Exposição demonstra a globalização ao por um japonês no volante de um ônibus chinês que roda em Campinas... |
O internauta Chico Melancia ficou alarmado com o sumiço de sua mochila durante a exposição de transporte realizada na região de Santo Amaro... Era mais um dos tantos relatos estarrecedores que ouvira sobre fatos acontecidos durante a mostra... Eram relatos que falavam sobre furto de sacos de amendoim, quebra de aparelho de DVD instalado em ônibus... O próprio Melancia testemunhou o sumiço de uma letra “A” do logotipo da empresa Itajaí, de Campinas, do carro elétrico da BYD... O que de nenhum modo será obstáculo para os planos da montadora chinesa no Brasil, vide fábrica na cidade do interior paulista... O que inclui inclusive a associação com uma encarroçadora brasileira, a fim de facilitar a inserção de seu produto no mercado sul-americano... Em um evento empresarial, os lobbies são colocados em exposição... Pode ser até que a licitação do sistema de São Paulo não saia em outubro, como prometido, porém a disputa já está acontecendo... A começar pelo articulado da BYD na área externa do pavilhão de exposições... Outros três articulados, estes na nova cor cinza dos ônibus para os corredores paulistanos, estavam dentro do recinto da feira... Todos com mecânica da mesma montadora e carroceria do mesmo fornecedor... Que também é dono de uma das empresas representadas pelos articulados – e de uma revendedora da montadora... Negócio também mantido pelo proprietário da empresa de outro articulado... E o terceiro deles possuí sistemas eletrônicos fabricados por outro ramo do respectivo grupo empresarial.... A esse trio de articulados se juntou no segundo dia de exposição um ônibus do tipo midi – que na nova licitação de São Paulo substituirá boa parte dos micro-ônibus hoje em circulação – que apesar de ser todo branco, já tem o adesivo de prefixo da SPTrans... Bem como os micros de duas marcas diferentes, que já tem parte da frente e da traseira pintada de cinza, apenas esperando a cor da área a que será destinado em Sâo Paulo...
A coloração exótica do ônibus "peixe-palhaço" motivou a escolha do local da foto do doutor... |
Quanto ao internauta Chico Melancia, para não perder a mochila de vista, ele chamou para comparecer a exposição o Doutor Kenji ... Uma celebridade tão saudada nos corredores como a empolgada dona de empresa de ônibus – que posava para fotos e distribuía livros com a trajetória de seu grupo empresarial – ou outro proprietário, este da velha guarda, do grupo de portugueses que investiram no transporte em São Paulo, também muito requisitado para fotografias com os aficionados por ônibus... No estande da montadora chinesa, Kenji, que é japonês da gema, foi confundido com um chinês... Por falar no vizinho do Japão, nosso companheiro de web se impressionou com o micro-ônibus da AMD, outro produto da engenhosidade chinesa... Porém, ele não pode apreciar por muito tempo o veículo, pois ele foi requisitado para dar... Uma entrevista no estande do cartão BOM... Tudo bem, o entrevistador era seu colega internauta Chico Melancia, mas isso não importa quanto se é um entendido... Em transportes... Também em culinária, já que experimentou – e aprovou – o macarrão servido no estande... Quase um “Masterchef”, mas sem “flango”... Logo depois, analisou algumas publicações técnicas sobre corredores e faixas exclusivas de ônibus – e o desempenho de um trio de músicos que se apresentava no estande de uma empresa de tecnologia... Sempre disposto a conversar com seus amigos do reino animal, o Doutor se encontrou com dois cães-guia em outro espaço do evento... Na sequência, observou atentamente um mecanismo de articulação de ônibus... Nos articulados cinzas, notou que um dos veículos tinha os puxadores das janelas lacrados, para impedir que sua abertura comprometa o ar-condicionado... No caso do midi, a janela está fechada a cadeado, o que lhe causou espanto... E mesmo ficando de joelhos para a maquina de doces existente em outro articulado, o equipamento não funcionava... Foi piloto de provas de um dispositivo de contagem de passageiros, a ser instalado em portas de veículos... A famosa pose de iogue ele deixou para a foto que fez com o ônibus double-decker “Peixe-Palhaço”... A cada estande visitado, mais prospectos e mais sacolas para carregar... Assim, as mesas colocadas do meio do pavilhão eram muito bem-vindas para organizar a bagunça... E impedir que Melancia perdesse sua mochila... Ali Chico pode exercitar sua pose de empresário – embora sequer tenha carta de motorista categoria D –e conferir o tamanho da trena, nada a ver com certo postulante à Prefeitura de São Paulo, do Doutor Kenji... Só um instrumento com grandes dimensões para medir os ônibus de 23 metros...
No meio da exposição, Melancia teve a oportunidade de fazer pose de empresário do transporte... |
No último dia da exposição, o ambiente justificava a conhecida expressão “fim de feira”... Entre os aficionados, devido a algumas discussões na internet... Vieram fotos dos ônibus publicadas antes do início da exposição, voltaram relatos de depredação dos veículos... A alegria dos dois dias anteriores deu lugar à sisudez... Nas empresas, o desalento é com a crise econômica... A própria mostra encolheu de tamanho... Quase todos os veículos em exposição podiam ser vistos ao redor das mesas colocadas no centro do pavilhão... Em sentido horário, tínhamos o Campione, o Svelto e o Invictus da Comil... O Gran Midi, o Gran Via e o Roma da Mascarello... O Torino BRT, o Torino convencional, com as cores de Franca, e o G7 da Marcopolo – esse aludindo aos 400 mil ônibus produzidos pela encarroçadora... O ônibus a bateria da BYD, o Apache Vip, o Solar, os Millenium e o Apache Vip midi da Caio... Numa fornecedora de chassis podiam ser vistos dois copos de cerveja deixados bem em cima da plataforma de um ônibus articulado... Se bem que, de acordo com alguns expositores, não há crise no setor de ônibus... Simplesmente porque as pessoas não deixam de pegar a condução... Além daqueles que são forçados a trocar o carro pelo “bumba”... O que pode ser menor são os ganhos das empresas, devido ao aumento de custos, notoriamente do combustível... Sendo quase inevitável o repasse às tarifas pagas pelos passageiros... Durante o congresso realizado com o evento, a Prefeitura paulistana afirmou que a municipalização de parte da alíquota da Cide (imposto sobre a venda de combustíveis...) poderia impedir o aumento do preço da passagem dos ônibus por um ano... Isso com a devida aplicação dos recursos nos transportes públicos... Da nossa parte, pensando um pouco mais além, seria um passo rumo à tarifa zero... Assunto que ainda é um tabu no setor – inclusive do ponto de vista jurídico, vide o conflito que existiria entre o direito social ao transporte e o princípio da livre iniciativa – já que a existência da catraca (quer dizer, de uma tarifa a ser paga...) é um paradigma arraigado na sociedade... Nenhuma grande cidade do mundo possui tarifa zero, argumentam... Só que na maioria delas, os transportes metropolitanos são operados por empresas públicas (em geral, controladas pelos três níveis de governo) e os subsídios são pagos para manter a tarifa em um patamar acessível... Não para garantir a remuneração (e os lucros) das empresas... Como a própria Prefeitura constatou... E vai tentar mudar com a nova licitação... Então surge outra dúvida... Quem paga a conta???... Simples, o contribuinte da cidade... Em especial aquele que pode pagar mais impostos, a partir de um conceito adequado de progressividade... E ainda é tempo... Inclusive seria o caso de pensar em taxações ao transporte individual... Nada disso seria feito sem resistências, obviamente... Vide as incertezas sobre as chances da administração municipal completar a licitação em outubro, como previsto...
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