Internauta Chico Melancia destacou opiniões e postura sempre sóbria do global Walter Casagrande Júnior... |
Eramos felizes e fingíamos que não sabíamos em 2014... Em 12 de junho, dia em que começou aquela que se tornou a “Copa das Copas”, o dólar era vendido a R$ 2,23... O litro da gasolina na época do Mundial custava menos de R$ 3... O Brasil era governado por uma presidenta eleita, que conquistaria seu segundo mandato nas urnas em outubro... Apesar das turbulências provocadas pelos protestos de junho de 2013, a oposição ainda atuava dentro de uma certa civilidade e o vice-presidente nem pensava em conspirar contra a titular... Os vizinhos latino-americanos deram uma forcinha para os brasileiros exercerem a fruição da Copa do Mundo realizada em seu próprio país – pelo menos até o 7 a 1... Na mídia, a Globo não estava sozinha na Copa do Mundo... Tudo bem, a outra emissora era a Band, com Datena de cuecas, o papo-cabeça de Milton Neves e Pedrinho comentando os jogos das seleções africanas... Ops!!!... No entanto, o público da televisão aberta tinha uma opção a mais, ainda no tempo da televisão analógica, o que não acontecerá agora com a TV digital... Na mídia impressa, o “Poliana” vinha com aquele ufanismo habitual, ainda que um pouco abalado pela polarização surgida no ano anterior, porém trazia em suas páginas importantes alertas sobre a possibilidade do Brasil ser eliminado pela Alemanha... Feitos por dois colunistas que hoje não estão mais no jornal, M.B. e Roberto Assaf... Sendo que o L! encontra-se atualmente em fase de recuperação judicial... A revista “Placar” ainda tinha fôlego para lançar edições especiais após cada jogo do Brasil... Depois passaria um período na editora Caras, até ser devolvida a Abril, que hoje tenta negociar o título... Até colecionar o álbum de figurinhas da Panini era mais fácil... As figurinhas brilhantes saíam com muito mais frequência... Dito isso, passemos ao resgate dos nossos comentários sobre a Copa na mídia e a mídia na Copa, publicados pelo seu Bloquinho Virtual no dia 19 de julho de 2014...
Antes de comentarmos sobre as mídias na Copa do Mundo da Fifa ™, abordaremos a questão dos protestos... Por que durante o Mundial eles não agitaram o Brasil como aconteceu na época da Copa das Confederações da Fifa ™???... Uma explicação pode estar em duas palavras... Visibilidade e repressão... Vigilância e punição, diriam alguns... Visibilidade, porque a Copa das Confederações era um evento muito menor do que a Copa do Mundo... Eram 8 seleções, 16 jogos, 6 cidades-sedes... No Mundial são 32 seleções, 64 jogos e 12 cidades-sedes... As manifestações que aconteceram no ano passado, que pela conjuntura do momento aconteceriam mesmo que não houvesse nenhuma competição marcada para ser realizada no país, eram muito maiores e por si só tinham muito mais visibilidade... Neste ano, a Copa contou com dois grandes fatores para atrair mais a atenção... O excelente futebol jogado dentro de campo e a festa das torcidas estrangeiras, especialmente argentinos, chilenos, colombianos e mexicanos... Ao ver tudo isso acontecendo no Brasil, o público acordou para a Copa – mesmo que descobrisse não ter dinheiro ou ingressos disponíveis para participar da festa e só pudesse ver a banda passar – e a mídia deixou de ver nas manifestações uma cruzada anti-governista... Alis, não que o governo tenha necessariamente se mexido depois dos protestos de junho, mas assumiu uma defesa obstinada da realização da Copa do Mundo, a um preço que depois acertaria com o Comitê Organizador Local e a Fifa... Aí entra o componente da repressão... No dia da abertura da Copa, protestos foram mantidos a grande distância do Fielzão, às custas de muita violência policial... O destaque na imprensa foi menor, pois a bola rolando e as torcidas festejando monopolizavam as atenções... Nos dias seguintes, os atos que aconteciam tinham um acompanhamento ostensivo de policiais, às vezes em número maior que o de manifestantes, chamando menos a atenção da mídia... E houve as prisões de ativistas, inclusive aquelas em caráter “preventivo” às vésperas da final da Copa... Com os protestos em segundo plano, um tanto quanto à força, o “Fla-Flu” partidário se deslocou para as discussões sobre o comportamento da torcida brasileira durante a Copa... Lembrando que ano passado, as vaias, o hino à capela e o “Eu... Sou Brasileiro” eram associados pela grande imprensa aos protestos, numa tentativa de atribuir a eles um viés anti-petista... O resultado é que durante a Copa, a postura dos torcedores acabou por ser criticada pelos defensores do governo... Menos pelo hino à capela, já que países como o México e o Chile mostraram encarar a questão com muito mais naturalidade... Alguns ainda criticaram os excessos e a choradeira dos jogadores na hora do hino, é preciso que se diga... Já com as vaias e ofensas à Dilma, não teve jeito... Os torcedores brasileiros, já rotulados de “coxinhas” desde o ano passado, viraram “elite branca”, “torcida de condomínio”... O “Eu... Sou Brasileiro...” virou um refrão agourento, zicado... Talvez por isso fosse substituído pelo “Timão Ê Ô” nos jogos realizados no Fielzão, merecidamente, é preciso que se diga... Mesmo lampejos de inspiração, como as respostas aos argentinos ou o coro de “Neymar (OG)!!! Neymar (OG)!!!”, acabaram sendo criticados... Claro que depois dos 7 a 1 da Alemanha ficou claro que o problema mesmo era com a Seleção Brasileira, e não necessariamente falta de apoio da torcida... Agora, o “Puto!” dos mexicanos e o “Brasil decime que se siente” dos argentinos não serão esquecidos facilmente...
Comentários da maior cabeça da imprensa esportiva brasileira atraíram o interesse de incontáveis televidentes... |
A goleada imposta pelos alemães foi vista como um “apagão” por Galvão Bueno... Se desta vez não houve uma campanha ostensiva para calar o locutor global - seus criadores preferiram centrar esforços em viralizar um vídeo sobre a suposta participação da Coreia do Norte no Mundial, algo na linha do banco que decorou suas agências com as bandeiras dos participantes da Copa de 2010 - sua perplexidade diante da atuação do Brasil nas semifinais e na decisão do terceiro lugar quase o silenciou... Literalmente, vide a rouquidão no fim da transmissão da final do Mundial... A mesma prostração podia ser notada em um de seus comentaristas, Ronaldo, especialmente ao ver o alemão Miroslav Klose superar seu recorde de gols em Copas do Mundo... A cota de indignação ficou com Walter Casagrande Júnior... Como Milton Leite permaneceu no SporTV, a Globo veio de Alex Escobar... Mesmo sem um bom motivo para colocar o repórter como locutor, ao contrário da Band... Onde Téo José Auad assumiu... O posto de Luciano do Valle... Enquanto alguns jogos tinham a inspirada narração de José Luis Datena – que apresentou o “Brasil Urgente” de cuecas depois da eliminação do Brasil ... Difícil mesmo era ouvir no “Band na Copa” as opiniões da maior cabeça do jornalismo esportivo brasileiro (e o pé mais gelado...), Milton Neves... A maior revelação foi o ex-jogador Pedrinho, ainda que insistisse em comentar apenas os jogos das equipes africanas... A Globo, por sua vez, limitou o “Central da Copa” e seus convidados do “cast” global ao final de noite dos dias de jogos do Brasil, vide boneco do Messi – nossa sorte é que Pedro Bial não comparecia sempre, Tiago Leifert, a "Michelle Tanner brasileira"... Ainda assim, o Lacombe parecia bem mais disposto quando aparecia no “Mais Você” – não ter jogos pela manhã e a presença da “irmã do Tiago Leifert” Fernanda Gentil ajudou... Essa ninguém beijava... Alis, as repórteres globais foram alvos de muitos beijos de torcedores, uma sorte melhor que a de Márcio Canuto, derrubado ao vivo na “Fan Fest” do Anhangabau, Galvão... Luciano Huck, pula, Tatá Werneck – que se revelou uma apaixonada torcedora da Argentina – já foi boa nisso, seu grande feito foi o selinho em uma torcedora chinesa no Rio... E se para os fieis da Universal não teve Copa, as equipes da Record trabalharam forte durante o Mundial... O “Cidade Alerta” colocou suas repórteres – Silviê Alves, Luiza Zanchetta, Akemi Duarte, Fabíola Gadelha, entre outras – para dançar em uma vinheta da Copa – a resposta do SBT foi colocar um boneco da Rachel Scherazade no lugar do “Silvinho” no clipe do “Vai Lá Brasil”... Depois do 7 a 1, a alegria deu lugar a seriedade do desabafo de Marcelo Rezende... Os repórteres do “Jornal da Record” – Carlos Dorneles, Emerson Ramos, Cleisla Garcia – também compareceram muito durante a competição... O “Esporte Fantástico” aos sábados fazia entradas em frente aos estádios como se a emissora fosse transmitir os jogos, inclusive superando a Globo no Ibope... Até a produção do “reality-show” “A Fazenda” colocou os torcedores estrangeiros para cantar o tema do programa... Agora, os conceitos do “Padrão Fifa” são levados para o campo religioso, por meio das normas de conduta no Templo de Salomão – o Fielzão da Universal na região do Brás - apresentadas diariamente nos programas da Universal pelo genro do próprio Edir Macedo, Renato Cardoso... O SBT, mesmo sem transmitir os jogos – uma lacuna que sempre lamentamos, menos mal que os Mestres Silvio Luiz, Juarez Soares e Luiz Ceará conduzissem debates durante o Mundial na Rede TV!, enquanto os donos da emissora e suas respectivas esposas iam pessoalmente aos jogos - fez bonito durante a Copa... Seja nas reportagens do “SBT Brasil” – uma das repórteres foi até ouvida pelos colegas de emissoras estrangeiras depois da goleada sofrida pelo Brasil - ou no comparecimento do pessoal do “Arena SBT”... Com direito ao Cabrito Tevez vestindo camisa da Holanda... Ou seria o Porpetone da Transamérica???... Rádio que merece menção honrosa por tirar da aposentadoria o sempre preciso locutor Vanderlei “Menininho” Ribeiro... Ainda que o grande acontecimento da emissora da Anhanguera durante a Copa tenha sido a apresentação da pianista Suzy no “Programa Silvio Santos”... A gente sempre diz que o programa do “Patrão” é um caso de “quem escreve seu texto”, vide "Jogo dos Pontinhos", porém só um apresentador com sua quilometragem poderia dizer um texto de “velho proxeneta babão” sem que a crítica caísse de pau, vide “sushi erótico” do Faustão...
Por algum motivo que fugia a compreensão dos internautas, Pedrinho só comentava jogos de seleções africanas na Band... |
O Sportv veio com duas opções de debates para o público que só acompanha futebol em época de Copa do Mundo, o “Extraordinários” e o “Madruga Sportv”... O melhor era o também chamado por nós de “Seu Madruga Sportv”... Talvez por ter mais tempo que, por exemplo, o “Extraordinários”, as intervenções da bancada eram mais cadenciadas, sem atropelos ou batalhas de ego... Se Lucas Gutierres fazia a linha “descolada” na apresentação, Flávio Canto – sua sócia Fiorella Mattheis só foi uma vez ao programa, segundo consta – dava o toque de ponderação e sensatez aos debates, talvez pela experiência do ex-judoca na condução do “Corujão do Esporte” na Globo... E tinha a Aurora e a Ludmila, também... O programa aproveitava muito bem as reportagens dos correspondentes do “Passaporte Sportv” nos países participantes da Copa – o internauta Chico Melancia destaca a atuação de Lívia Laranjeira na Costa Rica, vide argentinos dançando cumbia depois da final com a Alemanha...Ou o beijo dos torcedores alemães em Karin Duarte nos Estados Unidos... Já o “Extraordinários” era o próprio mercado de peixe – ou a feira da fruta... Um debatedor querendo falar mais alto que o outro, com a complacência da direção, que queria mais ver o circo pegando fogo... Alis, Paulo Miklos seria patrulhado a Copa inteira por ter gravado “Mostra tua força Brasil”, o jingle "coxinha" do Itaú... Xico Sá – este colunista que se inspirou no Melancia para escolher suas camisas e óculos – e Eduardo “Peninha” Bueno – forneciam o conteúdo necessário às discussões para que extrapolassem o campo futebolístico... Maitê Proença, que já foi sócia do Rodrigo Paiva, o Will Ferrell brasileiro, fazia o papel de grã-fina com narinas de cadáver que ia ao estádio e perguntava quem era a bola, só para ficar na citação a Nélson Rodrigues, já que ninguém contou a ela sobre a menção de seu nome no “Chaves”, que não é um programa exibido pelas “Organizações”, Peninha... Alis, o grupo dos “Extraordinários” era completado por um integrante variável do “Casseta e Planeta”... Como eles não estão no ar na Globo, os componentes da trupe se revezavam nas participações em diversos programas do Sportv... O “Madruga Sportv” variava um pouco mais, vide Diogo Vilela e Lúcio Mauro Filho quando o Brasil perdeu nas semifinais... Ah, sim... Tinha também o “É Campeão”... Mesa-redonda que reunia no estúdio da Ilha Fiscal, no Rio, ex-jogadores e capitães de seleções campeãs do mundo... No caso, o brasileiro Carlos Alberto Torres, o argentino Daniel Passarella (ambos ex-técnicos do Timão, André Rizek...), o alemão Lotthar Matthaus e o italiano Fábio Cannavaro... A despeito da tradução simultânea obrigar o programa a seguir um ritmo excessivamente coreografado, a picaretagem de Passarella e Matthaus rendeu excelentes momentos... O alemão, apesar da pontinha de mágoa com que viu o título da Alemanha (não custa lembrar que ele foi preterido por Klinsmann, o antecessor de Low, no comando da seleção alemã...), alfinetou o argentino – muito compassivo com seu antigo auxiliar, Alejandro Sabella - presenteando ele com uma réplica da Copa Fifa – jogada no lixo e entregue novamente a Passarella por Matthaus... Cenas assim até compensam falas como a de Cannavaro, relevando a entrada de Zuñiga em Neymar (OG) – o colombiano joga no Napoli, time da terra natal do campeão mundial em 2006... Por fim, houve a entrevista de Milton Leite com Beckenbauer – na Áustria, pois a Fifa o proibiu de por os pés no Brasil... Que coisa, não... Os convidados da Fox Sports não eram tão estrelados – ainda que figurassem Mestres como Mário Sérgio Pontes de Paiva e Renê Simões – mas até rolou um revival dos “Três Patetas” com Falcão, M.B e participação especial de Hristo Stoichkov...
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