















































Nas semifinais, a Alemanha venceu a Áustria por 6 a 1 em Basileia... Mais uma vez a Hungria voltou a ganhar por 4 a 2, desta vez em cima do Uruguai, que nunca havia perdido um jogo sequer de Copa do Mundo... A Celeste vendeu caro a derrota em Lausanne... Depois do tempo normal terminar empatado em 2 a 2, Kocsis marcou dois gols na prorrogação, sempre de cabeça... Na decisão do terceiro lugar, em Zurique, a Austria venceu o Uruguai por 3 a 1... A finalíssima aconteceu no dia 4 de julho... Uma chuvinha no estádio em Berna... Após longa ausência, “Pancho” Puskas voltava ao time húngaro, e abria o placar com 6 minutos de jogo... Czibor fez 2 a 0 aos 9, seguindo a risca a estratégia magiar de liquidar a partida na base da correria logo no começo... Só que a Hungria não contava com as chuteiras de travas removíveis especialmente desenvolvidas pela Adidas ®... Rahn fez 2 a 1 com 11 minutos e Morlock empatou aos 18... Depois, aos 39 minutos do segundo tempo, Rahn faria 3 a 2 para os alemães, tornando realidade aquilo que seria chamado de “O Milagre de Berna”... Jules Rimet mais uma vez pensou em entregar a taça para uma equipe e ela acabou nas mãos de outra... No caso sobrou para Fritz Walter, capitão do time dirigido por Joseph Herberger – desde 1939...Quanto aos húngaros, restou passar uma temporada numa clínica de repouso... Muita vitamina C para os jogadores não ficarem gripados com a chuva, dizem... Dois anos depois da Copa, aconteceu na Hungria a revolta contra o domínio soviético no país... O time do Honved, que era a base da seleção, excursionava pela América do Sul... Jogadores como Puskas e Kocsis pediram asilo na Espanha e na Itália, abandonando o futebol húngaro...


















Título da Alemanha "Occiptal" demonstrou a superioridade do material esportivo fabricado pela Adidas (C)...

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