No time de "coronistas" reunidos no livro, Armando Nogueira marcou Edson (OG) em cima e o fez revelar toda sua poesia... |
Neymar (OG) deixou a Seleção Brasileira que disputa a Copa América no Chile... A CBF avaliou que não valia a pena recorrer da punição imposta pela Conmebol pela expulsão e os incidentes envolvendo o jogador na partida com a Colômbia somente para reduzir o gancho de quatro para três jogos... O que permitiria o comparecimento de Neymar (OG) apenas na final do torneio, dia 4 de julho, no Estádio Nacional de Santiago... Isso se o Brasil não ficar pelo caminho no mata-mata... Como a punição é restrita às competições organizadas pela Conmebol, o jogador do Barcelona só estaria livre se a equipe brasileira chegar às semifinais da Copa América Centenário, que será jogada em 2016 nos Estados Unidos... Ou se ele resolvesse voltar a disputar a Libertadores... Ou seja, para a alegria dos eternos críticos da Conembol, boas chances da punição ser aliviada para Neymar (OG) jogar nos campos estadunidenses... Ainda mais quando falta dinheiro até para pagar a hospedagem das equipes que disputam a Copa América no Chile... Vide o caso do “primo” Suárez, em que abreviar a punição imposta pela Fifa se tornou o principal estímulo da seleção do Uruguai para chegar até a final da competição... Aogra, se o gancho de Neymar (OG) se estender até as Eliminatórias, ele ficaria fora de quase metade do primeiro turno da disputa pelas vagas da América do Sul no Mundial de 2018... A situação do camisa 10 brasileiro não deixa de lembrar o que ocorreu com outro brasileiro numa competição sediada no país andino há mais de 50 anos atrás... Na Copa do Mundo de 1962, Edson (OG) se lesionou no segundo jogo da primeira fase contra a Tchecoslováquia, e não pode mais atuar no Mundial... O pai do Edinho (OG) assistiria a vitória brasileira por 3 a 1 sobre os mesmos tchecos na decisão das arquibancadas do Estádio Nacional, em Santiago... Paulo Machado de Cavalho, o mesmo chefe de delegação que não permitiu o corte do jogador às vésperas da Copa de 1958, manteve o jogador na equipe... Até porque havia alguma chance de poder atuar na final, o que não aconteceu... O caso mais semelhante ao de Neymar (OG) no Mundial de 1962, por envolver uma expulsão, foi o de Garrincha... Mas se o chefe de delegação João Dória Junior aceitou a punição, Paulo Machado de Carvalho, o “Marechal da Vitória”, empenhado em garantir o comparecimento do ponta-direita na final, e que o João Havelange não nos leia, se encarregou pessoalmente de pedir ao árbitro João Etzel Filho “convencer” o bandeirinha uruguaio Esteban Marino a não depor em favor da decisão do árbitro Arturo Yamasaky... O peruano naturalizado mexicano que virou personagem do Chapolin...
- Veja pelo lado bom,,, Você não pode jogar a final da Copa, mas irá assistir ao jogo aqui do nosso lado... |
A experiência de ficar fora de uma Copa do Mundo seria traumática para o Edson (OG)... Cinco anos depois, já com outro mundial fracassado em seu cartel, o jogador confessava a Armando Nogueira que a contusão era um sinal de que Copa não era com ele... É o que o saudoso jornalista relata na crónica “Pelé no MIS”... Que faz parte de uma coletânea de textos seus reunida no livro “O Melhor da Crônica Brasileira – Volume 1”, publicado pela José Olympio Editora, a venda numa máquina no Metrô pertinho de você... O “gancho” do texto era um depoimento que o pai do Joshua gravou no Museu da Imagem e do Som do Rio em 1967, tomado pelo próprio Armando... Depois de ser franco ao admitir que... “Nunca poderei ser um bom treinador porque falo demais”... E alfinetar os adversários de sua equipe declarando... “O time dos Santos, nos bons tempo, foi perfeito... Teria sido um estrondo se tivesse a cobertura de imprensa do Coríntians ou do Flamengo”... Edson (OG) relatou suas desventuras chilenas, assim descritas por Armando... “A virilha estourou quando menos esperava... No vestiário, pediu uma injeção para voltar... O médico vetou... Pelé ficou desolado, achando que nunca mais jogaria futebol... A partir daí, passou a cismar que não dava sorte em Copa do Mundo... Não quis ir em 66 e definitivamente não quer jogar a Copa de 70, no México”... Desnecessário dizer que o pai da Sandra mudou de ideia depois de dar... Seu depoimento ao MIS em 1967... Motivos não faltavam para esnobar o Mundial, admitia... “Hoje me considero um homem rico... Não riquíssimo, como dizem... Se fosse riquíssimo, estaria jogando de graça no Santos... Espero poder jogar mais quatro anos e, antes disso, pretendo jogar de graça, só por amor... Não jogo por necessidade material... Se fosse esse o meu caso, já teria ido para a Europa”... Apesar do Edson (OG) na época ter acabado de se livrar de seu polêmico procurador – chamado por Armando de “Pepe, O Gordo” – podia também recusar certas propostas... “Um dia, concordei em vender o nome Pelé para uma marca de cachaça... Mas recebi uma carta de um padre protestando... Concordei com ele que eu não podia, nem de leve, aconselhar os moços a tomar cachaça, e desde então não há dinheiro que faça ligar meu nome a bebida e nem ao cigarro”...
- Não se preocupe, Garrincha... A gente vai fazer de tudo para anular a sua suspensão, por Pau Grande, digo... |
Armando Nogueira aproveitou a fala do avô do Otávio para fazer uma inusitada pregação doutrinária em sua crônica... “O parêntese é meu... Ao mesmo tempo em que Pelé, ídolo mundial, renúncia ao dinheiro de semelhante publicidade, os Beatles, com igual influência na formação moral da juventude, lançam no mundo uma campanha de legitimação da maconha”... Sabe de nada, inocente!!!... O curioso é que outro ídolo do futebol brasileiro era dispensado do mesmo rigor moral pelo jornalista... Embora ressalte na crônica “Picaresco” que Garrincha ia à missa no período em que esteve no Chile para disputar a Copa do Mundo de 1962, suas preferências no que diz respeito a bebidas não são esquecidas... “Adora chope e acha que para jogar no frio chileno o ideal seria tomar um vinhozinho antes de entrar em campo”... Se Tufão ouvisse isso, talvez não se queixasse do frio que tem enfrentado por todo o Chile – até nas praias de Viña Del Mar... Outros textos da coletânea falam de temas mais sérios, como “A Alienação”, sobre a regulamentação da profissão de carregador de lenha, quer dizer, de futebolista... Ou “Cobrões”, a respeito de um livro sobre psicologia do esporte... Porém, “Escritas Brasileiríssimas” faz um apanhado das superstições existentes no grupo que tentava o bicampeonato mundial em 1962... Depois de cada jogo, o massagista Mário Américo acendia um charuto nos vestiários... O chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, estava “radiante” da semifinal com o Chile acontecer num dia 13... Melhor, só se Bellini – o camisa 13, que não era Zagallo – fosse titular... Nilton Santos trouxe do Brasil uma mala que só seria aberta depois da final... Seu “irmão” Djalma Santos era o primeiro a comparecer no café da manhã, às 6h30 da manhã e todos os dias, às 8 horas, ia conversar com um velhinho de Quilpue que chegava junto ao muro da concentração... Gylmar dos Santos Neves (OG) sempre era o último jogador a entrar no ônibus nos dias de jogos... Com o pé direito e sentando no último banco... O secretário Adolfo Marques nem tocava nas camisas de lã compradas na Itália... Os jogadores só usavam os mesmos macacões verdes de 1958... O técnico Aymoré Moreira e o supervisor Carlos Nascimento não embarcavam nas “crendices” do grupo, porém não contrariavam ninguém... Nessa lógica, até fazia sentido o Brasil empatar sem gols na primeira fase com um time de uniforme branco... Mesmo que o adversário na Copa anterior fosse a Inglaterra e agora se tratasse da Tchecoslováquia... Zagallo, já demonstrando a sagacidade que exercitaria no posto de técnico, lembrou que o próximo jogo seria, novamente como em 1958, com um time de camisa vermelha... No caso a Espanha, ao invés da União Soviética... E quando a Inglaterra entrou no caminho brasileiro nas quartas-de-final, Paulo Machado de Carvalho exultou... É uma seleção britânica, como o País de Gales, adversário na Suécia...
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