segunda-feira, 27 de março de 2017

Quem ainda lembra de Jean Willys no BBB???...

"Ainda Lembro" traz uma parte da história que seus "haters" de então e os atuais insistem em não lembrar...

























































Jean Willys é hoje um dos parlamentares mais combativos – e o mais atacado – do Congresso Nacional... Ao contrário do senso comum que o coloca apenas como defensor de uma única causa que não estaria em sintonia com os anseios da maior parte da população, Jean atua em nome de uma grande parcela marginalizada da sociedade brasileira, na defesa de seus direitos e em busca de justiça social... Assistam o documentário “Eu, Jean Willys” e entendam... Jean é alvo constante de críticas caluniosas e notícias falsas... Até mesmo sua passagem pelo BBB, em 2005, é usada para desmerecer sua trajetória de vida, sua participação política e sua atuação parlamentar... Quem diz isso não assistiu o BBB 5, em que Jean sagrou-se campeão... Ou então viu todas as outras temporadas do “reality” e não assistiu a quinta... Ainda hoje, Jean é um ponto fora da curva no rol de vencedores do BBB... Negro, homossexual, nordestino, intelectual engajado... Esse perfil é tão distanciado da média dos ganhadores do programa – e mesmo da imagem de nação pensada pelas classes dominantes – que temos o caso de um vlogueiro que desqualificou um competidor como possível vencedor da atração porque, em suas palavras, “o BBB não tem histórico de vencedor negro”... Neste ano, uma das concorrentes chegou a se questionar porque nenhum negro havia ganho o “reality”, ignorando Jean e outros vencedores mestiços, que também deveriam ser considerados negros, mas que no Brasil recebem a designação de “pardos”... Sobre a homossexualidade, a força da vitória de Jean, que aconteceu na edição do BBB que teve a maior média de audiência (47 pontos...) de todas as edições realizadas, ao menos fez os artistas da edição pararem de retratar concorrentes homens como efeminados quando era do interesse da direção promover a sua eliminação... Competidores homossexuais passaram a viver nas mãos da produção as mesmas agruras que sofrem fora do confinamento, e alguns deles sequer tinham apontada a sua condição... O primeiro relacionamento homoafetivo bem sucedido da história do “reality” aparecia apenas no BBB 14, envolvendo duas mulheres... Um fato tão extraordinário para o programa, que somado a diretriz da direção de, naquela edição e na anterior, de esvaziar todos os clichês e estereótipos que regiam o jogo, levou o casal a final e uma delas ao título de campeã... Atualmente ainda há quem chame a união de fake, por ter se desfeito após o programa, porém a própria direção teve que dar um caráter casual e assexuado à relação, para que o público aceitasse o relacionamento das duas... O que poderia ser saudado como uma evolução, esvaiu-se nas duas temporadas seguintes, que consagraram tipos convencionais de protagonismo masculino e feminino, ainda que o feminino seja uma construção recente no programa... Ano passado, no BBB 16, as insinuações de homossexualismo voltaram a ser usadas nas edições contra os competidores, para dar força ao discurso provocativo e preconceituoso de uma das concorrentes... Se quiser fazer um homem perder a cabeça, diga que ele é gay... Quanto a ser nordestino, Jean, nascido na cidade baiana de Alagoinhas, é um dos dois únicos residentes naquela região a ganhar o BBB... O que não acontece desde a vitória de Mara, no BBB 6, uma temporada pouco lembrada do “reality”... Da intelectualidade, basta lembrar que o programa cultiva um arraigado anti-intelectualismo, devido à elevada carga emocional existente dentro e fora do confinamento,  o que sempre se manifestou na crítica implícita a concorrentes mais cultos, rotulados como pedantes ou manipuladores, e no surgimento do estigma do voto combinado... Só nas edições mais recentes é que concorrentes mais experientes, com formação superior e exercendo trabalho intelectual começaram a ter mais espaço, novamente mais pelo esgotamento dos perfis mais costumeiros de competidores...





















O Doutor à esquerda na foto, ao contrário do outro, nunca deixou de apoiar Jean no BBB...

























































Jean manifestou sua consciência de que sua vitória era um fato extraordinário na história do BBB, e estava muito acima do “reality” e de sua direção (que não aceita isso até hoje...), ao escrever o livro “Ainda Lembro” (que além de reminiscências do confinamento, reúne textos do livro de contos Aflitos, publicado em 2001...), lançado em 2005... “Pensei, então, que alguém que venceu a fome e a pobreza, que sobreviveu às chacotas e a violência física contra gays, e que conquistou um lugar ao sol depois de um confinamento de oitenta dias, também há de sobreviver à maledicência, à arrogância, a hipocrisia e ao cinismo de intelectuais não preparados pela vida... Aceitei, portanto, escrever esse livro”, relatou em uma nota do autor... As reflexões sobre a passagem pelo “reality” são feitas na forma de pequenas crônicas... Em “Fábula”, Jean demonstra  o quanto era um estranho dentro da atração... “Depois que saí da casa e assisti algumas das imagens que registraram aquela viagem a vários mundos em oitenta dias, fiquei com a impressão que eu desafinara o coro dos contentes:  gay, baixinho, do interior da Bahia, de infância pobre, não bonito nem intelectual, eu entrara na casa para ser um coadjuvante e acabei me tornando o protagonista”... De fato, o BBB começa com a encenação da diversidade social para gerar conflitos que atraiam o público e, por fim, celebrar o próprio convencionalismo... O próprio apresentador na época, Pedro Bial, conta na orelha do livro – texto que começa com uma brincadeira pouco sutil, bem no estilo dos VTs nos dias de paredão, sobre as orelhas de Jean – que “na semana inicial de programa – antes do retumbante primeiro paredão – acho que no terceiro dia de confinamento, minha mãe Susanne, do fundo de seus oitenta anos, quis apostar comigo... O baiano vai ganhar!!! É a vez do gay!!!...  Pois bem, eu não acreditava e agora tenho que fazer um steak-tartar para mamãe... Mas com que alegria pago essa aposta!!!”...  Insistimos, a diversidade – de idades, de lugares, de tipos físicos – só serve para a direção do BBB se induz a conflitos... Bial sabe muito bem disso... “Sim, houve traços ululantes de homofobia na facilidade de arregimentação de um grupo majoritário contra um indivíduo... Porém, continio achando o que intui na época... Quando disse que tinha sido indicado no paredão, com maioria inédita de votos, porque era gay, Jean respondeu no susto, intuitivamente, sem reflexão... Tanto é assim que aquela foi a primeira e a última vez que ele lançou mão de tal argumento durante todo o período de disputa darwinista no BBB... Tinha a opinião e a mantenho, de que Jean foi indicado maciçamente para o primeiro paredão por conta da enorme ameaça que significava sua inteligência”... O apresentador devia ter em mente a maneira com que a direção conduziu a dinâmica horizontal do jogo naquela temporada... Supondo que a defesa explícita da homossexualidade poderia afugentar o público, ou para não deixar claro o quanto demonizou os adversários de Jean, os artistas da edição criaram clipes em que transformavam os competidores em super-heróis e super-vilões, “Os Defensores” e “Os Inacreditáveis”... Mas está claro que todo o perfil de Jean serviu como estopim ao confronto... Vide a crônica “Fábula”, em que relata uma história inspirada na música “Assum Preto”, Luiz Gonzaga... “Todos os pássaros  que estavam no viveiro perceberam que algum deles desafinava o coro dos contentes... Quem és tu e porque não canta como os outros, perguntou um deles...  Por que não o sei, respondeu o pássaro que enxergava... Não o sabes, horrizou-se outro, prevendo a resposta...  Não, eu vejo... E por enxergar, canto de dor... Canto a liberdade que não existe, a comida e a água que são poucas... Por enxergar, o meu canto, que deveria ser um canto de alegria, soa apenas como um soluçar de dor”... O assum que enxergava, colocado no viveiro porque seu dono queria “provar a um amigo que, cegos, os assuns pretos cantam melhor”, acabou tendo seus olhos furados pelos bicos dos pássaros que não viam... Ou seja, a metáfora demonstra que Bofinho é um passarinheiro, digo, como opera no BBB... Só que o motivo mencionado uma única vez permaneceu durante todo o “reality”, como Jean observa na crônica “Casa”...  “Aliás, estar para sair da casa – situação que ficou conhecida como estar no paredão – era um quase morrer... Quase morri cinco vezes...  Penso na situação de quem, de fato, tombou no paredão cubano ou perdeu nele um companheiro... Hoje, depois de cinco passagens por um paredão fictício, entendo melhor o ódio que o escritor (e também gay) Reinaldo Arenas destilou em seu “Antes Que Anoiteça”, conta a revolução cubana”...  E há pessoas que acreditam estar abafando quando manda Jean para Cuba, como se o Brasil fosse a nação mais tolerante do mundo com os homossexuais... 
























Ao encontrar-se com Jean, o internauta Chico Melancia tornou-se mais um de seus muitos defensores...

























































A questão do preconceito esteve presente durante toda a quinta edição do BBB, vide uma das citações pioneiras em discursos de paredão, quando Pedro Bial citou o poeta romano Terêncio para dizer que no “reality”, nada do que é humano lhe é estranho... Há controvérsias, mas, enfim...  Na crônica “Homens”, Jean afirma...  “Mas não é porque todos temos alguns preconceitos que certos preconceitos não tenham que ser evitados na própria vida civil... Um dos que deveriam ser quebrados em caquinhos é o de que um homem gay não pode ser amigo de heterossexual... A amizade não seleciona seus pares – selecionar, hierarquizar e excluir são ações de homens de poder – ela chega de nós, de algum lugar, com todo o seu tenebroso esplendor... Além disso, como acontece com todos os humanos, a sexualidade dos gays, por mais radical que possa ser , é somente mais um componente de suas vidas... Os gays trepam (e não é com qualquer um...), mas também amam, odeiam, trabalham, frustram-se, divertem-se e constroem amizades verdadeiras com outros gays, ou com homossexuais... Não me apaixonei por Alan... Se tivesse me apaixonado, não teria vergonha de afirma-lo em público (o problema seria meu, pois sofreria de um amor não correspondido...) Amar não é e jamais será motivo de vergonha, em especial quando esse amor aparece como beijo apaixonado entre dois personagens gays em uma telenovela...  Vergonhoso é o extermínio de crianças e adolescentes negros nas periferias dos grandes centros urbanos; vergonhoso é saber que uma parcela expressiva da população brasileira passa fome (e eu sei o que é passar fome!!!...) e que outra não menos expressiva... É contra essas verdadeiras vergonhas, entre outras, que os poderes executivo, legislativo e judiciário deveriam aplicar seus recursos e tempo”... Quer dizer, seja no BBB ou no Congresso Nacional, Jean viveu a marginalização e a exclusão de grande parte da população brasileira, e mantém-se em luta contra essa opressão... Sendo que no “reality” a vitória veio como uma concessão pela movimentação que trouxe ao programa, e que por ser muito maior que os esquemas da direção, é renegada por ela sempre que possível... Vide Jean mencionando na crônica “Mulheres” o questionamento que fez a um jornalista... “A repressão aos gays não seria parte da histórica repressão às mulheres no Ociente???”... Impossível não lembrar quanto tempo o BBB levou para construir um protagonismo feminino de fato junto ao público... Superando ideias como a de que Grazzi (que ao lado de Pink, Jean considera como a competidora que mais amou no confinamento...)  ficou em segundo lugar porque se fosse campeã não “pousaria” nua... Sem contar que Jean sabe muito bem a diferença entre o “Big Brother” do livro “1984” e o “Grande Irmão” que ainda está na cabeça do público da atração por ser aquele “que todos desejam ouvir, para o qual todos querem falar e a quem todos querem abraçar na esperança de serem compreendidos e se tornarem menos solidários???”... Então é por isso que na reta final do BBB vigora uma espécie de “messianismo”, ao qual a direção responde a demanda do público com seu modelo de herói, cuja jornada é amoldada às conveniências de momento, observadas as oscilações nas preferências da audiência... Nos últimos tempos, o protagonista, mas que a protagonista, não convence mais... Mas antes de recorrer ao outsider pinçado da diversidade, a direção apresenta seu êmulo, o protagonista alternativo... Cézar e Munik começaram assim...
























































Aquele era o momento de Jean, por mais que os "fanboys" de Grazzi torcessem pela vitória da ex-miss...

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